'Não existe ninguém no Brasil eleito sem caixa dois', afirmou Marcelo Odebrecht, em depoimento à força-tarefa da Lava Jato.
Frase que resume como são feitas as campanhas políticas no Brasil.
Supremo Tribunal Federal (STF) liberou nesta quarta-feira (12) os vídeos das delações dos ex-executivos da Odebrecht no âmbito a Operação Lava Jato.
As contribuições premiadas dos ex-executivos da Odebrecht foram usadas para compor a chamada lista de Janot, que motivou pedidos de investigação submetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta terça, o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na corte, autorizou a Procuradoria Geral da República (PGR) a investigar 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados.
Veja abaixo as principais frases, que citam os ex-presidentes Dilma Rousseff (PT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o presidente Michel Temer (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e até o Estádio do Corinthians.
Lula, Dilma e o PT
"Lembro de, em uma dessas ocasiões, ter disso ao então presidente [Lula] que o pessoal dele estava com a goela muito aberta. Estavam passando de jacaré para crocodilo" - Emílio Odebrecht
"Lembro de, algumas vezes, ter dito a ele [Lula] algo como: 'Presidente, seu pessoal quer receber o máximo possível, e meu pessoal quer pagar o mínimo necessário. Já instruí meu pessoal para chegar ao melhor acordo, e peço também ao senhor para conversar com seu pessoal para aliviar a pressão" - Emílio Odebrecht
“A gente botou R$ 40 milhões que viriam para atender demandas que viessem de Lula. Veja bem: o Lula nunca me pediu diretamente. Eu combinei via Palocci. Óbvio, ao longo dos usos, ficou claro que era realmente para o Lula. [...] O Palocci me pedia para descontar do saldo 'amigo'." - Marcelo Odebrecht
“O que eu combinei com o Palocci foi o seguinte: essa é uma relação minha com a presidência do PT no Brasil. Então, eu disse: vai mudar o governo, vai entrar a Dilma [Rousseff]. Esse saldo passa a ser gerido por ela, a pedido dela. A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto, para outras coisas. Então vamos pegar e provisionar uma parte desse saldo, aí botamos R$ 35 milhões no saldo 'amigo', que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula" - Marcelo Odebrecht
"A relação com a presidente Dilma, a partir de 2008, passou a ser primordialmente comigo. Com o Lula, apesar de ter vários eventos em que eu estava com ele, mas a relação direta com o Lula nunca foi minha, mas com Dilma sim" - Marcelo Odebrecht
Michel Temer, Eduardo Cunha e o PMDB
“Sempre tive a preocupação de avisar algumas pessoas. Por exemplo, eu pedi pra Claudio Melo, que tinha relação com os caciques do PMDB: ‘Avisa lá, faça chegar no ouvido do Temer que ela está desconfiada de que algumas pessoas – e que inclusive ela pode estar desconfiada dele – receberam valores. Falei, Claudio, não sei quem foi. Agora, faça chegar no ouvido, só pra ele estar avisado’” - Marcelo Odebrecht
"Doutor, chegando lá, eu soube que se tratava do escritório político do senhor Michel Temer, à época candidato a vice-presidente da República na chapa com a Dilma" - Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht
"Depois das amenidades, o Eduardo Cunha tomou a palavra e explicou, 'Olha, o pessoal tá num processo de contratação, ICMS, com a Petrobras, de retorno internacional, e tem o compromisso que, se realmente for adjudicado esse contrato, vai ter uma contribuição muito importante para o partido'. Olhando para mim, porque eu teria que confirmar esse entendimento. Eu fui lá como se para abençoar esse compromisso. Eu falei, 'Exatamente, estou de acordo, nós vamos contribuir com o que o deputado falou'. Não se falou em valores, mas, entre eles, estava João Augusto, e eu simplesmente falei que iria honrar os compromissos", - Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht
"Totalmente vantagem indevida, porque era um percentual em cima de um contrato. Ninguém falou em diretório municipal, estadual, federal, nada. Era um percentual em cima do contrato” - Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht
Lula e o Sítio de Atibaia
"No final do ano, penúltimo dia de mandato do Lula, do último mandato, eu estive com ele. Lá no Palácio do Planalto. E aí eu disse: 'Olhe, chefe, você vai ter uma surpresa. Nós vamos garantir o prazo que nós tínhamos dado naquele programa lá do sítio'. Ele não fez nenhum comentário, mas também não botou nenhuma surpresa, coisa que eu [...] eu entendi não ser mais surpresa" - Emílio Odebrecht
"Inicialmente [a obra foi orçada em R$ 400mil], e deu mais, deu cerca de R$ 700 mil, ou talvez até um pouco superior. É que, como foi feito, várias obras assumiram" - Emílio Odebrecht
Caixa 2 e campanhas eleitorais
