Mostrando postagens com marcador LIVRO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador LIVRO. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Noites Brancas: a obra-prima lírica de Dostoiévski em nova edição

Imagem: reprodução


Clássico ganha tradução direta do russo e convida leitor a mergulhar em uma narrativa sobre amor, solidão e sonhos

Escrito em 1848, Noites Brancas é considerado um dos textos mais sensíveis e poéticos de Fiódor Dostoiévski. Em contraste com os romances densos e filosóficos que marcam a carreira do autor, a obra apresenta uma narrativa profundamente emotiva, revelando um olhar compassivo sobre as fragilidades humanas. 

Publicada pela Via Leitura (Grupo Editorial Edipro), a edição apresenta uma tradução direta do russo, assinada por Rafael Bonavina, doutorando em Letras Estrangeiras e Tradução pela FFLCH-USP. Desta forma, a cadência lírica e a sutileza das palavras escolhidas por Dostoiévski são preservadas e permitem ao leitor brasileiro se conectar com a musicalidade e a delicadeza da prosa. 

 A Noite Branca é um fenômeno comum em locais próximos às regiões polares, nos quais o Sol, mesmo se pondo, permanece pouco abaixo da linha do horizonte, resultando em noites iluminadas e oníricas. Nesse cenário, um jovem sonhador que, durante quatro noites de encontros fortuitos, vive uma intensa história de amor e esperança ao lado de Nástienka, uma jovem dividida entre a espera pelo retorno de um antigo amor e a possibilidade de um novo começo.  

Essa aproximação entre dois é marcada pelo contraste entre a paixão idealizada e a realidade frustrante. É um retrato da delicadeza dos encontros humanos, mas também da dor de quem ama sozinho. 

 

E que, por fim, tudo o que peço é que me dirija nem que sejam duas palavras fraternais, simpáticas, que não me afaste logo no primeiro passo, acredite na minha palavra, que ouça o que tenho a dizer, pode até rir de mim, se quiser, mas que me dê esperanças, me diga duas palavrinhas, só duas, ainda que depois disso nunca mais nos encontremos!... Mas a senhorita está rindo... Ainda assim, estou falando para isso mesmo... (Noites Brancas, p. 17) 

Para os amantes de romance, a narrativa é um mergulho intenso na solidão, nos desejos inatingíveis e nas ilusões que muitas vezes sustentam a vida cotidiana. Ao mesmo tempo em que emociona, questiona a fronteira entre os delírios de amor e os fatos, temas que atravessam grande parte da produção literária do autor. 

A nova edição de Noites Brancas reafirma a atualidade e a força de Dostoiévski, aproximando novas gerações de um texto que, mesmo escrito há quase dois séculos, continua a ressoar com intensidade nos corações dos apaixonados. 

Ficha Técnica: 

  • Título do livro: Noites Brancas
  • Autor: Fiódor Dostoiévski 
  • Editora: Via Leitura 
  • ISBN/ASIN: 9786587034690 
  • Páginas: 80 
  • Preço: 44.90 
  • Onde comprar: Amazon 

Sobre o autor: Fiódor Dostoiévski (1821-1881) foi escritor, jornalista e filósofo. Nascido na Rússia, é considerado um dos pais do existencialismo — em virtude de seus romances que retratam de forma filosófica as patologias psicológicas. Depois da morte da esposa e do irmão, viu-se afundado em dívidas, tendo de sustentar a família do irmão, o enteado e um segundo irmão alcoólatra. Para fugir da pressão dos credores, acabou se refugiando em diversas cidades da Europa com sua segunda esposa, sem nunca interromper sua produção literária. A necessidade de dinheiro o forçava a concluir rapidamente seus livros e lhe creditou a frase “a pobreza e a miséria formam o artista”. Entre suas maiores obras estão Crime e castigoO idiota e Os irmãos Karamázov. 


Sobre o tradutor: Rafael Bonavina é graduado em Letras pela FFLCH-USP, com dupla habilitação em Português e Russo, realizou intercâmbio de um ano na Universidade Estatal de Moscou (MGU). Defendeu seu mestrado sobre a utilização do formalismo russo em Morfologia do Macunaíma, de Haroldo de Campos, pelo programa de Literatura Brasileira da FFLCH-USP. Atualmente desenvolve um doutorado sobre Os demônios, de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, junto ao programa de pós-graduação Letras Estrangeiras e Tradução. Além de pesquisar literatura, também atua como tradutor, principalmente de textos literários e acadêmicos em língua russa, revisor e editor.  

