quarta-feira, 3 de abril de 2019

AS VISITAS DO MANDATÁRIO BRASILEIRO

Tem sido um verdadeiro desastre as recentes visitas oficiais do nosso circense presidente e as declarações oficiais dele, e da sua prole nas redes sociais, em caráter oficioso.

O Brasil, um país tradicionalmente pragmático em sua diplomacia, tem sido vítima dos posicionamentos visivelmente desorientados da comitiva mais desastrosa já vista em visitas internacionais de um mandatário brasileiro.

Nos Estados Unidos vimos algo inédito na diplomacia de qualquer país, o “alinhamento incondicional” de uma nação a outra. A Tietagem da comitiva brasileira para com o presidente americano foi algo surreal. Visita a CIA? Mas o líder nacional-populista brasileiro, em sua declarada sintonia ideológica com o bilionário republicano e pretendendo ser o principal parceiro sul-americano, foi aos EUA com um pacote prontinho para Donald Trump.

Nele estavam o aluguel da base de Alcântara, já tido como certo, a isenção de vistos para turistas norte-americanos, o apoio na luta contra o Governo de Nicolás Maduro, sem falar na decisão brasileira de abrir mão do status de país em desenvolvimento nas negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Em contrapartida, recebeu apoio público do norte-americano para entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e para receber o status de aliado preferencial fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Atualmente, 17 países possuem este status, dentre eles Argentina e Colômbia. Teoricamente isto daria acesso especial a políticas de cooperação, transferência de tecnologias e recursos na área de defesa, além de vantagens em licitações para compras de armamentos e equipamentos militares. Já o Brasil, teria que sair do grupo de países em desenvolvimento, favorecido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) com vantagens e flexibilidade em acordos comerciais. A concessão acabou confirmada no documento final do encontro.

A OTAN reúne países que têm estado ao lado dos Estados Unidos em conflitos internacionais, “Como a expressão indica, um aliado militar é alguém que vai apoiar os EUA em relação a inimigos comuns, hoje em dia, são países como Afeganistão, Iraque, Líbia, para onde estes aliados têm que se engajar, mandando tropas, apoiando decisões americanas em organismos internacionais”, como a ONU. Para os EUA, ser um aliado, significa seguir os EUA nas posturas que eles adotam.

A agenda dos EUA é contra a China Rússia, Irã, países que são grandes clientes de exportações do Brasil”. Os EUA estão envolvidos atualmente, com o terrorismo internacional, isso não tem relação direta com o Brasil, e só traz perda de autonomia. O Brasil deve como nação, "ter prudência e tirar vantagem do que for possível da relação com qualquer nação, e não optar por apoio incondicional deste ou daquele país.

Foto: Reprodução

Em Israel parece ter nos trazido melhores acordos e com certeza é um país que tem muito a oferecer ao Brasil em termos de tecnologia, mas nosso mandatário não podia deixar de cometer algumas gafes antológicas quando ao fim de sua visita ao Museu do Holocausto, o Yad Vashem, onde havia uma exposição de fotografias sobre o extermínio de mais de seis milhões de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, já na saída, quando questionado a respeito da declaração de seu chancelar, Ernesto Araújo, que há poucos dias disse que o nazismo era "de esquerda", solta: “Não há dúvida, né? Partido Socialista, como é que é? ”, contradizendo o museu visitado por ele, que diz no próprio site que o Partido Nazista da Alemanha era um entre vários "grupos radicais de direita".

Em seu último compromisso da viagem, Bolsonaro também anuncia a criação de um escritório de negócios em Jerusalém (em vez de uma embaixada), contradizendo seu outro filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, que dissera em tom oficioso: "não é questão de se a embaixada de Israel vai mudar para Jerusalém, mas quando". Jair se torna o primeiro chefe de Estado a visitar o Muro das Lamentações, em Jerusalém Oriental, acompanhado de um primeiro-ministro israelense.

Tal gesto, evitado durante décadas por outros chefes de estado e condenado pela Autoridade Palestina, pode ser interpretado diplomaticamente como o reconhecimento implícito a soberania israelense sobre Jerusalém Oriental.

Flavio apagou, mas tem print (Foto: Reprodução/Twitter)

Para completar, o outro filho de Jair Bolsonaro, o senador pelo RJ, Flávio Bolsonaro, em resposta à notícia sobre um pedido do movimento radical palestino Hamas, para que o governo brasileiro se retrate à visita do presidente ao Muro das Lamentações, tuíta, ao compartilhar a reportagem do site da revista Exame, “Quero que vocês se EXPLODAM!!!”, e depois apaga a postagem. Não é por nada não, mas uma declaração dessas é capaz até de estimular ataques terroristas em solo Brasileiro.



Do Twitter de Ciro Gomes:



"O senado tem que levar este irresponsável à comissão de ética! Este mentecapto, filho de um presidente totalmente despreparado, prejudica o Brasil em 2 frentes: o comércio exterior (mundo árabe compra mais de U$10bi de proteínas (empregos); e a paz interna".

Bolsonaro deve ficar em Israel até hoje, quarta-feira (3), quando embarca para Las Palmas e, de lá, volta para Brasília, tomara!

Por Daniel Braz