"Veja bem, eu não conheço nenhum político no Brasil que tenha conseguido fazer qualquer eleição sem caixa dois. Caixa dois era três quartos, que eu estimo. Não existe ninguém no Brasil eleito sem caixa dois" - Marcelo Odebrecht
“No que tange a questões de caixa 2, tanto Lula quanto Dilma, eles tinham conhecimento do montante, digamos assim, não necessariamente do valor preciso, mas tinham conhecimento da dimensão de todo o nosso apoio ao longo dos anos” - Marcelo Odebrecht
"Ajuda de campanha eu sempre dei a todos eles. E a ele [FHC] eu também dei. E com certeza teve ajuda de caixa oficial e não oficial" - Emílio Odebrecht
Aécio Neves
"Na véspera do primeiro turno, Aécio estava naquela subida, estava naquela discussão se Dilma ganhava ou não no primeiro turno. Aécio tinha chance de ir para o segundo turno, mas ele precisava um fôlego na véspera, de recurso. E ele pediu um encontro comigo" - Marcelo Odebrecht
"Eu falei: 'Aécio, é complicado. Eu não posso aparecer doando para você até na véspera mais do que para Dilma" - Marcelo Odebrecht
"Talvez a gente tenha feito contribuições para as campanhas lá de Minas maiores do que justificava o próprio negócio em si, pela questão de olhar o futuro. Basicamente teve o Centro Administrativo, [como obra importante em MG] não sei se teve mais alguma coisa" - Marcelo Odebrecht
“Esse primeiro instante, não apenas o Aécio, mas o PSDB, mesmo no início do governo Lula, tinha influência dentro do setor elétrico [...] Como é coisa antiga, não sei precisar quanto foi de caixa dois, se foi oficial, mas uma parte ia para Aécio, outra parte ia para candidatos, outra era caixa 2. Eu sei que era um montante relevante. e a gente está falando de um montante de, pelo menos, R$ 50 milhões” - Marcelo Odebrecht
Estádio do Corinthians
"Então o estádio para a abertura da Copa do Mundo, que foi dimensionado para o Corinthians àquela época, era um estádio de mais ou menos R$ 800 milhões, R$ 900 milhões. Você sai de um estádio de R$ 400 milhões, que era o que o Corinthians queria, para um de R$ 800 milhões, R$ 900 milhões, por causa das exigências da abertura da Copa do Mundo" - Marcelo Odebrecht
"Estádio de abertura de Copa do Mundo é um absurdo. Você faz o estádio para um dia. É o evento da abertura, que tem 70 chefes de estado, e depois você tem de desmontar um bocado de coisa. Nenhum outro evento vai justificar aquele estádio" - Marcelo Odebrecht
"A gente sempre ficava no pé do Lula porque, no fundo, quem tinha metido a gente nesse enrosco era ele" - Marcelo Odebrecht
Fonte: G1
Frase que resume como são feitas as campanhas políticas no Brasil.
Supremo Tribunal Federal (STF) liberou nesta quarta-feira (12) os vídeos das delações dos ex-executivos da Odebrecht no âmbito a Operação Lava Jato.
As contribuições premiadas dos ex-executivos da Odebrecht foram usadas para compor a chamada lista de Janot, que motivou pedidos de investigação submetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta terça, o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na corte, autorizou a Procuradoria Geral da República (PGR) a investigar 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados.
Veja abaixo as principais frases, que citam os ex-presidentes Dilma Rousseff (PT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o presidente Michel Temer (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e até o Estádio do Corinthians.
Lula, Dilma e o PT
"Lembro de, em uma dessas ocasiões, ter disso ao então presidente [Lula] que o pessoal dele estava com a goela muito aberta. Estavam passando de jacaré para crocodilo" - Emílio Odebrecht
"Lembro de, algumas vezes, ter dito a ele [Lula] algo como: 'Presidente, seu pessoal quer receber o máximo possível, e meu pessoal quer pagar o mínimo necessário. Já instruí meu pessoal para chegar ao melhor acordo, e peço também ao senhor para conversar com seu pessoal para aliviar a pressão" - Emílio Odebrecht
“A gente botou R$ 40 milhões que viriam para atender demandas que viessem de Lula. Veja bem: o Lula nunca me pediu diretamente. Eu combinei via Palocci. Óbvio, ao longo dos usos, ficou claro que era realmente para o Lula. [...] O Palocci me pedia para descontar do saldo 'amigo'." - Marcelo Odebrecht
“O que eu combinei com o Palocci foi o seguinte: essa é uma relação minha com a presidência do PT no Brasil. Então, eu disse: vai mudar o governo, vai entrar a Dilma [Rousseff]. Esse saldo passa a ser gerido por ela, a pedido dela. A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto, para outras coisas. Então vamos pegar e provisionar uma parte desse saldo, aí botamos R$ 35 milhões no saldo 'amigo', que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula" - Marcelo Odebrecht
"A relação com a presidente Dilma, a partir de 2008, passou a ser primordialmente comigo. Com o Lula, apesar de ter vários eventos em que eu estava com ele, mas a relação direta com o Lula nunca foi minha, mas com Dilma sim" - Marcelo Odebrecht
