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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

ESG no varejo: como transformar compromissos em ações concretas

Imagem: reprodução

Nos últimos anos, a sociedade registra um crescente engajamento das pessoas em causas ambientais, sociais e de governança, o chamado ESG (Environmental, Social & Governance). E a influência dessa camada mais consciente da população está redefinindo os hábitos de consumo, com um impacto significativo no varejo. Hoje, os brasileiros se tornaram criteriosos em suas escolhas de compra, levando em consideração o compromisso das marcas com a sustentabilidade e questões sociais. Investidores também estão adotando critérios mais rigorosos ao avaliar onde alocar seus recursos, com base nas decisões das empresas em relação à diversidade e governança corporativa.

Para incorporar eficazmente os princípios do ESG no varejo, é fundamental compreender o que esse conceito abrange. É preciso conhecer e implementar ações baseadas nos princípios que definem práticas sólidas em questões ambientais, sociais e de governança. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU servem como uma bússola para direcionar as empresas em direção a práticas mais responsáveis e sustentáveis.

Esses objetivos fornecem um mapa abrangente de como as empresas podem contribuir para um mundo melhor (usando três metas dos ODS: igualdade de gênero, trabalho decente e vida na água), e isso é particularmente relevante para o varejo. Ignorar a igualdade de gênero, submeter funcionários a más condições de trabalho ou não adotar práticas sustentáveis em relação à água não é apenas um erro moral, mas também pode ter sérias implicações para a reputação e o sucesso de sua marca. Afinal, nos negócios de hoje, a responsabilidade é um componente fundamental da lucratividade.‍

Após entender alguns princípios fundamentais do ESG, é necessário mergulhar nas melhores práticas que podem ser implementadas no setor varejista. Ao traduzir esses conceitos em ações tangíveis, sua loja não apenas cumpre sua responsabilidade social, mas também se destaca no mercado e fortalece a conexão com os clientes.

Aqui estão algumas práticas que você pode adotar em sua loja:

Redução do Impacto Ambiental: Adote políticas rigorosas de consumo eficiente de recursos naturais. Isso não apenas ajuda o planeta, mas também pode economizar dinheiro a longo prazo. Além disso, tome medidas para diminuir o desperdício e promova práticas de gestão de resíduos e reciclagem. Dessa forma, além de reduzir impacto ambiental, também pode criar uma imagem positiva para sua marca.‍

Inclusão e Diversidade: Implemente políticas sólidas de inclusão e diversidade em sua empresa. Procure construir uma equipe diversificada em termos de classe social, idade, etnia e orientação sexual a partir do processo seletivo. A diversidade não apenas enriquece a cultura da empresa, mas também traz diferentes perspectivas que podem impulsionar a inovação e a criatividade.‍

Cultura Organizacional Saudável: Crie e promova uma cultura organizacional que valorize a saúde dos colaboradores e crie um ambiente de trabalho positivo. Isso envolve a manutenção de dinâmicas que garantam uma jornada equilibrada para seus funcionários, levando em consideração aspectos como bem-estar emocional e mental. Uma equipe saudável é mais produtiva e engajada.

A chave para o sucesso no ESG é a implementação consistente dessas práticas. Não se trata apenas de adotar políticas para marcar caixas, mas de incorporar esses princípios no DNA de sua empresa. Quando o ESG se torna uma parte integrante de sua cultura empresarial, ele não apenas beneficia sua marca, mas também a sociedade como um todo.

Portanto, varejista, vá além dos compromissos e transforme-os em ações concretas.

Por Rafael Brych - diretor de Marketing e Inovação do Grupo Selbetti


Fonte: Core Group / Helder Horikawa

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

EBC realiza maior cobertura jornalística de sua história com as transmissões do G20

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A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e seus veículos promoveram a maior cobertura jornalística da história da instituição, com a mobilização realizada durante o G20, G20 Social e atividades relacionadas que aconteceram na cidade do Rio de Janeiro (RJ), de 14 a 19 deste mês. Mais de 300 profissionais participaram dessa megaoperação, que permitiu que o Brasil e o mundo acompanhassem os eventos. A EBC foi a emissora parceira do G20.

