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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Google enfrenta nova pressão para atrasar fim dos cookies

Imagem: reprodução

Novo relatório do IAB questiona diversos pontos do Privacy Sandbox, mas o Google diz que o documento conta com imprecisões.

O Privacy Sandbox do Google, que representa uma revisão da tecnologia de publicidade de toda a web, recebeu diversos questionamentos de alguns participantes da indústria. Eles estariam preocupados com a maneira como a plataforma poderia quebrar o atual modelo de negócios da Internet.

A IAB Tech Lab divulgou um relatório na terça-feira, 6, alegando uma série de deficiências no Privacy Sandbox. A organização examinou dezenas de novos protocolos de anúncios que alteram partes do ecossistema de tecnologia que são vitais para publishers e anunciantes.

O relatório analisa os efeitos da política do Google em mensuração e atribuição, na mudança da dinâmica dos leilões de anúncios e no forte impulso tecnológico imposto às empresas para construir o novo ecossistema.

O que a nova política significa

Privacy Sandbox é uma plataforma ambiciosa desenvolvida pela equipe do Google Chrome para refazer a publicidade programática sem cookies de terceiros e outros rastreadores que utilizam dados de navegação on-line dos usuários. O Google quer desativar os cookies de terceiros até o final do ano, mas o IAB Tech Lab questiona esse cronograma.

“A indústria precisa de mais tempo”, disse Anthony Katsur, CEO do IAB Tech Lab, ao Ad Age após o lançamento do relatório.

O Google respondeu dizendo que o IAB Tech Lab não entendeu como funcionam partes do Privacy Sandbox. A nova plataforma é baseada em APIs (interfaces de programação de aplicativos) que movem leilões de anúncios diretamente para o navegador Chrome. Isso evitará que dados pessoais vazem para players do mercado. Contudo, o problema para publishers e anunciantes é que alguns desses dados também são úteis para suas operações.

“Sempre recebemos contribuições da indústria. No entanto, o relatório do IAB Tech Lab inclui dezenas de erros fundamentais, imprecisões e casos de informações incompletas”, afirmou um porta-voz do Google por e-mail.

O Google tem se mantido firme em cumprir sua meta de desativação dos cookies e reiterou isso na terça-feira. “Continuamos avançando com nossos planos de eliminar gradualmente os cookies de terceiros no segundo semestre de 2024, sujeito a abordar quaisquer preocupações de concorrência remanescentes da Autoridade da Concorrência e de Mercados (CMA) do Reino Unido”, comentou o porta-voz em um comunicado. “Estamos confiantes de que a indústria poderá fazer a transição em 2024”.

Os impactos do Privacy Sandbox

O projeto do Google representa uma grande mudança para a publicidade na Internet, afetando publishers, fornecedores de adtech em oferta e demanda, bem como anunciantes. A proposta da big tech muda a forma como os profissionais de marketing farão a mensuração de anúncios, atingirão o público-alvo e gerenciarão suas campanhas na Internet. Ademais, muda a forma como os veículos se envolvem em leilões on-line e exibem anúncios em seus sites.

Dado o domínio do Google como empresa de publicidade digital, a empresa está sendo monitorada por reguladores. Entre eles está a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido, que supervisiona como o Privacy Sandbox afeta as empresas que dependem da open web.

Alguns da indústria parecem simpatizar com a situação do Google, que realiza um ato de equilíbrio entre manter anúncios na open web e preservar a privacidade. A companhia está envolvida em um debate tecnológico sobre publicidade e tem criticado algumas soluções alternativas que basicamente reinventam os cookies junto com seus problemas de privacidade.

“Todo mundo quer criticar o Sandbox, e é claramente um trabalho em andamento”, apontou Brian Lesser, CEO da InfoSum. “Mas ninguém mais está propondo soluções que funcionem sem o uso de cookies ou substitutos deles”.

Alguns pontos-chave levantados pelo IAB Tech Lab são:

Atribuição e relatórios

“Todas as chaves de publicidade estão fora da atribuição”, disse Katsur, acrescentando que o Privacy Sandbox e sua API de relatórios de atribuição limitam a capacidade dos anunciantes de executar operações publicitárias de rotina.

Por exemplo, o IAB Tech Lab afirmou que o Privacy Sandbox não oferece suporte à atribuição de anúncios de custo por ação, que são anúncios destinados a gerar cliques ou vendas em um site. O anunciante paga “por ação”. As APIs do Google usam uma técnica para injetar um “ruído” nos dados a fim de ocultar informações pessoais em sinais falsos. Isso tornará impossível atribuir com precisão os anúncios de custo por ação.

A organização lista algumas métricas de faturamento e técnicas de atribuição que seriam degradadas ou apenas “suportadas temporariamente” sob a proposta do Google.

Formatos de anúncio

Também existem preocupações sobre os tipos de anúncios que os publishers podem veicular por meio do Privacy Sandbox. A infraestrutura atual “degrada severamente” a capacidade de veicular anúncios em vídeo, de acordo com especialistas do IAB Tech Lab.

“É uma grande mudança na forma como os editores fazem vídeos digitais hoje”, disse Katsur. “Não é trivial.”

O mesmo se aplica aos blocos de anúncios nativos, que são anúncios personalizados para o site de cada editor para se adequarem ao conteúdo. “A partir de agora, quando analisamos os casos de uso, a renderização de anúncios nativos não é suportada”, exlicou o CEO do IAB Tech Lab.

Em uma postagem de “perguntas frequentes” em seu site, o Google abordou alguns dos pontos levantados pelo IAB Tech Lab, incluindo anúncios nativos e em vídeo. A resposta foi que os anunciantes poderiam usar padrões de anúncios já estabelecidos para mover anúncios nativos e em vídeo por meio da API Protected Audience do Privacy Sandbox.

Lance duplo

Os anunciantes se preocupam com as ineficiências nos lances de anúncios na API Protected Audience, incluindo lances contra si mesmos pela mesma impressão de anúncio.

O IAB explicou da seguinte forma: No Privacy Sandbox, os anunciantes fazem lances em “grupos de interesse”, compostos por consumidores associados a determinadas características. Um anunciante poderia acabar definindo lances para a mesma impressão várias vezes, porque detectou vários grupos de interesse que se sobrepõem ao seu público-alvo.

Os insights limitados sobre a dinâmica do leilão também colocam em risco o limite de frequência, rastreando a frequência com que um anúncio foi veiculado. Além disso, restringem a capacidade dos anunciantes de definir o ritmo e o orçamento das campanhas.

