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sábado, 26 de março de 2022

Por que a Fórmula 1 não está pronta para uma piloto mulher?

Foto: Reprodução

No esporte a motor, mulheres e homens podem competir entre si — pelo menos em teoria. No entanto, nenhuma mulher chegou à Fórmula 1 por várias décadas. A motorista alemã Sophia Flörsch diz que o mundo machista precisa de uma rereflexão tardia.

"Eu vou dar-lhe por escrito. Eu correria para o campeonato se eles me deixassem. Sophia Flörsch disse as palavras com tanta confiança e propósito que não havia espaço para dúvidas. A piloto de automobilismo sobreviveu a um acidente de horror no Grande Prêmio de Fórmula 3 em Macau, China, há três anos, mas voltou ao volante.

Ela quer dirigir. A qualquer preço. E particularmente na Fórmula 1, se ao menos eles permitissem.

Embora os pilotos possam tecnicamente ser qualquer gênero, o esporte a motor continua dominado por homens. Neste mundo machista, há algumas engenheiras, pilotos de testes e apresentadoras, mas na pista, é apenas para homens. Apenas 1,5% de todos os pilotos licenciados do mundo são do sexo feminino. A questão é sistêmica e, obviamente, tem sido assim por anos

A remoção tardia de meninas de grade mal vestidas em meio ao movimento #MeToo em 2018 foi outro lembrete da divisão de gênero. No entanto, mesmo essa proibição encontrou duras críticas no mundo dos esportes a motor porque pôs fim a uma tradição patriarcal há muito valorizada.

A geração do 'cabelo branco'

"É cada vez mais a geração mais velha que não aprova uma mulher tendo sucesso na Fórmula 1", disse Flörsch à DW. "É a geração que já tem cabelos brancos na cabeça - eles vêm de uma época diferente. Há essa imagem de um piloto durão, suado e endurecido que tem que ser um homem. Isso não muda na visão deles.

Flörsch correu no German Touring Car Masters (DTM) pela equipe "Abt Sportsline" em 2021. Antes disso, competiu nos Campeonatos Europeus e de Fórmula 3 da FIA. Em 2022, ela competirá na European Le Mans Series e possivelmente também na lendária corrida de 24 horas em Le Mans. Entre os pilotos de corrida, nunca houve ninguém que não acreditasse que ela poderia fazê-lo, disse. Mas, para isso, são necessárias oportunidades iguais.


"As mulheres devem receber o mesmo apoio que os homens. Se houver patrocinadores, empresas, equipes que acreditam nas mulheres, então podemos fazer história", disse a jovem de 21 anos.


Patrocinadores demoram a mostrar coragem

Os patrocinadores, em particular, parecem achar difícil arriscar investir em uma mulher, porque nenhuma foi capaz de provar-se vencedora. Isso não se deve à falta de habilidade, disposição, condicionamento físico ou aversão aos riscos. Pelo contrário, é porque não houve patrocinadores que tiveram a coragem de acreditar em uma mulher e fornecer-lhe o orçamento que ela e sua equipe precisam para uma temporada de sucesso.

O dinheiro faz toda a diferença, seja na Fórmula 1 ou nas categorias de base. Flörsch, por exemplo, tinha um orçamento de apenas € 700.000 para seu início na Fórmula 3 no ano passado, apenas metade do que a equipe principal tinha disponível. 


"Assim, eu nunca tive maiores chances", disse ela. "E, como não tenho chance de vitórias, acho mais difícil encontrar patrocinadores." Além disso, é claro, ela também é uma mulher. "Este ciclo é irritante."

 

Se mais garotas entrarem nas categorias juniores, e forem promovidas de acordo, seria apenas uma questão de tempo até que mais mulheres entrem na Fórmula 1. A última mulher a correr em um Grande Prêmio de F-1 foi a piloto italiana Lella Lombardi. Isso foi há 45 anos. Houve algumas pilotos de teste nos últimos anos, mas elas nunca chegaram perto de uma corrida.