Instagram: @oblomovsessive 

Sobre a editora: O Grupo Editorial Edipro tem como propósito, desde 1977, publicar obras que ajudem na evolução do leitor. Edipro é formação, inspiração e entretenimento. Ao longo dos anos, são mais de 500 títulos publicados nas principais áreas do saber e novos selos foram criados, como Caminho Suave e Mantra.  

Fonte: LC - Agência de Comunicação - Ana Paula Gonçalves

sábado, 27 de setembro de 2025

5 motivos importantes para conhecer o passado e não repetir sistemas de opressão

 

Imagem: reprodução

Ao refletir sobre a história, descobrimos lições valiosas para resistir à opressão e preservar a liberdade

A história recente do Brasil guarda feridas que ainda ecoam na sociedade. Entre elas, estão os episódios de violência e silenciamento vividos durante a ditadura militar. Revisitar esse período não significa apenas relembrar dores, mas compreender os mecanismos que sustentaram um sistema de opressão — e que, de diferentes formas, podem ressurgir se não houver vigilância crítica. 

Em Quase-romance nos pomares da eternidadeSilvio Damasceno recria, em forma de ficção, a morte de um estudante dentro da universidade. Inspirado em fatos reais, o livro expõe a brutalidade da repressão e a luta de jovens que ousaram sonhar em meio ao autoritarismo. 



A partir dessa obra, elencamos cinco razões pelas quais conhecer o passado é essencial para não repetir os mesmos erros coletivos. Confira: 

1. Preservar a memória coletiva

A memória histórica é um patrimônio social. Conhecer episódios de violência e resistência permite que a sociedade mantenha viva a lembrança daqueles que lutaram e sofreram com a opressão. 

2. Reconhecer mecanismos de repressão

Estudar o passado ajuda a identificar como funcionam as engrenagens de regimes autoritários — censura, perseguição política, manipulação da informação. Esse conhecimento é fundamental para não deixar que essas práticas sejam normalizadas novamente. 

3. Fortalecer a democracia

Ao refletir sobre períodos de ditadura, aprendemos a valorizar a importância da liberdade de expressão, do voto e das instituições democráticas. Esses direitos, muitas vezes, só são percebidos em sua plenitude quando ameaçados. 

4. Dar voz às vítimas silenciadas

Recontar as histórias interrompidas, como a de Zé Luiz no livro de Damasceno, é uma forma de justiça simbólica. Honrar essas trajetórias contribui para que as vítimas não sejam esquecidas e suas lutas permaneçam como referência. 

5. Estimular pensamento crítico nas novas gerações

O contato com narrativas históricas inspira jovens a questionar, refletir e se posicionar diante das injustiças do presente. Assim, o passado cumpre seu papel pedagógico: servir de alerta para um futuro mais justo. 

Sobre o autor: Silvio Damasceno é paraense, nascido em Ourém e morador de Ulianópolis. Aos 70 anos, é formado em Direito e atua como tabelião. Como escritor, publica o livro Quase-romance nos pomares da eternidade, inspirado em César Moraes Leite, um estudante que foi morto enquanto assistia às aulas na Universidade Federal do Pará. 

Fonte: LC - Agência de Comunicação /  Victória Gearini

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

O mundo visto de dentro do espectro

Imagem: reprodução- divulgação

Diagnosticada com autismo, a autora Clara Törnvall inverte a lógica: em vez de ensinar a "se adaptar", mostra como conviver com as diferentes formas de existir

No livro O universo autista: navegando pelo mundo das “pessoas normais”, Clara Törnvall parte de um gesto raro: uma autista escrevendo para outros autistas. A autora e jornalista sueca se distancia dos manuais que ensinam pessoas no espectro a se comportar “como os outros”. Em vez disso, propõe justamente o oposto neste lançamento da Latitude – exercitar a empatia para compreender o território das pessoas com formas diferentes de funcionamento neurológico, mais conhecidas como neurodivergentes.

Diagnosticada com autismo aos 42 anos, a escritora descreve, com ironia e humor, práticas comuns entre neurotípicos – pessoas sem condições neurológicas fora do padrão – como se fossem rituais estranhos: o valor dado ao contato visual ou as “mentiras inocentes” usadas para manter a harmonia social. Esse exercício não só diverte, mas também devolve às pessoas autistas o lugar de quem observa e interpreta, em vez de sempre ser observado.

