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| Imagem: reprodução |
A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em sua casa, em Brasília, no sábado, 22 de novembro, pela manhã, por volta das 6h, e o levou para a sede da superintendência da PF em Brasília. A prisão preventiva foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ainda não diz respeito ao cumprimento da pena referente à condenação na trama golpista decretada em 11 de novembro de 2025, na qual cumpria prisão domiciliar.
Em nota, a PF limitou-se a informar que cumpriu mandado de prisão preventiva autorizado pelo STF.
Segundo apurou a Agência Pública, Bolsonaro passou por exame de corpo de delito, o que é praxe para quem é detido e ficará em uma sala especial da PF, com 12 metros quadrados, cama, banheiro privativo e ar-condicionado. A previsão é de que o ex-presidente passe por audiência de custódia virtual até este domingo, 23 de novembro.
No pedido do STF que levou à prisão preventiva por descumprimento de medida cautelar, o ministro Alexandre Moraes instruiu a PF que não algemasse o ex-presidente da República e que a ação fosse feita de maneira discreta, sem exposição midiática.
A motivação da preventiva diz respeito à “garantia da ordem pública” e teria sido motivada pela convocação do senador Flávio Bolsonaro, na sexta-feira, 21 de novembro 11, para uma vigília religiosa em apoio ao ex-presidente em frente a seu condômino em Brasília. Em vídeo publicado nas redes sociais, o parlamentar chamava apoiadores para um encontro de oração “pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade no Brasil”.
| Bolsonaro está preso em sala de 12 metros quadrados na Polícia Federal de Brasília; do lado de fora, imprensa e curiosos acompanham o movimento neste sábado, 22 de novembro - imagem: reprodução |
Ferro de solda: tentativa de romper tornozeleira eletrônica
A decisão monocrática de Moraes relata que o equipamento de monitoramento eletrônico de Bolsonaro, ou seja, a tornozeleira eletrônica, foi violado à meia-noite. A informação também embasa a decisão, apontando risco de fuga.
“O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, ressaltou Moraes.
Na decisão, Moraes pontuou que “embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de 'vigília', a conduta indica o mesmo “modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, no sentido da utilização de manifestações populares com o objetivo de conseguir vantagens pessoais”.
“O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga do réu”, frisou.
O ministro ainda afirmou que no vídeo gravado por Flávio, o senador “incita o desrespeito ao texto constitucional, à decisão judicial e às próprias Instituições, demonstrando que não há limites da organização criminosa na tentativa de causar caos social e conflitos no País, em total desrespeito à DEMOCRACIA”.
Mais tarde, o STF divulgou vídeo no qual Bolsonaro mostra uma tornozeleira danificada. No vídeo, uma servidora da Polícia Penal questiona o ex-presidente:
– “O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?”, pergunta a servidora.
– “Meti um ferro quente aí. Curiosidade”, diz o ex-presidente.
– “Que ferro foi, ferro de passar?”, pergunta a servidora
– “Não, ferro de soldar, de solda”, responde Bolsonaro.
Segundo o relatório da perícia divulgado pelo STF, a informação inicial que os agentes receberam quando chegaram na casa de Bolsonaro para verificar a tornozeleira era que ele tinha batido o equipamento na escada.
Na véspera de sua prisão preventiva, na sexta-feira (21), Bolsonaro havia recebido a visita do deputado federal Nicolas Ferreira (PL-MG).
Da condenação à prisão preventiva
A sentença que condenou Bolsonaro, proferida em 11 de setembro de 2025, marcou a política brasileira por ter sido a primeira vez que um ex-presidente da República foi condenado por liderar uma trama que visava um golpe de Estado. A maioria de 4 a 1 na Primeira Turma do STF – formada por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e o voto decisivo de Cármen Lúcia – considerou Bolsonaro o “líder da organização criminosa”, que “utilizou-se da estrutura do Estado brasileiro para implementação do projeto autoritário de poder”, nas palavras do relator, Alexandre de Moraes.
O voto dissidente de Luiz Fux, que absolveu o ex-presidente, tornou-se uma longa nota de rodapé na história do julgamento. A Agência Pública traçou o caminho que detalha de 2018 em diante a trajetória que culminou com os 27 anos e 3 meses de condenação de Jair Bolsonaro.
Fonte: agenciapublica
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