Mostrando postagens com marcador POLÍTICA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador POLÍTICA. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 25 de novembro de 2025

MALANDRO É MALANDRO! O tribunal da lealdade pessoal

Imagem: reprodução

A indicação de Jorge Messias consolida uma mudança no padrão de indicações ao STF – e não para melhor

A escolha de Jorge Messias para a vaga de Luís Roberto Barroso marca uma transformação no perfil do STF. Não se pode dizer que o tribunal tenha sido sempre uma instância técnica, despolitizada e estritamente republicana. Mas houve, nos últimos anos, uma inflexão. Caso a indicação de Lula seja avalizada pelo Senado, estaremos diante de uma Corte composta por uma maioria de ministros escolhidos sobretudo por sua irrestrita confiança e afinidade pessoal com o presidente da vez. Foi assim nas outras duas indicações de Lula neste mandato (Cristiano Zanin e Flávio Dino), assim como nas duas indicações de Bolsonaro (Kassio Nunes Marques e André Mendonça) e na única de Michel Temer (Alexandre de Moraes). Tudo indica que assim continuará sendo, salvo em situações excepcionais em que o presidente da República esteja enfraquecido demais para emplacar o seu postulante predileto.

Se o indicado tiver também profundo conhecimento jurídico e uma lustrosa biografia, tanto melhor. Alexandre de Moraes, por exemplo, gozava da confiança pessoal de Temer, mas não era definido apenas por ela. Kassio Nunes, ao contrário, era uma figura desconhecida, mas Bolsonaro confiava nele para blindar a si próprio e a seu governo. Moraes e Nunes são a melhor e a pior versão possíveis no leque de possibilidades desse critério de escolha.

Jorge Messias é seguramente inteligente e experiente em assuntos jurídicos da administração pública. Desempenhou bem as funções de advogado-geral da União e soube administrar as pressões que, num cargo tão importante e visível, vêm de todos os lados. Pode se revelar um excelente ministro e crescer na função, como aconteceu com Celso de Mello e Cármen Lúcia. Mas isso não deve nos impedir de constatar que os critérios impostos pela Constituição para a indicação de ministros ao STF – o notável saber jurídico e a reputação ilibada – são hoje secundários. Primordial é a lealdade pessoal que o indicante enxerga no indicado. Essa afinidade tornou-se condição não apenas necessária, mas suficiente para uma indicação.

Quais são as consequências disso para o Supremo? A primeira, e mais evidente: o perfil dos indicados tende a mudar. Dos ministros mais antigos, quais teriam chance hoje de ser indicados ao STF? Cármen Lúcia provavelmente ficaria de fora. Edson Fachin, atual presidente do tribunal, idem. Assim como Luís Roberto Barroso, cuja biografia profissional e intelectual impediram que ele fosse reduzido a mero apadrinhado pessoal de Dilma Rousseff. Esses três ministros foram indicados sem terem um compromisso explícito de lealdade com as pessoas que os escolheram.

Ministros importantes do passado, como Rosa Weber, Cezar Peluso e Sydney Sanches, também não se enquadravam nesse parâmetro. Eram respeitados entre juristas, mas não se esperava deles fidelidade irrestrita ao presidente, até porque isso é coisa que não se pede de um juiz. Muitos deles fizeram carreira em seus estados de origem, longe dos bastidores de Brasília. A confiança que inspiravam era antes pública do que pessoal: um crédito perante a comunidade jurídica e política por méritos de sabedoria, experiência e integridade. Os mesmos méritos que poderiam lhes conferir independência e distanciamento depois de empossados no cargo. 

O novo STF corre o risco de virar um tribunal que premia acima de tudo carreiras políticas de sucesso. De preferência, carreiras construídas em posições de proximidade com o Executivo, sobretudo dentro do próprio governo. Que nomes desse tipo sejam escolhidos não é novidade, mas é novo o risco de se tornarem hegemônicos. Afinal, uma vez aceito que o presidente pode escolher seus indicados por critérios de lealdade e fidelidade pessoal, quem abrirá mão dessa vantagem ao fazer suas indicações? Como Bolsonaro, quase todos querem ter a possibilidade de beber Tubaína com alguém que veste a toga mais importante do Brasil

A segunda consequência disso para o STF é que a falta de diversidade do tribunal deixará de ser apenas de raça e gênero, que já é inaceitável – será também de trajetórias geográfica e profissional. Um advogado baseado em São Paulo dificilmente será alçado ao tribunal, salvo numa circunstância excepcionalíssima como a de Cristiano Zanin, que atravessou um ordálio ao lado do presidente e acabou sendo recompensado por isso. É provável que, cada vez mais, os postulantes ao Supremo sejam figuras de destaque em Brasília, com acesso aos gabinetes da Esplanada. Juízes e promotores de justiça de carreira tendem a sair do mapa, pois suas trajetórias não lhes permitem conquistar tamanho grau de confiança de um presidente da República. O mesmo valerá para juristas especializados em assuntos que não orbitam a política, já que, nesses casos, construir uma carreira de destaque não requer a circulação de bastidores típica de cortes do Antigo Regime.

