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sábado, 5 de fevereiro de 2022

ESPECIAL BBC: o que é a subvariante BA.2 da ômicron, agora com casos confirmados no Brasil

Foto: Reprodução
A variante ômicron altamente transmissível agora é responsável por metade das infecções por covid-19 no mundo. Mas a ômicron é um termo abrangente para várias linhagens intimamente relacionadas ao SARS-Cov-2, sendo a mais comum a linhagem BA.1.

Agora, mais países, principalmente na Ásia e na Europa, estão registrando um aumento de casos causados ​​pela BA.2.

Na sexta-feira (4/2), o Ministério da Saúde confirmou três casos de infecção pela linhagem BA.2 no Brasil, dois em São Paulo e um no Rio de Janeiro. Não há informações detalhadas sobre essas pessoas e por onde passaram.

A BA.2 às vezes é chamada de subvariante "furtiva", porque não possui o marcador genético que os pesquisadores estavam usando para identificar rapidamente se uma infecção era um caso de ômicron "regular" (BA.1 ) ou de delta.


Vídeo: o que é a subvariante BA.2 da ômicron e há razão para preocupação?


Tal como acontece com outras variantes, uma infecção por BA.2 pode ser detectada por testes PCR e antígeno, mas eles só indicam se o caso é positivo ou negativo para covid - não conseguem distinguir as variantes. Para isso, são necessárias mais verificações.

A BA-2 parece ser mais transmissível do que as variantes anteriores, mas, felizmente, nenhum dado até o momento sugere que seja mais grave.

Então, quão preocupados devemos estar com essa variante emergente? Confira o que sabemos sobre ela.


India é país onde subvariante BA.2 parece estar ganhando terreno mais rapidamente
- Foto: Reprodução

O que é a BA.2?

À medida que os vírus se transformam em novas variantes, às vezes eles se dividem ou se ramificam em sub-linhagens. A variante delta, por exemplo, é composta por 200 subvariantes diferentes.

O mesmo movimento ocorreu com a ômicron, que inclui as linhagens BA.1, BA.2, BA.3 e B.1.1.529.

A BA.1 responde pela maioria dos casos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 99% do DNA viral submetido ao banco de dados global GISAID (em 25 de janeiro de 2022) foi sequenciado como essa subvariante.

Não está claro onde ela se originou, mas a BA.1 foi detectada pela primeira vez em novembro, em sequências carregadas no banco de dados das Filipinas.

Onde a BA.2 está se espalhando?

Desde novembro, 40 países adicionaram milhares de sequências BA.2 aos seus bancos de dados.

Segundo a OMS, a subvariante já está se tornando dominante nas Filipinas, Nepal, Catar, Índia e Dinamarca. Em alguns lugares, seu crescimento foi acentuado.

Segundo o Instituto Estatal Serum da Dinamarca, cerca de metade dos novos casos de covid-19 do país é causada ​​por BA.2.


Testes regulares não conseguem distinguir subvariante da infecção - Foto: Reprodução

A Índia é outro país onde BA.2 está substituindo rapidamente as variantes delta e ômicron BA.1, segundo levantamento conduzido pelo biólogo molecular Bijaya Dhakal.

O Departamento de Saúde das Filipinas (DOH, na sigla em inglês) disse que a sub-linhagem BA.2 já era predominante nas amostras recebidas no final de janeiro.

E, na Inglaterra, mais de mil casos confirmados de BA.2 foram identificados, conforme a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês).

Ela foi designada como uma "variante sob investigação" pelas autoridades de saúde britânicas, o que significa que eles a estão acompanhando de perto, mas neste momento não estão muito preocupados com ela.

As infecções por BA.2 na Alemanha também estão crescendo mais rápido do que a BA.1 e a delta, de acordo com Meera Chand, diretora de covid-19 da UKHSA.

A BA.2 é mais transmissível?

Um estudo com 8,5 mil famílias e 18 mil indivíduos conduzido pelo Instituto Estatal Serum da Dinamarca descobriu que BA.2 era "significativamente" mais transmissível do que BA.1. Ela infectou com mais facilidade indivíduos vacinados e com doses de reforço do que as variantes anteriores, segundo o estudo, embora as pessoas vacinadas tenham mostrado menos probabilidade de transmiti-la.

Outro estudo, do Reino Unido, também encontrou maior transmissibilidade para BA.2 em comparação com BA.1.

Mas uma avaliação preliminar não encontrou evidências de que as vacinas seriam menos eficazes contra doenças sintomáticas para qualquer uma das subvariantes.


Autoridades de saúde britânicas classificaram a BA.2 como uma "variante sob
investigação" - Foto: Reprodução

A BA.2 é mais perigosa?

Não há dados que sugiram que BA.2 leve a uma doença mais grave do que as subvariantes anteriores da ômicron.

"Observando outros países onde a BA.2 está agora ultrapassando a (BA.1), não estamos vendo nenhum aumento maior na hospitalização do que o esperado", disse Boris Pavlin, da Equipe de Resposta à COVID-19 da OMS, na terça-feira (2/2).

Pavlin acrescentou que, mesmo que a BA.2 substitua a BA.1, isso pode ter pouco efeito na trajetória da pandemia e na forma de tratar as pessoas.

"É improvável que seu impacto seja substancial, embora sejam necessários mais dados", disse ele.

Assim como nas variantes anteriores, os especialistas acreditam que as vacinas continuarão sendo altamente eficazes contra doenças graves, hospitalização e morte.

"A vacinação oferece profunda proteção contra casos graves, inclusive para a ômicron", disse Pavlin.

Chand, do Reino Unido, acrescentou: "Até agora, não há evidências suficientes para determinar se a BA.2 causa uma doença mais grave do que a BA.1, mas os dados são limitados e a UKHSA continua investigando".

"Devemos permanecer vigilantes e tomar as vacinas. Todos devemos continuar a nos testar se sintomas aparecerem".

Fonte: BBC Brasil

sábado, 29 de janeiro de 2022

ESPECIAL BBC - Vacinação contra covid: 5 perguntas definem quantas doses tomaremos no futuro

Imagem: Reprodução
O rápido espalhamento da variante ômicron mundo afora levantou duas questões importantes: será que precisaremos de vacinas atualizadas para lidar com essa ou com as novas versões do coronavírus que podem surgir nos próximos meses? E, se isso for realmente necessário, será que todo mundo deverá tomar novas doses a cada ano?

Por ora, a ciência parece ter mais dúvidas do que certezas a respeito desses pontos. Não existe definição sobre se a vacinação contra a covid-19 será anual ou se as três doses oferecidas atualmente para boa parte da população serão suficientes para conferir uma proteção forte e duradoura.

A experiência com outras doenças mostra que os dois caminhos são possíveis. Temos vacinas que precisam ser aplicadas poucas vezes na vida, caso daquelas que protegem contra febre amarela ou sarampo, e outras que requerem reaplicações periódicas, como os produtos que resguardam contra a gripe (doses anuais) ou contra o tétano (uma dose a cada dez anos).