A obra ilustrada é acessível em forma e conteúdo. Em menos de 150 páginas, organizadas em capítulos curtos, Törnvall orienta leitores no espectro a não mascararem seu autismo, hábito que considera desgastante e prejudicial à saúde mental. Como alternativa, defende a preservação de energia, a valorização das rotinas, o respeito aos limites individuais e a construção de vínculos que aceitem a literalidade e a intensidade sensorial como parte legítima da neurodivergência.

Encontre sua autoestima sendo mais autista, e não o contrário. Não fuja de si mesmo tentando ser alguém que não é. Você não é uma pessoa que precisa ser curada ou um espécime humano com problemas que precisa ser melhorado. Sua prioridade absoluta deve ser a sua saúde mental. (O universo autista, p.136)

O livro também se dirige a leitores neurotípicos, ao oferecer orientações para uma convivência mais respeitosa. Comunicar-se de forma direta, evitar ambiguidades, ouvir atentamente o que é dito, respeitar espaços coletivos, – como evitar usar uma tela em público sem fones –, e aceitar correções como forma de clareza, não crítica, estão entre as dicas. O universo autista funciona como uma análise social do encontro entre dois modos de viver, e prova que é possível conviver com as diferenças sem anular o outro.




Ficha técnica

  • Título: O universo autista
  • Subtítulo: Navegando pelo mundo das “pessoas normais”
  • Autora: Clara Törnvall
  • Tradutora: Kícila Ferreguetti
  • ISBN do livro físico: 978-65-89275-78-7
  • ISBN do e-book: 978-65-89275-79-4
  • Edição: 1ª/2025
  • Editora: VR
  • Selo: Latitude
  • Páginas: 144
  • Formato: 16 x 23 cm
  • Preço: R$ 59,90
  • Onde encontrar: E-commerce da VR, Amazon e principais livraria

Sobre a autora: Aos 42 anos, Clara Törnvall foi diagnosticada com autismo de altas habilidades. Isso a inspirou a escrever o livro The Autists: Women on the Spectrum (2023), que preenche uma lacuna ao abordar o autismo em mulheres. Jornalista e produtora cultural desde o início dos anos 2000, Törnvall colabora com diversos veículos e já produziu conteúdo para a rádio e a TV suecas. Em 2017, lançou o documentário The Art Collector and the Tragedy, sobre o colecionador de arte Theodor Ahrenberg.

Instagram: @claratornvall

Sobre a editora: A Latitude marcou um novo ciclo da VR Editora. Voltado ao aprimoramento pessoal e dedicada ao público adulto. Foi por meio do autor e psicólogo Marcos Lacerda que a Latitude deixou a sua marca nesse gênero literário cuja missão é provocar nos leitores uma mudança de vida por meio da reflexão sobre diferentes temas, como: saúde mental, finanças pessoais, negócios, espiritualidade, sociedade, empoderamento feminino entre outros. Desse modo, Latitude pretende ser uma bússola por meio da qual cada leitor possa encontrar sua rota em direção um futuro promissor.  

Instagram: @latitudelivros 

Fonte: LC - Agência de Comunicação /  Luísa Santini


terça-feira, 12 de agosto de 2025

Famosa oradora espírita e sua filha lançam livro para ajudar famílias afastadas

Imagem: reprodução / divulgação

"Aquele tempo entre nós" surgiu como uma forma de trazer paz, perdão e dar novo fôlego às relações

Muitos não têm a oportunidade de, em vida, acertar os ponteiros com os pais ou os filhos e fazer com que problemas do dia-a-dia sejam superados. Dispostas a não deixar que a relação de mãe e filha fosse deteriorada por falta de diálogo e de compreensão, Mayse Braga, famosa oradora espírita (67), e sua filha, Marianna Braga, psicóloga (41), escreveram “Aquele tempo entre nós”. O livro traz a visão de ambas sobre diferentes assuntos – de bobagens a temas sensíveis –, desata nós e quebra tabus numa relação onde o amor sempre deve prevalecer.

A ideia de escreverem um livro juntas surgiu em 2022, após Mayse passar por duas internações hospitalares. Durante a recuperação, ela morou com a filha e ambas passaram por um processo de reconciliação, retratado na obra. Narrado em duas vozes, uma conversa em meio ao chá da tarde, “Aquele tempo entre nós” traz dois pontos de vista: o de uma mãe que adoeceu e viu, pouco a pouco, sua vida virar de cabeça para baixo; e o de uma filha zelosa e sobrecarregada, ainda mais pressionada após o acúmulo de novas obrigações.