O Supremo, que nunca foi exemplo de diversidade, será ainda menos. A disputa da vez foi ilustrativa: Messias, Rodrigo Pacheco e Bruno Dantas foram adversários pela vaga, mas são tão diferentes entre si quanto os atores que interpretaram o papel de James Bond no cinema. Representantes distintos de um mesmo personagem.

Essa pasteurização não faz bem ao tribunal. A pluralidade de trajetórias e histórias favorece a deliberação em colegiados de julgadores. Há pesquisas demonstrando que processos por assédio sexual têm desfechos diferentes a depender da presença ou não de mulheres entre os juízes. E também que juízes brancos tendem a ser mais lenientes com acusados brancos do que com negros (juízes negros, enquanto isso, são mais equânimes). Na nossa sociedade, gênero e raça estruturam as experiências de vida, que importam na decisão do julgador.

Cada indicação ao STF deve buscar aperfeiçoar a composição do tribunal. A perda de diversidade de trajetórias de vida, que dão tempero único ao notável saber de cada um dos ministros, conduz ao oposto disso. Em um tribunal que tem por missão a proteção de direitos fundamentais de minorias, a perda é ainda mais dramática.

O maior desafio enfrentado pelo STF desde a redemocratização foi o ataque que sofreu do populismo de extrema direita – e que ainda está em curso. Também por esse aspecto, a mudança no perfil do tribunal pouco ajuda: um grupo de ministros cuja composição espelha o círculo íntimo da elite política acaba dando munição àqueles que o acusam de ser a representação máxima do “sistema”. Fica fácil retratar o STF como uma instância capturada pelos donos do poder, regida por critérios injustos, distante do povo e de seus interesses salvo por alguns ritos performáticos, como transmissões na TV Justiça e audiências públicas. Inimigos do tribunal terão mais facilidade em descredibilizá-lo. A indicação pautada por lealdade e confiança será facilmente desacreditada como um projeto de blindagem pessoal e política. Qualquer voto que beneficie o indicante, seu partido ou seu governo – o que sempre poderá ocorrer, dadas as competências do STF – será posto sob suspeita.

Ataques do gênero são minimizados quando o tribunal é capaz de convencer a sociedade de que seus integrantes são escolhidos por critérios de notoriedade intelectual e integridade pessoal (o que, no caso de juízes, inclui a independência para tomar decisões); que sua composição aproveita o potencial de diferentes trajetórias e experiências, que resultam em veredictos melhores do que qualquer um de seus membros seria capaz de atingir sozinho; que seu funcionamento respeita parâmetros republicanos, inclusive na escolha de seus integrantes; que suas decisões decorrem de critérios transparentes, publicamente controláveis e juridicamente reconhecidos; e que quando sua atuação resvala na política, o que é inevitável pelas características do tribunal, ela não se pauta pela politicagem das afinidades pessoais e dos laços facciosos.

A percepção positiva do Supremo, essa sim sua melhor blindagem contra o extremismo, será reduzida. É ruim que o tribunal acabe visto como o olimpo de bacharéis em direito com carreiras bem-sucedidas na política, onde se cultivam virtudes que não necessariamente combinam com aquelas esperadas da magistratura. Negros e mulheres encontrarão obstáculos intransponíveis se as indicações ficarem restritas a quem, ao longo de anos, conquista confiança em círculos de poder aos quais essas pessoas quase nunca têm acesso. Quem se emocionou com a cena do presidente eleito subindo a rampa com homenagens à diversidade se sente, com razão, passado para trás. Assim crescem a frustração, o ressentimento e a desesperança que servem de adubo ao populismo extremista – cujo maior sonho, no Brasil de hoje, é subjugar o tribunal e seus onze ministros.

Fonte: PIAUÍ


Leia também:



MANÉ É MANÉ! Jair Bolsonaro é preso preventivamente pela Polícia Federal em Brasília

Imagem: reprodução

A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em sua casa, em Brasília, no sábado, 22 de novembro, pela manhã, por volta das 6h, e o levou para a sede da superintendência da PF em Brasília. A prisão preventiva foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ainda não diz respeito ao cumprimento da pena referente à condenação na trama golpista decretada em 11 de novembro de 2025, na qual cumpria prisão domiciliar.

Em nota, a PF limitou-se a informar que cumpriu mandado de prisão preventiva autorizado pelo STF.

Segundo apurou a Agência Pública, Bolsonaro passou por exame de corpo de delito, o que é praxe para quem é detido e ficará em uma sala especial da PF, com 12 metros quadrados, cama, banheiro privativo e ar-condicionado. A previsão é de que o ex-presidente passe por audiência de custódia virtual até este domingo, 23 de novembro.

No pedido do STF que levou à prisão preventiva por descumprimento de medida cautelar, o ministro Alexandre Moraes instruiu a PF que não algemasse o ex-presidente da República e que a ação fosse feita de maneira discreta, sem exposição midiática.

A motivação da preventiva diz respeito à “garantia da ordem pública” e teria sido motivada pela convocação do senador Flávio Bolsonaro, na sexta-feira, 21 de novembro 11, para uma vigília religiosa em apoio ao ex-presidente em frente a seu condômino em Brasília. Em vídeo publicado nas redes sociais, o parlamentar chamava apoiadores para um encontro de oração “pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade no Brasil”.