Para saber melhor o futuro da vacinação contra a covid-19, especialistas foram ouvidos. Eles avaliaram que é preciso ter respostas claras para cinco perguntas básicas, que podemos conferir a seguir.

1. Quanto tempo dura a imunidade após a terceira dose?

Com exceção da Janssen, todas as outras vacinas contra a covid-19 utilizadas em boa parte do mundo tinham um esquema inicial com duas doses.

Esses produtos foram testados e aprovados com um objetivo principal: diminuir o risco de desenvolver as formas mais graves da doença, que estão relacionadas à hospitalização e morte.

E, como era de se esperar, o avanço da campanha de vacinação em vários países foi seguido por uma queda importante nos casos, nas internações e nos óbitos relacionados à infecção pelo coronavírus.

No segundo semestre de 2021, porém, algumas pesquisas começaram a indicar que a resposta imune obtida após a aplicação das duas doses diminuía com o passar do tempo — no caso da CoronaVac, por exemplo, foi observada uma queda importante nos anticorpos entre quatro e seis meses depois de completado o esquema vacinal primário.

Esses estudos fizeram com que alguns países logo adotassem a política de oferecer uma terceira dose, primeiro para idosos e indivíduos com sistema imune comprometido, depois para todos os adultos.

Embora essa decisão não fosse consenso entre toda a comunidade científica até novembro, a necessidade de uma terceira dose virou quase unanimidade com o aparecimento da ômicron no final de 2021.

Um dos motivos para isso é o fato de a variante carregar uma quantidade considerável de mutações genéticas na proteína S, sigla para spike (ou espícula, em português), a estrutura do coronavírus que se conecta às nossas células e dá início à infecção.

O grande problema é que as principais vacinas disponíveis, como as de Pfizer, AstraZeneca e Janssen, são baseadas justamente na tal da espícula do vírus "original", detectado inicialmente em Wuhan, na China, no final de 2019.

Ou seja: uma transformação importante na espícula, como aconteceu com a ômicron, pode significar que a resposta imunológica obtida após a vacinação deixe de funcionar tão bem como observado até então, e não consiga mais identificar e barrar as novas versões virais.


A espícula (estrutura vermelha) se conecta com receptores da célula (estrutura azul)
para dar início à infecção - Foto: Reprodução

Na prática, as vacinas realmente perderam parte de seu poder diante dessa nova variante. No caso do imunizante da AstraZeneca, por exemplo, cientistas do Imperial College, do Reino Unido, calcularam que a efetividade das duas doses contra a infecção sintomática pela ômicron despenca para 0 a 20% (antes, ela alcançava até os 90%).

A boa notícia é que esse mesmo grupo observou que dá para restaurar boa parte dessa proteção com uma terceira dose de vacina: no estudo, após o reforço, a efetividade subiu novamente para 55 a 80%. O mesmo fenômeno também ocorreu com outros imunizantes.

"Sabemos que a ômicron adquiriu maior resistência às vacinas, mas ela não é completamente resistente. Ela consegue escapar parcialmente dos anticorpos, mas ainda há uma proteção importante, especialmente após as três doses", avalia o virologista Flávio da Fonseca, professor da Universidade Federal de Minas Gerais.

"As vacinas que temos agora estão funcionando, com alta proteção contra hospitalizações e óbitos. E é justamente isso o que nós queremos delas", concorda a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, nos Estados Unidos.

Os dados de vida real mostram a importância das três doses, como revelam os gráficos do sistema de saúde de Nova York, também nos EUA. Nas duas primeiras semanas de janeiro, é possível observar cinco vezes mais casos de covid, sete vezes mais hospitalizações e cinco vezes mais mortes em indivíduos que não foram vacinados na cidade.


Em Nova York, a taxa de hospitalizações de não vacinados (linha roxa) é quase sete vezes
maior do que a de vacinados (linha laranja) - Foto: Reprodução

Mas aí vem a grande pergunta: a proteção da terceira dose dura quanto tempo? Será que ela também vai cair daqui a alguns meses, como observado após o esquema primário com as duas aplicações? Se sim, haverá necessidade de um novo reforço vacinal? Por ora, ninguém tem certeza sobre essas questões.

Numa entrevista recente, o imunologista Anthony Fauci, líder da resposta à pandemia nos Estados Unidos, apresentou algumas sugestões do que pode acontecer.

"Penso que após a primeira, a segunda, a terceira e, quem sabe, a quarta dose, é provável que tenhamos um nível de proteção que pode transformar a covid num quadro leve, ou sem sintomas. E aí o coronavírus ficará cada vez mais próximo de outros causadores do resfriado comum", projeta.

O médico José Cassio de Moraes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, aponta algumas incertezas sobre esse cenário futuro. "Nós ainda não temos um correlato de proteção, ou seja, qual é a quantidade de anticorpos que precisamos para não pegarmos a covid."

"Precisamos observar os próximos meses, para conferir se essa diferença de proteção que vemos hoje entre vacinados e não vacinados diminui ou se ela se mantém com o passar do tempo" complementa o especialista, que também representa a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

E vale lembrar aqui que nem só de anticorpos vive a resposta imunológica. Existem várias camadas de proteção que também ajudam a eliminar os agentes invasores do organismo.

"Fazer anticorpos e manter as 'fronteiras fechadas' é algo muito custoso para o corpo. Se o vírus não aparece, é natural que esse sistema se desmantele após algum tempo", ensina o clínico e imunologista Eduardo Finger, coordenador do Laboratório de Pesquisa Experimental do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

"Mas essa expertise não se perde. Ela fica 'guardada' nas células de memória do sistema imune, que são ativadas e montam uma resposta rapidamente caso o vírus apareça. Com isso, a pessoa pode até se infectar, mas o patógeno não vai ter acesso livre aos órgãos vitais", completa.

É justamente isso que parece estar acontecendo agora: pessoas que tiveram covid anteriormente ou estão vacinadas com duas ou três doses até pegam a ômicron, mas na grande maioria das vezes os sintomas são mais leves e não ocorrem grandes complicações pulmonares. Ou seja: nesses casos, o vírus até conseguiu escapar da primeira barreira de proteção (os anticorpos), mas logo as células de memória são ativadas e impedem um mal maior.

2. As vacinas disponíveis continuam a funcionar contra as novas variantes?

Como você conferiu nos parágrafos anteriores, as vacinas até perdem um pouco de efetividade diante da ômicron, mas continuam a evitar hospitalizações e mortes. Porém, nada garante que o mesmo vá acontecer com as próximas variantes.

Os cientistas esperam que novas versões do coronavírus surjam ao longo dos próximos meses. Durante o processo de replicação nas células, o patógeno sofre mutações aleatórias a todo momento. Boa parte dessas alterações genéticas não dá em nada, mas há uma parcela delas que resulta em melhorias (ao menos do ponto de vista do vírus) na capacidade de transmissão, de escape imunológico ou de agressividade.