Dúvidas sobre cloud

Outra dúvida que o grupo de tecnologia tinha sobre os planos do Google girava em torno dos serviços em nuvem. Grande parte do desenvolvimento do Privacy Sandbox envolve fazer mudanças na forma como as empresas de tecnologia de publicidade interagem com o navegador Chrome. Mas existem serviços em nuvem que precisam ser implantados para certas soluções mais avançadas de publicidade, no que o Google chama de Ambientes de Execução Confiáveis.

O IAB Tech Lab criticou o Google por certificar apenas o Google Cloud e o Amazon Web Services como parceiros confiáveis. “A exigência de exigir um ambiente de execução confiável, ao mesmo tempo em que restringe os TEEs apenas ao Google e à Amazon, garante que um duopólio possa ditar os termos comerciais”, apontou o relatório, “uma configuração altamente improvável de resultar em preços competitivos”.

O Google disse em seu FAQ esta semana que está aberto a trabalhar com a indústria em propostas de nuvem. “Esperamos oferecer suporte a outros provedores de nuvem no futuro”, disse a gigante da tecnologia.

Fonte: meioemensagem


terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Navegando entre o Direito de Expressão Online e a Responsabilidade Social no Século XXI

Imagem: reprodução

Patricia Punder, advogada e CEO da Punder Advogados

No século XXI, a sociedade está cada vez mais imersa no ambiente virtual, moldando nossas interações, opiniões e até mesmo nossa noção de realidade. O direito de expressão sempre foi uma pedra angular das sociedades democráticas, reconhecido como um princípio fundamental que sustenta a liberdade individual. Em sua essência, esse direito assegura que os indivíduos têm o poder de articular suas ideias, opiniões e perspectivas sem o temer retaliações do governo ou de outros setores da sociedade.

Independentemente do instrumento, pois as plataformas digitais são apenas novos instrumentos disponibilizados para a sociedade, a liberdade de expressão nunca foi absoluta. Esse direito está sujeito a limitações necessárias para preservar o equilíbrio entre a liberdade individual e o bem-estar coletivo. Ou como é dito popularmente: “o meu direito termina onde começa o direito do outro”. Afinal, em teoria, na sociedade os cidadãos possuem os mesmo direitos e obrigações.

Nenhuma pessoa, em sociedade ou usuário de uma plataforma digital, possui o direito de expressar opiniões agressivas, ofensivas, racistas, preconceituosas ou falsas. Emitir opiniões nas redes sociais pode impactar a saúde mental das pessoas, bem como afetar negativamente a reputação das empresas. Além disso, essas opiniões podem impactar a reputação pessoal e profissional de outros usuários, contribuindo para a disseminação de informações falsas ou incompletas.

Significa dizer que deve existir responsabilidade pelos impactos da disseminação de opiniões, pois podem ocorrer consequências negativas a outros usuários ou para a sociedade. Portanto, encontrar um equilíbrio entre a liberdade individual e o bem comum é essencial para preservar uma sociedade democrática.

No contexto acima, limitações legitimas devem ser impostas para prevenir a disseminação de informações falsas, evitar difamação e qualquer tipo de preconceito, combater o discurso de ódio e impedir a incitação a violência. Essas restrições são necessárias para manter um ambiente virtual saudável para todos os usuários e para toda a sociedade, uma vez que o que acontece no mundo virtual sempre irá se refletir no mundo físico, seja para o bem ou para o mal.

As plataformas digitais têm um papel central na criação de um ambiente virtual saudável. A responsabilidade das plataformas inclui a moderação eficaz de conteúdos, a promoção de normas éticas e a transparência nas práticas. Contudo, tristemente, as plataformas digitais não conseguem cumprir com tais responsabilidades de forma efetiva, o que tem levado muitos países a regulamentar este novo modelo econômico.

É importante frisar que regulamentação não significa censura. Uma regulamentação adequada, ética e transparente define direitos e obrigações para todos – usuários e plataformas digitais. Não existe nada de novo em regulamentar uma nova atividade econômica, como aconteceu com a regulamentação dos mercados de ações, ou do mercado livre de energia elétrica e agora estamos na iminência de regulamentar o mercado de carbono no Brasil

Concluindo, o direito a um ambiente virtual saudável é essencial para o bem-estar da sociedade moderna. Ao equilibrar o direito com a responsabilidade, proteger a privacidade, combater o cyberbullying e garantir a responsabilidade das plataformas, podemos construir um ambiente online que contribua para o florescimento individual e coletivo na era digital. A defesa desse direito é um compromisso coletivo para garantir que o ciberespaço seja um reflexo saudável e positivo da sociedade que aspiramos ser.

Por Patricia Punder, - advogada e compliance officer com experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da USFSCAR e LEC – Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”, lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020. 

Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patricia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos; análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC (Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil). www.punder.adv.br

Fonte: Punder Advogados


terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Visionário ou Limitador? Elon Musk investe em educação focada em tecnologia

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Proposta educacional de Musk gera questionamentos sobre falta de disciplinas e critérios de admissão.

Elon Musk está planejando investir em educação. Segundo registros fiscais, o bilionário tem planos de financiar escolas primárias, secundárias e uma universidade em Austin com US$ 100 milhões.

As escolas primárias e secundárias que receberão os investimentos de Musk estarão voltadas para STEM, que significa ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Inicialmente, essas instituições particulares vão matricular 50 alunos, admitidos com base em mérito, com planos de expansão ao longo do tempo. As atividades das escolas serão mantidas por doações e pela taxa de matrícula.

“A escola está sendo projetada para atender às necessidades educacionais daqueles com potencial acadêmico e científico comprovado, que prosperarão em um currículo rigoroso baseado em projetos. Após uma avaliação criteriosa, a escola selecionará candidatos que demonstrem curiosidade e disciplina acadêmica, independência e inovação”, diz os registros.

Além desses investimentos, o CEO de empresas de tecnologia como a Tesla e SpaceX planeja lançar sua própria universidade também em Austin, em Texas.

Na universidade, assim como nas escolas, serão trabalhadas as disciplinas STEM, além de abraçar atividades práticas, simulações, projetos fabricação e design e outros campos científicos. No momento, o projeto está em fase de desenvolvimento e procura por um diretor executivo, bem como professores e administradores com experiência na área.

Apesar disso, não é a primeira vez que Musk se aventura em criar o próprio centro educacional. Há nove anos, ele abriu uma escola exclusiva no campus da SpaceX para seus filhos e outros jovens. O foco em tecnologia e ciência era tanto a ponto de conteúdos envolvendo esportes, música e idiomas serem deixados de lado.


“Eu simplesmente não via as escolas regulares fazendo as coisas que eu achava que deveriam ser feitas. Então eu pensei, bom, vamos ver o que podemos fazer. Talvez criar uma escola seja melhor”, disse o bilionário a uma emissora de TV chinesa na época.

 

 Até que ponto isso é bom?

A notícia surpreendente também gera uma série de preocupações acerca dos interesses de Musk. Tendo em vista o histórico dele no âmbito educacional, surgem dúvidas sobre como (e se) seriam abordadas outras disciplinas importantes para o desenvolvimento racional e físico de crianças e jovens, como a capacidade reflexiva oferecida pela Filosofia e Sociologia, o incentivo ao esporte, o conhecimento e domínio do idioma (ou idiomas), a contextualização histórico-geográfica do país e do mundo, entre outros tópicos relevantes que não podem ser deixados de lado como o bilionário fez outrora.

Investimentos em ciências exatas e tecnologia são importantes, mas valorizar esse campo do conhecimento em demérito das ciências humanas e linguagens pode se tornar prejudicial para a educação, tendo em vista que as decisões do bilionário impactam diretamente e inspiram diversas pessoas, empresas e instituições.

Outro ponto a ser destacado é a questão do “mérito”. Por se tratar de um método de avaliação mais subjetivo do que concreto, não está claro qual é o perfil exato de aluno que dará “match” com os interesses das direções das instituições de ensino.

Mesmo sendo um direcionamento arriscado para a educação, vale ressaltar a importância de investir no conhecimento. Sendo assim, a iniciativa, apesar de criar dúvidas por estar em um estágio inicial de desenvolvimento, abre portas para um futuro interessante para a produção tecnológica americana.

Fonte: ADNEWS


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

X, o ex-Twitter, testa cobrança de US$ 1 por ano para usuários postarem

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Segundo a empresa, medida tem como objetivo restringir a presença de bots na rede social.

A rede social social X, anteriormente e ainda mais conhecida como Twitter, vai iniciar testes em breve para cobrar todos os usuários por alguns recursos da plataforma.

Por enquanto, a medida é apenas um teste realizado em Nova Zelândia e Filipinas. Novos usuários cadastrados no serviço terão que pagar US$ 1 — cerca de R$ 5,04 em conversão direta de moeda e na cotação atual — para serem liberados a postar, curtir, responder, citar e salvar publicações.

Ler postagens ainda será liberado para qualquer pessoa, com ou sem o pagamento.

Pagar para usar o X?

Nessa fase inicial de experimento, usuários já cadastrados no X/Twitter não serão afetados. Além disso, quem paga pela assinatura padrão da plataforma, que é o X Premium, não terá essa cobrança acumulada.

O recurso se chama Not-a-Bot e, segundo a companhia, é uma forma de reduzir a quantidade de robôs na plataforma, já que envolveria o pagamento de uma taxa e uma ação mais complexa do que apenas criar uma conta e colocá-la para postar automaticamente.


“Este novo teste foi desenvolvido para reforçar nossos esforços já bem-sucedidos para reduzir spam, manipulação de nossa plataforma e atividade de bot, ao mesmo tempo em que equilibramos a acessibilidade da plataforma com o pequeno valor da taxa. Não é um gerador de lucro”, diz o comunicado.

 

Os termos de uso do programa também já estão no ar, embora disponíveis apenas em inglês. Clique aqui para ler e saber mais a fundo sobre a cobrança.

Cobrança já era esperada

Há algumas semanas, o dono da rede social, Elon Musk, já havia sugerido cobrar de todos os usuários uma taxa pequena para realizar ações simples.

Ele reclama da quantidade de bots na plataforma desde antes mesmo efetuar a compra da plataforma e esse foi um dos argumentos usado pelo empresário para quase desistir da aquisição no ano passado.

Musk, entretanto, não deu mais detalhes sobre como a cobrança vai reduzir os golpes e o spam — várias dessas contas até já pagam a assinatura da rede social, sendo considerados verificados mesmo que propaguem fraudes envolvendo lojas suspeitas ou criptomoedas não confiáveis, por exemplo.

Além disso, apesar do valor baixo, o dinheiro entrando é bem-vindo de qualquer forma para o serviço: a expectativa é que a receita da empresa caia US$ 1,3 bilhão em 2023, muito pela fuga em massa de anunciantes.

Fonte: mundoconectado / via X


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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Por que olhar histórico é essencial para entender conflito na Faixa de Gaza

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Professora da Universidade do Arizona, nos EUA, que estuda a história palestina explica como área conhecida como "maior prisão a céu aberto do mundo" se formou.

O foco nos conflitos no Oriente Médio voltou novamente para a Faixa de Gaza, com o ministro da Defesa de Israel ordenando um "cerco completo" ao enclave palestino.

A operação militar, que envolve extensos bombardeios a residências, segue um ataque surpresa em 7 de outubro de 2023, por militantes do Hamas que se infiltraram em Israel a partir de Gaza e mataram mais de 900 israelenses. Em retaliação, as Forças Armadas de Israel mataram mais de 800 gazenses. E esse número pode aumentar nos próximos dias.

Enquanto isso, uma ordem de interromper o fornecimento de alimentos, eletricidade e água para Gaza só agravará a situação dos residentes naquilo que tem sido chamado de "a maior prisão a céu aberto do mundo."

Mas como Gaza se tornou uma das partes mais densamente povoadas do planeta? E por que ela é agora o lar da ação militante palestina ? Como estudiosa da história palestina, acredito que entender as respostas a essas perguntas fornece um contexto histórico crucial para a violência atual.

Breve história de Gaza

A Faixa de Gaza é uma estreita faixa de terra na costa sudeste do mar Mediterrâneo. Com cerca do dobro do tamanho de Washington D.C., ela está encaixada entre Israel, ao norte e leste, e o Egito, ao sul.


Mapa mostra a região da faixa de Gaza — Foto: Creative Commons / reprodução

Um antigo porto comercial e marítimo, Gaza faz parte da região geográfica conhecida como Palestina. No início do século 20, era habitada principalmente por árabes muçulmanos e cristãos que viviam sob o domínio otomano. Quando a Grã-Bretanha assumiu o controle da Palestina após a Primeira Guerra Mundial, intelectuais de Gaza se uniram ao emergente movimento nacional palestino.

Durante a Guerra de 1948, que estabeleceu o Estado de Israel, o exército israelense bombardeou 29 vilas no sul da Palestina, levando dezenas de milhares de habitantes a fugir para a Faixa de Gaza, que estava sob o controle do exército egípcio, implantado após a declaração de independência de Israel. A maioria deles e seus descendentes permanecem lá até hoje.

Após a Guerra dos Seis Dias de 1967, entre Israel e seus vizinhos árabes, a Faixa de Gaza ficou sob ocupação militar israelense. A ocupação resultou em "violações sistemáticas dos direitos humanos", de acordo com o grupo Anistia Internacional, incluindo a expulsão de pessoas de suas terras, destruição de residências e repressão até mesmo de formas não violentas de dissidência política.

Os palestinos promoveram duas grandes insurgências, em 1987-1991 e em 2000-2005, na esperança de pôr fim à ocupação e estabelecer um Estado palestino independente.

O Hamas, um grupo militante islâmico palestino com sede em Gaza, foi fundado em 1988 para lutar contra a ocupação israelense. Esse e outros grupos militantes lançaram ataques repetidos contra alvos israelenses em Gaza, levando à retirada unilateral de Israel da região em 2005.

Em 2006, foram realizadas eleições legislativas palestinas. O Hamas venceu seu rival secular, Fatah, que havia sido amplamente acusado de corrupção. Não houve eleições em Gaza desde então, mas pesquisas de março de 2023 indicaram que 45% dos gazenses apoiariam o Hamas em caso de votação, em comparação com 32% para o Fatah.

Após um breve conflito entre militantes do Hamas e do Fatah em maio de 2007, o Hamas assumiu o controle completo da Faixa de Gaza. Desde então, Gaza está sob controle administrativo do Hamas, embora ainda seja considerada sob ocupação israelense pelas Nações Unidas, pelo Departamento de Estado dos EUA e por outros órgãos internacionais.

Quem são os palestinos de Gaza?

Os mais de 2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza fazem parte da comunidade palestina global, de 14 milhões de pessoas. Aproximadamente um terço dos moradores de Gaza traça as raízes de suas famílias em terras dentro da própria faixa. Os dois terços restantes são refugiados da guerra de 1948 e seus descendentes, muitos dos quais são originários de cidades e vilarejos ao redor de Gaza.

Os palestinos de Gaza são predominantemente jovens: quase metade da população tem menos de 18 anos. O enclave é também muito pobre, com uma taxa de pobreza que chega a 53%.


Famílias em Gaza estão se abrigando em escolas da Agência das Nações Unidas de
Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) — Foto: © UNRWA/Mohammed Hinnawi / reprodução

Apesar desse quadro econômico sombrio, os níveis de educação são relativamente elevados. Mais de 95% das crianças gazenses de 6 a 12 anos estão na escola. A maioria dos estudantes palestinos em Gaza se forma no ensino médio, e 57% dos alunos da prestigiosa Universidade Islâmica de Gaza são do sexo feminino.

No entanto, devido às circunstâncias do entorno, os jovens palestinos em Gaza têm dificuldade em levar uma vida plena. Para os formados entre 19 e 29 anos, a taxa de desemprego chega a 70%. E uma pesquisa do Banco Mundial realizada este ano constatou que 71% dos gazenses apresentam sinais de depressão e altos níveis de transtorno de estresse pós-traumático.

Vários fatores contribuem para essas condições. Um dos principais é o bloqueio de 16 anos imposto a Gaza por Israel e pelo Egito, com apoio dos Estados Unidos.

Anos de bloqueio

Pouco depois das eleições de 2006, a administração Bush nos EUA tentou forçar o Hamas a sair do poder e trazer um líder rival do partido Fatah, considerado mais amigável a Israel e aos estadunidenses.

O Hamas antecipou o golpe e assumiu o controle total de Gaza em maio de 2007. Em resposta, Israel e o Egito, com apoio dos Estados Unidos e da Europa, fecharam as travessias de fronteira para dentro e para fora da Faixa de Gaza e impuseram um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo.

O bloqueio, que ainda está em vigor, limita a importação de alimentos, combustível e materiais de construção; restringe a distância que os pescadores de Gaza podem ir ao mar; proíbe praticamente todas as exportações; e impõe rígidas restrições à movimentação de pessoas dentro e fora da região. Em 2023, Israel permitiu que apenas cerca de 50 mil pessoas saíssem de Gaza por mês, segundo dados da ONU.


Um edifício que abriga a sede da UNRWA em Gaza sofre danos significativos após
ataques aéreos nas proximidades — Foto: © UNRWA / reprodução

Os anos de bloqueio devastaram a vida dos palestinos em Gaza. Os habitantes não têm água suficiente para beber e para saneamento. Eles enfrentam cortes de eletricidade que duram de 12 a 18 horas por dia. Sem água e eletricidade adequadas, o frágil sistema de saúde de Gaza está "à beira do colapso", de acordo com o grupo de direitos médicos Medical Aid for Palestine.

Essas restrições atingem com mais intensidade os jovens e os mais vulneráveis de Gaza. Israel rotineiramente nega permissões a pacientes doentes que necessitam de cuidados médicos fora da faixa. Estudantes brilhantes com bolsas de estudo para estudar no exterior frequentemente descobrem que não podem partir.

Peritos da ONU afirmam que esse bloqueio é ilegal à luz do direito internacional. Eles argumentam que a medida constitui um castigo coletivo aos palestinos de Gaza, o que viola as Convenções de Haia e de Genebra, que formam a base do direito internacional.

Sem fim para o sofrimento

Israel alega que o bloqueio a Gaza é necessário para garantir a segurança de sua população e será suspenso quando o Hamas renunciar à violência, reconhecer Israel e cumprir acordos anteriores.

Mas o Hamas tem rejeitado consistentemente esse ultimato. Em vez disso, os combatentes militantes aumentaram os disparos de foguetes caseiros e morteiros em áreas povoadas próximas à Faixa de Gaza em 2008, buscando pressionar Israel a suspender o bloqueio. Eles esporadicamente atacaram o país dessa maneira nos anos seguintes.

Israel lançou quatro grandes ofensivas militares em Gaza — em 2008-09, 2012, 2014 e 2021 — na tentativa de destruir as capacidades militares do Hamas. Essas guerras mataram 4 mil palestinos, mais da metade dos quais eram civis, além de 106 pessoas em Israel.

Nesse período, a ONU estima que houve mais de US$ 5 bilhões em danos a residências, agricultura, indústria, infraestrutura de eletricidade e água de Gaza.

Cada uma dessas guerras terminou em um frágil cessar-fogo, mas sem uma resolução real do conflito. Israel busca dissuadir o Hamas de disparar foguetes. Este e outros grupos militantes afirmam que, mesmo quando mantiveram cessar-fogos anteriores, Israel continuou a atacar os palestinos e se recusou a suspender o bloqueio.

O Hamas ofereceu uma trégua de longo prazo em troca do fim do bloqueio a Gaza. Israel se recusou a aceitar a oferta, mantendo sua posição de que o grupo deve primeiro renunciar à violência e reconhecer seu Estado.

Nos meses que antecederam a escalada mais recente, as condições em Gaza se deterioraram ainda mais. O Fundo Monetário Internacional informou em setembro que as perspectivas econômicas de Gaza "permanecem sombrias". As condições se tornaram mais difíceis quando Israel anunciou, em 5 de setembro de 2023, que interromperia todas as exportações em um ponto-chave de travessia de fronteira de Gaza.

Sem um fim à vista para o sofrimento causado pelo bloqueio, parece que o Hamas decidiu romper com o status quo em um ataque surpresa aos israelenses, incluindo civis. Os ataques aéreos de retaliação de Israel e sua imposição de um "cerco completo" à Faixa de Gaza aumentaram ainda mais o sofrimento dos gazenses comuns.

É um lembrete trágico de que os civis sofrem mais com esse conflito.

*Maha Nassar é professora associada na Escola de Estudos do Oriente Médio e da África do Norte na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

Por Maha Nassar* | The Coversation


Fonte: revistagalileu


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Embaixador palestino no Reino Unido esclarece o que 

acontece na Palestina ocupada



sexta-feira, 11 de agosto de 2023

As razões que fazem a ESPN entrar no setor de apostas esportivas

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Nos Estados Unidos, canal esportivo fez acordo de licenciamento com a Penn Entertainment, rebatizando a Barstool Sportsbook, para ESPN Bet.

Com informações do Ad Age

A ESPN acaba de dar um passo para entrar no segmento de apostas esportivas nos Estados Unidos. O veículo da Disney firmou um contrato exclusivo com a Penn Entertainment Inc. para licenciar a marca de jogos online.

Pelos próximos 10 anos, a Penn terá direito de usar o nome ESPN Bet no mercado dos Estados Unidos, de acordo com comunicado. A partir de setembro, a empresa renomeará sua marca de jogos, a Barstool Sportsbook, para ESPN Bet. Já no Canadá, a operação seguirá sob a nomenclatura theScore Bet.

Por esse acordo, a Penn fará diversos pagamentos em dinheiro pelo uso da licença, totalizando US$ 1,5 bilhão nos próximos dez anos e concederá US$ 500 milhões em títulos de garantia à ESPN para a compra de ações.

O acordo firmado entre Penn e ESPN pode ser estendido por mais dez anos, caso as duas partes estejam de acordo. A empresa de apostas diz que a parceria pode ser entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão em ganhos anuais.

A ESPN já era, de alguma forma, próxima do segmento de apostas esportivas, já que tem essa empresa entre anunciantes, exibindo links dessas marcas em seu portal. A Disney, inclusive, tem participação do DraftKings, aquirido no processo de compra da Fox, finalizado em 2019.

Porém, nos últimos dois anos, a ESPN vem explorando negociações mais amplas com empresas de apostas esportivas. Essas marcas têm investido fortemente em marketing e algumas, inclusive, relutaram em abrir mãos de seu nome para assumir o da ESPN.

Já o canal esportivo vem tentando encontrar um balanço entre a geração de novas possibilidades de receitas à medida em que os assinantes debandam da TV paga. E, por isso, capitalizar o interesse sobre as apostas esportivas pode ser interessante.

Fonte: meioemensagem




quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Ministro Alexandre de Moraes propõe critério para diferenciar usuários de traficantes de maconha

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Segundo ele, flagrantes são tratados de forma diferente dependendo de etnia, renda ou local da prisão.

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou, na quarta-feira (2), o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 635659, com repercussão geral (Tema 506), sobre a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio. Único a votar nesta tarde, o ministro Alexandre de Moraes propôs a fixação de um critério nacional, exclusivamente em relação à maconha, para diferenciar usuários de traficantes.

Tratamento mais brando

O ministro afirmou que o artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) deixou de punir com prisão o porte de drogas “para consumo próprio”, mas não define critérios objetivos para diferenciar consumo próprio de tráfico. Essa definição fica a cargo do sistema de persecução penal (Polícia, Ministério Público e Judiciário), que interpreta a norma de formas diversas.

Distorção

Dessa forma, o porte de pequena quantidade de entorpecentes passou, em muitos casos, a ser qualificado como tráfico, tornando a punição mais dura e aumentando significativamente o número de presos por tráfico. Além disso, pessoas presas com a mesma quantidade de droga e em circunstâncias semelhantes podem ser consideradas usuárias ou traficantes, dependendo da etnia, de nível de instrução, renda, idade ou de onde ocorrer o fato.

Para o ministro, essa distorção decorre do excesso de discricionariedade para diferenciar usuários de traficantes. Em respeito ao princípio da isonomia, ele destacou a necessidade de que os flagrantes de drogas sejam tratados de forma idêntica em todo o país. “O STF tem o dever de exigir que a lei seja aplicada identicamente a todos, independentemente de etnia, classe social, renda ou idade”, afirmou.

Parâmetros

Ele propôs que sejam presumidas como usuárias as pessoas flagradas com 25g a 60g de maconha ou que tenham seis plantas fêmeas. Ele chegou a esses números a partir de levantamento que realizou sobre o volume médio de apreensão de drogas no Estado de São Paulo, entre 2006 e 2017. O estudo foi realizado em conjunto com a Associação Brasileira de Jurimetria e abrangeu mais de 1,2 milhão de ocorrências com drogas.

Elementos caracterizadores

De acordo com o ministro, a autoridade policial não ficaria impedida de realizar a prisão em flagrante por tráfico quando a quantidade de maconha for inferior ao limite. Entretanto, é necessário comprovar a presença de outros critérios caracterizadores do tráfico, como a forma de acondicionamento da droga, a diversidade de entorpecentes e a apreensão de instrumentos e celulares com contatos, por exemplo. Da mesma forma, nas prisões em flagrante por quantidades superiores, o juiz, na audiência de custódia, deverá dar ao preso a possibilidade de comprovar que é usuário.

Solução consensual

Após o voto, o relator do RE, ministro Gilmar Mendes, pediu o adiamento do julgamento para construir uma solução consensual, diante dos novos argumentos e da mudança das circunstâncias desde 2015, quando apresentou seu voto, como a implementação das audiências de custódia. Inicialmente ele votou para descriminalizar todas as drogas para uso próprio.

Nos outros dois votos apresentados anteriormente, o ministro Luís Roberto Barroso propôs a descriminalização, exclusivamente em relação à maconha, do porte de até 25 gramas ou a plantação de até seis plantas fêmeas para diferenciar consumo de tráfico, até que o Congresso edite lei sobre o tema. Já o ministro Edson Fachin considera a regra inconstitucional exclusivamente em relação à maconha, mas entende que os parâmetros para diferenciar traficantes de usuários devem ser fixados pelo Congresso Nacional.

Fonte: STF/PR/CR//CF


Leia mais:

10/9/2015 - Suspenso julgamento sobre porte de drogas para consumo próprio


terça-feira, 1 de agosto de 2023

Entenda como o Deepfake pode ampliar ataques cibernéticos e aprenda como se prevenir

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Especialista da Akamai aponta as implicações da técnica na segurança digital e como usuários podem utilizar a Inteligência Artificial a seu favor

Nos últimos anos, uma preocupante ameaça tem emergido no cenário da segurança digital: o deepfake. Trata-se de uma tecnologia que utiliza a inteligência artificial chamada deep learning (aprendizado profundo) para criar vídeos, áudios ou imagens falsas extremamente convincentes, nos quais pessoas podem ser manipuladas digitalmente para parecerem dizer ou fazer coisas que nunca fizeram. Segundo dados enviados pela Impressions, aplicativo de deepfake, à Agência Pública, os brasileiros já são a segunda maior nacionalidade na plataforma, com 20% do total de usuários

Para Helder Ferrão, Gerente de Marketing de Indústrias para a América Latina da Akamai Technologies, essa capacidade de manipulação de mídia tem implicações profundas na segurança digital e requer uma resposta eficaz dos especialistas em cibersegurança. “O recente caso da imagem do pentágono pegando fogo que viralizou na internet e influenciou a queda das ações na bolsa de valores dos Estados Unidos, ou o comercial da Volkswagen que trouxe vida à Elis Regina cantando com Maria Rita, sua filha, são exemplos notórios do impacto dessa técnica. Nesse sentido, é preciso olhar com atenção para o avanço da inteligência artificial no que tange à cibersegurança.” 

Como o deepfake ameaça a segurança digital

O deepfake é uma técnica que combina inteligência artificial avançada com aprendizado de máquina para criar vídeos falsos que parecem autênticos. Essa tecnologia usa algoritmos para analisar e sintetizar milhares de imagens e vídeos existentes de uma pessoa-alvo, possibilitando a criação de vídeos falsificados que podem enganar até mesmo os mais treinados olhos.

A inteligência artificial aprende características a partir de mídias existentes e utiliza esses dados para gerar conteúdo manipulado. Embora programas rápidos e fáceis de usar possam criar deepfakes de baixa qualidade, os mais convincentes requerem softwares de edição e equipamentos sofisticados.

As implicações do deepfake na segurança digital são vastas e preocupantes, aponta o gerente da Akamai. Uma das principais consequências é o aumento do risco de ataques de phishing e engenharia social. “Com vídeos deepfake convincentes, os criminosos podem criar situações em que parecem ser pessoas confiáveis, como CEOs, funcionários de instituições financeiras ou até mesmo amigos e familiares, enganando as vítimas e obtendo acesso a informações confidenciais. Além disso, a reputação e a confiança das pessoas, empresas e instituições também estão em jogo.”

A disseminação de vídeos deepfake pode levar a danos irreparáveis à imagem de uma pessoa ou organização, afetando relacionamentos, carreiras e até mesmo a estabilidade social. Políticos, celebridades, figuras públicas e pessoas comuns correm o risco de serem alvos de manipulações maliciosas, o que pode ter um impacto significativo em sua credibilidade e relacionamentos.

O papel da IA na cibersegurança

Com o avanço da tecnologia, identificar deepfakes tornou-se mais desafiador, no entanto, nem tudo está perdido. Assim como o deepfake utiliza inteligência artificial para criar vídeos falsos, a cibersegurança pode se valer da mesma tecnologia para combater essa ameaça. A inteligência artificial pode ser usada para desenvolver sistemas de detecção de deepfakes mais avançados e eficazes.

Ferrão explica que os algoritmos de aprendizado de máquina podem ser treinados para identificar anomalias nos vídeos, como imperfeições nos movimentos faciais, alterações sutis no tom de pele ou distorções na voz. Essas técnicas podem ajudar a diferenciar vídeos autênticos de deepfakes e alertar os usuários sobre possíveis ameaças.

A tecnologia do deepfake apresenta um desafio significativo para a segurança digital, mas também oferece oportunidades para o desenvolvimento de soluções avançadas. “A cibersegurança deve se apoiar na inteligência artificial para aprimorar suas defesas contra a disseminação de deepfakes e proteger os indivíduos, as organizações e a sociedade como um todo. É necessário um esforço conjunto para combater essa ameaça em constante evolução, garantindo um ambiente digital mais seguro e confiável para todos”, aponta o gerente da Akamai. 

Detecção e prevenção de deefakes

Anormalidades ainda são comuns nas imagens geradas por IA, como detalhes estranhos nas orelhas, mãos, olhos e cabelos, principalmente em deepfakes que envolvem pessoas inexistentes. Porém, além da identificação, é crucial adotar medidas preventivas para evitar ataques cibernéticos com o uso dessa tecnologia. 

Ferrão explica que para combater a ameaça dos deepfakes, é essencial fortalecer a educação e a conscientização em relação a elas. “É importante sempre verificar as fontes das imagens e vídeos antes de compartilhá-los ou tomar decisões baseadas neles, usando ferramentas de pesquisa reversa, por exemplo. Uma boa prática é consultar de sites de notícias confiáveis e organizações de verificação de fatos em casos que envolvam figuras públicas ou políticos para validar a autenticidade do conteúdo”, comenta o gerente da Akamai. 

Investir em tecnologia de detecção de deepfakes também é fundamental para identificar conteúdo falso e prevenir danos significativos. Reforçar a segurança cibernética e manter sistemas e dispositivos atualizados com medidas robustas de segurança é outra estratégia importante para prevenir ataques cibernéticos destinados a manipular informações.


“Ao adotar essas práticas, indivíduos e empresas podem se proteger melhor contra os perigos do deepfake e minimizar os danos potenciais causados por ataques cibernéticos com essa tecnologia. A vigilância constante e a colaboração com especialistas em segurança cibernética são essenciais para garantir a integridade das informações compartilhadas e evitar disseminação de conteúdo falso.”, finaliza Ferrão.

 

Sobre a Akamai

A Akamai é a empresa de nuvem que potencializa e protege a vida online. As principais empresas do mundo escolhem a Akamai para criar, entregar e proteger suas experiências digitais, ajudando bilhões de pessoas a viver, trabalhar e jogar todos os dias. A Akamai Connected Cloud, uma plataforma de nuvem e edge amplamente distribuída, aproxima as aplicações e experiências dos usuários e afasta as ameaças. Saiba mais sobre as soluções de computação em nuvem, segurança e entrega de conteúdo da Akamai em akamai.com/pt e akamai.com/pt/blog, ou siga a Akamai Technologies no Twitter e no LinkedIn

Fonte: sherlock communications


quarta-feira, 5 de julho de 2023

Twitter justifica a imposição de limite de leitura na plataforma: entenda os motivos

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Limites de uso recentes no Twitter foram implementados para “detectar e eliminar bots e outros agentes mal-intencionados”, disse a empresa na terça-feira (4), acrescentando que apenas uma “pequena porcentagem” de usuários é afetada atualmente.

“Para garantir a autenticidade de nossa base de usuários, devemos tomar medidas extremas para remover spam e bots de nossa plataforma”, disse o Twitter em uma postagem no blog . “Qualquer aviso prévio sobre essas ações permitiria que atores mal-intencionados alterassem seu comportamento para evitar a detecção”.

A empresa disse que as ações visam impedir que as contas extraiam dados públicos dos usuários para construir modelos de inteligência artificial e manipular o uso da plataforma.

O proprietário do Twitter, Elon Musk, anunciou os limites no sábado, dizendo que os usuários só teriam permissão para ler um certo número de postagens por dia devido a “níveis extremos de extração de dados” e “manipulação do sistema”.

O Twitter classificou as restrições como temporárias e foram escalonadas com base no status de verificação do usuário na plataforma. A atualização veio porque muitos usuários do Twitter encontraram mensagens de erro ao tentar acessar a plataforma.


“Atualmente, as restrições afetam uma pequena porcentagem de pessoas que usam a plataforma e forneceremos uma atualização quando o trabalho estiver concluído. No que se refere aos nossos clientes, os efeitos na publicidade foram mínimos”, disse o Twitter na terça-feira.

 

Fonte: gazetabrasil

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Reforma tributária pode promover a saúde incentivando o consumo de alimentos saudáveis

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A chef Bela Gil, o professor Carlos Monteiro, o pediatra Daniel Becker, entre outros, assinam manifesto por uma reforma tributária que promova a saúde incentivando o consumo de alimentos saudáveis. O documento surge como uma iniciativa de personalidades, associações médicas e organizações não-governamentais comprometidas com o bem-estar da população – ACT Promoção da Saúde, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Aliança para Alimentação Saudável, Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Conselho Federal de Nutricionistas, entre outras.

O texto representa uma resposta ao lobby da indústria de alimentos, que vem atuando no Congresso Nacional para que a reforma tributária traga benefícios fiscais para os ultraprocessados – refrigerante, biscoito recheado e macarrão instantâneo, entre outros. No Brasil, todo ano morrem 57 mil pessoas, entre 30 e 60 anos, em consequência do consumo desses produtos altamente industrializados.

Mortes precoces, decorrentes de doenças graves, e que poderiam ser evitadas. O consumo crescente de ultraprocessados está associado ao aumento da incidência de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs), como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e alguns tipos de câncer, entre outras. Se considerarmos somente o tratamento dos casos associados às bebidas ultraprocessadas açucaradas, como refrigerantes, os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) chegam a R$3 bilhões por ano. Ou seja: do impacto dos produtos ultraprocessados, como um todo, é muito maior. Como estratégia para financiar esses custos e restringir o consumo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aumento de tributos.

“Desde início das discussões da reforma tributária estamos em campanha para o aumento dos impostos sobre ultraprocessados e a redução dos encargos sobre frutas, legumes e verduras, como defende o Guia Alimentar Para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. E, agora, nos vemos diante da ameaça de um retrocesso. Além da possibilidade de não se assegurar o imposto seletivo sobre produtos que causam mortes e doenças, há o risco de que e que a novo projeto dê benefícios fiscais a esses produtos nocivos,” resume Paula Johns, diretora-executiva da ACT Promoção da Saúde.


“Não há racionalidade em colocar na mesma sacola alimentos ultraprocessados e frutas, legumes e verduras. Por conta de características como escala, distribuição, facilidade de preparo e alta palatabilidade, os ultraprocessados não precisariam de qualquer incentivo.” (Maria Edna de Melo, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia)


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A paridade fiscal entre alimentos que fazem bem à saúde com itens nocivos daria impulso a um fenômeno perverso que já pode ser observado em qualquer supermercado: em função do preço, os ultraprocessados vêm ganhando centralidade na mesa da maioria da população e substituído alimentação tradicional e saudável. Ano passado, pela primeira vez, os produtos industrializados ficaram, em média mais baratos que os in natura ou minimamente processados. Em alguns estados, por exemplo, o macarrão instantâneo faz parte da cesta básica com alíquota de PIS/Cofins menor que a do suco de fruta integral.

“Não há racionalidade em colocar na mesma sacola alimentos ultraprocessados e frutas, legumes e verduras. Por conta de características como escala, distribuição, facilidade de preparo e alta palatabilidade, os ultraprocessados não precisariam de qualquer incentivo. Com todas as evidências que dispomos atualmente não podemos permitir isso,” destaca Maria Edna de Melo, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.

Tanto Maria Edna quanto Paula Johns defendem que o caminho para assegurar aos indivíduos o direito constitucional à saúde passa pela formulação de políticas públicas.

“As clássicas recomendações para melhorar os hábitos alimentares com o objetivo de prevenção e controle dessas doenças são claramente ineficientes. É só verificar os números de obesidade e outras DCNTs que sobem ano após ano”, justifica Maria Edna. Na sequência, Paula complementa:”

“Estamos diante de um problema multifatorial que deve ser atacado em diversas frentes. Precisamos de medidas que levem a população a fazer escolhas mais saudáveis. Temos a chance de realizar isso com a reforma tributária.”

 

Fonte: congressoemfoco


terça-feira, 13 de junho de 2023

A revolução da inteligência artificial: como usá-la a favor do seu negócio?

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O rápido avanço das ferramentas de inteligência artificial, especialmente com o surgimento avassalador do ChatGPT, tem gerado todo tipo de reação e muitas reflexões por parte de governos, empresas e indivíduos. Dois dias após uma carta aberta assinada por mais de 2,8 mil pessoas, entre empresários como Elon Musk, nomes ligados ao Google e historiadores como Yuval Harari, pedindo uma pausa nas pesquisas e no desenvolvimento de IA, o governo da Itália proibiu o uso do ChatGPT sob alegação de "recolhimento ilegal de informações pessoais". Agora a desenvolvedora OpenIA está sendo investigada pelas autoridades do país. Enquanto isso e poucas semanas depois, foi o próprio Google quem anunciou uma série de aplicações de IA em suas ferramentas, durante seu famoso evento para desenvolvedores, o Google I/O. Mais um dos paradoxos dessa era de paradoxos.

É claro que o bloqueio temporário de um player não resolverá a questão - mas acende novos alertas sobre o uso ilimitado da tecnologia. Nesse sentido, a cada dia aumentam as discussões sobre o desenvolvimento de elementos de controle para garantir que a disrupção não vai se dar também em dimensões e fronteiras indesejáveis, como da ética, da transparência no uso de dados, do acesso a informações confidenciais de propriedade privada, das novas formas de trabalho, dos impactos na educação, na genética e afins.

De uma forma ou de outra, sua usabilidade, sintaxe e capacidade em dar respostas acuradas transmite credibilidade a quem a utiliza, ainda que aquele processamento de informações possa utilizar uma lógica muitas vezes incapaz de ser conhecida em detalhes (até por quem a criou). Isso evoca danos em escala exponencial, já que é provável haver a propagação de inverdades. As pessoas ainda podem não ter o preparo para fazer as perguntas corretas, ou pior, podem não interpretar de maneira adequada as soluções que as ferramentas proporcionam. Por outro lado, exemplos recentes de integração com o Bing e demais ferramentas da Microsoft (como no uso para a construção de apresentações em powerpoint) demonstram a inexorabilidade do avanço dessas tecnologias em nosso dia a dia – fato que demanda ainda mais atenção e análise crítica em uma sociedade que parece delegar essas competências aos próprios algoritmos.

Um exemplo claro desse perigo é a credibilidade de qualquer notícia falsa hoje em dia. É só participar de grupos ou comunidades em redes sociais para comprovar a força das fake news. Recentemente, vi uma apresentação de Elvis Presley produzido por IA no programa America´s Got Talent (produção que serviu de referência para programas locais como o The Voice Brasil) e que é um claro exemplo de quão realistas estão se tornando os deep fakes.

Esse momento capital da evolução tecnológica parece ser propício a algumas definições relevantes, pois as ferramentas de IA cada vez mais tangenciam ou até distorcem diferentes fronteiras do atual direito do uso de dados e da privacidade, da propriedade intelectual autoral e, como o governo da Itália alega na suspensão, até mesmo da questão do uso e da exploração dessas soluções por menores de idade.

Tampouco é claro ainda como o ChatGPT vai reagir a potenciais tentativas de ataques hackers ou roubo de informações dentro do seu banco de dados, por exemplo. Em paralelo, observa-se o esforço de empresas para adotar o mais rápido possível essa e outras soluções de inteligência artificial, baseadas na mesma metodologia de machine learning. Há todo um ecossistema sendo acelerado e desenvolvido para a conexão com o ChatGPT, seja de integradores, seja de plug-ins com soluções-padrão da Microsoft, Salesforce e outras gigantes da indústria da tecnologia. Esses movimentos não deixarão de ocorrer

O fato é que a IA veio para ficar e, com o amadurecimento das aplicações, a tendência é que organizações e pessoas possam usar seus mecanismos a favor da sociedade de forma mais responsável no futuro, ampliando as possibilidades para empresas e indivíduos. Além disso, é nítido o quão transformador é tudo que essa ferramenta pode gerar, bem como seu potencial de otimizar produções e negócios.

Para aproveitar o lado positivo dessa revolução tão esperada – e temida –, é preciso que todos os envolvidos tenham alto nível de educação sobre as aplicações dos sistemas e, principalmente, de seus riscos. Além disso, é necessário fortalecer os movimentos para a criação de ajustes e regulamentação, considerando a ética.

A boa notícia é que todo esse buzz permite ao menos que os membros da sociedade civil comecem a entender que uma espécie de “fogo de Prometeu” está sendo inadvertidamente obtida e liberada para, então, utilizarem as soluções de IA de forma mais cautelosa e consciente. Mas será que teremos mecanismos reais a nosso alcance para sermos mais responsáveis na construção de mais essa disrupção trazida pela tecnologia?

Por Fernando Moulin, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente, além de ser um dos pioneiros do Marketing Digital/CRM no país. 

Fonte: Nbpress


quarta-feira, 17 de maio de 2023

Senado deve analisar PL do agrotóxico, que gera embate no governo Lula

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Presidente da bancada ruralista chama medida de ‘retrocesso’ e defende que projeto fosse direto ao plenário.

O Senado deve começar a analisar ainda neste mês o PL do Agrotóxico, chamado de PL do Veneno por ambientalistas, que amplia a quantidade de produtos que podem ser usados nas plantações do país. O texto, que já passou pela Câmara, deve provocar embates internos no governo Lula, colocando em campos opostos os ministérios da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Meio Ambiente, Marina Silva.

Durante a transição de governo, no fim do ano passado, a medida chegou a provocar polêmica entre as equipes. Na época, integrantes da área ambiental entraram em campo para evitar que fosse votado no Senado.

O PL do Agrotóxico autoriza, entre outras medidas, que o uso de agrotóxicos seja analisado somente pelo Ministério da Agricultura sem a participação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nessa semana, o senador Otto Alencar (PSD-BA) pediu que o texto, aprovado pela Câmara em fevereiro do ano passado, fosse levado para a Comissão de Meio Ambiente, para ser debatido pelo colegiado.

Alencar disse que fez o pedido porque quer mais tempo para estudar o projeto. No colegiado, a relatoria ficará com o líder do PT no Senado, senador Fabiano Contarato (PT-ES).

O presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), considerou o envio para a comissão um retrocesso.

O texto estava pronto para ir ao plenário (do Senado). Nos pegou de surpresa. Não imaginávamos essa manobra—disse Lupion.

Em outra frente, a bancada ruralista quer avançar com outra pauta, considerada prioridade, que é o Marco Temporal das terras indígenas. A proposta também enfrenta forte resistência de ambientalistas e de entidades indígenas.

O texto estabelece que apenas as terras ocupadas por indígenas na época da promulgação da Constituição de 1988 poderão ser demarcadas. Essa tese foi firmada no julgamento da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) voltará a analisar o tema.

A ideia do líder da FPA, contudo, é aprovar o texto antes que o tema seja julgado pela Corte. A análise da ação está marcada para o dia 7 de junho.

O líder do PP na Câmara, deputado André Fufuca (MA), apresentou um pedido de urgência para que o projeto seja votado no plenário da Câmara. O pedido é assinado também pelo líder do blocão, Felipe Carreras (PSB), e pelo deputado Fernando Marangoni (União-SP).

Parlamentares da bancada ruralista têm o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para pautar a urgência do Marco Temporal e, logo na sequência o mérito do projeto, antes do julgamento do STF.

Fonte: oglobo