Bolsonaro está preso em sala de 12 metros quadrados na Polícia Federal de
Brasília; do lado de fora, imprensa e curiosos acompanham o movimento neste
sábado, 22 de novembro - imagem: reprodução


Ferro de solda: tentativa de romper tornozeleira eletrônica

A decisão monocrática de Moraes relata que o equipamento de monitoramento eletrônico de Bolsonaro, ou seja, a tornozeleira eletrônica, foi violado à meia-noite. A informação também embasa a decisão, apontando risco de fuga.

“O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, ressaltou Moraes.

Na decisão, Moraes pontuou que “embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de 'vigília', a conduta indica o mesmo “modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, no sentido da utilização de manifestações populares com o objetivo de conseguir vantagens pessoais”.

“O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga do réu”, frisou.

O ministro ainda afirmou que no vídeo gravado por Flávio, o senador “incita o desrespeito ao texto constitucional, à decisão judicial e às próprias Instituições, demonstrando que não há limites da organização criminosa na tentativa de causar caos social e conflitos no País, em total desrespeito à DEMOCRACIA”.

Mais tarde, o STF divulgou vídeo no qual Bolsonaro mostra uma tornozeleira danificada. No vídeo, uma servidora da Polícia Penal questiona o ex-presidente:

“O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?”, pergunta a servidora.

“Meti um ferro quente aí. Curiosidade”, diz o ex-presidente.

“Que ferro foi, ferro de passar?”, pergunta a servidora

“Não, ferro de soldar, de solda”, responde Bolsonaro.

Segundo o relatório da perícia divulgado pelo STF, a informação inicial que os agentes receberam quando chegaram na casa de Bolsonaro para verificar a tornozeleira era que ele tinha batido o equipamento na escada.

Na véspera de sua prisão preventiva, na sexta-feira (21), Bolsonaro havia recebido a visita do deputado federal Nicolas Ferreira (PL-MG).




Da condenação à prisão preventiva

A sentença que condenou Bolsonaro, proferida em 11 de setembro de 2025, marcou a política brasileira por ter sido a primeira vez que um ex-presidente da República foi condenado por liderar uma trama que visava um golpe de Estado. A maioria de 4 a 1 na Primeira Turma do STF – formada por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e o voto decisivo de Cármen Lúcia – considerou Bolsonaro o “líder da organização criminosa”, que “utilizou-se da estrutura do Estado brasileiro para implementação do projeto autoritário de poder”, nas palavras do relator, Alexandre de Moraes.

O voto dissidente de Luiz Fux, que absolveu o ex-presidente, tornou-se uma longa nota de rodapé na história do julgamento. A Agência Pública traçou o caminho que detalha de 2018 em diante a trajetória que culminou com os 27 anos e 3 meses de condenação de Jair Bolsonaro.

Fonte: agenciapublica


Leia também:


sábado, 8 de novembro de 2025

CENSURA E INTIMIDAÇÃO NO MARANHÃO! O caso Fred Campos e o ataque à liberdade de imprensa

Imagem: reprodução 


Indiciado por corrupção ativa e alvo da Operação 18 Minutos, o prefeito de Paço do Lumiar, Fred Campos (PSB), tenta usar o poder político para intimidar a imprensa que denuncia sua gestão

No Maranhão, a inversão de valores chegou a um ponto em que o poder parece andar de cabeça para baixo. A expressão popular “o poste mijando no cachorro” descreve, com precisão desconfortável, o que se observa quando autoridades públicas, sob investigação por corrupção, passam a usar a máquina estatal para intimidar jornalistas e silenciar denúncias que deveriam, no mínimo, ser apuradas com transparência.

O caso mais recente envolve o prefeito de Paço do Lumiar, Fred Campos (PSB). O gestor, indiciado pela Polícia Federal por corrupção ativa — crime previsto no artigo 333 do Código Penal —, tenta agora calar a voz da imprensa que cumpre o papel de fiscalizar o poder. Segundo denúncias, o prefeito teria mobilizado o aparato policial após reportagens que expuseram possíveis irregularidades milionárias em contratos da prefeitura.

Fred Campos foi um dos alvos da Operação 18 Minutos, deflagrada pela Polícia Federal em agosto de 2024. A investigação apura o envolvimento de magistrados e advogados em um suposto esquema de venda de sentenças, com ganhos financeiros que ultrapassariam os R$ 6 milhões. O nome da operação faz referência à rapidez anormal com que certas decisões judiciais eram emitidas — em média, 18 minutos após o protocolo.

Entre os indiciados, além de Fred Campos, estão os advogados Francisco Xavier de Sousa Filho, José Helias Sekeff do Lago, Carlos José Luna dos Santos e Sebastião Moreira Maranhão, todos suspeitos de participação nas mesmas práticas ilícitas. O prefeito chegou a usar tornozeleira eletrônica e foi proibido de manter contato com familiares investigados. Ainda assim, permaneceu politicamente ativo e, com o apoio do governador Carlos Brandão (PSB), venceu as eleições municipais.


Imagem: reprodução


Agora, o gestor volta ao centro das atenções por um motivo diferente — e igualmente grave. Após reportagem exibida pela TV Band Maranhão, assinada pelo jornalista Joerdson Rodrigues, que revelou contratos milionários da gestão municipal, o comunicador recebeu a visita da polícia em casa. A coincidência levantou suspeitas sobre o uso do poder público como instrumento de retaliação contra o exercício do jornalismo. 