Michel Temer, Eduardo Cunha e o PMDB
“Sempre tive a preocupação de avisar algumas pessoas. Por exemplo, eu pedi pra Claudio Melo, que tinha relação com os caciques do PMDB: ‘Avisa lá, faça chegar no ouvido do Temer que ela está desconfiada de que algumas pessoas – e que inclusive ela pode estar desconfiada dele – receberam valores. Falei, Claudio, não sei quem foi. Agora, faça chegar no ouvido, só pra ele estar avisado’” - Marcelo Odebrecht
"Doutor, chegando lá, eu soube que se tratava do escritório político do senhor Michel Temer, à época candidato a vice-presidente da República na chapa com a Dilma" - Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht
"Depois das amenidades, o Eduardo Cunha tomou a palavra e explicou, 'Olha, o pessoal tá num processo de contratação, ICMS, com a Petrobras, de retorno internacional, e tem o compromisso que, se realmente for adjudicado esse contrato, vai ter uma contribuição muito importante para o partido'. Olhando para mim, porque eu teria que confirmar esse entendimento. Eu fui lá como se para abençoar esse compromisso. Eu falei, 'Exatamente, estou de acordo, nós vamos contribuir com o que o deputado falou'. Não se falou em valores, mas, entre eles, estava João Augusto, e eu simplesmente falei que iria honrar os compromissos", - Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht
"Totalmente vantagem indevida, porque era um percentual em cima de um contrato. Ninguém falou em diretório municipal, estadual, federal, nada. Era um percentual em cima do contrato” - Márcio Faria, ex-executivo da Odebrecht
Lula e o Sítio de Atibaia
"No final do ano, penúltimo dia de mandato do Lula, do último mandato, eu estive com ele. Lá no Palácio do Planalto. E aí eu disse: 'Olhe, chefe, você vai ter uma surpresa. Nós vamos garantir o prazo que nós tínhamos dado naquele programa lá do sítio'. Ele não fez nenhum comentário, mas também não botou nenhuma surpresa, coisa que eu [...] eu entendi não ser mais surpresa" - Emílio Odebrecht
"Inicialmente [a obra foi orçada em R$ 400mil], e deu mais, deu cerca de R$ 700 mil, ou talvez até um pouco superior. É que, como foi feito, várias obras assumiram" - Emílio Odebrecht
Caixa 2 e campanhas eleitorais
"Veja bem, eu não conheço nenhum político no Brasil que tenha conseguido fazer qualquer eleição sem caixa dois. Caixa dois era três quartos, que eu estimo. Não existe ninguém no Brasil eleito sem caixa dois" - Marcelo Odebrecht
“No que tange a questões de caixa 2, tanto Lula quanto Dilma, eles tinham conhecimento do montante, digamos assim, não necessariamente do valor preciso, mas tinham conhecimento da dimensão de todo o nosso apoio ao longo dos anos” - Marcelo Odebrecht
"Ajuda de campanha eu sempre dei a todos eles. E a ele [FHC] eu também dei. E com certeza teve ajuda de caixa oficial e não oficial" - Emílio Odebrecht
Aécio Neves
"Na véspera do primeiro turno, Aécio estava naquela subida, estava naquela discussão se Dilma ganhava ou não no primeiro turno. Aécio tinha chance de ir para o segundo turno, mas ele precisava um fôlego na véspera, de recurso. E ele pediu um encontro comigo" - Marcelo Odebrecht
"Eu falei: 'Aécio, é complicado. Eu não posso aparecer doando para você até na véspera mais do que para Dilma" - Marcelo Odebrecht
"Talvez a gente tenha feito contribuições para as campanhas lá de Minas maiores do que justificava o próprio negócio em si, pela questão de olhar o futuro. Basicamente teve o Centro Administrativo, [como obra importante em MG] não sei se teve mais alguma coisa" - Marcelo Odebrecht
“Esse primeiro instante, não apenas o Aécio, mas o PSDB, mesmo no início do governo Lula, tinha influência dentro do setor elétrico [...] Como é coisa antiga, não sei precisar quanto foi de caixa dois, se foi oficial, mas uma parte ia para Aécio, outra parte ia para candidatos, outra era caixa 2. Eu sei que era um montante relevante. e a gente está falando de um montante de, pelo menos, R$ 50 milhões” - Marcelo Odebrecht
Estádio do Corinthians
"Então o estádio para a abertura da Copa do Mundo, que foi dimensionado para o Corinthians àquela época, era um estádio de mais ou menos R$ 800 milhões, R$ 900 milhões. Você sai de um estádio de R$ 400 milhões, que era o que o Corinthians queria, para um de R$ 800 milhões, R$ 900 milhões, por causa das exigências da abertura da Copa do Mundo" - Marcelo Odebrecht
"Estádio de abertura de Copa do Mundo é um absurdo. Você faz o estádio para um dia. É o evento da abertura, que tem 70 chefes de estado, e depois você tem de desmontar um bocado de coisa. Nenhum outro evento vai justificar aquele estádio" - Marcelo Odebrecht
"A gente sempre ficava no pé do Lula porque, no fundo, quem tinha metido a gente nesse enrosco era ele" - Marcelo Odebrecht
Fonte: G1