Para o presidente da EBC, Jean Lima, essa cobertura comprova a capacidade da EBC de planejar e executar coberturas e transmissões de grandes eventos, em nível internacional. "Estamos orgulhosos do trabalho desenvolvido e do impacto positivo que isso teve na percepção dos nossos veículos enquanto fontes confiáveis de informação.”

A EBC contou com dois estúdios na capital fluminense, sendo um no Espaço Kobra para o G20 Social, e outro no Museu de Arte Moderna (MAM) para a Cúpula do G20 – que teve a participação das lideranças de 19 países-membros, juntamente com União Europeia e União Africana.

Veículos públicos

A TV Brasil trouxe boletins ao vivo ao longo de toda a programação e reportagens especiais sobre os acontecimentos. Os dois telejornais da emissora – Repórter Brasil Tarde e Repórter Brasil - foram ancorados diretamente do Rio de Janeiro durante o G20 Social para levar ao telespectador as movimentações e principais temas de discussão.

A Agência Brasil, usada como fonte de informação por centenas de outros veículos país afora, também preparou cobertura especial. Desde o início do mês, foram produzidas mais de 100 matérias em português alusivas à temática. Houve ainda tradução para espanhol e inglês. As equipes de fotojornalismo publicaram dezenas de galerias de imagem. As notícias sobre o G20 e G20 Social estiveram entre as mais lidas de todo o site.

Equipes de reportagem fizeram entradas ao vivo na programação da Rádio Nacional. O tradicional noticiário Repórter Nacional teve edições especiais e apresentação do Rio de Janeiro. Outras emissoras puderam aproveitar o material em áudio na página da Radioagência Nacional.

Veículos governamentais

Com o Canal Gov, a EBC foi responsável pela geração de imagens para mais de 200 emissoras de televisão brasileiras e estrangeiras. Desde a quinta-feira (14), foram 87 horas de programação dedicada. Um dos destaques foi o Giro Social, programa de entrevistas com ministros que atuaram nos principais eixos temáticos. O público também acompanhou as transmissões pela conta oficial do Canal Gov no YouTube.

A Voz do Brasil, programa radiofônico mais antigo em exibição no hemisfério sul, foi veiculada em edição especial durante todos os dias do G20 e G20 Social. A Agência Gov, por sua vez, realizou cobertura com distribuição de material em áudio, texto e vídeo. O conteúdo produzido ficou disponível na página oficial do encontro.

Redes Sociais

As redes sociais da EBC também se engajaram ativamente na pauta, produzindo ampla variedade de conteúdo para todas as contas e plataformas da empresa. Além de dar visibilidade ao trabalho realizado pelas emissoras, divulgando cortes dos momentos mais importantes, os jornalistas repercutiram pontos de vista de especialistas e da sociedade civil, com discussões e bastidores diretamente dos locais dos eventos.

Uma das iniciativas foi a transmissão, no YouTube da TV Brasil, dos shows do Aliança Global Festival, que reuniu artistas nacionais no Boulevard Olímpico, na Praça Mauá.

Fonte: EBC TV BRASIL / Divulgação EBC

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sábado, 16 de novembro de 2024

G20 no Rio: Diálogo Global em Meio a Limites e Desafios para o Futuro

 

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Embora o G20 reúna as maiores economias do mundo e trate de temas cruciais, ainda enfrenta desafios na implementação de políticas práticas

Na próxima semana, o Rio de Janeiro será palco de um dos eventos mais importantes da diplomacia internacional: a cúpula do G20. Pela primeira vez, o Brasil organizará o encontro que reunirá as maiores economias do mundo para debater temas cruciais como inclusão social, transição energética e reforma das instituições de governança global. Representando aproximadamente 85% do PIB global e dois terços da população mundial, as nações presentes no G20 têm em suas mãos o potencial para influenciar questões de escala global.

Para o cientista político Elias Tavares, o G20 é uma plataforma essencial para o diálogo entre países com interesses variados e realidades econômicas específicas, mas desafios estruturais que desafiam sua eficácia. “O G20 tem um grande potencial de influência em políticas globais, mas muitas vezes as discussões ficam no nível das intenções, sem que haja um mecanismo obrigatório de implementação”, comenta Tavares.

Sob a liderança brasileira, o evento abordará três eixos prioritários:

  1. Inclusão Social e Combate à Fome e à Pobreza – O Brasil propõe a criação de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com a meta ambiciosa de retirar 500 milhões de pessoas da pobreza até 2030.

  2. Transição Energética e Desenvolvimento Sustentável – Com as mudanças climáticas no centro das preocupações globais, a transição para uma economia de baixo carbono será um tema de destaque na cúpula.

  3. Reforma das Instituições de Governança Global – Defendendo uma restrição do FMI e do Banco Mundial, o Brasil busca aumentar a representatividade dos países no desenvolvimento dessas instituições.

Entre os líderes confirmados para o evento estão figuras-chave como Joe Biden (Estados Unidos), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França), Olaf Scholz (Alemanha) e Narendra Modi (Índia). No entanto, a ausência de Vladimir Putin, presidente da Rússia, destaca as dificuldades geopolíticas que permeiam o contexto atual.

Além de seu impacto global, a cúpula também afeta a dinâmica local. Com o evento, a cidade do Rio de Janeiro decretou feriado nos dias 18 e 19 de novembro, resultando em um “megaferiadão” de seis dias para os cariocas, que traz tantas expectativas quanto aos desafios.

“O G20 continua sendo um espaço específico de articulação global, mas é necessário evoluir em direção a um modelo que garanta a melhoria das resoluções discutidas. Esse é o próximo passo para que o fórum possa de fato gerar mudanças concretas”, afirma Tavares.

Fonte: ET EventosElias Tavares


quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Primeiro projeto de 'edifício árvore' do país traz água filtrada de alta qualidade e ar mais puro aos moradores

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Auris Residenze, do Fischer Group, deverá ser lançado em breve e se tornar um marco de "arquitetura viva" e sustentabilidade no Brasil. O projeto também registra a estreia do escritório de arquitetura italiano, Archea Associati, com o primeiro trabalho para um residencial no país, na cidade catarinense de Balneário Camboriú. Inovações vão reduzir em até 42% o uso de ar-condicionado e 26% o consumo de energia. Sistemas "well living" vão gerar água filtrada de alta qualidade, detectar níveis de CO2, além de renovar e purificar o ar aos moradores. O reaproveitamento de águas cinzas e pluviais reduzirá o uso em até 52%. Empreendimento, quando lançado, prevê Valor Geral de Vendas (VGV) em R$ 100 milhões.

Com foco na sustentabilidade e inovação, o Auris Residenze, que deverá ser lançado em breve pelo Fischer Group, incorporadora voltada para empreendimentos 'boutique", marcada por uma trajetória de projetos inovadores e visão empreendedora, trará pela primeira vez ao Brasil o conceito “edifício-árvore”, que será construído em Balneário Camboriú/SC. Não é por acaso que a cidade do litoral catarinense vem mantendo o topo do ranking com o metro quadrado mais valorizado do país com seus arranha-céus icônicos. Agora, uma novidade em construção 100% ecológica, com tecnologias inovadoras que se integram ao ambiente natural, acaba de ser apresentada por meio do projeto do Auris Residenze. Desenvolvido pelo mundialmente premiado escritório italiano Archea Associati, que faz sua estreia de edifício residencial no Brasil, o exemplar biofílico, seu método construtivo e tecnologias “well living" vão garantir sustentabilidade além do edifício em si, mas também saúde e bem-estar aos moradores. 

É o caso de uma bateria de filtros que será implantada, além de testes rigorosos de qualidade de água, que vão garantir água filtrada em todo o condomínio mesmo em caso de falhas no fornecimento pelo município. Sensores de CO2 informarão sobre a qualidade do ar e sistemas de ventilação serão instalados, inclusive nas garagens, para renovar o ar conforme níveis de CO2 detectados. Os  filtros e tecnologia de renovação de ar garantirão a pureza, superior ao ambiente externo, em todos os apartamentos.  

Já a fachada em concreto aparente pigmentado e brises foram projetados para reduzir a incidência solar e proporcionar maior conforto térmico nos ambientes em 16%. Com isso, será capaz de reduzir em até  42% o uso de ar-condicionado e 26% o consumo de energia, devido a maior incidência de iluminação natural. Além disso, o reaproveitamento de águas cinzas e pluviais reduzirá o uso de água em até 52%. 

Com Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em mais de R$ 100 milhões, o projeto traz a estética da fachada totalmente fora do usual, que privilegia o contato com o exterior, as vistas para o mar e para a cidade, emoldurada por estruturas de concreto que imitam a madeira e trazem um conceito de 'edifício  árvore”. São  26 unidades exclusivas em mais de 130 metros de altura e uma área total construída de 11,5 mil metros quadrados. 

O Auris Residenze deverá ser um dos primeiros empreendimentos do Brasil certificado pelos padrões internacionais WELL Building Standard, que assegura saúde e bem-estar dos moradores, além do LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que avalia a sustentabilidade e a eficiência energética das edificações. 

"O Auris Residenze redefine o conceito de moradia ao priorizar a qualidade de vida como verdadeiro luxo. Aqui, o luxo não está ligado à ostentação, mas sim à criação de um ambiente onde o bem-estar e a integração com a natureza são fundamentais. O empreendimento oferece uma experiência única ao combinar arquitetura inovadora e tecnologia de ponta para construir espaços naturalmente confortáveis. Sua fachada foi cuidadosamente desenvolvida para garantir conforto térmico e luminoso, minimizando o uso de ar-condicionado e iluminação artificial. Dessa forma, os moradores desfrutam de uma estrutura visualmente impactante e altamente eficiente em termos de consumo de energia,” afirma Claudio Fischer, CEO da Fischer Group.


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Um dos grandes pilares deste empreendimento é a arquitetura autoral que além da sua fachada incomum, traz jardineiras  estrategicamente posicionadas entre o concreto e o apartamento, criam jardins suspensos com sistema de irrigação eficiente e complementam a paisagem urbana da cidade. Para promover maior conexão com a natureza, o projeto contempla ainda paisagismo com áreas verdes e espécies nativas frutíferas. 

Para o arquiteto italiano Marco Cassamonti, autor do projeto, os prédios verdes são uma tendência global e a Fischer Group inova ao trazer este conceito ao Brasil. “Nós acreditamos que a sustentabilidade é a consequência de um bom planejamento arquitetônico, feito com inovação e inteligência, por meio de uma abordagem que considere assuntos importantes como conforto, eficiência energética e impactos ambientais. No panorama mundial, a adoção do modelo de economia circular na construção civil está avançando muito. Assim, percebemos que temas como eficiência energética, reaproveitamento de materiais e retrofit, bem como a redução na geração de resíduos e a neutralização do carbono, serão cada vez mais centrais nesses debates. Por isso buscamos aplicar cada um desses elementos no projeto. Outro exemplo é o uso de matéria-prima local, para reduzir a pegada de carbono nas operações logísticas”, explica.

Sobre o Fischer Group

Focado em projetos ousados e visão empreendedora marcada por gerações, a história do Fischer Group tem relação direta com o desenvolvimento da cidade catarinense de Balneário Camboriú, e iniciou na década de 50 com a inauguração do primeiro hotel de luxo da cidade, o Hotel Fischer, um marco para hotelaria local e nacional na época e que recebeu grandes personalidades públicas e celebridades. A marca Fischer seguiu em renovação e, por meio de especializações e estudos intensos no Brasil e no exterior, trouxe na terceira e na quarta geração, a missão de propagar o “novo luxo” diretamente relacionado à qualidade de vida.  Por meio de parcerias com grandes marcas da construção civil, executou empreendimentos diferenciados e de alto padrão como o Terraço Boa Vista, a Casa Cubo, a Casa Estaleiro e o Fischer Dreams, que está sendo erguido no mesmo local do antigo hotel. Auris Residenze entra no mercado como uma  “obra-prima da arquitetura viva" e consolida ainda mais o Fischer Group no mercado de empreendimentos ao estiloboutique”.

Fonte: Rotas Comunicação / Elaine Mafra


sexta-feira, 16 de junho de 2023

Depois do CE, dez estados podem proibir aplicação de agrotóxicos por aviões

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Após STF reconhecer a lei estadual do Ceará que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos, parlamentares de outros estados tentam barrar a prática também banida na União Europeia por riscos à saúde e ao meio ambiente.

O fim da aplicação de agrotóxicos por meio de aeronaves — também conhecida como pulverização aérea — está em discussão em dez estados do país, de acordo com levantamento inédito da Repórter Brasil.

Os projetos de lei (PLs) tramitam nas assembleias legislativas de unidades da federação que respondem por grande parte da produção agropecuária e por um elevado consumo de agrotóxicos do país, como Pará, Mato Grosso e São Paulo.

Na União Europeia, a pulverização aérea de pesticidas e outras substâncias tóxicas está proibida desde 2009, por causa de potenciais danos à saúde e ao meio ambiente gerados pelas chamadas “chuvas de veneno”.

No Brasil, por enquanto, só o Ceará tem uma legislação que veda a prática — a “Lei Zé Maria do Tomé”, batizada em homenagem a um ativista ambiental assassinado em 2010, no interior do estado.


Zé Maria do Tomé (de camisa amarela, segurando um avião) durante protesto em 2008,
em Limoeiro do Norte (CE), contra pulverização aérea de agrotóxicos
 - Foto: Arquivo / Deputado Renato Roseno

Há quatro anos, a lei vinha sendo questionada por uma ação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A entidade alegava que o estado do Ceará não poderia proibir uma atividade regulamentada pela União. Também argumentava que a lei violava a livre iniciativa.

No entanto, no final de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade pela constitucionalidade da lei cearense — o que abre espaço para que a medida seja aprovada em outros estados.

Relatora da ação no STF, a ministra Cármen Lúcia destacou em seu voto “os perigos graves, específicos e cientificamente comprovados de contaminação do ecossistema e de intoxicação de pessoas pela pulverização aérea de agrotóxicos”.

Novas leis podem surgir


Imagem: Rafael Mantarro / reprodução


A recente medida do STF deu fôlego a parlamentares de todo país que tentam proibir a aplicação de agrotóxicos por aeronaves em seus estados.

“É uma decisão que vai mudar os parâmetros dessa prática que vem se tornando um dos maiores riscos ambientais ainda pouco percebidos pela sociedade”, avalia o deputado estadual Carlos Bordalo (PT-PA).

A Assembleia Legislativa do Pará conta com o projeto de lei (PL) em estágio mais avançado de tramitação no país. Apresentado em 2019, a proposta já recebeu pareceres favoráveis em três comissões. Agora, Bordalo tenta levar o texto para votação em plenário.

Outro a comemorar a decisão do STF é Lúdio Cabral (PT), deputado estadual do Mato Grosso. “A decisão do Supremo é importante porque assegura a competência que os estados têm para legislar sobre essa pauta”. Neste ano, Cabral já apresentou seis PLs que restringem o uso de agrotóxicos — um deles proíbe a pulverização aérea.

O Mato Grosso é o principal consumidor de agrotóxicos do país. Em 2021, cerca de 150 mil toneladas de pesticidas foram vendidas no estado, um aumento de 13% em relação ao ano anterior. Para ganhar mais visibilidade, Cabral planeja converter a proposta em um projeto de lei de iniciativa popular, com coleta de assinaturas da população.

Deputado estadual de São Paulo, Carlos Giannazi (PSOL) também assina um PL sobre o tema. Entidades ruralistas se manifestaram contra a proposta, sob o argumento de que o banimento da pulverização aérea reduziria a produção agrícola paulista.

O parlamentar, contudo, diz que a proteção à saúde pública e ao meio ambiente devem ser a prioridade. “Não dá para afrouxar, porque a situação é muito grave”, diz Giannazi, que está organizando uma audiência pública sobre o assunto.

Segundo reportagem publicada pela Repórter Brasil, diversos agrotóxicos cancerígenos são lançados de avião no estado.

No Ceará, apesar de a proibição da pulverização aérea ter sido confirmada pelo STF, o deputado estadual Renato Roseno (PSOL), autor da Lei Zé Maria do Tomé, afirma que as tentativas de esvaziar os efeitos da legislação não chegaram ao fim.

“A pulverização aérea estava proibida desde 2019, continua proibida, mas agora setores do agro estão se movimentando para tentar derrubar no legislativo a minha lei”, afirma Roseno. Além disso, dois PLs tramitam na Assembleia Legislativa do Ceará para autorizar a aplicação de agrotóxicos por drones, o que hoje é proibido no estado.

Os danos da pulverização aérea à saúde e ao meio ambiente são causados pelas chamadas “chuvas de veneno” (Foto: Pixabay)

Proibição nacional

Também há projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados, em Brasília, para banir a pulverização aérea em nível federal. Até hoje, porém, nenhuma das propostas chegou a ser avaliada pelas comissões da Casa.

Uma delas é de autoria do deputado federal João Daniel (PT-SE). Segundo o parlamentar, a decisão do STF mexeu com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que apoia projetos que intensificam o uso de agrotóxicos no país.

“A preocupação da bancada ruralista é que essa lei seja aprovada em outros estados. Eles estão preparando através da FPA modos de barrar esse prosseguimento”, diz o deputado. Ele avalia que a força da bancada ruralista e a composição da Câmara impedem que projetos como esse avancem em Brasília.

Apesar disso, Daniel afirmou que irá se reunir com o presidente Lula e tem encontro marcado com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, Rui Falcão (PT-SP), para que seu PL seja encaminhado.

“Se virmos que não tem condições de a pauta passar, vamos chamar os movimentos e o Fórum que trabalha contra os agrotóxicos para acertar um acordo”, diz Daniel.

Uma das medidas em estudo é aumentar a distância entre as áreas pulverizadas e os locais frequentados por pessoas, como escolas e residências.

Atualmente, o Ministério da Agricultura proíbe a pulverização aérea a menos de 500 metros de cidades, povoados e mananciais, ou a menos de 250 metros de moradias isoladas.

Apesar de haver regras claras sobre a aplicação, a falta de fiscalização faz com que comunidades sejam atingidas por “chuvas” de veneno.

O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), que participou da ação no STF, afirma que o setor é altamente fiscalizado e que a decisão da corte reforça um “preconceito contra a aviação agrícola”.

“Devemos ampliar ainda mais as ações de comunicação do setor e aproximação com a sociedade – aprimorando canais para desmistificar a tecnologia aeroagrícola”, afirma o sindicato. Confira a resposta na íntegra.

Procurada, a CNA não respondeu às perguntas da reportagem.

Lei Zé Maria do Tomé

Aprovada em 2019, a lei leva o nome de José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, executado com 17 tiros em abril de 2010.

O líder comunitário e ambientalista lutava pela proibição da pulverização aérea de agrotóxicos em Limoeiro do Norte (CE), município na Chapada do Apodi — região produtora de banana e que sofre com o aparecimento de câncer, doenças neurológicas, puberdade precoce, entre outras enfermidades e distúrbios relacionadas ao uso de pesticidas.

Ainda vivo, Zé Maria chegou a ver a aprovação de uma lei municipal que proibia a aplicação de agrotóxicos por aviões. Contudo, um mês após sua morte, o texto foi derrubado. A prática só seria banida no Ceará nove anos depois, por lei estadual.

Durante a tramitação, porém, também houve pressão de entidades ligadas ao agronegócio.

“Eles perderam o debate técnico, perderam o debate político, perderam na pressão, e aí foram pro judicial”, afirma o deputado Renato Roseno, autor da lei.

Antes da conclusão do julgamento no STF, no fim de maio, outras três ações já haviam tentado derrubar a Lei Zé Maria do Tomé na Justiça. Mas nenhuma foi vitoriosa.

Por Hélen Freitas e Beatriz Vitória


Fonte: reporterbrasil