As denúncias apresentadas por Joerdson Rodrigues baseiam-se em dados públicos do Portal da Transparência. Segundo o levantamento, a Prefeitura de Paço do Lumiar já teria destinado mais de R$ 71 milhões a empresas contratadas para obras e serviços de limpeza urbana. 

A Construtora Praxis – Obras e Serviços Ltda., apontada como ligada à Construtora Lucena, teria recebido R$ 13,4 milhões. A Agrasty Construções aparece com R$ 33,9 milhões, enquanto a Vox Ambiental Ltda, acumula R$ 24,4 milhões em contratos de coleta de resíduos sólidos.

Diante da exposição desses números, a reação do prefeito parece ter sido pautada mais pelo instinto de autopreservação do que pelo compromisso com a transparência. Em vez de esclarecer as denúncias, optou por tentar desacreditar o mensageiro — um gesto que, na prática, reforça a importância do jornalismo independente.

Mais preocupante do que o comportamento do gestor é o silêncio institucional que o cerca. O Ministério Público, a Câmara Municipal e parte da imprensa local preferem olhar para o outro lado, enquanto o município mergulha em um cenário de desconfiança, pressão e censura velada. Essa omissão compromete não apenas a credibilidade das instituições, mas o próprio direito da sociedade de ser informada.

O episódio revela o descompasso entre poder e responsabilidade que ainda marca boa parte da política maranhense. Quando um prefeito investigado por corrupção tenta intimidar jornalistas, o que está em jogo não é apenas sua imagem — é o direito coletivo à informação. E quando o sistema político fecha os olhos para isso, reforça a ideia de que, por aqui, as regras valem mais para uns do que para outros.

No fim das contas, a metáfora popular segue dolorosamente atual: no Maranhão, o poste continua tentando mijar no cachorro.

Fonte: G7MA



Leia também:

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Servidores fraudam sistema para tentar incriminar irmão de governador

Imagem: reprodução

Servidores foram denunciados por fraudar sistema para incluir usuário com o nome do irmão do governador do Maranhão

Na terça 14.10, foi noticiado que a Justiça do Maranhão aceitou denúncia e tornou réus três servidores do governo do estado por fraude na inserção de informações no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) para envolver Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão, em ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações contra Webston Carlos Inojosa Neves, Gilberto Pereira Martins e Carlos Augusto Silva, funcionários da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra), tiveram início a partir de uma representação de Marcus Brandão ao Ministério Público do Maranhão (MPMA).

De acordo com o inquérito policial, os três servidores atuaram na criação de um perfil falso com o usuário “Marcus Brandão” no SEI, usado para movimentar processos relacionados à Construtora Vigas, que presta serviços ao estado, sugerindo favorecimento à empresa em contratos públicos.

Ação no STF

Os documentos gerados a partir dessas movimentações foram protocolados pela advogada Clara Alcântara Botelho Machado em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada pelo PSOL no STF, para questionar o rito regimental de indicações ao Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA). A ação é relatada pelo ministro Flávio Dino.

“A fraude consistiu em associar indevidamente a figura de Marcus Brandão, irmão do governador do Estado do Maranhão, como representante da empresa contratada, conferindo aparência de legitimidade, mas que jamais contou com sua anuência. O cadastro falso […] foi utilizado para abrir e movimentar processos administrativos em favor da empresa Vigas Engenharia Ltda., notadamente o Processo SEI nº 2024.530101.05519, relativo à medição final e pagamento de contrato da referida empresa junto à Secretaria de Estado da Infraestrutura”, diz o inquérito.

“A articulação dos fatos, a ausência de justificativa para a criação de um segundo usuário, a validação sem o cumprimento dos requisitos formais e a imediata e reiterada utilização do perfil falso em processos administrativos demonstram, de forma inequívoca, que os denunciados agiram com o propósito deliberado de inserir dados falsos no sistema oficial, visando criar uma situação fática inverídica, com o fim de causar dano à Administração Pública e à vítima”, afirma o MPMA.

Sem vínculo

Na representação, Marcus Brandão alega também que a advogada Clara Alcântara, inscrita na OAB de Minas Gerais, não tem qualquer vínculo com o governo do Maranhão e apresentou as informações sem relação com o tema da ADI, com o objetivo de envolver a família do governador em supostas irregularidades. Na ADI, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou a perda de objeto, uma vez que os questionamentos do PSOL quanto ao rito do TCE-MA foram sanados pelo órgão.

No dia 6 de outubro, a juíza titular da 2ª Vara Criminal de São Luís (MA), Lidiane Melo de Souza, acolheu a denúncia do MPMA e determinou a citação dos três servidores acusados de articular a fraude no SEI com o nome de Marcus Brandão.

Fonte: METROPOLIS


Leia também:



A censura 'fascista' de Felipe Camarão a Blogs do Maranhão

Imagem: reprodução - composição

Em menos de seis meses já foram 2 blogs censurados, vítimas de tutela de urgência e decisão liminar, impetradas pelo vice-governador, Felipe Camarão, e concedidas por um desembargador do TJ-MA e uma juíza da 10ª Vara Cível de São Luís.

