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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Dieta pouco saudável aumenta o risco de desenvolver depressão; entenda

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Pesquisador de universidade espanhola explica o que a ciência já sabe sobre a relação entre alimentação e saúde mental,

Há alguns anos, a prevalência de transtornos depressivos vem aumentando em todo o mundo e representa um problema crescente de saúde pública. De acordo com estimativas recentes, 4% (cerca de 280 milhões de pessoas) da população mundial antes da pandemia sofria de alguma forma de transtorno depressivo, excedendo em muito os números registrados em 1990 (3%, ≈180 milhões). Além disso, com a pandemia, pelo menos 53 milhões de casos adicionais de depressão grave foram adicionados a esse contingente.

Esses transtornos depressivos podem ter um impacto significativo no bem-estar geral, prejudicando o funcionamento físico e psicossocial dos indivíduos.

Existe uma solução e podemos reduzir esses números? É claro que diminuir o ritmo acelerado da vida, combater o estresse, evitar o isolamento social ou promover o contato com a natureza pode ajudar. Entretanto, há outro fator que geralmente não levamos em conta quando pensamos em prevenir a depressão: a dieta.

O que é uma dieta inflamatória e como ela se relaciona com a depressão?

Nos últimos anos, os comportamentos relacionados ao estilo de vida, como a dieta, têm recebido atenção especial como estratégias viáveis para prevenir a depressão. Mas será que temos clareza sobre qual dieta é adequada e qual não é para o nosso humor?

A adoção cada vez maior de hábitos alimentares não saudáveis (e sedentários) criou um desafio global em grande escala que perturba o equilíbrio energético e o acesso a alimentos naturais, que têm sido importantes fontes de nutrientes saudáveis ao longo da história humana. Estou me referindo a frutas, nozes, legumes e grãos integrais. Isso nos afastou de um dos padrões alimentares ideais para a saúde mais comprovados cientificamente: a dieta mediterrânea, que faz parte de uma tradição culinária intercultural milenar.

Em vez disso, tendemos a adotar dietas inadequadas, nas quais abusamos de alimentos ultraprocessados com altos níveis de sódio, açúcares adicionados e gorduras trans. Com um grande perigo, a ingestão excessiva desses alimentos faz com que nosso sistema imunológico inato libere citocinas pró-inflamatórias que, entre outras coisas, aumentam a incidência de certos tipos de câncer, síndrome metabólica, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas e depressão.

Uma resposta inflamatória normal no corpo humano é caracterizada por um aumento temporariamente restrito da atividade inflamatória quando há uma ameaça, que se resolve quando a ameaça passa. Por outro lado, quando adotamos regularmente hábitos alimentares não saudáveis, sofremos de inflamação sistêmica crônica de baixo grau, o que leva a alterações significativas em todos os tecidos e órgãos e, por fim, aumenta o risco de várias doenças não transmissíveis.

A probabilidade de desenvolver depressão dobra

Para confirmar se existe uma relação direta entre a adesão a um padrão alimentar pró-inflamatório e o risco de desenvolver depressão, realizamos um estudo longitudinal com 3.206 idosos espanhóis sem depressão no início, avaliando a influência da dieta durante 3 anos de acompanhamento. Calculamos o potencial inflamatório da dieta a partir do Índice Dietético Inflamatório, um algoritmo de pontuação baseado no impacto de diferentes parâmetros dietéticos (alimentos, nutrientes e outros componentes de compostos bioativos) em seis biomarcadores inflamatórios (proteína C-reativa, interleucina-6, interleucina-1β, interleucina-4, interleucina-10 e fator de necrose tumoral-α).

Assim, pudemos determinar que aqueles que aderiram a uma dieta pró-inflamatória baseada na alta ingestão de carboidratos, gorduras trans, gorduras saturadas e colesterol relataram uma maior incidência de depressão durante o estudo de acompanhamento. Especificamente, os participantes da dieta mais inflamatória tinham duas vezes mais probabilidade de desenvolver depressão do que os participantes de uma dieta anti-inflamatória baseada na ingestão regular de diferentes nutrientes e componentes bioativos, como fibras alimentares, vitaminas A, D e E, ácidos graxos ômega-3, betacaroteno, zinco, magnésio e selênio. Todos esses parâmetros dietéticos estão presentes em alimentos como frutas, verduras, legumes, ervilhas, nozes, peixes, frutos do mar e grãos integrais, entre outros.

Embora sejam necessárias mais pesquisas durante a vida adulta para tirar conclusões mais sólidas, esses resultados indicam que os hábitos alimentares podem influenciar significativamente a saúde mental dos adultos mais velhos. E que seria bom começarmos a considerar a dieta como um elemento modificável que poderia ter um impacto positivo na prevenção da depressão.

Por Bruno Bizzozero Peroni - pesquisador de pós-doutorado do Centro de Estudos Sociosanitários da Universidade de Castilla-La Mancha. Este texto foi originalmente publicado em espanhol no site The Conversation.


Fonte: revistagalileu


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Brasileiros desvendam via molecular que atua no controle do envelhecimento

Imagem: reprodução

Pesquisadores da Unicamp demonstraram que, quando o processo de transferência de RNA entre células de diferentes tecidos está desregulado, a longevidade do organismo é reduzida.

Uma das formas pelas quais células de diferentes tecidos se comunicam é por meio da troca de moléculas de RNA. Em experimentos com vermes da espécie Caenorhabditis elegans, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) observaram que, quando essa via de comunicação está desregulada, a longevidade do organismo é reduzida. O achado, divulgado na revista Gene, traz uma nova compreensão sobre o processo de envelhecimento e as doenças associadas.

“Estudos anteriores já haviam demonstrado que alguns tipos de RNA podem ser transferidos de uma célula para outra, mediando uma comunicação intertecidual – assim como ocorre com proteínas e metabólitos, por exemplo. Isso é considerado um mecanismo de sinalização entre órgãos ou entre células vizinhas e participa de processos de várias doenças [fisiopatologia] e do funcionamento normal do organismo. O que não estava claro até agora e conseguimos provar foi que alterações no padrão dessa ‘conversa’ que ocorre por meio das moléculas de RNA podem afetar o envelhecimento”, afirma o professor do Instituto de Biologia da Unicamp Marcelo Mori, coautor do artigo.

O trabalho foi feito no âmbito do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Unicamp. A investigação também contou com financiamento por meio de um projeto coordenado por Mori.

“Esse mecanismo de comunicação precisa estar bem ajustado para conferir ao organismo um tempo de vida adequado. Observamos no estudo que, se porventura algum tecido aumenta a sua capacidade de absorver alguns tipos de RNA do meio extracelular [de fora da célula], isso acaba tendo um impacto na longevidade do organismo”, diz.

Segundo Mori, foi possível demonstrar que a redução no tempo de vida ocorreu não apenas pela perturbação na comunicação via RNA entre tecidos de um mesmo organismo, mas também pelo aumento da capacidade de captação de RNAs oriundos do ambiente – provenientes de bactérias da microbiota, por exemplo. Os pesquisadores criaram a alcunha de InExS (sigla em inglês para desequilíbrio de RNA sistêmico intercelular/extracelular) para se referir à desregulação na transferência de RNAs entre tecidos e também com o meio exógeno.

Quebrando as regras

O pesquisador conta que a investigação sobre o mecanismo de transporte de RNA entre células foi inspirada pela descoberta do fenômeno de RNA de interferência (RNAi), que rendeu o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina aos cientistas norte-americanos Andrew Fire e Craig Mello em 2006. Em seus experimentos, eles conseguiram, usando o RNA de interferência, "desligar" genes de forma precisa.

Ao injetar um RNA dupla fita no C. elegans, os vencedores do Nobel conseguiam silenciar genes. “E observaram que o mecanismo de silenciamento afetava genes em outros tecidos, não apenas onde houve a aplicação, e era transmitido para gerações seguintes”, relata Mori.

Além de possibilitar a elucidação dos mecanismos pelos quais ocorre a transferência de RNAs entre células de um organismo e entre o organismo e o ambiente, a descoberta do RNAi relativizou um dogma central da biologia molecular. Até então, acreditava-se que o fluxo de informações do código genético seria uma via de mão única, partindo do DNA, passando pelo RNA e culminando em proteínas.

No estudo ganhador do Nobel, descobriu-se que moléculas de RNA dupla fita conseguem impedir esse processo que vai do DNA à proteína. O RNAi destrói o RNA mensageiro, silenciando genes específicos sem precisar alterar a sequência do DNA. Ficou claro então que o RNA também pode ter uma função regulatória sobre o genoma.

Vale lembrar que o genoma humano consiste em aproximadamente 30 mil genes. No entanto, apenas uma pequena fração deles é usada em cada célula para sintetizar proteínas. Grande parte exerce papel regulatório (afetando a expressão de outros genes).

Equilíbrio é tudo

“Queríamos entender como esse processo poderia interferir nas funções fisiológicas importantes relacionadas ao envelhecimento. Em C. elegans, essa transferência de RNA entre células foi caracterizada por uma via que envolve proteínas denominadas SID [responsáveis por diferentes estágios de absorção e exportação de RNAs]. Observamos que existia um padrão de expressão gênica dessa via em tecidos específicos, que mudava ao longo do envelhecimento. O RNA mensageiro que codifica a proteína SID-1 [fundamental para fazer a internalização do RNA para dentro das células], por exemplo, aumentava em alguns tecidos, enquanto diminuía em outros”, diz Mori.

Para entender melhor o papel dos RNAs como moléculas sinalizadoras intertecidos, os pesquisadores realizaram experimentos em que a função da proteína SID-1 foi modificada em tecidos específicos de C. elegans, como células neuronais, do intestino e musculares. Para isso, eles manipularam a expressão da proteína nesses tecidos.

“Observamos que os mutantes com perda de função da SID-1 eram tão saudáveis quanto os vermes do tipo selvagem. No entanto, a superexpressão de SID-1 no intestino, músculo ou neurônios tornava a vida dos vermes mais curta. A redução do tempo de vida também foi observada pela superexpressão de outras proteínas da via de transporte de RNAs, como SID-2 e SID-5", diz.

O pesquisador explica que a desregulação pode estar justamente na distribuição do RNA para os tecidos. "Para desregular a distribuição de RNAs no corpo dos vermes, aumentamos a expressão de SID-1 em tecidos específicos [intestino, músculo ou neurônios]. Com isso, observamos que a canalização para um órgão específico leva à redução da longevidade", conta.

"Mostramos também que esse desbalanço na transferência de RNAs acarreta a perda de função da via de produção de microRNAs [pequenas moléculas de RNA com função regulatória]. É como se o fato de um número maior de RNAs transportado para esses tecidos gerasse uma espécie de competição e a produção de microRNAs acabasse perdendo a disputa. Já havia sido demonstrado que a perda da função na produção de microRNAs leva a uma diminuição do tempo de vida”, completa.

O grupo da Unicamp também investigou a relação da transferência de RNAs exógenos, ou seja, entre o ambiente e o organismo. Como nos experimentos anteriores, a superexpressão de SID-2, que capta RNAs do ambiente pelo intestino, e o excesso de RNAs produzidos por bactérias que servem como fonte alimentar e microbiota para os vermes resultaram no encurtamento do tempo de vida.

"Acreditamos que os RNAs exógenos podem ser usados pelos vermes para monitorar os microrganismos do ambiente, mas, quando em excesso e sendo captados pelos tecidos, podem levar a um efeito deletério. Quando forçamos as bactérias, em laboratório, a expressar mais RNAs dupla fita, houve uma redução no tempo de vida dos vermes. Esse processo que envolve uma transferência excessiva de RNA interfere na homeostase e na produção de RNAs endógenos, acelerando o envelhecimento", completa.

Fonte: revistagalileu


terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Brasil está preparado para home office em horário alternativo?

Foto: reprodução

Prática comum nos Estados Unidos pode ajudar a fomentar a economia local e aumentar a produtividade.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford apontou que  o número de pessoas praticando golfe de segunda a sexta-feira na parte da tarde aumentou 83% desde 2019. Os economistas responsáveis pelo estudo acreditam que é reflexo dos “novos” modelos de trabalho contribuindo para que americanos aproveitem o horário comercial para resolver burocracias e apostar em um estilo de vida mais ativo. Mas afinal, no Brasil, a prática de home office em horário alternativo é aceitável? Como o mercado de trabalho enxerga a flexibilidade quanto a cumprimento de horário? 

Em pesquisa recente realizada pelo Infojobs e Grupo TopRH, 85,3%  dos participantes afirmam que aceitariam uma proposta de trabalho que tivesse mais dias remotos. Apesar disso, o maior jobsite do país registra apenas 2,7% de vagas desse modelo. Os estados mais adeptos são São Paulo (54,8%), Rio de Janeiro (9,6%) e Rio Grande do Sul (7,9%).

“O mercado ainda não está totalmente adaptado às mudanças que a sociedade passou nos últimos anos. Oportunidades nem sempre alinhadas aos objetivos e, ouso dizer, necessidades dos talentos, é a prova disso. Mesmo empresas que oferecem o home office por entenderem os benefícios em termos de qualidade de vida ainda sofrem com gestões despreparadas. Sendo assim, os horários alternativos para executar as atividades profissionais ainda não são bem vistos – e as perspectivas disso não são as melhores”, afirma Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, HR Tech que desenvolve soluções para RH. 

A flexibilidade com relação a horários de trabalho e lazer pode contribuir diretamente com a economia local e até incentivar funcionários a serem mais produtivos, segundo os autores da pesquisa de Stanford. E poder escolher o momento ideal de exercer o ofício parece estar funcionando nos Estados Unidos, afinal, um levantamento da Federal Reserve Bank of St. Louis mostrou que a produtividade cresceu no país no segundo semestre de 2022. 

“Acredito que algumas profissões permitam essa autonomia, principalmente àquelas que podem ser adaptadas para entregas por demandas. Para outras, como aquelas que envolvem atendimento ao público, o desafio é maior. Nós realizamos um estudo que sinalizou uma percepção dos funcionários com relação ao despreparo da liderança para lidar com o trabalho home office. Isso me leva a crer que, pelo tradicionalismo ainda vivido, a resistência à prática seria enorme”, explica Prado. 