“Sabemos que nossa história — por mais que nos pareça única — é vivida todos os dias por mães, pais e filhos que se encontram e se desencontram na intenção de bem cuidar, em meio a todos os desafios que essa tarefa, por vezes solitária, impõe. Contar o que vivemos foi tanto uma forma de oferecer companhia a quem atravessa essa jornada — ou sabe que um dia vai vivê-la — quanto um exercício terapêutico que nos lembrou que o amor pode fazer mais do que proteger: ele pode também libertar...” – Mayse Braga, oradora espírita e “a mãe”

Ao longo de memórias de um passado recente e de outras mais antigas, “Aquele tempo entre nós” convida o leitor a entrar na parte bagunçada da casa, naquele quartinho que muitas vezes queremos esconder ou fingir que não existe.

A cada novo assunto que mãe e filha abordam, seja esse mais ou menos áspero, as autoras abrem espaço para uma construção conjunta, a fim de preencher o tempo de dor com aprendizados e de explicar o que antes parecia ser tão difícil colocar em palavras. São histórias que nos falam de cuidado, envelhecimento, limites, ansiedades e medos. Mas que também expressam amor, carinho, lembranças felizes, momentos engraçados e músicas bonitas.

“Escrever esse livro me ajudou a entender a mim mesma e à minha mãe de um jeito novo e transformador. Depois de nos perdermos em meio a dores e medos intensos, conseguimos nos reconectar por meio da escuta sem interrupções que somente o diálogo escrito nos permitiu.” – Marianna Braga, psicóloga e “a filha”

As páginas de “Aquele tempo entre nós” são um pedido de desculpas, o levante de uma bandeira de trégua, um novo olhar sobre o passado, o presente e o futuro. São o resgate do que um dia já existiu e a base do caminho que ainda virá. São a reconstrução, tijolo a tijolo, palavra por palavra, de uma relação que atravessou a tempestade para, enfim, aprender a navegar.


Imagem: reprodução // divulgação

Este livro é um privilégio, nas palavras das autoras, para “conversarmos, em vida, sobre os arrependimentos que temos, a fim de podermos desatar alguns nós, separando o que é bobagem do que realmente importa: cuidarmos uma da outra, e cada uma de si mesma, com todo o amor que sentimos.”

Mayse Braga é oradora da Doutrina Espírita desde os 16 anos, e mãe da Marianna desde os 25 anos.

Marianna é psicóloga clínica desde 2007 e filha da Mayse desde 1983.

Serviço:


Fonte: Agência Aspas e Vírgulas / Marcelo Boero


Leia também:


quinta-feira, 24 de julho de 2025

Amazon lança Kindle Colorsoft no Brasil

Imagem: reprodução / divulgação


A Amazon acaba de lançar no Brasil o novo Kindle Colorsoft, o primeiro Kindle com tela colorida, disponível em versões de 16GB e 32GB (Signature Edition). Com design moderno, bateria de longa duração e novos recursos para uma leitura mais rica e personalizada, os dispositivos trazem uma nova forma de ler quadrinhos, livros ilustrados e muito mais.

Os novos modelos já estão à venda a partir de R$1.499,00.

Imagens: reprodução / divulgação

Kindle Colorsoft — modelo de 16 GB

O Kindle Colorsoft com 16 GB de armazenamento oferece tudo o que os fãs adoram no Kindle, agora com a novidade das cores. Ele traz uma tela colorida de alto contraste, troca de páginas rápida, temperatura de luz ajustável, semanas de duração de bateria e acesso à ampla loja de livros Kindle.

Você pode explorar capas coloridas na sua Biblioteca Kindle ou na loja, ver quadrinhos e imagens ganharem vida em cores, e ainda destacar trechos em amarelo, laranja, azul e rosa — com a facilidade de filtrá-los depois. Para quem prefere ler com fundo escuro, o recurso Cor da Página inverte o texto e o fundo, proporcionando mais conforto visual em diferentes ambientes.

Kindle Colorsoft – modelo de 32GB

O Kindle Colorsoft Signature Edition possui 32 GB de armazenamento e adiciona recursos premium como carregamento sem fio e luz frontal com ajuste automático, que regula o brilho da tela conforme a iluminação do ambiente — ou então, pode ser ajustado manualmente para deixar a leitura ainda mais personalizada e confortável a qualquer hora do dia.

A tela Colorsoft utiliza uma camada interna de óxido com formas de onda otimizadas para maior contraste e desempenho rápido, tanto em conteúdos coloridos quanto em preto e branco. O novo guia de luz com LEDs de nitreto aprimora o brilho e a nitidez das cores, sem comprometer a fidelidade dos detalhes.

Recursos para toda a linha Colorsoft

Tanto o modelo de 16 GB quanto o Signature Edition permitem ampliar imagens sem perda de qualidade e alternar entre estilos de cor padrão ou vibrante, garantindo uma experiência visual mais rica e adaptável ao gosto de cada leitor. Com até 8 semanas de bateria e sendo à prova d’água, os dois modelos são ideais para ler em qualquer lugar — do banho à praia.

Confira as páginas oficiais dos produtos (Kindle Colorsoft 16GB e Kindle Colorsoft 32GB Signature Edition).


Fonte: Floter & Schauff / Amazon Fresh pr


sábado, 26 de abril de 2025

Elon Musk e a venda do X para a xAI

Imagem: reprodução

A recente decisão de Elon Musk de vender (transferir) o controle do X (antigo Twitter) para a xAI, sua empresa de inteligência artificial, não é apenas mais um capítulo na saga de reestruturações corporativas do bilionário. Trata-se de um movimento calculado, com implicações financeiras, tecnológicas e éticas que podem redefinir o futuro da IA e do próprio ecossistema digital.  A operação, e a proposta de Musk, pode ser entendida a partir de três pilares centrais: a estratégia financeira de under holding, os desafios de gestão do X sob o comando de Musk, e o papel crucial dos dados da rede social no desenvolvimento da IA da xAI.

A estratégia financeira: valuation questionável e a lógica do under holding

A estratégia financeira adotada por Musk se baseia no conceito de under holding, que consiste em consolidar empresas sob uma holding controladora, possibilitando sinergias internas e valorações estratégicas. Ao transferir o X para a xAI, Musk estabelece valores referenciais para suas empresas: a xAI é avaliada em US$ 80 bilhões, enquanto o X, considerando uma dívida de US$ 12 bilhões, chega a US$ 45 bilhões. Esses números, porém, são alvo de ceticismo no mercado.

A valoração da xAI em quase o dobro do X reflete não apenas o potencial da inteligência artificial, mas também a prioridade de Musk em posicionar a empresa como líder tecnológica. Já a avaliação reduzida do X — inferior aos US$ 44 bilhões pagos em outubro de 2022 — sinaliza a admissão tácita da desvalorização acelerada sob sua gestão.

Analistas questionam se os critérios usados por Musk são compatíveis com os padrões de mercado. A transação interna, embora legal, pode enfrentar escrutínio regulatório, especialmente se for interpretada como manobra para inflacionar artificialmente o valor da xAI (improvável no momento, dada sua influência política durante o segundo mandato de Donald Trump).

2. Os desafios de gestão: a queda do X e a gestão errática de Musk

Desde que Musk adquiriu o Twitter, a gestão da plataforma tem sido marcada por decisões polêmicas: demissões em massa, relaxamento na moderação de conteúdo e a introdução de assinaturas pagas.

O resultado foi a fuga de anunciantes — que representam cerca de 90% da receita — e a queda de no valor da empresa, que chegou perto dos 80% antes do novo valuation e incorporação pela xAI. A monetização, antes sustentada por publicidade, entrou em colapso após medidas como a reinserção de contas banidas por desinformação e um universo de polêmicas das mais distintas naturezas, o que afastou marcas preocupadas com reputação.

A tentativa de diversificar receitas por meio do X Premium (assinaturas para verificação) mostrou-se insuficiente. Além disso, Musk divide seu tempo com Tesla, SpaceX e outros projetos, e ainda se envolve na controversa gestão do DOGE, Departamento de Eficiência Governamental dos EUA, para o qual foi nomeado pelo presidente Donald Trump, defendendo visões alinhadas a setores ultraconservadores. Sua recente ação política sugere uma estratégia de influência, mas também levanta dúvidas sobre sua capacidade de administrar múltiplas frentes de forma eficaz.

Além disso, sua gestão no DOGE vem gerando críticas até entre os partidários de Trump e uma onda de repúdio a Musk nos EUA e em todo o planeta, que vem se materializando em protestos da população nas ruas e boicote a produtos ligados a Musk, como os veículos da Tesla.

3. A integração de dados e o futuro da xAI

O aspecto mais revolucionário da transação reside na integração dos dados do X com a xAI. Com acesso a bilhões de interações diárias — incluindo localização, preferências e comportamentos de usuários por meio do aplicativo instalado em celulares — a xAI pode alimentar seu chatbot Grok com informações absolutamente minuciosas em tempo real e volumes quase infinitos de dados.

Isso representa um diferencial inédito entre os modelos atuais de IA que estão na vanguarda dos usuários. Enquanto rivais como o ChatGPT dependem de dados estáticos ou menos dinâmicos, o Grok poderá analisar tendências sociais, humor coletivo e eventos globais à medida que ocorrerem, hipoteticamente em tempo real no futuro próximo. Isso não apenas melhora a precisão do modelo, mas também o torna valioso para aplicações em finanças, política, saúde e segurança, por exemplo. No entanto, a coleta massiva de dados levanta sérias preocupações éticas e regulatórias. Amparados pelo GDPR (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados), reguladores europeus já sinalizaram possíveis investigações, e usuários criticam a falta de transparência na utilização dessas informações.

O futuro do conglomerado Musk

A fusão entre X e xAI não ocorre em um vácuo regulatório. Autoridades antitruste dos EUA e da União Europeia podem questionar se a concentração de dados sob uma única empresa representa risco de monopólio digital. Além disso, a dívida de US$ 12 bilhões do X pressiona a xAI a gerar lucros rapidamente, o que pode acelerar a comercialização do Grok antes da realização de testes robustos.

Portanto, a venda do X para a xAI encapsula a ambição de Musk de liderar a revolução da inteligência artificial e demonstra parte de seu entendimento sobre esse business. Se, por um lado, a gestão conturbada do X revela suas fragilidades como administrador de redes sociais, por outro, sua visão de integrar dados sociais à IA é pioneira. O sucesso dependerá de sua capacidade de navegar pelos desafios regulatórios, recuperar a confiança de anunciantes e transformar o Grok em uma ferramenta não apenas inovadora, mas ética.

Enquanto o mercado especula sobre os valuations, uma coisa está clara: Musk está disposto a sacrificar o presente para moldar o futuro. Se a aposta der certo, a xAI poderá se tornar a espinha dorsal de uma nova internet, onde redes sociais e IA coexistem em simbiose. Extrapolando ainda mais, talvez de uma concentração sem precedentes de poder nas mãos de uma única pessoa, que controlará satélites, meios de transporte, comunicação entre as pessoas e muito mais. Se falhar, servirá como alerta sobre os limites da concentração de poder tecnológico. Se der certo... deixo com cada um de vocês a imaginação sobre que espécie de futuro poderá estar sendo agora construído.

Vejamos o que virá.

Por Fernando Moulin - Partner da Sponsorb, empresa boutique de business performance, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente e coautor dos best-sellers "Inquietos por natureza", "Você brilha quando vive sua verdade" e “Foras da curva” (todos da Editora Gente, 2024). - E-mail: fernandomoulin@nbpress.com.br.

Fonte: Nbpress / Deborah Fecini


quinta-feira, 20 de março de 2025

Livro mostra como quatro crianças sobreviveram 40 dias perdidas na selva amazônica

Imagem: reprodução

Livro do jornalista investigativo Mat Youkee, que narra drama real de sobrevivência na selva colombiana, será adaptado para o cinema pelo estúdio do diretor Ridley Scott

O caso das crianças que sobreviveram sozinhas por 40 dias na Amazônia colombiana após a queda de um avião em junho de 2023 ganhou repercussão internacional e suscitou questionamentos ao jornalista investigativo Mat Youkee, que reside na Colômbia há 15 anos. Agora, ele responde dúvidas como “Quem eram essas pessoas?”, “Por que estavam a bordo do avião?” e “Como conseguiram sobreviver?” no livro 40 dias na floresta, que chega ao Brasil pela Matrix Editora.

Ao detalhar os pontos centrais desse drama real, o autor possibilita a compreensão sobre como os quatro irmãos - Lesly, Soleiny, Tien, com 13, 9 e 4 anos respectivamente, e Cristin, de apenas 11 meses – resistiram aos desafios da selva empregando conhecimentos indígenas ancestrais. A obra já teve os direitos autorais assegurados para o cinema e será adaptada pelo estúdio do diretor Ridley Scott, conhecido por produções como Alien, Gladiador, Blade Runner e Napoleão.