O primeiro caso foi contra o jornalista Victor Landim, editor do 'MARANHÃO METRÓPOLIS', no caso dos PRINTS, onde o vice-governador, ataca com falas machistas, sexistas e misóginas a pessoa da deputada estadual, Mical Damasceno (PSD) através de mensagens de WHATSAPP, periciadas pela polícia civil e autenticadas em cartório, mas a turminha de dinistas não tardou em tentar descredenciar o jornalista, chamando-o de 'PICARETA' na tribuna da assembleia e 'CRIMINOSO', por aliado, em mais de uma rede de TV local. Também tentaram descredibilizar os PRINTS, A PERÍCIA DA POLÍCIA CIVIL, O PERITO e todo rol de provas utilizados para elucidar a veracidade dos PRINTS.

Mas Camarão não parou por aí, quando uma 'MATÉRIA JORNALÍSTICA NÃO O AGRADA', ele segue censurando! Mais recentemente, a vítima de seu autoritarismo e de sua atitude intempestiva em censurar blogs maranhenses, foi contra o 'Jornalista Domingos Costa', obrigando-o a retirar do ar, uma matéria onde o foco das denúncias, fundamentadas e documentadas de carga horária excessiva de 74 horas semanais, 'HUMANAMENTE IMPOSSÍVEL DE SER CUMPRIDA', foi exposta pelo jornalista, em que questionava falas do vice-governador explicando o que ele tratava como 'NEPOTISMO' e,  contrastando com os cargos ocupados por sua esposa, a médica TAYNAH CAMARÃO, que teve seis registros divulgados pelo jornalista, provando que a mesma, ocupa 6 cargos distintos em 4 municípios diferentes, um deles, em prefeitura do PL, partido que Camarão hora diz ser contra e quando convém, hora diz ser a favor e, até alega ter bons amigos no PL.

A decisão liminar, foi concedida por uma juíza maranhenseda 10ª Vara Cível de São Luís, evolvida em outras decisões no mínimo, polêmicas, depois de um juiz e um desembargador terem negado o pedido de CAMARÃO.

Como se vê, o Maranhão vem regredindo no que diz respeito a liberdade de expressão e direito constitucional a informação verificada, apurada  e constatada. Vivemos uma era de narrativas, onde os poderosos, com seus inúmeros meios, influências e recursos financeiros, orientados por grandes escritórios de advocacia e aparelhados por partidos políticos, judicializam e impedem que a população fique ciente da veracidade dos fatos e sejam mais e mais, influenciados pela narrativa dos políticos e não por constatações jornalísticas, sérias!. "SE NÃO BATE COM A NARRATIVA DELES,  ELES TIRAM DO AR!"

Por Daniel Braz


Leia também:





JERRYSGATE - Divulgação de áudios e prints vazados – Disputa pelo espólio de Flávio Dino vira vale-tudo no MA, diz OA!

Yglésio, Jerry e Dino, Galdino, Rubens e o CORONELATO! - Imagem: reprodução


Chantagens, negociatas e pressões para a formação de um 'CORONELATO' COMUNISTA EM 'COLINAS-MA' !

Sucessão do governador Carlos Brandão passou a ser marcada por denúncias de chantagem, grampos ilegais e envolve até mesmo a Câmara dos Deputados

A disputa pelo espólio político do ministro do Supremo Tribunal Federal e ex-governador Flávio Dino no Maranhão atingiu, durante a última semana, um novo patamar.

Áudios divulgados pelo deputado estadual Yglésio Moyses (PRTB) sugerem uma conspiração orquestrada pelos deputados federais Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Júnior (PT) – vice-líder do governo Lula na Câmara – para manter no poder o grupo que deu sustentação a Dino.



A tramoia envolveria uma suposta chantagem de aliados do ex-governador: além de Jerry e Júnior, também estaria envolvido o ex-número 3 do Ministério da Justiça na gestão de Dino, Diego Galdino. Pelos áudios, o grupo estaria disposto a exercer influência sobre ações relatadas no âmbito do STF pelo ministro e embaraçar o atual governador Carlos Brandão (PSB).

Essa é mais uma etapa da disputa entre o grupo alinhado a Dino e o grupo de Brandão. Dino e Brandão romperam politicamente no início de 2023 e nunca mais se aproximaram.

O ministro do STF, por meio de sua assessoria, afirmou que “não atua em assuntos estritamente políticos” e negou veementemente qualquer possibilidade de ser influenciado por querelas locais.

A pessoas próximas, conforme apurou O Antagonista, Dino tem dito apenas que tem “assuntos mais importantes para tratar”, como, por exemplo, a condução dos processos envolvendo Jair Bolsonaro na Primeira Turma do STF, colegiado do qual ele é presidente e as pressões internacionais sobre o Supremo.

O estratagema da suposta chantagem

Na terça-feira última, Yglésio Moyses publicou em suas redes sociais um áudio atribuído a Rubens Júnior, segundo o qual a disputa política entre os dois grupos estaria “zerada” se Carlos Brandão concordasse em “tratar bem quem votou no governador” – uma referência aos deputados estaduais da coalizão que o elegeu em 2022 – e acatar uma suposta indicação do deputado Márcio Jerry (PCdoB) para a prefeitura de Colinas, no interior do estado.