Nada garante, portanto, que as novas linhagens consigam driblar ainda melhor a proteção obtida com as vacinas atuais e levem a um novo aumento nos casos, nas internações e nas mortes por covid.

Na visão de Fonseca, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, a boa notícia é que a ômicron se tornou tão predominante em todo o mundo que há grandes chances de a próxima variante se originar a partir dela.

Esse fenômeno ainda não aconteceu até agora: todas as variantes de preocupação detectadas tiveram uma origem independente. Ou seja: a delta não surgiu diretamente da gama, e a beta não é derivada da alfa.


Ômicron não será a última variante do coronavírus a aparecer, garantem os especialistas
- Foto: Reprodução


Mas, dado o potencial de espalhamento e a circulação da ômicron, é provável que a próxima versão do coronavírus seja parecida com ela.

"Se a 'receita' da ômicron deu certo, a tendência é que as próximas variantes mantenham esse curso de menor letalidade", aposta Fonseca.

Mas o que acontece se surgir um coronavírus com mutações que escapam totalmente das vacinas? Daí sim será necessário realmente atualizar os produtos que temos à disposição.

Não existe, porém, um limiar definido de quando isso pode acontecer — no início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu que os imunizantes deveriam ter uma eficácia mínima de 50% contra os casos mais graves para serem aprovados.

"Conforme surgirem as variantes, vamos ter que pesar os riscos e os benefícios das vacinas que temos à disposição", antevê Moraes.

"Se a efetividade de uma delas cai de 90% para 80%, não me parece ser algo tão grave. Agora, se essa taxa diminuir para 20%, será necessário ter novas vacinas", complementa o médico.

3. Qual a capacidade das farmacêuticas e dos governos de atualizar, testar, aprovar, fabricar e distribuir as novas vacinas?

Vale lembrar que as tentativas de atualizar as vacinas estão em curso. Recentemente, representantes das farmacêuticas Pfizer e Moderna disseram que desenvolvem novas versões de seus produtos para barrar a ômicron. A expectativa é que os resultados dos testes sejam divulgados no próximo mês de março.

O problema é que, até lá, a atual onda de casos, hospitalizações e mortes já deve ter arrefecido em boa parte do planeta. Será que faz sentido então criar um produto específico contra essa variante?

Numa coletiva de imprensa realizada recentemente, Fauci avaliou que buscar novos imunizantes contra a ômicron é "prudente", mas talvez eles nem sejam necessários.

"Faz sentido ao menos pensar em doses de reforço que mirem a ômicron. Talvez nem precisemos delas, mas é prudente nos prepararmos para a possibilidade de que essa seja uma variante persistente, que precisaremos continuar a enfrentar", comentou.

Finger concorda. "A ômicron é tão infectante e rápida que talvez ela acabe com o número de pessoas suscetíveis antes de março."

"Mesmo assim, ainda existem indivíduos que poderiam se beneficiar de uma quarta dose ou de uma vacina específica contra essa variante", acrescenta.

Em tese, a atualização das vacinas de mRNA (como as de Pfizer e Moderna) ou de vetor viral (caso de AstraZeneca e Janssen) nem é tão complicada assim: basta trocar a sequência genética, de modo que ela fique mais parecida à espícula da ômicron. Esse processo pode ser feito no laboratório em poucos dias.

O que demora mesmo é a próxima etapa: avaliar as novas versões dos imunizantes.

"Como falamos de vacinas novas, é preciso ter um cuidado um pouco maior e fazer estudos, que demoram em torno de dois meses, para acompanhar se as atualizações são eficazes e seguras", diz Moraes.

E, mesmo se os testes forem bem-sucedidos, há ainda a etapa de aprovação com as agências regulatórias, a fabricação das doses e a distribuição delas, o que certamente acrescenta mais alguns meses nessa conta.


O processo de criação, aprovação e produção de vacinas atualizadas pode levar cerca de
seis meses - Foto: Reprodução

Se as vacinas atualizadas forem realmente necessárias, será que é possível acelerar todo esse processo, de modo que o produto fique disponível a tempo de aliviar o impacto das novas variantes?

A vacinação contra a gripe pode servir de modelo nesse contexto. Todos os anos a OMS monitora as cepas do vírus influenza que estão circulando com mais intensidade e recomenda qual deve ser a composição do imunizante que será utilizado pelos países.

Geralmente, a formulação vacinal contra a gripe para o Hemisfério Norte é divulgada em fevereiro/março e, para o Hemisfério Sul, em setembro. Assim, dá tempo de os produtores fabricarem as doses e disponibilizá-las no início da temporada de frio, quando os casos da doença costumam aumentar.

Nesse caso, não há necessidade de fazer grandes estudos clínicos, já que a mudança em alguns ingredientes (no caso, as cepas de vírus que estão incluídas) não altera a segurança do produto.

No Brasil, por exemplo, o responsável por produzir a vacina contra a gripe é o Instituto Butantan, que segue as diretrizes da OMS e entrega todos os anos ao Ministério da Saúde cerca de 80 milhões de doses.

Mais uma vez, ainda não dá pra saber se esse esquema anual será necessário também para a covid.

"E, mesmo se a vacina contra o coronavírus precisar ser atualizada de ano em ano, não haverá a exigência de testes clínicos toda vez, já que será necessário modificar apenas um componente ou outro da formulação para se adequar às variantes em circulação no momento", acredita Fonseca.

As bases para um esquema de atualização das vacinas contra a covid foram lançadas recentemente, numa reunião organizada pela Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, e pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

No encontro, os representantes das entidades concordaram que "a administração de múltiplas doses de reforço em curtos intervalos não é uma abordagem sustentável no longo prazo".

Eles também apontaram que é necessário que a comunidade científica internacional e as farmacêuticas continuem a "buscar alternativas para as vacinas disponíveis atualmente".

Por fim, as instituições concordam que as versões atualizadas dos imunizantes precisam "demonstrar que a resposta imunológica, medida através dos anticorpos neutralizantes, seja superior ao alcançado com as vacinas disponíveis anteriormente".

4. Qual será a sazonalidade da covid e quem estará no público-alvo da vacinação?

Um aspecto que traz outras dúvidas sobre o futuro da vacinação contra a covid é se haverá uma época do ano em que a transmissão do vírus será mais alta.

"Como estamos numa situação pandêmica, em que os casos acontecem durante o ano todo, ainda não foi possível determinar uma sazonalidade da doença", conta Fonseca.

"Precisamos entender como será o padrão de circulação do coronavírus ao longo do ano pelos continentes", complementa o virologista.

Se levarmos em conta o que acontece com outros vírus respiratórios, como os causadores de resfriados e gripe, a tendência é que as infecções se concentrem geralmente entre o outono e o inverno.


O processo de criação, aprovação e produção de vacinas atualizadas pode levar cerca
de seis meses - Foto: Reprodução

E isso tem mais a ver com o comportamento do ser humano do que com os patógenos: em dias mais frios, a tendência é ficarmos mais tempo em lugares fechados, próximos uns dos outros, o que facilita a transmissão desses agentes infecciosos.

Se esse mesmo padrão se repetir com a covid e houver a necessidade de vacinações anuais, a tendência é que as campanhas se concentrem, então, no início do outono, como já ocorre com a gripe.

Outro aspecto que precisará ser discutido é a necessidade de vacinar toda a população, ou se apenas alguns grupos mais vulneráveis às complicações da doença, como idosos, gestantes, pessoas com sistema imune comprometido ou crianças, serão contemplados nesse reforço anual.

5. Quais inovações virão com a segunda geração de imunizantes?

Por fim, vale destacar que os produtos de Pfizer, AstraZeneca, Janssen e a CoronaVac, entre outros, são a primeira geração de vacinas contra a covid-19.

Há uma série de candidatos a imunizantes de segunda geração que estão avançando nos testes atualmente. Além de continuarem a proteger contra a doença, eles têm o potencial de resolver alguns pontos negativos e deficiências observados nessa primeira leva.

"Uma vacina nova que precisaríamos agora seriam as intranasais, capazes de barrar a infecção pelo coronavírus", diz Garrett.

Ao contrário dos imunizantes atuais, que evitam casos mais graves, hospitalizações e óbitos por covid, a proposta das vacinas intranasais (aplicadas em forma de líquido ou spray direto nariz) é evitar que o vírus invada as células e dê início à infecção.

Existem vários produtos desse tipo em teste e alguns resultados são esperados ainda para 2022.


Vacina intranasal contra a covid facilitaria a aplicação, seria mais acessível a quem tem
medo de agulhas e poderia evitar infecção pelo coronavírus - Foto: Reprodução

Ainda na seara das inovações, alguns laboratórios trabalham na criação de vacinas que consigam criar uma imunidade contra vários tipos de coronavírus (e não apenas o Sars-CoV-2, o causador da covid).

Já outras farmacêuticas estão desenvolvendo imunizantes conjugados, que prometem trazer numa única dose proteção contra covid e gripe.

Também é possível esperar que os novos produtos causem ainda menos efeitos colaterais, possam ser armazenados ou transportados mais facilmente e garantam uma proteção duradoura.

"Conforme essas inovações forem testadas e aprovadas, poderemos avaliar todos os seus benefícios e conferir se elas vão trazer ganhos ao nosso programa público", acredita Moraes.

"Uma vacina intranasal segura e eficaz que possa ser conservada em temperatura ambiente, por exemplo, traria muitas vantagens", complementa o médico.

E, claro, se a segunda geração de imunizantes realmente ganhar espaço, isso também pode influenciar no esquema de aplicação de novas doses ou como serão feitos esses reforços de tempos em tempos.

Enquanto esse futuro não chega e as respostas para as questões estão em aberto, todos os especialistas ao menos têm certeza sobre uma coisa: é preciso diminuir a desigualdade e garantir que a população de todos os países receba as vacinas disponíveis atualmente.

"Em vez de pensarmos na aplicação de uma quarta ou de uma quinta dose, deveríamos estar vacinando o mundo inteiro agora. O impacto sobre a pandemia certamente seria bem maior", conclui Garrett.

Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Variante Ômicron e incerteza na recuperação atrasam retomada da economia

Imagem: Reprodução
A agência da ONU estima o equivalente a cerca de 52 milhões de empregos a menos em 2022 em relação aos níveis anteriores à pandemia de Covid-19.

O mercado de trabalho global levará mais tempo do que se pensava para se recuperar, com os níveis de desemprego acima do patamar pré-pandemia até, pelo menos, 2023. O motivo é a incerteza sobre o curso e a duração da pandemia, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado na segunda-feira (17).

A agência da ONU estima o equivalente a cerca de 52 milhões de empregos a menos em 2022 em relação aos níveis anteriores à pandemia de Covid-19, o que equivale a cerca do dobro da estimativa anterior de junho de 2021.

As interrupções devem continuar em 2023, quando ainda haverá cerca de 27 milhões de empregos a menos, disse a OIT, alertando para uma recuperação “lenta e incerta” em seu relatório Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo em 2022.

A revisão do relatório leva em conta, entre outros fatores econômicos, dados spbre a continuidade da pandemia e suas variantes, principalmente a ômicron.

Fonte: saoluisdofuturo

sábado, 8 de janeiro de 2022

ESPECIAL BBC - Atraso para vacinar crianças é 'negação inacreditável da ciência' diante de aumento de casos de covid, diz médico da Fiocruz

Foto: Reprodução

No início de dezembro passado, os atendimentos a casos de covid-19 eram raros ou, em certos dias, inexistentes na rotina do pediatra e infectologista Márcio Nehab.

O que poderia ser um indicativo de melhora da pandemia, hoje é visto por ele como a fase que antecedeu um período de "subida assustadora de casos".

"De duas semanas pra cá, a situação piorou muito. Na (segunda-feira, 03/01), por exemplo, foi o dia em que mais fiz pedidos de covid-19 desde o início da pandemia. Tem sido assim nos últimos dias. Nunca fiz tantos pedidos de exames na vida", comenta Nehab, que é do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/FioCruz).

O pediatra, que trabalha em hospitais da rede pública e privada do Rio de Janeiro, atende crianças de diferentes idades. Em casos suspeitos de covid-19, ele solicita exames para os pacientes e seus familiares. E nas últimas semanas, Nehab tem notado uma particularidade: praticamente todos os membros da família testam positivo para a doença.

"Nas variantes anteriores, a taxa de transmissão entre os familiares já era alta, mas na ômicron tem sido maior ainda. É uma variante muito mais transmissível", diz o especialista.

Ele conta que fez cerca de 20 pedidos de exames de covid-19, incluindo as crianças e seus familiares, ainda na última segunda-feira (03/01), enquanto nos períodos anteriores nunca havia solicitado mais de 15, nem mesmo no auge da pandemia em março de 2021. Esse aumento de registros da doença, conta Nehab, também tem sido notado por seus colegas de profissão.

Em meio ao atual cenário, Nehab classifica como "completa negação da ciência" a conduta do governo federal em relação à vacinação das crianças contra a covid-19.

Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter autorizado a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos em 16 de dezembro, o governo federal decidiu fazer uma consulta pública sobre o tema e encerrou as discussões sobre o tema somente na quarta-feira (05/01), ao divulgar detalhes sobre a imunização para esse grupo.

O aumento de casos de covid-19

Pediatra e infectologista Márcio Nehab alerta sobre aumento de casos
de covid-19 - Foto: Reprodução

Assim como tem ocorrido em diferentes regiões do mundo, o Brasil sofre com o avanço da ômicron. Pelo que tem sido observado em outros países, a variante causa quadros mais leves ou até assintomáticos, porém é mais transmissível.

No Brasil, as cenas de filas à espera de atendimento médico por suspeita de covid-19 voltaram a ser comuns. A busca por exames para a doença tem sido cada vez maior nos últimos dias e os resultados positivos aumentaram. Há também mais internações quando comparado aos últimos meses de 2021, conforme relatos de profissionais de saúde.

Em meio ao atual cenário, o país vive dificuldades para dimensionar a real situação da pandemia. Com testes insuficientes e com dificuldades de divulgação de dados em muitos municípios, especialistas têm afirmado que não é possível quantificar a real situação da pandemia no Brasil nos últimos dias.

É possível avaliar parte do cenário por meio dos dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A média móvel de casos (que analisa os números dos últimos sete dias) passou a crescer há cerca de duas semanas. Em 22 de dezembro, por exemplo, estava em 3,1 mil casos. Já na terça-feira (04/04) saltou para 9,8 mil.

Para Nehab, não há dúvidas de que o país volta a enfrentar um período preocupante. "Agora, dias depois do Réveillon, acredito que os casos vão explodir, uma coisa impressionante, assim como ocorre em outros países", diz. "Em 15 dias, poderemos ter um aumento significativo e muito assustador de casos", declara. E essa subida de casos inclui também o público infantil, ressalta o pediatra.

Médico afirma que infecções devem aumentar ainda mais após festas de fim
de ano - Foto: Reprodução

O impasse sobre o uso da Pfizer destinada às crianças, comenta o especialista, torna a situação mais preocupante porque a vacinação desse grupo é classificada como medida estratégica para combater a pandemia.

"A gente vai começar essa vacinação atrasado, em uma negação inacreditável da ciência. No mundo inteiro, todas as agências reguladoras de saúde recomendam a vacinação para crianças. Absolutamente o mundo inteiro é a favor disso, mas aqui a gente se afastou da ciência", declara o médico.

"É difícil refutar a ciência com meia dúzia de opinião contrária, que acaba levando pânico e medo. A gente nunca teve uma consulta pública para vacina de nada, sempre foram respeitadas as etapas obrigatórias de segurança. Mas agora pessoas de má-fé decidiram propagar mentiras", acrescenta o especialista.

Segundo dados da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19, o Brasil registrou 301 óbitos de crianças pela doença no período de março de 2020, início da pandemia, ao começo de dezembro de 2021. Conforme esses dados, 2.978 crianças receberam diagnóstico de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 e foram registradas 156 mortes em 2020. Já no ano passado, até 6 de dezembro, foram registradas 3.185 novas infecções e 145 mortes.

A vacinação desse grupo, apontam especialistas, ajuda a evitar que as crianças adoeçam gravemente, mesmo que contraiam a doença. Também protege adultos e crianças mais novas que convivem com elas.

Em novembro, a vacina destinada às crianças começou a ser aplicada nos Estados Unidos. Posteriormente, também passou a ser usada no Canadá, Israel e na União Europeia.

No Brasil, o tema se tornou imbróglio, mesmo com a aprovação da Anvisa. O Ministério da Saúde fez uma consulta pública sobre o tema e chegou a um resultado contrário ao que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente Jair Bolsonaro defendiam: a maioria das pessoas se manifestou contra a exigência de prescrição médica para a imunização das crianças.

Na quarta-feira, um dia após revelar os resultados da consulta pública, o Ministério da Saúde divulgou detalhes sobre a campanha de vacinação de crianças. Segundo a pasta, será necessária a presença dos pais ou autorização por escrito, não precisará de apresentação de receita médica e a vacina não será obrigatória.

De acordo com as regras divulgadas pela pasta, o intervalo entre as duas doses para as crianças será de oito semanas. A aplicação será feita em ordem decrescente de idade (das mais velhas para as mais novas) e serão priorizadas aquelas com comorbidade ou deficiência permanente.

A previsão é de que cheguem cerca de 20 milhões de doses ao país até o fim do primeiro trimestre, sendo cerca de 3,7 milhões delas entregues até o fim de janeiro.

O Ministério da Saúde estima que sejam imunizadas cerca de 20 milhões de crianças no país. A previsão é de que a vacinação comece até o dia 15 deste mês.

Durante a coletiva de imprensa nesta quarta, o ministro Marcelo Queiroga defendeu a necessidade da consulta pública sobre a vacina. Ele ainda disse que não há demora na vacinação das crianças. "O Brasil está absolutamente dentro do prazo", afirmou.

Desde a autorização da Anvisa, em dezembro, autoridades de diversas regiões do país passaram a criticar a conduta do Ministério da Saúde em relação ao tema e afirmaram, mesmo sem aprovação do governo federal, que iriam vacinar as crianças de seus Estados.

Para Márcio Nehab, agora é fundamental que as pessoas cobrem urgência das autoridades em relação ao tema. "Essas vacinas precisam chegar para ontem, antes do circo pegar fogo. Já vamos começar atrasados, assim como foi com os adultos. Isso é uma briga política e não científica".

Vacinação de crianças é medida fundamental no enfrentamento à pandemia, apontam
especialistas - Foto: Reprodução

'Precisamos ver a situação daqui a 15 dias'

Além da vacinação das crianças, Nehab destaca que também é fundamental aplicar a dose de reforço em adultos e adolescentes. Ele ressalta que ainda não se sabe o impacto da ômicron no Brasil ou o papel que as vacinas aplicadas no país terão no combate à nova variante. Porém, o infectologista frisa que a imunização é a principal forma de prevenir efeitos graves.

Segundo Nehab, somente daqui a algumas semanas será possível analisar o atual cenário da pandemia, por meio dos números de mortes e internações pela covid-19. Ainda que seja uma variante que tem causado um quadro mais brando, o médico frisa que a rápida propagação da ômicron também pode sobrecarregar leitos e aumentar os números de óbitos.

"Mesmo que seja menos grave, ela infecta mais pessoas e isso pode aumentar também as chances de algumas delas desenvolverem casos graves", avalia o médico.

Ele diz que só atendeu casos leves nas últimas semanas, mas comenta que alguns colegas de profissão já internaram adultos e crianças no atual período. "Precisamos ver a situação daqui a 15 dias. Com tanta aglomeração nas últimas semanas e muitas pessoas sem o uso de máscaras, a chance de isso dar problema é 100%", declara.


Fonte: BBC Brasil


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

NRF: Ômicron não deve trazer fechamentos generalizados no varejo

Foto: Reprodução
Segundo economista-chefe da NRF, variante vai contribuir para aumentar incertezas e inflação.

A variante Ômicron da covid-19 trará incerteza à economia em 2022 e poderá contribuir para a inflação, mas é improvável que cause paralisações generalizadas ou desacelerações, segundo o economista-chefe da National Retail Federation (NRF), Jack Kleinhenz, em entrevista na edição de janeiro da revista econômica da federação que representa o varejo americano.

“Aprendemos que cada variante desacelerou a economia, mas o grau tem sido menor. Embora a Ômicron seja altamente transmissível, seus efeitos podem ser relativamente leves para aqueles que estão totalmente vacinados e não são esperados bloqueios de base ampla”, afirma Kleinhenz.

Kleinhenz destaca que 2022 provavelmente será “outro ano muito desafiador de incerteza substancial” e que entre as perguntas a serem respondidas estão se a pandemia está perto do fim, se os problemas da cadeia de suprimentos serão resolvidos e quão alta será a inflação.

“Sabemos pouco sobre o impacto da Ômicron na demanda do consumidor, mas as pessoas que ficam em casa por causa da variante são mais propensas a gastar seu dinheiro em bens de varejo do que em serviços como jantar fora ou entretenimento presencial. Isso colocaria ainda mais pressão sobre a inflação, uma vez que as cadeias de suprimentos já estão sobrecarregadas em todo o mundo.”

Inflação vai continuar em alta

O relatório da NRF foi divulgado na quarta-feira, 5, à medida que os varejistas aguardam a divulgação na próxima semana dos dados de vendas no varejo de dezembro do Census Bureau.

As vendas de novembro – excluindo revendedores de automóveis, postos de gasolina e restaurantes – aumentaram 14,8% em relação ao ano anterior. A NRF acredita que as vendas de feriados durante os dois meses estavam a caminho de crescer até 11,5% em relação a 2020.

A inflação, que foi impulsionada pela escassez de bens à medida que a covid-19 fechou fábricas pela falta de suprimentos, enquanto o estímulo do governo alimentou os gastos dos consumidores, provavelmente continuará em 2022, mas deve desacelerar. “A inflação começou [a subir] gradualmente e depois veio forte, claramente aquecida em 2021. É irônico que a política monetária e fiscal que tirou a economia da recessão provocou um crescimento sem precedentes, que agora é minado pela aceleração dos preços”, diz.

A inflação medida pelo Índice Federal de Consumo Pessoal subiu 5,7% em novembro, a maior em quase 40 anos. O Federal Reserve Board deve fazer múltiplos aumentos nas taxas de juros para que os consumidores sejam encorajados a investir, ajudando a esfriar a inflação.

Mesmo com a inflação, a renda dos consumidores cresceu 18,1% em relação ao ano anterior no terceiro trimestre de 2021. Enquanto os programas de estímulo do governo impulsionados pela pandemia estão “no retrovisor”, o crescimento do emprego e os ganhos salariais em meio à atual escassez de mão de obra continuam a impulsionar a renda e os gastos dos consumidores.

Fonte: mercadoeconsumo


terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Startup sueca cria microchip que permite ter passaporte vacinal sob a pele

Imagem: Reprodução
O implante digitalizável é pré-programado e, quando escaneado, mostra as informações inseridas nele.

Com o uso de microchips, passaportes de vacinas contra a Covid-19 “vestíveis” já são realidade, segundo a startup sueca DSruptive Subdermals. A empresa desenvolveu um chip implantável que pode afirmar se a pessoa está imunizada ou não. O implante digitalizável pré-programado mede 2 por 16 mm e, quando escaneado, mostra as informações inseridas nele. 

Além disso, o equipamento poderia, potencialmente, ser usado para liberar o acesso ao transporte público ou abrir uma porta. No entanto, o uso massivo da tecnologia está longe de ser uma regra. Segundo a startup, a inovação não é um dispositivo de rastreamento, apenas responde ao escaneamento.

Para humanos, o uso de microchips não é consenso e, no momento, nenhum país ou região do globo adota a tecnologia para verificar o status de vacinação contra a Covid-19. Segundo os desenvolvedores, o implante não pode ser usado para o rastreio de indivíduos. Independente disso, viralizaram críticas nas redes sociais chamando o invento de “marca da besta”.

Em entrevista à AFP, Hannes Sjoblad, diretor administrativo da empresa, afirmou que os microchips não podem transmitir um sinal por si próprios e nunca podem dizer sua localização, só são ativados quando você os toca com o smartphone, então isso significa que eles não podem ser usados para rastrear a localização de ninguém.

Com preço de 100 euros (cerca de US$ 112 ou R$ 642), o produto não precisa ser removido para ser atualizado. Para isso, basta usar um aplicativo e incluir ou editar as informações. A tecnologia também já trabalha com funcionalidades de armazenamento de documentos pessoais, passes de ônibus e carteirinhas de acesso a academias.

Fonte: saoluisdofuturo


sábado, 11 de dezembro de 2021

ESPECIAL BBC: Ômicron: o que se sabe sobre eficácia das vacinas contra a variante

Foto: Reprodução

As pesquisas preliminares sobre o comportamento das vacinas diante da ômicron trazem boas e más notícias: a nova variante do coronavírus parece ter mais capacidade de escapar da imunização, mas até o momento os dados indicam que os imunizantes ainda protegem em grande medida contra eventuais casos graves de covid-19.

Além disso, quem já teve a oportunidade de tomar a dose de reforço parece estar mais bem protegido contra o vírus, inclusive contra a nova variante.

A ômicron causa preocupação porque tem um número muito maior de mutações do que as variantes anteriores do coronavírus.

Na quarta-feira (8/12), as empresas Pfizer e BioNTech apresentaram dados próprios, ainda preliminares, indicando que a proteção da vacina de fato cai drasticamente diante da nova variante.

No entanto, dizem, a dose de reforço do imunizante aumentaria consideravelmente a defesa do sistema imunológico contra a ômicron.

"Plasma de indivíduos que receberam duas doses da vacina atual contra covid-19 teve, em média, uma redução de mais de 25 vezes na neutralização contra a ômicron em comparação (com as formas anteriores do vírus), indicando que duas doses (da Pfizer) podem não ser suficientes para proteger contra a infecção da ômicron", afirma comunicado das empresas — ressaltando, porém, que "indivíduos vacinados ainda parecem estar protegidos contra as formas mais graves da doença".

A aparente boa notícia é que a dose de reforço da Pfizer faria recuperar essa proteção.

"Segundo dados preliminares, a terceira dose provê um nível parecido de anticorpos neutralizantes contra a ômicron do que as duas doses contra (as demais formas do vírus)", além de manter a proteção contra formas mais graves da covid-19, ainda segundo as duas fabricantes.

As empresas acrescentaram que estão desenvolvendo uma vacina específica contra a variante ômicron, a ser entregue em até cem dias, dependendo de aprovação de órgãos reguladores.

Estudo na África do Sul

Na terça-feira, um pequeno estudo ainda em fase pré-print (ou seja, não revisado por outros cientistas) realizado na África do Sul — onde a Ômicron foi identificada e tem avançado rapidamente — chegou a conclusões que apontam na mesma direção.


OMS argumenta que as vacinas mantêm seu poder de proteger contra formas graves
da doença e contra hospitalizações - Imagem: Reprodução

A partir da análise dos anticorpos de 12 pessoas que receberam a vacina da Pfizer (sendo que metade delas havia sido também previamente infectada pelo coronavírus e a outra metade, não), os pesquisadores notaram que os anticorpos produzidos pelas pessoas eram muito menos eficientes em impedir a infecção contra a ômicron.

No entanto, a percepção do autor do estudo, Alex Sigal, virologista do Instituto de Pesquisa em Saúde na África em Durban, é de que "embora eu ache que vai haver muita infecção, não tenho certeza de que isso vai se traduzir em sistemas (de saúde) colapsando", disse ele ao The New York Times. "Minha suspeita é de que conseguiremos ter (a situação) sob controle."

A boa notícia, aqui, é que o virologista temia inicialmente que, diante de um vírus tão mutado, as vacinas se provassem totalmente ineficazes — mas isso não aconteceu.

Sigal acrescentou que ainda será necessário estudar melhor os efeitos de doses de reforço das vacinas, mas sua suspeita é de que "quanto mais anticorpos você tiver, melhor você vai se sair" contra a nova variante.

Além disso, vale lembrar que as vacinas desencadeiam uma reação imune que vai muito além da produção de anticorpos — reação esta que não é mensurada pelos estudos listados aqui.

"As vacinas ainda têm alta probabilidade de proteger a maioria das pessoas contra formas graves da doença porque treinam muito mais o sistema imunológico do que para a produção de anticorpos neutralizantes", explica o repórter da BBC especialista em ciência e saúde James Gallagher. "As células T, que agem diante de uma infecção, são melhores em lidar com variantes uma vez que atacam diferentes partes do vírus".

"O que é importante enfatizarmos aqui é que a imunidade não se perde", disse, no Twitter, a imunologista Letícia Sarturi, ao comentar os dados de que a ômicron parece escapar mais da imunização.

"Anticorpos neutralizantes funcionam, imunidade celular também vai funcionar porque células T de memória não são 'enganadas' tão facilmente por variantes. Elas se ativaram por pedacinhos muito pequenos da proteína spike, então, mesmo que ocorram mutações, células T podem responder porque nem todos os pedacinhos da proteína mutaram. Variantes são uma ameaça ao controle da pandemia, mas variantes não vão comprometer completamente o que ganhamos com a imunização."

Doses de reforço

Há, ainda, um outro estudo ainda preliminar (e sem revisão de pares) e patrocinado por fabricantes de vacinas, que avaliou especificamente a eficácia de doses de reforço (no caso, as da Pfizer e da Janssen) em 65 indivíduos.

Embora não seja específico sobre a ômicron, o estudo sugere que a dose adicional da vacina "aumenta as respostas de anticorpos em pessoas que haviam sido vacinadas ao menos seis meses antes" com a vacina da Pfizer.

No entanto, os pesquisadores ressaltam que a duração desse aumento na imunidade ainda é desconhecida.

Ainda será necessário fazer mais estudos sobre como essas e as demais vacinas se comportam perante a ômicron — e, também, como a dose de reforço pode aumentar a proteção das pessoas.

Por enquanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) argumenta que a expectativa é de que as vacinas continuem sendo efetivas contra a ômicron.

"Temos vacinas altamente eficientes, que se provaram eficazes contra todas as variantes até agora, em termos de (prevenção de) formas severas (da covid-19) e hospitalizações. Não há motivos para crer que será diferente" com a ômicron, afirmou à agência France Presse Mike Ryan, diretor de emergências da OMS.

Mesmo assim, governos e cientistas seguem em alerta para monitorar os efeitos da ômicron à medida que ela avança.

"Uma grande e repentina onda da ômicron ainda pode causar problemas, mesmo que cause apenas sintomas moderados para a maioria das pessoas", explica o repórter James Gallagher. "Se os poucos que tiverem casos graves de covid-19 se infectarem com a ômicron ao mesmo tempo, isso pode voltar a colocar pressão sobre os sistemas de saúde."


Fonte: BBC Brasil



sábado, 25 de setembro de 2021

Conecte SUS: passaporte da vacina pode ser emitido gratuitamente e on-line

Imagem: Reprodução
Iniciativa tem como objetivo estimular a imunização contra a Covid-19 de parte da população que ainda não buscou os postos de vacinação.

Quem já se vacinou contra a Covid-19 já pode emitir o chamado “Passaporte da Vacina” no Conecte SUS, aplicativo do Ministério da Saúde. O documento digital tem como objetivo atestar a vacinação do público em eventos com a presença de 500 pessoas ou mais.

A aba do passaporte dentro do aplicativo dá acesso ao comprovante de vacinação contra a Covid-19 e a um QR Code. Com esse código, os organizadores de eventos poderão checar o registro de vacinas do usuário, que deverá ter ao menos uma dose para ingressar nos espaços.

Como cadastrar

  1. Baixe o aplicativo, faça o cadastro com seus dados e senha;
  2. Após o cadastro, é possível acessar o “Passaporte da Vacina” pelo ícone laranja no menu principal;
  3. O passaporte terá os dados de cadastro e indicará se a pessoa tomou a primeira dose, completou o esquema vacinal ou recebeu a dose única, além de gerar um código QR Code;
  4. O QR Code será usado em eventos com a presença de 500 pessoas ou mais.

Exigência da comprovação

A comprovação já passou a ser cobrada, por exemplo, em espaços públicos na cidade do Rio de Janeiro e em alguns estabelecimentos de São Paulo. Por todo o país, há municípios que passaram a exigir o documento para determinados locais ou tipos de evento.

Vale lembrar que a comprovação da condição vacinal também poderá ser feita por registro físico, com apresentação do comprovante de vacinação. No aplicativo, segundo o Ministério da Saúde, as informações são enviadas por estados e municípios pela Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) em até 72 horas.

Segunda dose

Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que quatro em cada dez cidades brasileiras apresentam dificuldades em completar o esquema vacinal pelo não comparecimento na data definida nos postos de saúde para a aplicação da segunda dose.

Segundo estimativas do Ministério da Saúde, mais de 8,5 milhões de brasileiros deixaram de tomar a segunda dose. Entre os estados com o maior número de faltosos estão São Paulo, com 1,69 milhão; Rio de Janeiro, com 1,06 milhão; e Minas Gerais, com 1,02 milhão.

Alternativa benéfica

Para o infectologista Álvaro Furtado, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), o desenvolvimento do passaporte da vacina pode ser benéfica diante da dificuldade de promover uma flexibilização mais lenta das medidas de restrição.

Segundo ele, do ponto de vista de transmissão, ao colocar num ambiente pessoas com duas doses de vacina, a probabilidade dessa pessoa estar doente ou pegar a doença é menor do que alguém que não tenha tomado nenhuma vacina.

Fonte: saoluisdofuturo


quinta-feira, 5 de agosto de 2021

MPMA e Vigilância Sanitária realizam vistorias em escolas estaduais com foco no combate à Covid-19

Foto: André Soares - Reprodução
O Ministério Público do Maranhão, por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Educação de São Luís, realizou na quarta-feira, 4, uma vistoria no Centro de Ensino João Francisco Lisboa (Cejol), no Centro. A ação, que foi coordenada pelo promotor de justiça Paulo Avelar, acompanhado por técnicos da Promotoria, dá início às inspeções que serão feitas nas escolas da rede pública estadual de São Luís, a fim de verificar as condições das unidades de ensino para o retorno das aulas presenciais.

Neste momento, as escolas estaduais ainda estão funcionando de forma híbrida, com parte das turmas tendo aulas presenciais e a outra, aulas remotas.

Na vistoria, foram observadas a estrutura física da escola, as condições de limpeza e higiene, a disponibilização dos equipamentos sanitários, como álcool em gel e pias para lavagem das mãos, além do uso da máscara.

“No Cejol, verificamos que os protocolos estão sendo seguidos. A comunidade escolar demonstrou muita segurança em relação às exigências previstas nas normas sanitárias, com distanciamento, número limitado de alunos em sala de aula, uso de máscara, álcool em gel, aferição de temperatura, além da formação do comitê de saúde que vai acompanhar o dia a dia da escola”, avaliou o membro do Ministério Público.

A equipe da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Educação foi recebida pela gestora geral do Cejol, Regina Pereira, que explicou os procedimentos adotados para dar cumprimento às Diretrizes Pedagógicas para o Retorno Híbrido das Escolas da Rede Estadual de Ensino no Maranhão, que foram fixadas pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc).

O documento estabeleceu as medidas sanitárias e pedagógicas para o retorno presencial seguro das aulas nas escolas públicas maranhenses.

PALESTRA

Foto: André Soares - Reprodução

No auditório da escola, em breve contato com alunos de turmas do segundo ano do ensino médio do turno matutino, o promotor de justiça Paulo Avelar falou sobre a importância do retorno seguro às atividades educacionais. “Apesar do desgaste que todos tivemos como decorrência da pandemia e do sofrimento que enfrentamos com as perdas de entes queridos, precisamos manter a esperança e caminhar adiante, com a certeza de que a educação é que pode transformar nossas vidas”, afirmou.

Ao final do encontro, Paulo Avelar conclamou os estudantes a seguirem obedecendo as normas sanitárias de prevenção à Covid-19, contribuindo para o controle da pandemia, ao mesmo tempo em que colocou o Ministério Público à disposição da comunidade escolar para garantir o direito à educação.

Vigilância Sanitária vistoria escolas da rede pública estadual

Foto: Lauro Vasconcelos - Reprodução
O início das aulas para os estudantes da rede pública estadual era aguardado com muita
expectativa e trouxe também a preocupação da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) em manter os ambientes escolares seguros, para que esse retorno ocorra da melhor maneira possível. Pensando nisso, a equipe de Vigilância Sanitária intensificou suas ações e, na terça-feira (3), visitou os Centros de Ensino Liceu Maranhense e Benedito Leite, para inspecionar o cumprimento das medidas sanitárias de combate ao coronavírus, estabelecidas pelos órgãos de saúde. O trabalho será contínuo, para acompanhar o cumprimento dos protocolos de biossegurança.

Com a volta às aulas, no formado híbrido, autorizado pelo Governo do Estado, as escolas precisam garantir a proteção de toda comunidade escolar.  Na inspeção, a Vigilância Sanitária conferiu se as salas de aula e os demais ambientes escolares estão organizados de acordo com as orientações repassadas às escolas pela Seduc e pela Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Antes do início das aulas, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) já vinha estabelecendo diálogos com as escolas no sentido de garantir apoio necessário, para que os ambientes escolares pudessem estar preparados para esse retorno seguro.

“Estamos juntos com a Vigilância Sanitária e Sindicato dos Professores, acompanhando esse início das aulas e para saber se os protocolos sanitários e pedagógicos estão sendo obedecidos pelas escolas. Aqui no Liceu, assim como em toda rede estadual do Maranhão, está tudo acontecendo com normalidade, os alunos estão sendo recebidos com toda segurança, a escola vem seguindo as recomendações exigidas e isso é importante para todos que frequentam o ambiente escolar”, declarou o superintendente de Participação Social da Seduc, Ismael Cardoso.

Equipe da Vigilância Sanitária em vistoria no Liceu Maranhense
Foto: Lauro Vasconcelos - Reprodução

Edmilson Diniz, superintendente da Vigilância Sanitária do Estado, ressaltou a importância das vistorias nas escolas, para garantir a segurança da comunidade escolar e fortalecer as ações de combate à Covid -19 nos ambientes escolares, visando a proteção da saúde de todos.

“Aproveitando o retorno das aulas, estamos observando dentro das escolas a implementação dos protocolos sanitários, que foram publicados pelo Governo do Estado do Maranhão, para garantir e preservar a saúde, tanto de alunos quanto de professores e funcionários. Essa rotina de trabalho vai ser permanente, vamos percorrer as escolas públicas e privadas, fazendo as orientações necessárias e buscando a preservação da saúde de todos que frequentam esses espaços”, destacou.

O gestor do Liceu Maranhense, Deurivan Sampaio, explicou que a escola se preparou para receber toda a comunidade escolar, e que vem seguindo todas as recomendações de biossegurança, exigidas pelos órgãos de saúde. Para o gestor, a escola oferece um ambiente seguro para o retorno das aulas.

“O Liceu Maranhense se preparou para este momento de retorno das aulas, seguindo os protocolos de segurança, o distanciamento social, orientando os nossos alunos para a utilização de máscara e também que tragam a sua garrafa de água para o espaço da escola. Em todos os ambientes, a escola disponibiliza o álcool em gel, existe uma preparação estrutural para que o aluno venha para a escola com segurança e saia daqui também com a garantia de que a sua saúde será preservada”, expressou.

A gestora do CE Benedito Leite, Edlene Vale Batalha, acredita que a vistoria é importante até mesmo para orientar os gestores na tomada de decisão, com o intuito de proteger a saúde das pessoas dentro da escola. “Eu acho louvável a vinda da Vigilância Sanitária nas escolas, até para observar se o nosso trabalho foi bem realizado e para nos permitir organizar algo que não esteja coerente com as exigências”, observou.

O presidente do Sinproesemma, Raimundo Oliveira, também acompanhou a vistoria nas escolas e falou da importância do cumprimento dos protocolos de segurança para a proteção da vida. “Estamos acompanhando essa dinâmica da Vigilância Sanitária nas unidades escolares para ver se estão cumprindo os protocolos de biossegurança e sanitização. É importante observarmos que as escolas estão atendendo o que está descrito nos protocolos de segurança com o intuito de preservar esse bem maior que é a vida”, exprimiu.

Fonte: MPMA / ma.gov