Youkee explica que, na tentativa de salvar a família, reencontrar o companheiro e impedir que a filha mais velha fosse levada a força pela guerrilha armada, a mãe dos pequenos, Magdalena Mucutuy, tomou a difícil decisão de deixar a floresta, seu lar desde que nascera. No entanto, os planos não se concretizaram. O acidente com a aeronave que sobrevoava uma das florestas mais densas e inexploradas do mundo causou a morte da mulher da etnia Uitoto, do piloto e de outro passageiro, defensor dos direitos dos povos indígenas. As crianças foram as únicas sobreviventes do desastre.

"De joelhos, Lesly estendeu uma das mãos e puxou o tornozelo de Cristin. Sua irmã caçula, de 11 meses, soltou-se do corpo da mãe, arfando e chorando. Lesly a abraçou com força. E então olhou para cima. Dos assentos traseiros do avião, dois rostinhos a encararam de volta, sem dizer nada." (40 dias na floresta, p. 90)

Com apenas 13 anos, Lesly tomou para si a responsabilidade de manter os irmãos mais novos vivos. Durante dois dias, eles permaneceram em um abrigo improvisado, próximo aos destroços da aeronave, na expectativa de serem resgatados, mas ao despertar no terceiro dia, a menina entendeu que animais perigosos logo encontrariam os corpos sem vida. Ao recordar os ensinamentos da família sobre a mata, rumou com os outros três em busca do rio, onde além de água poderiam encontrar alguma comunidade.

Após essa mudança de cenário, a pesca se tornou uma possibilidade de conseguir alimento. Porém, sem varas ou barbasco – planta que paralisa os peixes – a irmã mais velha teve de improvisar um arpão. Mesmo com essa ferramenta, a família percebeu que não conseguiria encontrar ajuda ali e que não poderia mais ficar esperando no mesmo lugar. Eles decidem então voltar para a mata à procura de uma trilha e abrigo, além de frutas e sementes não-venenosas que serviram de sustento até serem encontrados.

No livro, Mat Youkee se aprofunda não apenas nos registros que envolvem a busca e resgate dos pequenos indígenas desaparecidos. Traz à tona também o que aconteceu após o salvamento, especialmente o dilema da perda do vínculo familiar com os parentes ainda vivos. Isso porque os irmãos foram encaminhados para um abrigo infantil administrado pelo governo colombiano, já que o companheiro de Magdalena e pai de Tien e Cristin foi acusado de abusar da enteada, Lesly.



Ao estilo jornalismo literário de Truman Capote, Gay Talese e Hunter S. Thompson, o autor constrói uma narrativa detalhada e instigante em 40 dias na floresta. Além de evidenciar o poder da sabedoria ancestral e a conexão dos povos originários com a natureza, retrata o contexto histórico e político da Colômbia e mergulha nas raízes de um dos episódios recentes mais emblemáticos do país.

FICHA TÉCNICA
Título: 40 dias na floresta
Autor: Mat Youkee
Editora: Matrix Editora
ISBN: 978-65-5616-538-7
Número de páginas: 248
Preço: R$ 69,00
Onde encontrarAmazon e livrarias físicas

Sobre o autor

Mat Youkee vive na Colômbia desde 2010, trabalhando como jornalista independente e investigador profissional. Realiza cobertura de questões ligadas aos direitos das populações originárias em países como Colômbia, Panamá, Chile e Argentina para o jornal The Guardian. Reportagens assinadas por Youkee também foram publicadas em veículos como The Economist, The Telegraph, The Financial Times, Americas Quarterly, Foreign Policy e outras publicações locais e internacionais.

Redes sociais do autor


Fonte:  LC - Agência de ComunicaçãoDielin da Silva



terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Como os militares assassinaram Rubens Paiva e atuaram para ficar impunes

 

Imagem: reprodução / divulgação

Livro "Crime sem Castigo" esmiúça como foram descobertos os assassinos do ex-deputado federal após mais de 40 anos do desaparecimento

O livro Crime sem Castigo, escrito pela jornalista investigativa Juliana Dal Piva e publicado pela Matrix Editora, apresenta mais de quatro décadas de investigações sobre a prisão e o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva. A obra reúne documentos inéditos sobre o caso desde os anos 1970.