O áudio vazado não tem data, autenticidade comprovada, nem identificação de quem o vazou. Apesar disso, nenhum dos envolvidos, até a publicação desta reportagem, negou a autenticidade do material, nem apontou manipulação dos arquivos.

A oposição ao governo Brandão diz que os áudios foram vazados por Marcus Brandão, irmão do governador. Marcus nega.

“Se a gente conseguir avançar nessas duas pautas, zera tudo. Eu libero TCE (Tribunal de Contas do Maranhão), a gente faz de conta que nunca se desentendeu em nada nessa vida. Zera o jogo todo de novo”, teria dito Rubens Júnior, indicando uma suposta influência sobre Flávio Dino em ações relatadas por ele no STF.

Como temos mostrado, Dino é relator de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que discute a indicação a cargos no Tribunal de Contas do Maranhão. A ação está parada.

“É impossível manifestar-se sobre gravações telefônicas de terceiros, de origem desconhecida e produzidas em datas não informadas. Sobre processos judiciais distribuídos pela presidência do STF ao ministro Flávio Dino, as manifestações são exclusivamente nos autos, como manda a lei”, afirmou a assessoria do ministro.

Moyses também publicou uma mensagem vazada do celular do ex-secretário de Articulação Política do Maranhão, o ex-deputado estadual Rubens Pereira, pai do deputado federal Rubens Júnior.

Segundo a mensagem, o grupo político de oposição a Brandão teria imposto cinco condições para haver uma conciliação política no estado:

  1. afastar o irmão de Carlos Brandão de tudo o que diga respeito ao governo;
  2. entregar secretarias ao PT, de Rubens Júnior;
  3. anunciar publicamente que Carlos Brandão é candidato ao Senado e que o atual vice, Felipe Camarão, assumiria uma ampla coalizão
  4. exonerar parentes de Brandão que ainda fazem parte do governo;
  5. e deixar claro que não se meteria “em assuntos da Assembleia Legislativa” do estado.

Já em outro áudio, atribuído a Diego Galdino, ex-secretário-adjunto do Ministério da Justiça na época em que Dino era o ministro da pasta no governo Lula, fala-se de uma suposta conversa sobre essa pacificação local, envolvendo até mesmo o nome do ministro do STF.

“Eu conversei com o Flávio, semana passada, e aí ele conversou pessoalmente comigo e disse com essas palavras que vou dizer aqui: ‘Galdino, conversa com o Felipe, conversa com o Brandão, que eu só quero conversar sobre Colinas, eu só faço questão de Colinas. Deixa pra lá Barreirinhas, deixa pra lá as outras coisas… Que, se eles querem, é… se fizerem um gesto para mim, conversar comigo sobre Colinas, para não ter confusão, eu só queria que se mantivesse o acordo de Colinas”.

Galdino, até o momento, não se manifestou sobre esse áudio.

Pedido de investigação sobre grampo ilegal

Os deputados federais Márcio Jerry e Rubens Júnior reagiram. Eles acionaram o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pedir investigação da Polícia Legislativa sobre aquilo que eles classificaram de ‘grampo’ comandado pelo grupo de Brandão. A Polícia Federal também já instaurou inquérito sobre o assunto.

Nesta terça-feira, 21, o assunto veio a público em discurso na Casa, e o grupo chamado de “dinista” decidiu romper oficialmente com os aliados de Brandão.

Rubens Júnior citou o vazamento dos áudios e não negou a autenticidade do material. Mas ele chamou a fala de descontextualizada e clandestina.

“O governador Carlos Brandão me chama para um diálogo e diz: ‘Deputado Rubens Júnior, ajude a construir a paz no nosso grupo político!’. Construção da paz sempre vai contar com o meu apoio. O que ele queria? Que eu fizesse um diálogo com o ministro Flávio Dino, que foi meu orientador na graduação, foi meu padrinho de casamento, meu companheiro de partido durante muitos anos. E eu fui e dialoguei com ele”, disse Rubens Júnior, na tribuna da Câmara.



“Quando eu trago o retorno para o governador Carlos Brandão, para ele e para o seu irmão Marcos Brandão, pasmem os senhores, sou gravado ilegalmente por esses dois personagens da política do Maranhão. Eu já tinha visto gravarem adversários, e isso é repugnante, mas gravar um aliado, alguém que foi um emissário de paz, é algo odioso que merece ser rechaçado de plano”, acrescentou Rubens.

Depois, por meio das redes sociais, o deputado foi taxativo:

“Nunca houve oferta de acordo ou chantagem envolvendo qualquer processo judicial”.

Já Márcio Jerry, também em pronunciamento na Câmara, mas na quinta-feira, 23, também classificou as gravações como “criminosas” e afirmou que o caso marca “um novo patamar de degradação política” no Maranhão.

“O assunto voltou hoje porque o irmão do governador, o senhor Marcus Brandão disse que o áudio que circula tem o mesmo teor da conversa presencial que manteve com o deputado Rubens [Pereira] Júnior [PT-MA]. Isso é uma confissão gravíssima. E o governador, em sua nota, diz que nós nos fizemos gravar. Qual lógica há em alguém se gravar para gerar uma acusação contra si próprio? Isso é ridículo”, declarou.

O parlamentar disse ainda que o governador se tornou “refém” do irmão e que o governo perdeu o rumo.

