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sexta-feira, 5 de abril de 2024

Brasileiros confiam mais nas empresas do que nas inovações

Imagem: reprodução

Edição de 2024 da Edelman Trust Barometer mostra que a população vê as companhias mais capazes de gerar inovação do que ONGs, a mídia e o governo.

As pessoas são mais propensas a confiar nas empresas e em diferentes setores econômicos do que na inovação que eles são capazes de gerar. Essa é uma das principais conclusões extraídas da pesquisa Edelman Trust Barometer 2024.

O estudo ouviu mais de 32 mil pessoas, em 28 diferentes países – entre eles, o Brasil – com a proposta de identificar a percepção da sociedade em relação ao avanço das tecnologias e inovações.

De forma geral, a Edelman detectou disparidade entre a confiança nas empresas e nas inovações que já foram criadas. No Brasil, por exemplo, 79% dos entrevistados acreditam que as empresas de tecnologia são confiáveis. Porém, somente 53% dizem confiar na inteligência artificial.

Uma relação semelhante foi registrada em relação às empresas de saúde: 70% confiam nos negócios dessas companhias, mas somente 56% confiam nos desdobramentos da medicina genética.

A maior diferença entre os entrevistados do Brasil foi registrada no segmento de alimentos e bebidas. Entre os pesquisados, 75% confiam nas empresas desse setor, enquanto apenas 31% confiariam em experimentar alimentos geneticamente modificados.

Quem é mais confiável para implementar as inovações na sociedade?

A Edelman Trust Barometer 2024 também avaliou a percepção da sociedade em relação às instituições responsáveis por implementar as inovações.

Nesse quesito, as empresas aparecem como as mais confiáveis, sendo citadas por 63% como a instituição mais confiável. As organizações não-governamentais (ONGs) aparecem na sequência, com 52% de confiança. A mídia vem em seguida, com 36% de confiança.

Entre os brasileiros, 56% avaliam que os reguladores do governo não entendem sobre inovação de forma adequada e que, portanto, não são capazes de regulá-las de maneira efetiva.

Confiança em relação à ciência no Brasil

A pesquisa também apontou que a maior parte da população brasileira acredita que o governo e as organizações que financiam as pesquisas acabam tendo muito influência na forma como a ciência é trabalhada e difundida.

Em relação a esse assunto, ainda, 57% se mostram preocupados ao notar que a ciência acabou se tornando um tema politizado no Brasil.

Os cientistas ainda são a classe de quem mais se espera a implementação de inovações (82%). Na sequência, foram citados os acadêmicos e os especialistas técnicos, ambos com 75% das citações.

O poder das empresas de implementar a inovação

Entre os entrevistados brasileiros, a maior parte (55%) confiam que as empresas são capazes de gerar inovação com base na tecnologia se atuarem em conjunto com o governo. Em 2015, esse percentual era 49%.

Já globalmente, foram 65% o percentual de entrevistados que acreditam que as empresas são capazes de promover inovação se atuarem em conjunto com os governos.


Fonte: meioemensagem


Estudo sabotado por Bolsonaro revela contaminação por mercúrio de indígenas Yanomami

 

Foto: reprodução

Garimpo contaminou 100% dos indígenas em nove aldeias; pesquisador da Fiocruz lembra 'manobra' da Funai bolsonarista.

Um estudo da Fiocruz que o governo Jair Bolsonaro (PL) tentou sabotar foi disponibilizado na quinta-feira (4) e revelou uma clara associação entre garimpo ilegal e contaminação por mercúrio na Terra Indígena (TI) Yanomami. A situação atinge principalmente mulheres grávidas e crianças. 

"Estamos diante de uma tragédia. Não tem outra palavra para definir. E essa tragédia tem múltiplos impactos que se estendem por distintas áreas da vida dos povos tradicionais", disse ao Brasil de Fato o médico Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz.

Entre os impactos estão índices alarmantes de anemia, malária e desnutrição crônica, sobretudo em gestantes e crianças. O mercúrio usado na separação do ouro foi encontrado em 100% dos quase 300 indígenas examinados, com maior índice de contaminação em aldeias próximas a garimpos. 

"Nos casos graves de exposição crônica ao mercúrio, muitas vezes a mãe não consegue levar a gravidez até o final, sofrendo abortos de repetição. Quando ela consegue dar à luz e está com altos níveis de mercúrio, a criança pode nascer com deformidades congênitas, síndromes genéticas diferentes, paralisia cerebral, entre outros problemas", revela o pesquisador. 

O estudo também constatou:

  • Apenas 15,5% das crianças com vacinas em dia 
  • Desnutrição aguda em mais da metade de menores de 11 anos
  • Anemia em 25% das crianças até 11 anos
  • Mais de 80% tiveram malária pelo menos uma vez, com média de três contaminações por pessoa.
  • 80% das crianças com déficit de altura, indicando desnutrição crônica 

QI de crianças abaixo da média 

Paulo Basta explicou que o metal pesado passa pela placenta da mãe para o bebê. Crianças Yanomami que nasceram aparentemente saudáveis apresentam desenvolvimento intelectual comprometido.

"Quando uma mulher gestante come um peixe contaminado, o mercúrio é absorvido no trato gastrointestinal, cai na corrente sanguínea, é distribuído por todo o corpo e, por intermédio da placenta, chega até o feto que está em desenvolvimento", explicou Paulo Basta. 

Teste adaptados à cultura dos indígenas indicaram que o Quociente de inteligência (QI) médio das crianças foi de 68, abaixo do valor médio geral previsto em testes deste tipo, que é 100. Segundo o estudo, muitas dessas crianças apresentaram inteligência considerada limítrofe, mediana ou inferior. Em uma das aldeias, apenas uma criança apresentou QI mediano. 

"A criança que tem atrasos nos marcos do neurodesenvolvimento vai, por exemplo, demorar a sentar, a sustentar a cabecinha, a engatinhar, a dar os primeiros passos, a falar as primeiras palavras. Ela não vai brincar do mesmo jeito que as outras crianças brincam, vai ter dificuldade de aprendizado, vai receber bilhetinhos do professor dizendo que não está seguindo as orientações na escola", exemplifica o médico da Fiocruz. 

Governo Bolsonaro tentou interditar pesquisa 

A pesquisa liderada pelo Fiocruz foi realizada em outubro de 2022 com indígenas Yanomami do subgrupo Ninam. Equipes formadas por médicos, biólogos e geógrafos visitaram nove aldeias no Alto Rio Mucajaí, uma áreas mais afetadas pelo garimpo ilegal.  

Um ano antes, em outubro de 2021, os pesquisadores solicitaram autorização para ingressar na TI Yanomami, mas foram barrados pela Funai. A justificativa do órgão indigenista foi a pandemia de covid-19, embora a equipe integrada por nove médicos estivesse lá para atuar justamente na área da saúde. 

"Foi uma manobra política clara de sabotagem que prejudicou nosso trabalho e inviabilizou a avaliação da população naquele momento", avaliou Paulo Basta.

O médico da Fiocruz diz que negativa da Funai causou indignação e frustração na equipe, que já estava mobilizada para ingressar na TI Yanomami. Segundo ele, é possível que os dados fossem ainda mais graves se a pesquisa fosse realizada dentro do calendário original.

"Com o fim do do decreto da pandemia, em abril de 2022, nós ingressamos novamente com um pedido. E aí a Funai não teve como negar novamente", lembrou.

Desde janeiro de 2023, uma força tarefa interministerial afirmou ter expulsado 65% dos invasores, mas 7 mil garimpeiros seguem no território, muitos ligados a facções criminosas. O governo federal também criou um centro de operações voltado ao território e instituiu uma casa de governo em Boa Vista (RR).

"Crianças nascem sem braços", diz líder Yanomami

Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, disse ao Brasil de Fato que, os garimpeiros continuam a invadir a terra indígena, embora reconheça mudanças entre os governos Bolsonaro e Lula.

"O novo governo [Lula] pegou a situação [da TI Yanomami] com muitos problemas. Tinha muitas doenças, muito garimpo. O governo queria proteger a população Yanomami, principalmente as crianças, principalmente eliminar o garimpo ilegal. Então isso ele não conseguiu fazer", avaliou Dário. 

Kopenawa diz que o garimpo ilegal não só prejudica a saúde, mas também causa problemas sociais graves, como aumento do alcoolismo, prostituição e violência. Os jovens Yanomami são atraídos pelos garimpeiros com oferta de álcool, armas e celulares, comprometendo a coesão cultural e social das comunidades.

"As crianças nascem sem braços, já está acontecendo isso. As mulheres estão com problema de infecção urinária e outros sintomas. [O garimpo] está afetando os problemas de cabeça, neurológicos, que estão [deixando os indígenas] meio perturbados. Outras crianças já morreram", narra Dário Kopenawa.

Efeitos do mercúrio não sumirão com os invasores 

Todos os 287 indígenas testados tinham mercúrio no organismo: 84% tinham níveis de contaminação acima de 2 microgramas e quase 11% apresentaram mais de 6 microgramas, índice considerado alto que requer atenção especial e investigação complementar.

Atualmente a região onde ocorreu o estudo serve como reduto de garimpeiros armados que desafiam a operação de expulsão liderada pelo governo federal, que começou em janeiro de 2023, mas até agora não conseguiu concluir a retirada dos invasores. 

"Se hoje nenhuma gota de mercúrio for despejada na terra Yanomami, nós teremos que manejar todos esses efeitos por pelo menos um século. Ele pode permanecer no ambiente sob diferentes formas por até 100 anos", explica Basta. 

O estudo é intitulado Impacto do mercúrio em áreas protegidas e povos da floresta na Amazônia: uma abordagem integrada saúde-ambiente. Os trabalhos foram conduzidos pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), que contou com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA).

Trabalho ininterrupto, diz Ministério dos Povos Indígenas 

Em comunicado enviado ao Brasil de Fato no início de março, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) declarou que o Ibama atua ininterruptamente na TI Yanomami desde fevereiro de 2023.

"As principais linhas de ação para acabar com o garimpo ilegal são o bloqueio do fluxo de suprimentos para a mineração ilegal (combustível, alimentos, peças de reposição etc.), com o objetivo de inviabilizar a permanência dos garimpeiros e a apreensão e destruição da infraestrutura para mineração ilegal (aeronaves, motores, barcos, acampamentos, equipamentos etc.), com o objetivo de descapitalizar e incapacitar os infratores", disse o MPI. 

Por Murilo Pajolla


Fonte: brasildefato



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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Dieta pouco saudável aumenta o risco de desenvolver depressão; entenda

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Pesquisador de universidade espanhola explica o que a ciência já sabe sobre a relação entre alimentação e saúde mental,

Há alguns anos, a prevalência de transtornos depressivos vem aumentando em todo o mundo e representa um problema crescente de saúde pública. De acordo com estimativas recentes, 4% (cerca de 280 milhões de pessoas) da população mundial antes da pandemia sofria de alguma forma de transtorno depressivo, excedendo em muito os números registrados em 1990 (3%, ≈180 milhões). Além disso, com a pandemia, pelo menos 53 milhões de casos adicionais de depressão grave foram adicionados a esse contingente.

Esses transtornos depressivos podem ter um impacto significativo no bem-estar geral, prejudicando o funcionamento físico e psicossocial dos indivíduos.

Existe uma solução e podemos reduzir esses números? É claro que diminuir o ritmo acelerado da vida, combater o estresse, evitar o isolamento social ou promover o contato com a natureza pode ajudar. Entretanto, há outro fator que geralmente não levamos em conta quando pensamos em prevenir a depressão: a dieta.

O que é uma dieta inflamatória e como ela se relaciona com a depressão?

Nos últimos anos, os comportamentos relacionados ao estilo de vida, como a dieta, têm recebido atenção especial como estratégias viáveis para prevenir a depressão. Mas será que temos clareza sobre qual dieta é adequada e qual não é para o nosso humor?

A adoção cada vez maior de hábitos alimentares não saudáveis (e sedentários) criou um desafio global em grande escala que perturba o equilíbrio energético e o acesso a alimentos naturais, que têm sido importantes fontes de nutrientes saudáveis ao longo da história humana. Estou me referindo a frutas, nozes, legumes e grãos integrais. Isso nos afastou de um dos padrões alimentares ideais para a saúde mais comprovados cientificamente: a dieta mediterrânea, que faz parte de uma tradição culinária intercultural milenar.

Em vez disso, tendemos a adotar dietas inadequadas, nas quais abusamos de alimentos ultraprocessados com altos níveis de sódio, açúcares adicionados e gorduras trans. Com um grande perigo, a ingestão excessiva desses alimentos faz com que nosso sistema imunológico inato libere citocinas pró-inflamatórias que, entre outras coisas, aumentam a incidência de certos tipos de câncer, síndrome metabólica, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas e depressão.

Uma resposta inflamatória normal no corpo humano é caracterizada por um aumento temporariamente restrito da atividade inflamatória quando há uma ameaça, que se resolve quando a ameaça passa. Por outro lado, quando adotamos regularmente hábitos alimentares não saudáveis, sofremos de inflamação sistêmica crônica de baixo grau, o que leva a alterações significativas em todos os tecidos e órgãos e, por fim, aumenta o risco de várias doenças não transmissíveis.

A probabilidade de desenvolver depressão dobra

Para confirmar se existe uma relação direta entre a adesão a um padrão alimentar pró-inflamatório e o risco de desenvolver depressão, realizamos um estudo longitudinal com 3.206 idosos espanhóis sem depressão no início, avaliando a influência da dieta durante 3 anos de acompanhamento. Calculamos o potencial inflamatório da dieta a partir do Índice Dietético Inflamatório, um algoritmo de pontuação baseado no impacto de diferentes parâmetros dietéticos (alimentos, nutrientes e outros componentes de compostos bioativos) em seis biomarcadores inflamatórios (proteína C-reativa, interleucina-6, interleucina-1β, interleucina-4, interleucina-10 e fator de necrose tumoral-α).

Assim, pudemos determinar que aqueles que aderiram a uma dieta pró-inflamatória baseada na alta ingestão de carboidratos, gorduras trans, gorduras saturadas e colesterol relataram uma maior incidência de depressão durante o estudo de acompanhamento. Especificamente, os participantes da dieta mais inflamatória tinham duas vezes mais probabilidade de desenvolver depressão do que os participantes de uma dieta anti-inflamatória baseada na ingestão regular de diferentes nutrientes e componentes bioativos, como fibras alimentares, vitaminas A, D e E, ácidos graxos ômega-3, betacaroteno, zinco, magnésio e selênio. Todos esses parâmetros dietéticos estão presentes em alimentos como frutas, verduras, legumes, ervilhas, nozes, peixes, frutos do mar e grãos integrais, entre outros.

Embora sejam necessárias mais pesquisas durante a vida adulta para tirar conclusões mais sólidas, esses resultados indicam que os hábitos alimentares podem influenciar significativamente a saúde mental dos adultos mais velhos. E que seria bom começarmos a considerar a dieta como um elemento modificável que poderia ter um impacto positivo na prevenção da depressão.

Por Bruno Bizzozero Peroni - pesquisador de pós-doutorado do Centro de Estudos Sociosanitários da Universidade de Castilla-La Mancha. Este texto foi originalmente publicado em espanhol no site The Conversation.


Fonte: revistagalileu


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Brasileiros desvendam via molecular que atua no controle do envelhecimento

Imagem: reprodução

Pesquisadores da Unicamp demonstraram que, quando o processo de transferência de RNA entre células de diferentes tecidos está desregulado, a longevidade do organismo é reduzida.

Uma das formas pelas quais células de diferentes tecidos se comunicam é por meio da troca de moléculas de RNA. Em experimentos com vermes da espécie Caenorhabditis elegans, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) observaram que, quando essa via de comunicação está desregulada, a longevidade do organismo é reduzida. O achado, divulgado na revista Gene, traz uma nova compreensão sobre o processo de envelhecimento e as doenças associadas.

“Estudos anteriores já haviam demonstrado que alguns tipos de RNA podem ser transferidos de uma célula para outra, mediando uma comunicação intertecidual – assim como ocorre com proteínas e metabólitos, por exemplo. Isso é considerado um mecanismo de sinalização entre órgãos ou entre células vizinhas e participa de processos de várias doenças [fisiopatologia] e do funcionamento normal do organismo. O que não estava claro até agora e conseguimos provar foi que alterações no padrão dessa ‘conversa’ que ocorre por meio das moléculas de RNA podem afetar o envelhecimento”, afirma o professor do Instituto de Biologia da Unicamp Marcelo Mori, coautor do artigo.

O trabalho foi feito no âmbito do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Unicamp. A investigação também contou com financiamento por meio de um projeto coordenado por Mori.

“Esse mecanismo de comunicação precisa estar bem ajustado para conferir ao organismo um tempo de vida adequado. Observamos no estudo que, se porventura algum tecido aumenta a sua capacidade de absorver alguns tipos de RNA do meio extracelular [de fora da célula], isso acaba tendo um impacto na longevidade do organismo”, diz.

Segundo Mori, foi possível demonstrar que a redução no tempo de vida ocorreu não apenas pela perturbação na comunicação via RNA entre tecidos de um mesmo organismo, mas também pelo aumento da capacidade de captação de RNAs oriundos do ambiente – provenientes de bactérias da microbiota, por exemplo. Os pesquisadores criaram a alcunha de InExS (sigla em inglês para desequilíbrio de RNA sistêmico intercelular/extracelular) para se referir à desregulação na transferência de RNAs entre tecidos e também com o meio exógeno.

Quebrando as regras

O pesquisador conta que a investigação sobre o mecanismo de transporte de RNA entre células foi inspirada pela descoberta do fenômeno de RNA de interferência (RNAi), que rendeu o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina aos cientistas norte-americanos Andrew Fire e Craig Mello em 2006. Em seus experimentos, eles conseguiram, usando o RNA de interferência, "desligar" genes de forma precisa.

Ao injetar um RNA dupla fita no C. elegans, os vencedores do Nobel conseguiam silenciar genes. “E observaram que o mecanismo de silenciamento afetava genes em outros tecidos, não apenas onde houve a aplicação, e era transmitido para gerações seguintes”, relata Mori.

Além de possibilitar a elucidação dos mecanismos pelos quais ocorre a transferência de RNAs entre células de um organismo e entre o organismo e o ambiente, a descoberta do RNAi relativizou um dogma central da biologia molecular. Até então, acreditava-se que o fluxo de informações do código genético seria uma via de mão única, partindo do DNA, passando pelo RNA e culminando em proteínas.

No estudo ganhador do Nobel, descobriu-se que moléculas de RNA dupla fita conseguem impedir esse processo que vai do DNA à proteína. O RNAi destrói o RNA mensageiro, silenciando genes específicos sem precisar alterar a sequência do DNA. Ficou claro então que o RNA também pode ter uma função regulatória sobre o genoma.

Vale lembrar que o genoma humano consiste em aproximadamente 30 mil genes. No entanto, apenas uma pequena fração deles é usada em cada célula para sintetizar proteínas. Grande parte exerce papel regulatório (afetando a expressão de outros genes).

Equilíbrio é tudo

“Queríamos entender como esse processo poderia interferir nas funções fisiológicas importantes relacionadas ao envelhecimento. Em C. elegans, essa transferência de RNA entre células foi caracterizada por uma via que envolve proteínas denominadas SID [responsáveis por diferentes estágios de absorção e exportação de RNAs]. Observamos que existia um padrão de expressão gênica dessa via em tecidos específicos, que mudava ao longo do envelhecimento. O RNA mensageiro que codifica a proteína SID-1 [fundamental para fazer a internalização do RNA para dentro das células], por exemplo, aumentava em alguns tecidos, enquanto diminuía em outros”, diz Mori.

Para entender melhor o papel dos RNAs como moléculas sinalizadoras intertecidos, os pesquisadores realizaram experimentos em que a função da proteína SID-1 foi modificada em tecidos específicos de C. elegans, como células neuronais, do intestino e musculares. Para isso, eles manipularam a expressão da proteína nesses tecidos.

“Observamos que os mutantes com perda de função da SID-1 eram tão saudáveis quanto os vermes do tipo selvagem. No entanto, a superexpressão de SID-1 no intestino, músculo ou neurônios tornava a vida dos vermes mais curta. A redução do tempo de vida também foi observada pela superexpressão de outras proteínas da via de transporte de RNAs, como SID-2 e SID-5", diz.

O pesquisador explica que a desregulação pode estar justamente na distribuição do RNA para os tecidos. "Para desregular a distribuição de RNAs no corpo dos vermes, aumentamos a expressão de SID-1 em tecidos específicos [intestino, músculo ou neurônios]. Com isso, observamos que a canalização para um órgão específico leva à redução da longevidade", conta.

"Mostramos também que esse desbalanço na transferência de RNAs acarreta a perda de função da via de produção de microRNAs [pequenas moléculas de RNA com função regulatória]. É como se o fato de um número maior de RNAs transportado para esses tecidos gerasse uma espécie de competição e a produção de microRNAs acabasse perdendo a disputa. Já havia sido demonstrado que a perda da função na produção de microRNAs leva a uma diminuição do tempo de vida”, completa.

O grupo da Unicamp também investigou a relação da transferência de RNAs exógenos, ou seja, entre o ambiente e o organismo. Como nos experimentos anteriores, a superexpressão de SID-2, que capta RNAs do ambiente pelo intestino, e o excesso de RNAs produzidos por bactérias que servem como fonte alimentar e microbiota para os vermes resultaram no encurtamento do tempo de vida.

"Acreditamos que os RNAs exógenos podem ser usados pelos vermes para monitorar os microrganismos do ambiente, mas, quando em excesso e sendo captados pelos tecidos, podem levar a um efeito deletério. Quando forçamos as bactérias, em laboratório, a expressar mais RNAs dupla fita, houve uma redução no tempo de vida dos vermes. Esse processo que envolve uma transferência excessiva de RNA interfere na homeostase e na produção de RNAs endógenos, acelerando o envelhecimento", completa.

Fonte: revistagalileu


terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Brasil está preparado para home office em horário alternativo?

Foto: reprodução

Prática comum nos Estados Unidos pode ajudar a fomentar a economia local e aumentar a produtividade.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford apontou que  o número de pessoas praticando golfe de segunda a sexta-feira na parte da tarde aumentou 83% desde 2019. Os economistas responsáveis pelo estudo acreditam que é reflexo dos “novos” modelos de trabalho contribuindo para que americanos aproveitem o horário comercial para resolver burocracias e apostar em um estilo de vida mais ativo. Mas afinal, no Brasil, a prática de home office em horário alternativo é aceitável? Como o mercado de trabalho enxerga a flexibilidade quanto a cumprimento de horário? 

Em pesquisa recente realizada pelo Infojobs e Grupo TopRH, 85,3%  dos participantes afirmam que aceitariam uma proposta de trabalho que tivesse mais dias remotos. Apesar disso, o maior jobsite do país registra apenas 2,7% de vagas desse modelo. Os estados mais adeptos são São Paulo (54,8%), Rio de Janeiro (9,6%) e Rio Grande do Sul (7,9%).

“O mercado ainda não está totalmente adaptado às mudanças que a sociedade passou nos últimos anos. Oportunidades nem sempre alinhadas aos objetivos e, ouso dizer, necessidades dos talentos, é a prova disso. Mesmo empresas que oferecem o home office por entenderem os benefícios em termos de qualidade de vida ainda sofrem com gestões despreparadas. Sendo assim, os horários alternativos para executar as atividades profissionais ainda não são bem vistos – e as perspectivas disso não são as melhores”, afirma Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, HR Tech que desenvolve soluções para RH. 

A flexibilidade com relação a horários de trabalho e lazer pode contribuir diretamente com a economia local e até incentivar funcionários a serem mais produtivos, segundo os autores da pesquisa de Stanford. E poder escolher o momento ideal de exercer o ofício parece estar funcionando nos Estados Unidos, afinal, um levantamento da Federal Reserve Bank of St. Louis mostrou que a produtividade cresceu no país no segundo semestre de 2022. 

“Acredito que algumas profissões permitam essa autonomia, principalmente àquelas que podem ser adaptadas para entregas por demandas. Para outras, como aquelas que envolvem atendimento ao público, o desafio é maior. Nós realizamos um estudo que sinalizou uma percepção dos funcionários com relação ao despreparo da liderança para lidar com o trabalho home office. Isso me leva a crer que, pelo tradicionalismo ainda vivido, a resistência à prática seria enorme”, explica Prado. 

A executiva lembrou que, mesmo que as organizações estejam longe de oferecer tamanha autonomia a seus colaboradores, a flexibilidade precisa estar em pauta constantemente. “Vale lembrar que os colaboradores estão priorizando o equilíbrio entre vidas profissional e pessoal, o que já impactou 52% das empresas, conforme um estudo realizado com 220 CEOs de organizações brasileiras. A razão é o aumento das demissões voluntárias, que cresceram 70% nos primeiros meses de 2022. Portanto, para não sofrer com a perda de talentos, o RH precisa estar atento às necessidades individuais e coletivas, que incluem jornadas mais maleáveis”, conclui a CEO do Infojobs. 

Fonte: culturaenegocios


sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Como mulheres imaginam seus parceiros ou parceiras ideais? Estudo analisa

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Pesquisa com 20 mil solteiras que são heterossexuais, lésbicas ou bissexuais sugere que as mulheres mais velhas tendem a aceitar indivíduos de faixa etária mais ampla; saiba mais.

Como será que as mulheres – sejam heterossexuais, bissexuais ou lésbicas – imaginam seus parceiros ou parceiras dos sonhos? Um novo estudo avaliou isso em mais de 20 mil solteiras de 18 a 67 anos vindas de quase 150 países.

A pesquisa liderada pela Universidade de Göttingen, na Alemanha, foi conduzida por meio de um questionário online para averiguar se o cônjuge ideal das mulheres mudava conforme a faixa etária delas. Os resultados foram publicados em 26 de setembro na revista Human Nature.

Os pesquisadores da Universidade de Göttingen colaboraram com especialistas da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e da Queen’s University Belfast, na Irlanda do Norte, para analisar o questionário respondido pelas participantes, que utilizam o aplicativo de saúde feminina CLUE.

As entrevistadas (entre elas, héteros, bissexuais e lésbicas) avaliaram a importância de atributos como atratividade, bondade e apoio, segurança financeira e sucesso, bem como educação e inteligência, em seus parceiros ou parceiras. Também foram questionadas sobre a faixa etária ideal para seus pretendentes.

O papel da idade nas preferências foi minuciosamente investigado. A maioria dos gostos, incluindo a preferência por um parceiro gentil e solidário, foi consistentemente importante, independentemente da idade das mulheres.

No entanto, o estudo revelou ligações entre a idade delas e algumas preferências específicas. "O que foi especialmente interessante para nós é que, para mulheres heterossexuais até os 28 anos, a importância do parceiro ideal querer ser ou se tornar pai permaneceu igualmente alta, mas diminuiu a partir desse ponto", destaca Laura Botzet, do Departamento de Psicologia da Personalidade Biológica da Universidade de Göttingen, em comunicado.

Conforme observa Botzet, teorias evolutivas e pesquisas psicológicas sobre o "relógio biológico" teriam sugerido uma diminuição posterior na importância dada pelas mulheres a esse requisito de paternidade. Ou seja, entre os 40 e 50 anos, quando as mulheres se aproximam do fim de sua fase reprodutiva.


"Essa diminuição inesperada mais cedo pode estar relacionada a mudanças nos planos de vida, com mulheres mais jovens reavaliando metas familiares, enquanto mulheres mais velhas, que já têm filhos, priorizam diferentes aspectos de seu relacionamento", explica a pesquisadora. "O padrão variou de acordo com a orientação sexual, indicando potencialmente diferentes atitudes em relação aos próprios filhos entre os grupos."

 

Além de se importarem menos se seu parceiro ou parceria gostaria de ter filhos, as mulheres de idade mais avançada entrevistadas tendiam a preferir pessoas mais confiantes e assertivas e tendiam a aceitar companheiros ou companheiras de uma faixa etária mais velha do que a delas — porém, mostraram aceitar especialmente aqueles mais jovens que elas.


"O amor, ao que parece, não é completamente atemporal; é matizado", observa Botzet. "A idade de uma mulher está relacionada a certos aspectos do parceiro desejado, como a preferência por parceiros com intenções parentais mais fortes ou a idade ideal de um parceiro. Esses deslumbres são empolgantes porque desafiam noções convencionais de como a idade está ligada à forma como as mulheres imaginam o parceiro ou parceira dos seus sonhos".

 

Fonte: revistagalileu


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terça-feira, 21 de novembro de 2023

Cientistas comprovam eficiência de planta brasileira em vazamentos de petróleo

Imagem: reprodução

Pesquisador da UFRN compartilha em artigo resultados de estudos nacionais com uso da "Calotropis procera" para absorver óleo derramado no mar.

O derramamento de petróleo é um problema ambiental gravíssimo, que pode causar danos significativos à vida marinha. Os efeitos do derramamento de óleo nesses ambientes são variados e podem afetar todos os níveis da cadeia alimentar local.

Podem, por exemplo, causar desde danos físicos a mamíferos marinhos, como sufocamento, intoxicação e perda de isolamento térmico, à contaminação de plânctons e outros organismos microscópicos. Além disso, os derramamentos de óleo podem contaminar os alimentos e o habitat dos animais, tornando-os mais vulneráveis a predadores e doenças.

Uma vez que o petróleo bruto é formado por uma mistura complexa de compostos químicos, incluindo hidrocarbonetos que apresentam compostos de diferentes efeitos tóxicos nos organismos marinhos, este quando entra em contato com o ambiente marinho passa por uma série de processos naturais que podem alterar sua composição e, consequentemente, a sua toxicidade.

Por todos esses motivos, o derramamento de petróleo no Brasil é um tipo de acidente ambiental que quase sempre tem consequências desastrosas, tanto imediatas quanto de longo prazo. Despertando, assim, a necessidade permanente de se tomar medidas para prevenir derramamentos de petróleo e principalmente mitigar seus impactos.

Técnicas de remediação de derramamentos de petróleo

Ultimamente, muitos pesquisadores vêm travando uma corrida incessante em uma busca do desenvolvendo novos materiais e técnicas para remoção e separação do petróleo da água, proveniente de derramamentos.

As quatro principais tecnologias utilizadas para remoção do petróleo em água são:

  • Difusão física: o óleo é espalhado pela água para que seja mais fácil de coletar;
  • Queima in-situ: o óleo é queimado no local do vazamento;
  • Biorremediação: micro-organismos são usados para quebrar o óleo;
  • Recuperação mecânica: o óleo é coletado com absorventes (em forma de mantas, travesseiros, barreiras e até aplicado diretamente), ou outros dispositivos.

A recuperação mecânica é, sem dúvida, a tecnologia mais comum para remoção de óleo resultante de vazamentos. Essa técnica apresenta simplicidade na aplicação e eficácia, além de não causar poluição secundária.

Entre as técnicas de recuperação mecânica, enquadra-se o uso dos materiais absorventes, que atraem o óleo e podem ser utilizados aplicando-os diretamente no derramamento de petróleo, ou empregados em forma de barreiras de contenção. Os materiais absorventes absorvem o óleo, que então pode ser removido para descarte ou até reciclado.

As vantagens da planta abundante no Brasil

Nos últimos anos, os materiais absorventes de óleo à base de fibras vegetais e resíduos agrícolas, como palha de milho, casca de arroz, serragem, fibra de algodão e fibra de sumaúma, têm recebido atenção crescente. Eles possuem as vantagens de serem de baixo custo, fácil disponibilidade, biodegradabilidade, boa eficiência e seletividade de absorção por óleo, tornando-se assim uma alternativa preferível.

Diante desse contexto, a planta brasileira Calotropis procera tem se destacado. Ela possui uma fibra natural que apresenta propriedades hidrofóbicas (aversão por água) e oleofílicas (afinidade por óleo), além de ser biodegradável, leve e de estrutura física oca. Todas essas características — aliadas ao baixo custo de produção e armazenamento — tornam a planta uma excelente alternativa como material para limpeza e remoção de petróleo em água.

A Calotropis procera é uma planta comumente conhecida como flor-cera, rosa-cera ou seringueira. Ela é um arbusto nativo da África e da Ásia, mas foi introduzida no Brasil no século 19, e é considerada invasora (erva-daninha), pois se espalha rapidamente e pode causar danos ao meio ambiente.

Essa planta produz frutos com um grande número de sementes, que germinam rapidamente, como mostrado na imagem a seguir. Isso significa que a planta pode ser cultivada de forma rápida e eficiente. Ela pode ser encontrada atualmente em diversas regiões do Brasil, mas é no Nordeste que estão estabelecidas as grandes populações dessa espécie.

Potencial comercial

Em estudo recente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a pesquisadora Larissa Sobral Hilário, em sua tese de Doutorado de título Avaliação da fibra Calotropis procera modificada para remoção de petróleo na superfície da água analisou as características da planta para remoção de óleo bruto em cenário de derramamento.

Os resultados do estudo mostraram que 1 grama da fibra é capaz de remover aproximadamente 76 gramas de petróleo. Já a fibra modificada chega a remover mais de 180 gramas de petróleo, superando os absorventes comerciais sintéticos, como as espumas de poliuretano e polipropileno, os quais ainda apresentam limitações de custo de produção e não biodegradabilidade.

Os primeiros resultados desse estudo foram publicados na revista Internacional Materials. Esse fenômeno se justifica devido a fibra de Calotropis possuir uma estrutura tubular típica com revestimento ceroso na superfície, e isso confere ótima capacidade de absorção de óleo.

Em 2020, em parceria com Larissa Hilário e outros colaboradores, publiquei o artigo Crude oil removal using Calotropis procera na revista BioResources. Nele, nós descrevemos um experimento onde a fibra natural foi modificada quimicamente e hidrotermicamente, obtendo resultados ainda melhores de remoção do petróleo e derivados na água.

O estudo também mostrou que planta é uma opção atraente para a produção em escala industrial de absorvente, por ser abundante, fácil de cultivar e produz um material com ótimas características para remoção de petróleo em água.

O grupo de pesquisa do Núcleo de Processamento Primário e Reuso de Água e resíduos da UFRN — este coordenado pelo professor Djalma Ribeiro da Silva, em setembro de 2021 — também obteve ótimos resultados com a combinação da fibra a outros produtos.

Em dezembro desse mesmo ano, foi depositado o pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para o novo material absorvente desenvolvido por esse grupo de pesquisa. Por não necessitar de muito cuidado no manejo, a Calotropis procera pode gerar grande desenvolvimento e alcance social no Nordeste, já que é encontrada com abundância nessa região.

NOTA DOS AUTORES: Fazem parte dos estudos sobre a Calotropis procera os pesquisadores Raoni Batista dos Anjos, Larissa Sobral Hilário, Djalma Ribeiro da Silva (In memoriam), Emily Cintia Tossi de Araújo Costa, Tarcila Maria Pinheiro Frota, Aécia Seleide Dantas dos Anjos, Amanda Duarte Gondim e a bacharel em química Maíra Rachel Gerônimo de França. Agradecemos especialmente ao Professor Djalma Ribeiro da Silva (In memoriam) pelo incentivo e luta incansável pela causa ambiental.

Este artigo foi originalmente publicado no site The Conversation Brasil.

Fonte: revistagalileu


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Publicidade digital movimenta R$ 16,4 bi e cresce 11% no 1º semestre de 2023, aponta pesquisa Digital AdSpend do IAB Brasil

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De acordo com o estudo, comércio (27%), serviços (13%), mídia (8%), eletrônicos (6%) e financeiro (6%) foram os cinco setores que mais investiram e equivalem a 60% de todo aporte em publicidade digital.

O IAB Brasil, associação que tem como objetivo o desenvolvimento sustentável da publicidade digital, acaba de lançar o Digital AdSpend do 1º semestre deste ano, estudo realizado em parceria com a Kantar IBOPE Media, que analisa os investimentos em mídia digital no Brasil e traz os dados deste período. De janeiro a junho de 2023, a publicidade digital registrou um crescimento de 11% em relação ao mesmo período do ano passado, movimentando R$ 16,4 bilhões no mercado brasileiro. 

Este crescimento foi alavancado pelos pequenos e médios anunciantes, que aumentaram em 13% seus investimentos e representaram 75% no share de crescimento do investimento em publicidade digital no primeiro semestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Já os top 50 anunciantes investiram 8% mais em relação ao mesmo período no ano anterior, sendo responsáveis por 25% do share de crescimento. 


“O crescimento e representatividade em share e volume de investimento de pequenos e médios anunciantes mostra o caráter democrático e acessível da publicidade digital e sua importância para a economia dessas empresas. Se somarmos essa visão à representatividade dos investimentos por setor, onde comércio tem a maior fatia, percebemos o importante papel do e-commerce neste segmento de pequenos e médios anunciantes”, aponta Cris Camargo, CEO do IAB Brasil. 

 

Segundo o relatório, 76% do total investido em publicidade digital nos primeiros seis meses do ano foram destinados aos dispositivos móveis, enquanto o desktop recebeu 24% do aporte total. Em relação aos canais, mais da metade (55%) do investimento foi direcionado às plataformas de redes sociais, seguido por search (30%), publishers e verticais (15%). Quanto aos formatos, 37% foram direcionados para vídeo, 33% para display (formatos estáticos e animados como banners, ads, posts, gifs etc.) e 30% para search (sites de busca). 

O Digital AdSpend da primeira metade deste ano também apontou para o aumento da compra de anúncios via agências de publicidade, que cresceu 15% no período, em comparação com o primeiro semestre de 2022. Este tipo de investimento representou 67% do total no período, enquanto o aporte realizado diretamente pelos anunciantes ficou em 33%. A compra feita pelos anunciantes diretos registrou alta de 5% no primeiro semestre de 2023. 


“O Digital AdSpend do primeiro semestre de 2023 apresenta dados essenciais que revelam o comportamento da indústria de publicidade digital, além dos setores, formatos e canais que estiveram em alta no período analisado e os que apresentam maior possibilidade de crescimento no futuro. Monitorar o ecossistema da publicidade digital é vital para auxiliar na tomada de decisões e no planejamento estratégico de marcas, agências e anunciantes”, afirma Viviane Vela, diretora de Agências e Anunciantes da Kantar IBOPE Media. 

 

Em relação às expectativas de investimento para o ano, o Digital AdSpend do 1º semestre deste ano traz como referência dados de estudo realizado pela Kantar IBOPE Media, que apontam que 83% dos anunciantes afirmaram que pretendem manter ou aumentar os investimentos neste ano em comparação ao ano passado, cenário que já se reflete nesse primeiro semestre de 2023. O destaque das expectativas de crescimento em investimentos foi o online vídeo: 67% dos anunciantes sustentam que devem investir mais neste formato ainda neste ano.  

Destaques setoriais 

O Digital AdSpend da primeira metade de 2023 indica que cinco setores concentram atualmente mais de 60% do investimento em publicidade digital: comércio (27,18%), serviços (13,35%), mídia (7,81%), eletrônicos e informática (5,96%) e financeiro e securitário (5,94%).  

Outros 22 setores compõem 40% do aporte total, sendo eles higiene pessoal e beleza; educação; cultura, lazer, esporte e turismo; alimentos; automotivo; bebidas; telecomunicações; vestuário e acessórios; farmacêutico; administração pública e social; saúde; imobiliário; higiene doméstica; construção e acabamento; minas e energia; casa e decoração; bens e serviços industriais; agropecuária; pet; escritório e papelaria; jogos e apostas; e brinquedos. 

Com o fim das restrições da pandemia de Covid-19, setores ligados à vida fora de casa apresentaram o maior crescimento, como beleza (+113%), automotivo (+104%), bebidas (+54%), vestuário (37%) e alimentos (+35%). Em relação ao share de investimento, nove setores econômicos destinaram mais de 50% das verbas de mídia para o digital, sendo eles vestuário (78%), eletros e informática (76%), agropecuária (67%), industrial (65%), pet (60%), comércio (59%), serviços (56%), escritório (56%) e educação (55%).  

Por outro lado, setores que dedicaram menos de 30% de suas verbas totais de mídia em digital podem representar maior potencial de crescimento futuro. No primeiro semestre de 2023, foi o caso dos setores de minas e energia (28%), construção (26%), telecomunicações (23%), saúde (20%), higiene doméstica (16%), farmacêutico (15%), administração pública (15%) e jogos e apostas (7%). 

Clique aqui para acessar o estudo completo Digital AdSpend do 1º semestre de 2023. 


Fonte: xcom / iabbrasil


sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Brasileiros criam película que preserva frutas e verduras 5 vezes mais

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Além de proteger os alimentos, produto comestível também elevou a quantidade de compostos fenólicos, substâncias com efeitos antioxidantes.

Com o uso de uma película comestível contendo extrato de abricó, fruta abundante na região Norte do país e no Estado de Minas Gerais, pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), em parceria com o Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), conseguiram estender de três para 15 dias a vida útil de maçãs e mandioquinhas minimamente processadas.

O FoRC é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).

Além da melhoria na conservação, o uso do produto elevou nos alimentos a quantidade de compostos fenólicos, que são substâncias com efeitos antioxidantes e antimicrobianos comprovados.

A película foi feita com uma combinação de pectina (carboidrato solúvel presente na parede celular de vegetais e usado para dar consistência em geleias) e glicerina (plastificante comestível que dá flexibilidade à película). Depois, foi incorporado ao material o extrato da polpa de abricó, que é rico em compostos fenólicos, como quercetina, miricetina e kaempferol.

Além de aumentar a durabilidade dos alimentos, evitando o desperdício, a película também torna os vegetais mais saudáveis para o consumidor em função da alta carga de compostos fenólicos. “São compostos estudados há muito tempo pela ciência de alimentos, que já se mostraram importantes para aumentar a longevidade e reduzir os riscos de doenças crônicas”, explica Luciana Rodrigues da Cunha, professora da Ufop e coordenadora da pesquisa. “A película ainda tem o potencial de substituir os conservantes artificiais.”

Aumento da vida útil

O desenvolvimento e os resultados da película foram descritos em artigo publicado na revista BioMed Research International. No ensaio in vitro, observou-se o sucesso das propriedades antimicrobianas dos compostos fenólicos. Quando inseridos em conjunto com bactérias patogênicas que podem contaminar alimentos, como Staphylococcus aureus e Escherichia coli, as substâncias presentes na película se mostraram capazes de reduzir a população desses microrganismos em torno de 90%.

Resultado similar foi obtido em análises feitas com dois grupos de alimentos: um grupo que recebeu a película contendo os compostos fenólicos e outro sem. “Foi observada uma redução de microrganismos menor do que a observada nos primeiros testes, embora ainda importante”, relata Cunha.

Entende-se por vegetais e frutas minimamente processados aqueles que são encontrados em supermercados já cortados, higienizados, embalados e sob refrigeração. “Por conta disso, as enzimas das células que foram rompidas no processamento passam a ter contato com o ar e a oxidar a superfície desses alimentos, o que causa uma redução dos prazos de validade em comparação aos vegetais in natura, às vezes até menores do que três dias. Isso gera um desperdício de alimentos muito grande”, comenta a professora.

Os pesquisadores consideram improvável que a película cause alterações no sabor dos alimentos. “Essa é a próxima etapa do estudo. Vamos fazer uma avaliação sensorial, um estudo para verificar se os consumidores conseguem perceber diferenças no sabor e na coloração de frutas cortadas com e sem a película. É difícil que cause alterações no sabor, porque trata-se de uma película extremamente fina. Em outros filmes comestíveis constantes na literatura, feitos de amido, por exemplo, não foram constatadas alterações significativas. Além disso, foi utilizada uma quantidade pequena de extratos da polpa da fruta, o que impede mudanças muito drásticas na coloração”, diz Cunha.

Fonte: revistagalileu


quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Comportamento e tendência para o futuro do conteúdo digital

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Parceria entre a WGSN e o TikTok indica que tendências comportamentais serão guiadas por intencionalismo, escapismo e comunidades.

O comportamento digital, sobretudo entre a Geração Z, é um dos grande focos de marcas para o direcionamento de campanhas, produtos e serviços. Ao lado da WGSN, o TikTok apresenta conceitos que deverão guiar as novas tendências comportamentais na produção e consumo de conteúdo digital nos próximos anos.

“Quando falamos de tendências, existe um estudo de pessoas e comportamentos”, apontou Lilian Otuka, head de research & insights do TikTok para a América Latina durante evento realizado na terça-feira (23). Os hábitos de uso dos usuários do TikTok são centrados em conteúdos com fins de entretenimento. Este, segundo a head, tornou-se uma forma chave de se conectar com as pessoas de uma maneira mais fácil, diminuindo os atritos ao passar mensagens.

Os criadores de conteúdo tem o mérito neste sentido. Com grande relevância e consonância, eles são capazes de criar comunidades por meio da democratização de acesso e curadoria de conteúdo. “Quando temos um criador de conteúdo, temos uma relação mais profunda, horizontalizada”, ressaltou Lilian. Ainda que a América Latina ainda esteja em processo de digitalização, jovens da região almejam a criação de conteúdo como profissão e acesso a novas oportunidades na creator economy.

Neste sentido, a head endossou que a nova era das redes sociais tem o conteúdo como epicentro da busca por comunidades. É através dele que os usuários buscam por afinidades mútuas, conexões com relevância e laços potentes. Não mais agentes de disseminação, eles atuam como moderadores de comunidades – estas de extrema relevância para o lançamento de tendências, uma vez que criam subculturas e ditam determinadas culturas populares.

Com a tecnologia servindo como meio, e não fim, as gerações atuais buscam nela uma identificação com seus valores e, assim, maior intencionalidade. O levantamento mostra que o consumo de conteúdo agora é mais consciente. Ou seja, leva em consideração o impacto que tem em questões ligadas ao bem-estar, saúde e produtividade. É preciso pontuar, ainda, a tecnologia como ferramenta para estar atento a causas socioambientais.

Ademais, o caráter alienante do entretenimento perde a força. No conteúdo, mora a possibilidade de novas vias de acesso a futuros melhores. Ampliando o conhecimento, ele contribui para crescimento pessoal e profissional. Os temas abordados pelas comunidades são inúmeros: vão desde saúde, nutrição e beleza, até dicas para entrevistas de emprego, finanças e empreendedorismo, entre tantos outros.

Em terceiro lugar, o escapismo entra como um sintoma do que a América Latina vem passando nos últimos anos, dada a pandemia e diversas crises. O desdobramento desse contexto, que agora transita entre o mundo real e o on-line, exibe a criação gradativa de novos significados para a identidade. Com o phygital ganhando força, destaca-se aquele que contribua para a criação de um futuro aspiracional diferente.

O potencial do conteúdo para as marcas

Assim como os creators, as marcas têm parcela importante de contribuição no digital. Segundo a colaboração, não basta apenas fornecer entretenimento de qualidade. É preciso sair do local de soberania e adentrar as comunidades de maneira mais respeitosa, em consonância com os valores dos indivíduos e seguindo limites relacionados à saúde mental e à individualidade, por exemplo.

Além disso, elas podem pegar carona com os criadores de conteúdo. A parceria entre as duas partes em diversos canais deve seguir a liberdade criativa e ser pautada na confiança. O estudo ressalta que essa é uma via de mão dupla. Do outro lado, deve haver cada vez mais a profissionalização dos creators para estreitar laços com as marcas e até mesmo com a própria comunidade.


Fonte: meioemensagem


sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Maior estudo genético do cérebro descobre como ele é organizado; entenda

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A partir da análise de 36 mil ressonâncias magnéticas, pesquisadores conseguiram chegar a algumas conclusões sobre como as estruturas cerebrais estão interligadas geneticamente.

Extremamente complexo, o cérebro é responsável por comandar todo o funcionamento do corpo. Suas características físicas, como volume total, formato e grossura de suas dobras, variam de pessoa para pessoa.

Até agora, os cientistas sabiam muito pouco sobre como a composição genética impacta no desenvolvimento dessas estruturas. Mas essa percepção começou a mudar com um novo estudo, publicado na quinta-feira (17) na revista Nature Genetics.

Conduzido por especialistas do Centro de Pesquisa do Autismo da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, trata-se do maior levantamento já feito sobre a genética do cérebro humano. A partir da avaliação de cerca de 36 mil varreduras, foi possível identificar mais de 4 mil variantes ligadas à estrutura cerebral.

As ressonâncias magnéticas correspondem a uma amostragem de 32 mil adultos do acervo da Biobank e 4 mil crianças do estudo de desenvolvimento cognitivo-cerebral (ABCD) dos EUA. A partir dessas varreduras, os pesquisadores mediram as propriedades de área e volume da camada mais externa do cérebro, o córtex, além de verificar o formato de suas dobras.


Ao redor de todo o cérebro é possível observar dobras de diferentes grossuras
— Foto: Cecília Bastos/USP - reprodução

Com essas propriedades identificadas, os investigadores conseguiram estabelecer vínculos entre as características observadas e as 180 regiões individuais do córtex. Isso permitiu que fosse possível confirmar e, em alguns casos, notar pela primeira vez a forma como as estruturas cerebrais estão geneticamente ligadas umas às outras.


“Queríamos saber se os mesmos genes que estão ligados ao tamanho do córtex – medidos tanto em volume quanto em área – também estão ligados às suas dobraduras”, aponta Varun Warrier, um dos líderes da pesquisa, em nota à imprensa. “Ao medir essas diferentes propriedades e vinculá-las à genética, descobrimos que diferentes conjuntos de genes contribuem para a formatação do cérebro.”

 

A equipe verificou ainda se esses mesmos genes são responsáveis pelos quadros clínicos em que o tamanho da cabeça é muito maior ou menor que a média da população em geral, condições conhecidas como “cefálicas”.

Embora tenham atestado que os genes ligados a diferenças no tamanho do cérebro na população em geral se sobrepõem àqueles implicados em condições cefálicas, não foi possível concluir como exatamente esses genes levam às alterações.

“Este trabalho mostra que a forma como nosso cérebro se desenvolve é parcialmente genética. Nossas descobertas podem ser usadas para entender como as mudanças na forma e no tamanho do cérebro podem levar a condições neurológicas e psiquiátricas, potencialmente levando a um melhor tratamento e suporte para aqueles que precisam”, conclui Warrier.


Fonte: revistagalileu


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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

OMS atualiza definição sobre o que é uma dieta saudável

Foto: reprodução
Nos últimos dias, a Organização Mundial de Saúde (OMS) atualizou a quantidade de determinados macronutrientes dentro de uma dieta saudável, capaz de impactar a expectativa de vida. Considerando as últimas evidências científicas, foram modificadas as orientações para o consumo de carboidratos, fibras e gorduras, incluindo as gorduras totais, saturadas e trans.

Em nota, a OMS explica que as novas orientações para uma dieta saudável têm como princípio melhorar a prevenção de doenças não transmissíveis relacionadas com a dieta, como diabetes tipo 2, problemas no coração e alguns cânceres. Além disso, as recomendações devem evitar o ganho de peso considerado não saudável.

Gorduras em uma dieta saudável

Pensando na inclusão de gorduras dentro de uma dieta saudável, a OMS reforça a importância do controle da quantidade, mas também da qualidade. Por dia, um adulto deve limitar a ingestão total de gordura a 30% da ingestão total de energia. Em uma dieta de 2 mil calorias, são no máximo 600 calorias provenientes de gorduras.


OMS limita a quantidade de gorduras dentro de uma dieta saudável - Imagem: Armando
Ascorve Morales/Unsplash - reprodução

Agora, avaliando a qualidade dessa gordura, a maior porcentagem deve ser dos ácidos graxos insaturados, ou seja, das gorduras boas — aquelas presentes em sementes, frutas (abacate), peixes e azeite de oliva. Enquanto isso, as gorduras saturadas devem ser no máximo 10% da quantidade total, e as trans não devem passar de 1%.

Aqui, vale mencionar que os ácidos graxos saturados são encontrados em carnes gordurosas, laticínios, manteiga ou mesmo óleo de coco. Já as gorduras trans estão presentes em alimentos normalmente assados ​​e fritos, como salgadinhos. Sempre que possível, é válido trocar essas opções por grãos integrais, vegetais, frutas e leguminosas.

Quanto de carboidrato e fibras comer por dia?

Para a OMS, a quantidade diária de carboidrato de uma dieta saudável deve ser obtida, prioritariamente, através de grãos integrais, vegetais, frutas e leguminosas. Para isso, adultos podem considerar o consumo diário de pelo menos 400 gramas de vegetais e frutas, além de 25 gramas provenientes de fibras dietéticas naturais. Isso pode ser feito com o consumo de verduras, como agrião, alface, rúcula e espinafre.


OMS estipula quantidade mínima de carboidratos e fibras que devem ser consumidos
diariamente - Imagem: Pressmaster/Envato - reprodução

De modo geral, dietas com mais fibras reduzem o risco de câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal. No Brasil, a incidência desse tipo de tumor tem aumentado nos últimos anos.

Mais recomendações da OMS

Além das novas diretrizes, a OMS mantém as outras recomendações dentro do que define como uma dieta saudável. Por exemplo, o açúcar de adição deve ser limitado a 10% do total de calorias diárias, ou seja, não deve ultrapassar os 50 gramas em uma dieta padrão de 2 mil calorias. Neste ano, os adoçantes deixaram de ser recomendados para a população em geral, exceto para pacientes com diabetes.

O consumo de sal e, consequentemente, de sódio também devem ser limitados. Conforme estipula a OMS, pessoas adultas devem consumir menos de 5 g de sal por dia, o equivalente a 2 g diárias de sódio.

Fonte: OMS / via canaltech