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Banha já foi um grande negócio. Antes da geladeira tomar seu lugar nas cozinhas domésticas, ela conservava a carne de porco. Antes do investimento industrial pesado no óleo vegetal, era na banha que se fritava. A banha substituía a manteiga em massas de pães e até doces.
Mas um dia o mundo decidiu que porco era imundo –convenhamos, era mesmo – e banha era veneno.
No século 20, a margarina – gordura vegetal hidrogenada e aromatizada – foi vendida para nós, ingênuos, como uma gordura saudável. Até se descobrir que ela é a gordura mais nociva do balcão refrigerado do mercado.
A manteiga de leite recuperou rápido a reputação. Talvez por ser um ingrediente caro, considerado nobre e componente de quase tudo o que há na culinária clássica francesa.
Mas a banha manteve o status de comida de ralé. Apesar de haver estudos indicando que ela é melhor para a saúde do que a manteiga ou óleo de soja.
Recentemente, com a moda do bacon e da carne de porco em geral, a banha começou a reaparecer. Já a encontramos nos mercados, escondida, tímida, quase invisível na parte de baixo da geladeira das margarinas. Embalada em papel encerado, um blocão de 1 quilo que uma família comum demora meses para consumir.
Simultaneamente, os caras que produzem porcos de raças especiais – como a Cancian, que trabalha com porco preto canastra – vendem também a banha especial.
São dois extremos: a banha ainda envergonhada de ser banha e o ingrediente gourmetizado.
Use banha. Não tenha medo.
Use no arroz, no feijão, para refogar a couve, o brócolis, para fazer o molho do macarrão. O paladar agradece. A saúde não reclama.
Fonte: Folha