“Muitos perguntam no Maranhão por que o governador Brandão é refém do irmão, a ponto de levá-lo a cometer sucessivos desatinos”, afirmou.

A assessoria de Carlos Brandão negou que tenha grampeado seus antigos ex-aliados políticos no estado e acusou Jerry e Rubens Júnior de atuar de forma “insana e agressiva”, utilizando “chantagens e barganhas nada republicanas”.

“Sou parceiro do presidente Lula sob qualquer circunstância, mas aqui no Maranhão plantou-se uma divisão”, afirmou o governador em nota oficial. “O deputado Rubens Júnior me trouxe o recado, uma oferta. Eu apoiaria candidatura de interesse de Márcio Jerry em Colinas, e as vagas retidas do TCE seriam liberadas. O próprio Rubens Júnior confirmou na tribuna da Câmara Federal”, acrescentou Brandão.

 “Eles se fizeram gravar. Agora temem os efeitos dessa exposição vexatória a que se submeteram, expondo outros níveis de poder”, finalizou.

Fonte: OA!


Leia também:


quinta-feira, 16 de outubro de 2025

O INIMIGO DO POVO! Após avanço no STF sobre reajuste, idosos podem ter derrota para planos de saúde na Câmara

Imagem: reprodução

Em 2021, segundo ano da pandemia de covid-19, os hospitais seguiam lotados e a tensão seguia firme nos lares brasileiros. Poucas vezes a preocupação era tamanha com a chegada dos boletos mensais dos planos de saúde. Não por menos, o susto chegou com peso para Célia Regina, 76 e Carlos Ramos, enfermeiro, 79, quando, no mês de setembro, o valor cobrado havia saltado de R$ 2.700 para R$ 3.350, um aumento de 24%. “Não tínhamos condições de pagar, principalmente no meio daquele surto. […] Pensamos até em cancelar”, lembra a aposentada de São Paulo.

Casos como esses são comuns no país e uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pode pôr fim a reajustes abusivos baseados na idade. No entanto, uma nova lei no Congresso pode rever esse entendimento e beneficiar os planos de saúde. O STF formou maioria, no dia 8 de outubro, para invalidar os reajustes por faixa etária em planos de saúde assinados antes da entrada em vigor do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).

Isso já significa que o entendimento do tribunal é de que os planos não podem aumentar as mensalidades com base na idade, mesmo se os contratos fossem anteriores a 2003. O resultado ainda será proclamado pelo ministro Edson Fachin, mas os votos dos ministros aposentados Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, bem como dos ministros Alexandre de Moraes, Carmen Lúcia, Gilmar Mendes e o próprio Fachin acompanharam o posicionamento da relatora do processo, a ministra aposentada Rosa Weber.

Para a advogada Thais Caldeira, especialista em direito do consumidor, a decisão do STF sobre o Tema 381 veio na esteira de um entendimento já firmado sobre o que seriam práticas abusivas, considerando que os reajustes por faixa etária só seriam válidos quando houvesse acordo prévio. “Quando há previsão clara e expressa no contrato, quando se baseiam em critérios atuariais confiáveis e, principalmente, quando não tornam o plano excessivamente caro para o consumidor”, explica.

Mesmo após tantos anos de espera, clientes idosos como Célia e Carlos, no entanto, podem não ter muito tempo para comemorar a decisão do STF. Na Câmara dos Deputados, a tramitação do projeto de lei, que propõe atualização da Lei dos Planos de Saúde, PL 7.419/2006, por ordem do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), acaba de mudar de relatoria, passando do deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA) para o colega Domingos Neto (PSD-CE). O projeto tramita há 19 anos e atualiza regras e define limites de reajuste e de rescisão contratual, especialmente para os planos coletivos, que não têm seus aumentos regulados pela ANS.

Em entrevista à Agência Pública, o antigo relator afirmou que sua saída foi resultado direto da pressão de grupos econômicos do setor. “Não se muda uma relatoria de um projeto tão importante como esse do nada. Nada é por acaso”, criticou Duarte Júnior, conhecido por defender a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os cancelamentos unilaterais dos planos de saúde. “Quem quis me tirar, se lascou, porque agora vou com muito mais força. Como relator eu tinha que ser imparcial, agora posso lutar de forma ainda mais firme pelo que é justo”, completou.

Duarte Jr. afirma que a proposta que vinha sendo construída “equilibrava os interesses das empresas e dos consumidores”, mas acabou barrada por influência das operadoras. “Infelizmente o lobby é muito pesado. É frustrante porque a gente sabe o que precisa ser feito. […] O consumidor é refém. Recebe o boleto, paga e não entende o motivo. Falta explicação, falta regulação, falta respeito”.

Procurada para comentar sobre o julgamento do STF, que formou maioria na decisão de como tratar os contratos anteriores a 2003, a ANS ressaltou que as operadoras precificam seus produtos com base em um “pacto intergeracional”, no qual gerações mais jovens subsidiam financeiramente as mais velhas, e alertou que mudanças nessas regras “fragilizariam o sistema de saúde suplementar”.

Procurado, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, ainda não respondeu sobre o que motivou a mudança de relatoria do projeto. Assim que houver retorno, este espaço será atualizado.