Após anos apurando o desaparecimento, a autora decidiu estudar o caso em seu mestrado. Em 2014, foi aberto na Justiça Federal do Rio de Janeiro, um processo criminal contra cinco militares acusados pela morte e ocultação do cadáver de Rubens Paiva. Foi a primeira vez, em quase 30 anos, que um juiz federal aceitou denúncia criminal do Ministério Público Federal (MPF) por um homicídio cometido durante a ditadura. O fato se tornou, para os familiares das vítimas da ditadura militar, uma das maiores vitórias no Judiciário desde a redemocratização.

As páginas, porém, voltam a 16 de fevereiro de 1971, quando alguns dias após deixar a prisão, Eunice Paiva escreveu uma dolorosa e dura carta ao então ministro da Justiça e presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), Alfredo Buzaid. Esses foram os primeiros escritos em que a esposa de Rubens relatou o drama vivido pela família e onde registra o início de sua busca pelo paradeiro do marido.

À época, ela contou aos conselheiros detalhes sobre a sua injustificada prisão, em 21 de janeiro daquele ano, junto com a filha adolescente. As principais reivindicações, entretanto, era a falta de informações dos órgãos responsáveis sobre a situação e a localização de Rubens. Por quase uma década, Eunice lutou, sem sucesso, pela abertura de uma investigação. O livro também retrata como ela atuou para que, já no governo Sarney, em 1986, a PF finalmente instaurasse um inquérito do caso, quase 15 anos depois do desaparecimento de Rubens.

Crime sem Castigo expõe que a busca pela identificação dos responsáveis pela prisão do ex-deputado federal ganhou decisivos contornos a partir de 2011, com a instalação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e o trabalho de investigação do Grupo de Justiça de Transição do MPF, no Rio de Janeiro.


Imagem: reprodução / divulgação

Dois depoimentos inéditos de militares envolvidos na sindicância de 1971 e no Inquérito Policial-Militar (IPM) de 1986 e 1987, com novas informações sobre as circunstâncias da prisão e da morte de Rubens permitiram que o MPF finalmente pudesse oferecer uma denúncia apontando os responsáveis pelo crime. Ao longo do livro, a jornalista também expõe como o trabalho investigativo de alguns jornalistas foi fundamental para o avanço do caso.

Estão anexados à obra documentos inéditos sobre como o Serviço Nacional de Informações (SNI) monitorou Eunice e também as iniciativas de investigação do desaparecimento de Rubens Paiva. Além disso, a autora encontrou, no acervo do SNI, o primeiro documento produzido pela ditadura que identifica o ex-deputado como “falecido” em 1977. Até o fim do governo de João Figueiredo, o Exército sustentava que Paiva tinha “fugido”, em uma mentira escandalosa.

A autora também faz a trajetória do caso de 1971 até 2014. Juliana acompanhou e, descreve na obra, a única audiência no Judiciário em que os cinco militares apontados como assassinos de Paiva estiveram presentes. O lançamento é fundamental para quem deseja se aprofundar neste que é um dos casos mais emblemáticos do país, agora reavivado também no cinema brasileiro com o lançamento do filme “Ainda estou aqui”.

Ficha técnica 

  • Título: Crime sem Castigo: como os militares mataram Rubens Paiva 
  • Autora: Juliana Dal Piva 
  • Editora: Matrix Editora 
  • ISBN: 978-65-5616-537-0 
  • Número de páginas: 208 
  • Preço: R$ 58 
  • Onde encontrarAmazon 

Sobre a autora 

Juliana Dal Piva é jornalista formada pela UFSC com mestrado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da FGV-Rio. Atualmente, é repórter do Centro Latino-americano de Investigação Jornalística (CLIP) e colunista do ICL Notícias. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. Venceu diversos prêmios de jornalismo. Entre eles, o prêmio Relatoría para la Libertad de Expresión (RELE), da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, em 2019. Apresentadora do podcast A vida secreta do Jair e autora do livroO negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro, best-seller em 2022 e finalista do prêmio Jabuti de 2023.  

Redes sociais da editoraInstagram | X

Sobre a Matrix Editora 

Apostar em novos talentos, formatos e leitores. Essa é a marca da Matrix Editora, desde a sua fundação em 1999. A Matrix é hoje uma das mais respeitadas editoras do país, com mais de 1.000 títulos publicados e oito novos lançamentos todos os meses. A editora se especializou em livros de não-ficção, como biografias e livros-reportagem, além de obras de negócios, motivacionais e livros infantis. Os títulos editados pela Matrix são distribuídos para livrarias de todo o Brasil e também são comercializados no site www.matrixeditora.com.br. 

Fonte: LC - Agência de Comunicação Lucas Fernandes Koehler