A executiva lembrou que, mesmo que as organizações estejam longe de oferecer tamanha autonomia a seus colaboradores, a flexibilidade precisa estar em pauta constantemente. “Vale lembrar que os colaboradores estão priorizando o equilíbrio entre vidas profissional e pessoal, o que já impactou 52% das empresas, conforme um estudo realizado com 220 CEOs de organizações brasileiras. A razão é o aumento das demissões voluntárias, que cresceram 70% nos primeiros meses de 2022. Portanto, para não sofrer com a perda de talentos, o RH precisa estar atento às necessidades individuais e coletivas, que incluem jornadas mais maleáveis”, conclui a CEO do Infojobs. 

Fonte: culturaenegocios


sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Como mulheres imaginam seus parceiros ou parceiras ideais? Estudo analisa

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Pesquisa com 20 mil solteiras que são heterossexuais, lésbicas ou bissexuais sugere que as mulheres mais velhas tendem a aceitar indivíduos de faixa etária mais ampla; saiba mais.

Como será que as mulheres – sejam heterossexuais, bissexuais ou lésbicas – imaginam seus parceiros ou parceiras dos sonhos? Um novo estudo avaliou isso em mais de 20 mil solteiras de 18 a 67 anos vindas de quase 150 países.

A pesquisa liderada pela Universidade de Göttingen, na Alemanha, foi conduzida por meio de um questionário online para averiguar se o cônjuge ideal das mulheres mudava conforme a faixa etária delas. Os resultados foram publicados em 26 de setembro na revista Human Nature.

Os pesquisadores da Universidade de Göttingen colaboraram com especialistas da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e da Queen’s University Belfast, na Irlanda do Norte, para analisar o questionário respondido pelas participantes, que utilizam o aplicativo de saúde feminina CLUE.

As entrevistadas (entre elas, héteros, bissexuais e lésbicas) avaliaram a importância de atributos como atratividade, bondade e apoio, segurança financeira e sucesso, bem como educação e inteligência, em seus parceiros ou parceiras. Também foram questionadas sobre a faixa etária ideal para seus pretendentes.

O papel da idade nas preferências foi minuciosamente investigado. A maioria dos gostos, incluindo a preferência por um parceiro gentil e solidário, foi consistentemente importante, independentemente da idade das mulheres.

No entanto, o estudo revelou ligações entre a idade delas e algumas preferências específicas. "O que foi especialmente interessante para nós é que, para mulheres heterossexuais até os 28 anos, a importância do parceiro ideal querer ser ou se tornar pai permaneceu igualmente alta, mas diminuiu a partir desse ponto", destaca Laura Botzet, do Departamento de Psicologia da Personalidade Biológica da Universidade de Göttingen, em comunicado.

Conforme observa Botzet, teorias evolutivas e pesquisas psicológicas sobre o "relógio biológico" teriam sugerido uma diminuição posterior na importância dada pelas mulheres a esse requisito de paternidade. Ou seja, entre os 40 e 50 anos, quando as mulheres se aproximam do fim de sua fase reprodutiva.


"Essa diminuição inesperada mais cedo pode estar relacionada a mudanças nos planos de vida, com mulheres mais jovens reavaliando metas familiares, enquanto mulheres mais velhas, que já têm filhos, priorizam diferentes aspectos de seu relacionamento", explica a pesquisadora. "O padrão variou de acordo com a orientação sexual, indicando potencialmente diferentes atitudes em relação aos próprios filhos entre os grupos."

 

Além de se importarem menos se seu parceiro ou parceria gostaria de ter filhos, as mulheres de idade mais avançada entrevistadas tendiam a preferir pessoas mais confiantes e assertivas e tendiam a aceitar companheiros ou companheiras de uma faixa etária mais velha do que a delas — porém, mostraram aceitar especialmente aqueles mais jovens que elas.


"O amor, ao que parece, não é completamente atemporal; é matizado", observa Botzet. "A idade de uma mulher está relacionada a certos aspectos do parceiro desejado, como a preferência por parceiros com intenções parentais mais fortes ou a idade ideal de um parceiro. Esses deslumbres são empolgantes porque desafiam noções convencionais de como a idade está ligada à forma como as mulheres imaginam o parceiro ou parceira dos seus sonhos".

 

Fonte: revistagalileu


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terça-feira, 21 de novembro de 2023

Cientistas comprovam eficiência de planta brasileira em vazamentos de petróleo

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Pesquisador da UFRN compartilha em artigo resultados de estudos nacionais com uso da "Calotropis procera" para absorver óleo derramado no mar.

O derramamento de petróleo é um problema ambiental gravíssimo, que pode causar danos significativos à vida marinha. Os efeitos do derramamento de óleo nesses ambientes são variados e podem afetar todos os níveis da cadeia alimentar local.

Podem, por exemplo, causar desde danos físicos a mamíferos marinhos, como sufocamento, intoxicação e perda de isolamento térmico, à contaminação de plânctons e outros organismos microscópicos. Além disso, os derramamentos de óleo podem contaminar os alimentos e o habitat dos animais, tornando-os mais vulneráveis a predadores e doenças.

Uma vez que o petróleo bruto é formado por uma mistura complexa de compostos químicos, incluindo hidrocarbonetos que apresentam compostos de diferentes efeitos tóxicos nos organismos marinhos, este quando entra em contato com o ambiente marinho passa por uma série de processos naturais que podem alterar sua composição e, consequentemente, a sua toxicidade.

Por todos esses motivos, o derramamento de petróleo no Brasil é um tipo de acidente ambiental que quase sempre tem consequências desastrosas, tanto imediatas quanto de longo prazo. Despertando, assim, a necessidade permanente de se tomar medidas para prevenir derramamentos de petróleo e principalmente mitigar seus impactos.

Técnicas de remediação de derramamentos de petróleo

Ultimamente, muitos pesquisadores vêm travando uma corrida incessante em uma busca do desenvolvendo novos materiais e técnicas para remoção e separação do petróleo da água, proveniente de derramamentos.

As quatro principais tecnologias utilizadas para remoção do petróleo em água são:

  • Difusão física: o óleo é espalhado pela água para que seja mais fácil de coletar;
  • Queima in-situ: o óleo é queimado no local do vazamento;
  • Biorremediação: micro-organismos são usados para quebrar o óleo;
  • Recuperação mecânica: o óleo é coletado com absorventes (em forma de mantas, travesseiros, barreiras e até aplicado diretamente), ou outros dispositivos.

A recuperação mecânica é, sem dúvida, a tecnologia mais comum para remoção de óleo resultante de vazamentos. Essa técnica apresenta simplicidade na aplicação e eficácia, além de não causar poluição secundária.

Entre as técnicas de recuperação mecânica, enquadra-se o uso dos materiais absorventes, que atraem o óleo e podem ser utilizados aplicando-os diretamente no derramamento de petróleo, ou empregados em forma de barreiras de contenção. Os materiais absorventes absorvem o óleo, que então pode ser removido para descarte ou até reciclado.

As vantagens da planta abundante no Brasil

Nos últimos anos, os materiais absorventes de óleo à base de fibras vegetais e resíduos agrícolas, como palha de milho, casca de arroz, serragem, fibra de algodão e fibra de sumaúma, têm recebido atenção crescente. Eles possuem as vantagens de serem de baixo custo, fácil disponibilidade, biodegradabilidade, boa eficiência e seletividade de absorção por óleo, tornando-se assim uma alternativa preferível.

Diante desse contexto, a planta brasileira Calotropis procera tem se destacado. Ela possui uma fibra natural que apresenta propriedades hidrofóbicas (aversão por água) e oleofílicas (afinidade por óleo), além de ser biodegradável, leve e de estrutura física oca. Todas essas características — aliadas ao baixo custo de produção e armazenamento — tornam a planta uma excelente alternativa como material para limpeza e remoção de petróleo em água.

A Calotropis procera é uma planta comumente conhecida como flor-cera, rosa-cera ou seringueira. Ela é um arbusto nativo da África e da Ásia, mas foi introduzida no Brasil no século 19, e é considerada invasora (erva-daninha), pois se espalha rapidamente e pode causar danos ao meio ambiente.

Essa planta produz frutos com um grande número de sementes, que germinam rapidamente, como mostrado na imagem a seguir. Isso significa que a planta pode ser cultivada de forma rápida e eficiente. Ela pode ser encontrada atualmente em diversas regiões do Brasil, mas é no Nordeste que estão estabelecidas as grandes populações dessa espécie.

Potencial comercial

Em estudo recente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a pesquisadora Larissa Sobral Hilário, em sua tese de Doutorado de título Avaliação da fibra Calotropis procera modificada para remoção de petróleo na superfície da água analisou as características da planta para remoção de óleo bruto em cenário de derramamento.

Os resultados do estudo mostraram que 1 grama da fibra é capaz de remover aproximadamente 76 gramas de petróleo. Já a fibra modificada chega a remover mais de 180 gramas de petróleo, superando os absorventes comerciais sintéticos, como as espumas de poliuretano e polipropileno, os quais ainda apresentam limitações de custo de produção e não biodegradabilidade.

Os primeiros resultados desse estudo foram publicados na revista Internacional Materials. Esse fenômeno se justifica devido a fibra de Calotropis possuir uma estrutura tubular típica com revestimento ceroso na superfície, e isso confere ótima capacidade de absorção de óleo.

Em 2020, em parceria com Larissa Hilário e outros colaboradores, publiquei o artigo Crude oil removal using Calotropis procera na revista BioResources. Nele, nós descrevemos um experimento onde a fibra natural foi modificada quimicamente e hidrotermicamente, obtendo resultados ainda melhores de remoção do petróleo e derivados na água.

O estudo também mostrou que planta é uma opção atraente para a produção em escala industrial de absorvente, por ser abundante, fácil de cultivar e produz um material com ótimas características para remoção de petróleo em água.

O grupo de pesquisa do Núcleo de Processamento Primário e Reuso de Água e resíduos da UFRN — este coordenado pelo professor Djalma Ribeiro da Silva, em setembro de 2021 — também obteve ótimos resultados com a combinação da fibra a outros produtos.

Em dezembro desse mesmo ano, foi depositado o pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para o novo material absorvente desenvolvido por esse grupo de pesquisa. Por não necessitar de muito cuidado no manejo, a Calotropis procera pode gerar grande desenvolvimento e alcance social no Nordeste, já que é encontrada com abundância nessa região.

NOTA DOS AUTORES: Fazem parte dos estudos sobre a Calotropis procera os pesquisadores Raoni Batista dos Anjos, Larissa Sobral Hilário, Djalma Ribeiro da Silva (In memoriam), Emily Cintia Tossi de Araújo Costa, Tarcila Maria Pinheiro Frota, Aécia Seleide Dantas dos Anjos, Amanda Duarte Gondim e a bacharel em química Maíra Rachel Gerônimo de França. Agradecemos especialmente ao Professor Djalma Ribeiro da Silva (In memoriam) pelo incentivo e luta incansável pela causa ambiental.

Este artigo foi originalmente publicado no site The Conversation Brasil.

Fonte: revistagalileu


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Publicidade digital movimenta R$ 16,4 bi e cresce 11% no 1º semestre de 2023, aponta pesquisa Digital AdSpend do IAB Brasil

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De acordo com o estudo, comércio (27%), serviços (13%), mídia (8%), eletrônicos (6%) e financeiro (6%) foram os cinco setores que mais investiram e equivalem a 60% de todo aporte em publicidade digital.

O IAB Brasil, associação que tem como objetivo o desenvolvimento sustentável da publicidade digital, acaba de lançar o Digital AdSpend do 1º semestre deste ano, estudo realizado em parceria com a Kantar IBOPE Media, que analisa os investimentos em mídia digital no Brasil e traz os dados deste período. De janeiro a junho de 2023, a publicidade digital registrou um crescimento de 11% em relação ao mesmo período do ano passado, movimentando R$ 16,4 bilhões no mercado brasileiro. 

Este crescimento foi alavancado pelos pequenos e médios anunciantes, que aumentaram em 13% seus investimentos e representaram 75% no share de crescimento do investimento em publicidade digital no primeiro semestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Já os top 50 anunciantes investiram 8% mais em relação ao mesmo período no ano anterior, sendo responsáveis por 25% do share de crescimento. 


“O crescimento e representatividade em share e volume de investimento de pequenos e médios anunciantes mostra o caráter democrático e acessível da publicidade digital e sua importância para a economia dessas empresas. Se somarmos essa visão à representatividade dos investimentos por setor, onde comércio tem a maior fatia, percebemos o importante papel do e-commerce neste segmento de pequenos e médios anunciantes”, aponta Cris Camargo, CEO do IAB Brasil. 

 

Segundo o relatório, 76% do total investido em publicidade digital nos primeiros seis meses do ano foram destinados aos dispositivos móveis, enquanto o desktop recebeu 24% do aporte total. Em relação aos canais, mais da metade (55%) do investimento foi direcionado às plataformas de redes sociais, seguido por search (30%), publishers e verticais (15%). Quanto aos formatos, 37% foram direcionados para vídeo, 33% para display (formatos estáticos e animados como banners, ads, posts, gifs etc.) e 30% para search (sites de busca). 

O Digital AdSpend da primeira metade deste ano também apontou para o aumento da compra de anúncios via agências de publicidade, que cresceu 15% no período, em comparação com o primeiro semestre de 2022. Este tipo de investimento representou 67% do total no período, enquanto o aporte realizado diretamente pelos anunciantes ficou em 33%. A compra feita pelos anunciantes diretos registrou alta de 5% no primeiro semestre de 2023. 


“O Digital AdSpend do primeiro semestre de 2023 apresenta dados essenciais que revelam o comportamento da indústria de publicidade digital, além dos setores, formatos e canais que estiveram em alta no período analisado e os que apresentam maior possibilidade de crescimento no futuro. Monitorar o ecossistema da publicidade digital é vital para auxiliar na tomada de decisões e no planejamento estratégico de marcas, agências e anunciantes”, afirma Viviane Vela, diretora de Agências e Anunciantes da Kantar IBOPE Media. 

 

Em relação às expectativas de investimento para o ano, o Digital AdSpend do 1º semestre deste ano traz como referência dados de estudo realizado pela Kantar IBOPE Media, que apontam que 83% dos anunciantes afirmaram que pretendem manter ou aumentar os investimentos neste ano em comparação ao ano passado, cenário que já se reflete nesse primeiro semestre de 2023. O destaque das expectativas de crescimento em investimentos foi o online vídeo: 67% dos anunciantes sustentam que devem investir mais neste formato ainda neste ano.  

Destaques setoriais 

O Digital AdSpend da primeira metade de 2023 indica que cinco setores concentram atualmente mais de 60% do investimento em publicidade digital: comércio (27,18%), serviços (13,35%), mídia (7,81%), eletrônicos e informática (5,96%) e financeiro e securitário (5,94%).  

Outros 22 setores compõem 40% do aporte total, sendo eles higiene pessoal e beleza; educação; cultura, lazer, esporte e turismo; alimentos; automotivo; bebidas; telecomunicações; vestuário e acessórios; farmacêutico; administração pública e social; saúde; imobiliário; higiene doméstica; construção e acabamento; minas e energia; casa e decoração; bens e serviços industriais; agropecuária; pet; escritório e papelaria; jogos e apostas; e brinquedos. 

Com o fim das restrições da pandemia de Covid-19, setores ligados à vida fora de casa apresentaram o maior crescimento, como beleza (+113%), automotivo (+104%), bebidas (+54%), vestuário (37%) e alimentos (+35%). Em relação ao share de investimento, nove setores econômicos destinaram mais de 50% das verbas de mídia para o digital, sendo eles vestuário (78%), eletros e informática (76%), agropecuária (67%), industrial (65%), pet (60%), comércio (59%), serviços (56%), escritório (56%) e educação (55%).  

Por outro lado, setores que dedicaram menos de 30% de suas verbas totais de mídia em digital podem representar maior potencial de crescimento futuro. No primeiro semestre de 2023, foi o caso dos setores de minas e energia (28%), construção (26%), telecomunicações (23%), saúde (20%), higiene doméstica (16%), farmacêutico (15%), administração pública (15%) e jogos e apostas (7%). 

Clique aqui para acessar o estudo completo Digital AdSpend do 1º semestre de 2023. 


Fonte: xcom / iabbrasil


sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Brasileiros criam película que preserva frutas e verduras 5 vezes mais

Imagem: reprodução

Além de proteger os alimentos, produto comestível também elevou a quantidade de compostos fenólicos, substâncias com efeitos antioxidantes.

Com o uso de uma película comestível contendo extrato de abricó, fruta abundante na região Norte do país e no Estado de Minas Gerais, pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em parceria com o Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), conseguiram estender de três para 15 dias a vida útil de maçãs e mandioquinhas minimamente processadas.

O FoRC é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).

Além da melhoria na conservação, o uso do produto elevou nos alimentos a quantidade de compostos fenólicos, que são substâncias com efeitos antioxidantes e antimicrobianos comprovados.

A película foi feita com uma combinação de pectina (carboidrato solúvel presente na parede celular de vegetais e usado para dar consistência em geleias) e glicerina (plastificante comestível que dá flexibilidade à película). Depois, foi incorporado ao material o extrato da polpa de abricó, que é rico em compostos fenólicos, como quercetina, miricetina e kaempferol.

Além de aumentar a durabilidade dos alimentos, evitando o desperdício, a película também torna os vegetais mais saudáveis para o consumidor em função da alta carga de compostos fenólicos. “São compostos estudados há muito tempo pela ciência de alimentos, que já se mostraram importantes para aumentar a longevidade e reduzir os riscos de doenças crônicas”, explica Luciana Rodrigues da Cunha, professora da Ufop e coordenadora da pesquisa. “A película ainda tem o potencial de substituir os conservantes artificiais.”

Aumento da vida útil

O desenvolvimento e os resultados da película foram descritos em artigo publicado na revista BioMed Research International. No ensaio in vitro, observou-se o sucesso das propriedades antimicrobianas dos compostos fenólicos. Quando inseridos em conjunto com bactérias patogênicas que podem contaminar alimentos, como Staphylococcus aureus e Escherichia coli, as substâncias presentes na película se mostraram capazes de reduzir a população desses microrganismos em torno de 90%.

Resultado similar foi obtido em análises feitas com dois grupos de alimentos: um grupo que recebeu a película contendo os compostos fenólicos e outro sem. “Foi observada uma redução de microrganismos menor do que a observada nos primeiros testes, embora ainda importante”, relata Cunha.

Entende-se por vegetais e frutas minimamente processados aqueles que são encontrados em supermercados já cortados, higienizados, embalados e sob refrigeração. “Por conta disso, as enzimas das células que foram rompidas no processamento passam a ter contato com o ar e a oxidar a superfície desses alimentos, o que causa uma redução dos prazos de validade em comparação aos vegetais in natura, às vezes até menores do que três dias. Isso gera um desperdício de alimentos muito grande”, comenta a professora.

Os pesquisadores consideram improvável que a película cause alterações no sabor dos alimentos. “Essa é a próxima etapa do estudo. Vamos fazer uma avaliação sensorial, um estudo para verificar se os consumidores conseguem perceber diferenças no sabor e na coloração de frutas cortadas com e sem a película. É difícil que cause alterações no sabor, porque trata-se de uma película extremamente fina. Em outros filmes comestíveis constantes na literatura, feitos de amido, por exemplo, não foram constatadas alterações significativas. Além disso, foi utilizada uma quantidade pequena de extratos da polpa da fruta, o que impede mudanças muito drásticas na coloração”, diz Cunha.

Fonte: revistagalileu


quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Comportamento e tendência para o futuro do conteúdo digital

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Parceria entre a WGSN e o TikTok indica que tendências comportamentais serão guiadas por intencionalismo, escapismo e comunidades.

O comportamento digital, sobretudo entre a Geração Z, é um dos grande focos de marcas para o direcionamento de campanhas, produtos e serviços. Ao lado da WGSN, o TikTok apresenta conceitos que deverão guiar as novas tendências comportamentais na produção e consumo de conteúdo digital nos próximos anos.

“Quando falamos de tendências, existe um estudo de pessoas e comportamentos”, apontou Lilian Otuka, head de research & insights do TikTok para a América Latina durante evento realizado na terça-feira (23). Os hábitos de uso dos usuários do TikTok são centrados em conteúdos com fins de entretenimento. Este, segundo a head, tornou-se uma forma chave de se conectar com as pessoas de uma maneira mais fácil, diminuindo os atritos ao passar mensagens.

Os criadores de conteúdo tem o mérito neste sentido. Com grande relevância e consonância, eles são capazes de criar comunidades por meio da democratização de acesso e curadoria de conteúdo. “Quando temos um criador de conteúdo, temos uma relação mais profunda, horizontalizada”, ressaltou Lilian. Ainda que a América Latina ainda esteja em processo de digitalização, jovens da região almejam a criação de conteúdo como profissão e acesso a novas oportunidades na creator economy.

Neste sentido, a head endossou que a nova era das redes sociais tem o conteúdo como epicentro da busca por comunidades. É através dele que os usuários buscam por afinidades mútuas, conexões com relevância e laços potentes. Não mais agentes de disseminação, eles atuam como moderadores de comunidades – estas de extrema relevância para o lançamento de tendências, uma vez que criam subculturas e ditam determinadas culturas populares.

Com a tecnologia servindo como meio, e não fim, as gerações atuais buscam nela uma identificação com seus valores e, assim, maior intencionalidade. O levantamento mostra que o consumo de conteúdo agora é mais consciente. Ou seja, leva em consideração o impacto que tem em questões ligadas ao bem-estar, saúde e produtividade. É preciso pontuar, ainda, a tecnologia como ferramenta para estar atento a causas socioambientais.

Ademais, o caráter alienante do entretenimento perde a força. No conteúdo, mora a possibilidade de novas vias de acesso a futuros melhores. Ampliando o conhecimento, ele contribui para crescimento pessoal e profissional. Os temas abordados pelas comunidades são inúmeros: vão desde saúde, nutrição e beleza, até dicas para entrevistas de emprego, finanças e empreendedorismo, entre tantos outros.

Em terceiro lugar, o escapismo entra como um sintoma do que a América Latina vem passando nos últimos anos, dada a pandemia e diversas crises. O desdobramento desse contexto, que agora transita entre o mundo real e o on-line, exibe a criação gradativa de novos significados para a identidade. Com o phygital ganhando força, destaca-se aquele que contribua para a criação de um futuro aspiracional diferente.

O potencial do conteúdo para as marcas

Assim como os creators, as marcas têm parcela importante de contribuição no digital. Segundo a colaboração, não basta apenas fornecer entretenimento de qualidade. É preciso sair do local de soberania e adentrar as comunidades de maneira mais respeitosa, em consonância com os valores dos indivíduos e seguindo limites relacionados à saúde mental e à individualidade, por exemplo.

Além disso, elas podem pegar carona com os criadores de conteúdo. A parceria entre as duas partes em diversos canais deve seguir a liberdade criativa e ser pautada na confiança. O estudo ressalta que essa é uma via de mão dupla. Do outro lado, deve haver cada vez mais a profissionalização dos creators para estreitar laços com as marcas e até mesmo com a própria comunidade.


Fonte: meioemensagem


sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Maior estudo genético do cérebro descobre como ele é organizado; entenda

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A partir da análise de 36 mil ressonâncias magnéticas, pesquisadores conseguiram chegar a algumas conclusões sobre como as estruturas cerebrais estão interligadas geneticamente.

Extremamente complexo, o cérebro é responsável por comandar todo o funcionamento do corpo. Suas características físicas, como volume total, formato e grossura de suas dobras, variam de pessoa para pessoa.

Até agora, os cientistas sabiam muito pouco sobre como a composição genética impacta no desenvolvimento dessas estruturas. Mas essa percepção começou a mudar com um novo estudo, publicado na quinta-feira (17) na revista Nature Genetics.

Conduzido por especialistas do Centro de Pesquisa do Autismo da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, trata-se do maior levantamento já feito sobre a genética do cérebro humano. A partir da avaliação de cerca de 36 mil varreduras, foi possível identificar mais de 4 mil variantes ligadas à estrutura cerebral.

As ressonâncias magnéticas correspondem a uma amostragem de 32 mil adultos do acervo da Biobank e 4 mil crianças do estudo de desenvolvimento cognitivo-cerebral (ABCD) dos EUA. A partir dessas varreduras, os pesquisadores mediram as propriedades de área e volume da camada mais externa do cérebro, o córtex, além de verificar o formato de suas dobras.


Ao redor de todo o cérebro é possível observar dobras de diferentes grossuras
— Foto: Cecília Bastos/USP - reprodução

Com essas propriedades identificadas, os investigadores conseguiram estabelecer vínculos entre as características observadas e as 180 regiões individuais do córtex. Isso permitiu que fosse possível confirmar e, em alguns casos, notar pela primeira vez a forma como as estruturas cerebrais estão geneticamente ligadas umas às outras.


“Queríamos saber se os mesmos genes que estão ligados ao tamanho do córtex – medidos tanto em volume quanto em área – também estão ligados às suas dobraduras”, aponta Varun Warrier, um dos líderes da pesquisa, em nota à imprensa. “Ao medir essas diferentes propriedades e vinculá-las à genética, descobrimos que diferentes conjuntos de genes contribuem para a formatação do cérebro.”

 

A equipe verificou ainda se esses mesmos genes são responsáveis pelos quadros clínicos em que o tamanho da cabeça é muito maior ou menor que a média da população em geral, condições conhecidas como “cefálicas”.

Embora tenham atestado que os genes ligados a diferenças no tamanho do cérebro na população em geral se sobrepõem àqueles implicados em condições cefálicas, não foi possível concluir como exatamente esses genes levam às alterações.

“Este trabalho mostra que a forma como nosso cérebro se desenvolve é parcialmente genética. Nossas descobertas podem ser usadas para entender como as mudanças na forma e no tamanho do cérebro podem levar a condições neurológicas e psiquiátricas, potencialmente levando a um melhor tratamento e suporte para aqueles que precisam”, conclui Warrier.


Fonte: revistagalileu


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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

OMS atualiza definição sobre o que é uma dieta saudável

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Nos últimos dias, a Organização Mundial de Saúde (OMS) atualizou a quantidade de determinados macronutrientes dentro de uma dieta saudável, capaz de impactar a expectativa de vida. Considerando as últimas evidências científicas, foram modificadas as orientações para o consumo de carboidratos, fibras e gorduras, incluindo as gorduras totais, saturadas e trans.

Em nota, a OMS explica que as novas orientações para uma dieta saudável têm como princípio melhorar a prevenção de doenças não transmissíveis relacionadas com a dieta, como diabetes tipo 2, problemas no coração e alguns cânceres. Além disso, as recomendações devem evitar o ganho de peso considerado não saudável.

Gorduras em uma dieta saudável

Pensando na inclusão de gorduras dentro de uma dieta saudável, a OMS reforça a importância do controle da quantidade, mas também da qualidade. Por dia, um adulto deve limitar a ingestão total de gordura a 30% da ingestão total de energia. Em uma dieta de 2 mil calorias, são no máximo 600 calorias provenientes de gorduras.


OMS limita a quantidade de gorduras dentro de uma dieta saudável - Imagem: Armando
Ascorve Morales/Unsplash - reprodução

Agora, avaliando a qualidade dessa gordura, a maior porcentagem deve ser dos ácidos graxos insaturados, ou seja, das gorduras boas — aquelas presentes em sementes, frutas (abacate), peixes e azeite de oliva. Enquanto isso, as gorduras saturadas devem ser no máximo 10% da quantidade total, e as trans não devem passar de 1%.

Aqui, vale mencionar que os ácidos graxos saturados são encontrados em carnes gordurosas, laticínios, manteiga ou mesmo óleo de coco. Já as gorduras trans estão presentes em alimentos normalmente assados ​​e fritos, como salgadinhos. Sempre que possível, é válido trocar essas opções por grãos integrais, vegetais, frutas e leguminosas.

Quanto de carboidrato e fibras comer por dia?

Para a OMS, a quantidade diária de carboidrato de uma dieta saudável deve ser obtida, prioritariamente, através de grãos integrais, vegetais, frutas e leguminosas. Para isso, adultos podem considerar o consumo diário de pelo menos 400 gramas de vegetais e frutas, além de 25 gramas provenientes de fibras dietéticas naturais. Isso pode ser feito com o consumo de verduras, como agrião, alface, rúcula e espinafre.


OMS estipula quantidade mínima de carboidratos e fibras que devem ser consumidos
diariamente - Imagem: Pressmaster/Envato - reprodução

De modo geral, dietas com mais fibras reduzem o risco de câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal. No Brasil, a incidência desse tipo de tumor tem aumentado nos últimos anos.

Mais recomendações da OMS

Além das novas diretrizes, a OMS mantém as outras recomendações dentro do que define como uma dieta saudável. Por exemplo, o açúcar de adição deve ser limitado a 10% do total de calorias diárias, ou seja, não deve ultrapassar os 50 gramas em uma dieta padrão de 2 mil calorias. Neste ano, os adoçantes deixaram de ser recomendados para a população em geral, exceto para pacientes com diabetes.

O consumo de sal e, consequentemente, de sódio também devem ser limitados. Conforme estipula a OMS, pessoas adultas devem consumir menos de 5 g de sal por dia, o equivalente a 2 g diárias de sódio.

Fonte: OMS / via canaltech



sexta-feira, 11 de agosto de 2023

DENÚNCIA! Após censura, cientista faz levantamento inédito de pesquisas brasileiras que expõem impacto dos agrotóxicos na saúde

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Pesquisadora foi perseguida após experimento que contestou dose segura de agrotóxicos. Levantamento reúne 51 estudos brasileiros dos últimos seis anos que trazem evidências sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde humana.

Quando foi convidada, em 2019, a colaborar em uma pesquisa de um colega da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a imunologista e pesquisadora científica do Instituto Butantan Mônica Lopes Ferreira não fazia ideia das barreiras que seriam impostas à divulgação da descoberta feita em seu experimento: a de que não há dose segura de agrotóxicos

Conhecida pela sua expertise em trabalhar com zebrafish – espécie de peixe cujo DNA é 70% similar ao material genético do ser humano –, ela foi contatada por um pesquisador da Fiocruz para submeter embriões de peixes à exposição de 10 tipos de agrotóxicos. “Quando ele me procurou, encarei, naquele momento, como sendo mais uma amostra que eu ia testar”.

Porém, o resultado não foi exatamente o esperado pelo colega. Segundo Ferreira, ele não quis dar publicidade ao achado, e também não autorizou a submissão dos dados para publicação. O que aconteceu foi que a dose considerada “segura” pelos órgãos de controle, causou mortalidade nos embriões de peixes. Quando diluída até mil vezes em água, os embriões apresentaram anomalias.

As substâncias submetidas ao teste foram glifosato, malationa, abamectina, acefato, alfacipermetrina, bendiocarb, carbofurano, diazinon, etofenprox e piriproxifem. Por serem usadas em larga escala no país, o resultado do experimento causou alvoroço.

Essa história coincidiu com o momento em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estava fazendo alterações na classificação dos agrotóxicos, também em 2019. Muitos dos produtos antes considerados como “extremamente tóxicos” pela agência foram rebaixados para categorias menos rigorosas. O então diretor da Anvisa, Renato Porto, e a então ministra da Agricultura, Tereza Cristina, chegaram a dar entrevistas contestando o experimento da imunologista.   

O herbicida glifosato foi um dos agrotóxicos que teve a classificação de toxicidade reduzida pela Anvisa, embora àquela altura fosse um dos produtos classificados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) como substância provavelmente carcinogênica para humanos; ou seja, capaz de provocar câncer. O Glifosato 480 Agripec, por exemplo, que até então era considerado pela Anvisa “extremamente tóxico” foi reclassificado para “produto improvável de causar dano”. Outra resolução, de 2020, reforçou a manutenção do uso de glifosato em agrotóxicos no país. 

De acordo com o painel de monografias de agrotóxicos da Anvisa – ferramenta que permite acesso a informações atualizadas sobre os ingredientes ativos de agrotóxicos em uso no Brasil –,  a aplicação de produtos à base de glifosato é permitida em 67 culturas, entre elas arroz, feijão, batata doce e mandioca. A mesma situação ocorre com o inseticida malationa e outros produtos.    

A própria Anvisa havia publicado, em 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff, uma nota alertando sobre a classificação carcinogênica de cinco substâncias, entre elas a malationa, a diaziona e o glifosato. Na época, a agência havia se comprometido a verificar os resultados dos estudos e a fazer novas avaliações sobre o uso desses ingredientes. 

A Bayer, gigante alemã responsável pela produção do Roundup, principal herbicida fabricado à base de glifosato, é alvo de uma ação movida por um casal em São Francisco, na Califórnia, que afirma ter desenvolvido câncer do sistema linfático depois de ter usado o produto por anos. A Monsanto, que criou a formulação do herbicida e o lançou mundialmente em 1974, foi condenada a pagar R$ 289 milhões ao zelador de uma escola, também na Califórnia. O homem desenvolveu câncer após entrar em contato com a substância. O veredito saiu em 2018 – ano em que a Monsanto foi comprada pela Bayer.   

Censura é respondida com ciência

Menos de um mês após divulgar o resultado do seu experimento, Mônica Lopes Ferreira recebeu um comunicado do Comitê de Ética Animal do Butantan dando conta de que ela estaria suspensa por seis meses sem direito de defesa – o que implicaria em não tocar mais os seus projetos. A justificativa foi a de que a cientista não teria submetido o experimento ao comitê, o que seria proibido. 

Segundo Ferreira, porém, não havia necessidade de submissão naquele caso porque o trabalho não havia envolvido animais, mas, sim, embriões com até 96 horas após a fertilização. “Só pode ser considerado animal a partir de 120 horas após a fertilização”, explica. 

A cientista conseguiu reverter a decisão do comitê por meio de uma liminar na Justiça. Mas outros fatos ocorreram na sequência, como o cancelamento de convites para determinados eventos, a perda do cargo de diretora do Laboratório Especial de Toxinologia Aplicada do Butantan e a abertura de um procedimento administrativo pelo instituto,  vinculado à secretaria estadual da Saúde de São Paulo.


Trecho da liminar - Imagem: reprodução


A pesquisadora afirma que “a única forma que conhece de se manifestar é produzindo ciência”. Por isso, decidiu fazer, com a colaboração de oito colegas do Butantan, uma revisão sistemática de dezenas de estudos publicados por cientistas e produzidos a partir de 27 instituições públicas brasileiras que revelam os impactos dos agrotóxicos na saúde humana. O trabalho, intitulado “Os impactos dos agrotóxicos na saúde humana nos últimos seis anos no Brasil” foi publicado em março deste ano no International Journal of Environmental Research and Public Health – uma revista científica de pesquisa ambiental e saúde pública, de acesso aberto e revisada por pares. O artigo se debruça sobre 51 estudos que foram publicados em revistas científicas.


“A revisão é para dizer que é possível trabalhar com agrotóxicos dentro das instituições brasileiras, não há problema nisso. Nós não podemos ser perseguidos, precisamos ter liberdade para trabalhar com temas tão importantes para o Brasil”, explica Ferreira.

 

A cientista e seus colegas identificaram inicialmente 4.141 artigos produzidos no Brasil. Mas alguns critérios de corte foram estabelecidos para reduzir o número de pesquisas que seriam revisadas. Um deles foi o tempo de publicação, de 2015 a 2021. “Escolhi publicações dos últimos seis anos, quando houve uma avalanche de agrotóxicos sendo liberados.” 

Os artigos foram coletados das bases de dados PubMed, Scopus, Scielo e Web of Science. As buscas foram feitas por meio de palavras-chave como “pesticidas”, “humanos” e “Brasil”. No primeiro filtro, 381 artigos duplicados foram excluídos. Na sequência, dois revisores fizeram um estudo duplo-cego (quando os autores não sabem quem são os revisores) e selecionaram, de forma independente, títulos, termos de indexação e resumos para identificar artigos relevantes para possível inclusão. As discrepâncias foram resolvidas por um terceiro revisor. 

Em uma segunda rodada de seleção, os artigos foram lidos de forma independente por dois revisores que usaram como critérios de inclusão pesquisas desenvolvidas no Brasil envolvendo agrotóxicos, artigos em inglês ou português e pesquisas envolvendo estudos diretos em humanos ou células humanas expostas a pesticidas, incluindo relatos de casos. Os artigos que não se enquadraram nesses critérios foram excluídos.

A partir daí, foram revisados estudos de caso e dados transversais e experimentais de relatos de intoxicação em humanos em decorrência de causas ocupacionais, ambientais e acidentais. Os estudos experimentais correspondem a 76,5% dos trabalhos revisados. Além de Ferreira, assinam a revisão Adolfo Luis Almeida Maleski, Leticia Balan Lima, Jefferson Thiago Gonçalves Bernardo, Lucas Marques Hipolito, Ana Carolina Seni-Silva, João Batista-Filho, Maria Alice Pimentel Falcão e Carla Lima.

A maior parte dos estudos selecionados pela revisão são de áreas que concentram a produção de commodities agrícolas, sendo quase metade deles do Sul (46%) e 28% do Sudeste. 

Um dos apontamentos feitos pela revisão é de que os agrotóxicos não são usados apenas em culturas como a soja, o milho e o tabaco, mas estão presentes em várias outras como laranja, café, flores, banana, uva, ameixa, tomate, caqui, maçã, pêssego, morango, kiwi e vegetais.


Os agrotóxicos mais citados nos estudos foram inseticidas, herbicidas e fungicidas. Os artigos revelam mais de 20 efeitos decorrentes da exposição aos agroquímicos

Os agrotóxicos mais citados nos estudos foram inseticidas, herbicidas e fungicidas. Os artigos revelam mais de 20 efeitos decorrentes da exposição aos agroquímicos, indo desde reações agudas na pele e no sistema respiratório até doenças crônicas, incluindo anormalidades hematológicas (fatores de coagulação), infertilidade, abortos espontâneos, malformações fetais, doenças neurológicas e câncer. Mecanismos subjacentes a esses efeitos, como ações genotóxicas (alteração do DNA), neurotóxicas (nas terminações nervosas) e desreguladoras do sistema endócrino também foram detectados pelos cientistas brasileiros.

Além de apontar que o uso de agrotóxicos na agricultura está diretamente ligado à saúde humana, Mônica Ferreira e seus colegas esperam que os resultados dos artigos possam ajudar a “direcionar políticas de redução do uso dos produtos químicos e de proteção à saúde da população”. 

Outro lado

Procurados através das suas assessorias de imprensa, Fiocruz, Butantan e Anvisa responderam dias depois da publicação da reportagem.

A Fiocruz afirmou que a análise feita por Monica Ferreira era destinada a compor um relatório para o Ministério da Saúde. “Em relação aos resultados gerados pela pesquisadora citada, os mesmos não foram utilizados na medida em que os dados brutos não foram disponibilizados até a presente data”, diz a nota, que informa que o relatório foi concluído a partir de resultados gerados “por outro colaborador”. 

Já o Instituto Butantan afirmou que a análise sobre agrotóxicos foi de inteira responsabilidade de Monica Ferreira e que não avaliza os trabalhos científicos realizados de forma independente por seus pesquisadores. Sobre a investigação, o órgão público comentou que “à época, a diretoria do instituto, sob risco de ser acusada de prevaricação, iniciou uma averiguação preliminar, sem qualquer efeito acusatório, para analisar as circunstâncias da realização do estudo que foi atribuído ao Butantan por um veículo de notícias, sem que os canais da instituição competentes fossem informados oficialmente de sua existência”. A nota afirma ainda que “não houve nenhum tipo de ‘retaliação’ a quem quer que seja”.

Questionado sobre os impeditivos de se pesquisar os impactos dos agrotóxicos na saúde dentro da instituição, o Butantan afirmou que não faz parte das suas atribuições “a realização de pesquisas de agrotóxicos” e que “não existe estrutura que permita a realização das referidas pesquisas na instituição”.

A Anvisa informou que decidiu pela manutenção do glifosato no país, mas com mudanças na forma de uso para o produto, “com vistas à proteção dos trabalhadores rurais”. Para a agência, as evidências científicas existentes até o momento “não indicam que o glifosato cause efeitos à saúde humana que sejam considerados proibitivos para manter o produto”.

*A reportagem foi atualizada no dia 28 de julho às 11h49 para contemplar os posicionamentos de Fiocruz, Butantan e Anvisa.

"Os impactos dos agrotóxicos na saúde humana nos últimos seis anos no Brasil"

  • Revisão de 51 estudos publicados por cientistas brasileiros nos últimos seis anos e produzidos a partir de instituições públicas que revelam os impactos dos agrotóxicos na saúde humana.
  • Pesquisadores: Monica Lopes-Ferreira, Adolfo Luis Almeida Maleski , Leticia Balan-Lima, Jefferson Thiago Gonçalves Bernardo, Lucas Marques Hipolito, Ana Carolina Seni-Silva, João Batista-Filho, Maria Alice Pimentel Falcão, Carla Lima.
  • Pelo menos 46,2% dos estudos que entraram na revisão foram feitos na região Sul e 28,8% na região Sudeste. Os demais são de instituições das regiões Nordeste e Centro-Oeste.
  • Os agrotóxicos mais citados nos estudos foram inseticidas, herbicidas e fungicidas.
  • Os artigos revelam mais de 20 efeitos tóxicos e doenças crônicas decorrentes da exposição aos agroquímicos, principalmente em trabalhadores rurais.
  • Os pesquisadores que contribuíram com a maioria das publicações são de áreas que concentram complexos de commodities agrícolas.
  • Um dos apontamentos feitos pela revisão é de que os agrotóxicos não são usados apenas em commodities como a soja, o milho e o tabaco, mas estão presentes em várias outras culturas como: laranja, café, flores, banana, uva, ameixa, tomate, caqui, maçã, pêssego, morango, kiwi e vegetais.
  • Os resultados vão desde reações agudas na pele e no sistema respiratório até doenças crônicas, incluindo anormalidades hematológicas (fatores de coagulação), infertilidade, abortos espontâneos, malformações fetais, doenças neurológicas e câncer. Mecanismos subjacentes a esses efeitos, como ações genotóxicas (alteração do DNA), neurotóxicas (que atua nas terminações nervosas) e desreguladoras do sistema endócrino (hormonal), também foram detectados pelos cientistas brasileiros.


Fonte: ojoiodotrigo

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