Célia e Carlos Ramos procuraram a Justiça após altos ajustes consecutivos dos
planos de saúde que mantinham há vários anos - imagem: reprodução

Sem acordo, a saída é buscar a Justiça

Era 2021 quando Célia e Carlos decidiram processar o plano de saúde que os atendia. Naquele ano, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) havia fixado índice negativo de reajuste para planos individuais (-8,19%), considerando o fato de que, com a pandemia, o uso dos serviços teve redução. “Os planos alegam equilíbrio contratual, mas esses reajustes funcionam como expulsão indireta dos idosos. […] Os planos de saúde trabalham com risco. O jovem é vantajoso, porque paga e usa pouco. À medida que envelhece, o beneficiário passa a usar mais, e os reajustes aumentam justamente para forçar a saída. É uma prática comum e perversa”, afirma o advogado do casal, Lucas Villela, que processou a empresa. O caso foi julgado na vara do Foro Central de São Paulo.



Até dezembro de 2024, mais de 10 milhões de idosos eram beneficiários de planos de saúde no país, segundo dados da ANS, quase um quinto de todos os usuários. São pessoas como Antônio Ribeiro, 61, que mantém o mesmo plano desde 2001, e conta que os reajustes se tornaram mais frequentes e imprevisíveis. “Isso não deveria estar acontecendo. Fica muito difícil eu tirar de uma coisa para pagar outra, principalmente o plano, que é caríssimo”, desabafa o autônomo, que viu o compromisso mensal passar de R$ 1.270, em 2001, para os atuais R$ 3.100.

A pesquisadora Leides Barroso, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que o problema ultrapassa o campo jurídico. “Quando um idoso precisa escolher entre comprar o remédio e pagar o plano, algo está errado. É o sistema dizendo que ele já não vale tanto”. Ela lembra ainda que a Constituição de 1988 já previa a proteção do idoso como dever do Estado, antes mesmo do Estatuto de 2003. Em nota à Pública, a ANS explicou que o reajuste por mudança de faixa etária “se justifica em razão da alteração do perfil de utilização dos serviços de saúde” e tem como objetivo “diluir o risco entre diferentes grupos de idade, proporcionando um preço mais equilibrado para todos os beneficiários” e que “controla os reajustes por faixa etária para que os idosos não sejam penalizados com aumentos excessivos, mantendo os valores dentro de limites dispostos em contratos”.

Fonte: apublica.org


Leia também:


Em vias de ser votada no Congresso, PEC da Segurança Pública levanta questionamentos entre autoridades

Imagem: reprodução

Pontos específicos do texto têm gerado críticas abertas; um deles é a mudança da Polícia Rodoviária Federal para Polícia Viária Federal

As mudanças propostas pela PEC da Segurança Pública (PEC 18/2025), encaminhadas para votação no Congresso Nacional, estão longe de agradar parlamentares e autoridades ligadas à área da segurança no país. Mesmo com ideias elogiadas pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o projeto enfrenta resistência dentro das Secretarias de Segurança Pública — em especial em São Paulo, onde se concentra a maior população carcerária do país e onde nasceu uma das principais facções criminosas do mundo, o PCC.

Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, a PEC, embora tenha incorporado propostas dos governadores dos 26 estados e do Distrito Federal, não tem priorizado essas contribuições, dando preferência ao que vier a ser determinado pelo Conselho Nacional de Segurança Pública. O posicionamento do secretário foi exposto durante a reunião da Comissão Especial sobre Competências Federativas em Segurança Pública, na Câmara dos Deputados.

“A PEC carece de garantias quanto à sua eficácia prática, diante de desafios operacionais, políticos e orçamentários. O ponto de maior preocupação é a redefinição de competências entre a União, os Estados e os Municípios, bem como das atribuições dos órgãos de segurança — ou seja, ‘quem deve ou pode fazer o quê’ nessa área. A questão não é tão simples quanto alguns imaginam”, aponta André Santos Pereirapresidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP).

Para ele, “qualquer alteração que trate de atribuições trará efeitos colaterais imprevisíveis, com maior possibilidade de desestabilizar a estrutura existente do que de aprimorá-la, como ocorre nas atividades de policiamento ostensivo e de apuração das infrações penais. O cenário agrava-se pela ausência de diálogo interinstitucional e pela polarização política. O caminho dos consensos é o mais seguro neste momento, a exemplo da constitucionalização dos fundos e de seu não contingenciamento. Pautas de conflito devem ser rejeitadas. ”

Na reunião, Derrite também destacou que a PEC apresenta riscos de centralização, submissão e sobreposição de forças, além de não prever contrapartidas financeiras. Ele criticou, ainda, a proposta de redesignação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que passaria a se chamar Polícia Viária Federal, sem a devida capacitação para o combate ao crime.

Em paralelo, durante audiência pública sobre a PEC, parlamentares reforçaram que a criminalidade é comandada de dentro para fora dos presídios e defenderam mudanças na nomenclatura dos detentos ao ingressarem no sistema prisional.

André Santos Pereira – Delegado de Polícia do Estado de São Paulo, especialista em Inteligência Policial e Segurança Pública (Escola Superior de Direito Policial/FCA) e presidente da ADPESP - Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.   




Fonte: M2 Comunicação - Bruna Ferrão


Leia também: