sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Maior estudo genético do cérebro descobre como ele é organizado; entenda

Imagem: reprodução

A partir da análise de 36 mil ressonâncias magnéticas, pesquisadores conseguiram chegar a algumas conclusões sobre como as estruturas cerebrais estão interligadas geneticamente.

Extremamente complexo, o cérebro é responsável por comandar todo o funcionamento do corpo. Suas características físicas, como volume total, formato e grossura de suas dobras, variam de pessoa para pessoa.

Até agora, os cientistas sabiam muito pouco sobre como a composição genética impacta no desenvolvimento dessas estruturas. Mas essa percepção começou a mudar com um novo estudo, publicado na quinta-feira (17) na revista Nature Genetics.

Conduzido por especialistas do Centro de Pesquisa do Autismo da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, trata-se do maior levantamento já feito sobre a genética do cérebro humano. A partir da avaliação de cerca de 36 mil varreduras, foi possível identificar mais de 4 mil variantes ligadas à estrutura cerebral.

As ressonâncias magnéticas correspondem a uma amostragem de 32 mil adultos do acervo da Biobank e 4 mil crianças do estudo de desenvolvimento cognitivo-cerebral (ABCD) dos EUA. A partir dessas varreduras, os pesquisadores mediram as propriedades de área e volume da camada mais externa do cérebro, o córtex, além de verificar o formato de suas dobras.


Ao redor de todo o cérebro é possível observar dobras de diferentes grossuras
— Foto: Cecília Bastos/USP - reprodução

Com essas propriedades identificadas, os investigadores conseguiram estabelecer vínculos entre as características observadas e as 180 regiões individuais do córtex. Isso permitiu que fosse possível confirmar e, em alguns casos, notar pela primeira vez a forma como as estruturas cerebrais estão geneticamente ligadas umas às outras.


“Queríamos saber se os mesmos genes que estão ligados ao tamanho do córtex – medidos tanto em volume quanto em área – também estão ligados às suas dobraduras”, aponta Varun Warrier, um dos líderes da pesquisa, em nota à imprensa. “Ao medir essas diferentes propriedades e vinculá-las à genética, descobrimos que diferentes conjuntos de genes contribuem para a formatação do cérebro.”

 

A equipe verificou ainda se esses mesmos genes são responsáveis pelos quadros clínicos em que o tamanho da cabeça é muito maior ou menor que a média da população em geral, condições conhecidas como “cefálicas”.

Embora tenham atestado que os genes ligados a diferenças no tamanho do cérebro na população em geral se sobrepõem àqueles implicados em condições cefálicas, não foi possível concluir como exatamente esses genes levam às alterações.

“Este trabalho mostra que a forma como nosso cérebro se desenvolve é parcialmente genética. Nossas descobertas podem ser usadas para entender como as mudanças na forma e no tamanho do cérebro podem levar a condições neurológicas e psiquiátricas, potencialmente levando a um melhor tratamento e suporte para aqueles que precisam”, conclui Warrier.


Fonte: revistagalileu


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