sexta-feira, 23 de agosto de 2019

A banha de porco dá a volta por cima

Foto: Reprodução
Banha já foi um grande negócio. Antes da geladeira tomar seu lugar nas cozinhas domésticas, ela conservava a carne de porco. Antes do investimento industrial pesado no óleo vegetal, era na banha que se fritava. A banha substituía a manteiga em massas de pães e até doces.

Mas um dia o mundo decidiu que porco era imundo –convenhamos, era mesmo – e banha era veneno.

No século 20, a margarina – gordura vegetal hidrogenada e aromatizada – foi vendida para nós, ingênuos, como uma gordura saudável. Até se descobrir que ela é a gordura mais nociva do balcão refrigerado do mercado.

A manteiga de leite recuperou rápido a reputação. Talvez por ser um ingrediente caro, considerado nobre e componente de quase tudo o que há na culinária clássica francesa.

Mas a banha manteve o status de comida de ralé. Apesar de haver estudos indicando que ela é melhor para a saúde do que a manteiga ou óleo de soja.

Recentemente, com a moda do bacon e da carne de porco em geral, a banha começou a reaparecer. Já a encontramos nos mercados, escondida, tímida, quase invisível na parte de baixo da geladeira das margarinas. Embalada em papel encerado, um blocão de 1 quilo que uma família comum demora meses para consumir.




Simultaneamente, os caras que produzem porcos de raças especiais – como a Cancian, que trabalha com porco preto canastra – vendem também a banha especial.

São dois extremos: a banha ainda envergonhada de ser banha e o ingrediente gourmetizado.

Use banha. Não tenha medo.

Use no arroz, no feijão, para refogar a couve, o brócolis, para fazer o molho do macarrão. O paladar agradece. A saúde não reclama.

Fonte: Folha