Ex-piloto de testes da Williams, Susie Wolff faz parte de um esforço para colocar mais
mulheres nas corridas - Foto: Reprodução

A W-Series, uma série de corridas exclusivamente para mulheres que começou há mais de dois anos, ainda não mudou de situação. Precisamos garantir que as pilotos mulheres obtenham mais treinos de corrida gratuitamente, ao contrário da Fórmula 1, que custa milhões. Mas embora ambos os sexos possam competir na F-1, nenhuma vencedora feminina da W-Series jamais foi cooptada.

As garotas estão no caminho certo?

Há a obrigação de o órgão regulador da Federação Internacional de l'Automobile (FIA) finalmente fazer um caminho claro para as pilotos mulheres. O projeto FIA Girls on Track vem tentando fazer isso há dois anos. 


"Queremos inspirar a próxima geração de jovens, disse a embaixadora Susie Wolff, que já foi piloto de testes da Williams na F-1. "Queremos garantir que eles sejam apoiados através de modelos e mentoria no esporte", ressaltou Wolff.

 

Podem participar meninas e jovens de 8 a 18 anos. "Antes da pandemia estourar, estávamos organizando eventos ao vivo, trazendo jovens alunas para a pista e mostrando a elas os diferentes aspectos do esporte. Por causa da pandemia, tudo é virtual agora. Isso tem a grande vantagem de que podemos alcançar um enorme público global em vez de apenas fazer eventos locais a nível comunitário", disse Wolff em uma entrevista à FIA.

Ficar ao volante você mesmo e experimentar esportes a motor em primeira mão durante uma sessão de treinos livres em uma equipe de ponta. Espero que em breve seja possível novamente com o Girls on Track e ajude a inspirar jovens mulheres.


Uma nova geração: As pilotos Sophia Flörsch, Beitske Visser e
Tatiana Calderon - Foto: Reprodução

Esportes a motor precisam de modelos femininos

Flörsch também começou jovem. Quando ela tinha 4 anos, ela sentou-se em um kart pela primeira vez. Desde então, os esportes a motor nunca a deixaram ir. "Eu tenho gasolina no meu sangue", disse a piloto de corrida com uma risada.

Ela apoia a iniciativa da FIA. "Enquanto houver apenas homens dirigindo, é difícil para uma jovem reconhecer sua capacidade de ser uma piloto e dizer: 'Mãe, eu quero praticar o esporte também.'

É por isso que as mulheres são necessárias.

"Uma vez que haja uma mulher de sucesso na Fórmula 1, será fácil", acrescentou Flörsch, mais uma vez totalmente convencida.

Ela mesma ainda sonha com a Fórmula 1. Mas ela sabe que suas chances não dependem apenas de sua habilidade.

  • Este artigo foi traduzido do alemão.
  • Este artigo foi atualizado. Foi publicado originalmente em 29 de dezembro de 2021.

Fonte: DW


quarta-feira, 23 de março de 2022

Ucranianos amarram suposto saqueador ao poste com calças abaixadas como punição

Foto: Reprodução
Um homem foi amarrado a um poste e teve suas calças abaixadas depois de supostamente tentar saquear lojas em Kyiv na segunda-feira (07/03).

A foto mostra um homem preso ao redor do poste em um posto de gasolina da AMIC. Carros da polícia podem ser vistos estacionados ao fundo.

Na mesma cena mostra um homem falando com o suposto saqueador.

Esta punição visava humilhar o suposto saqueador enquanto os ucranianos lidam com a ilegalidade após a invasão russa, de acordo com uma reportagem do Mail Online.

Outros indivíduos que tentaram tirar vantagem da crise em curso na Ucrânia enfrentaram punições semelhantes.

Houve relatos de saques em áreas em todo o país desde o início da invasão, com criminosos visando supermercados, postos de gasolina e bancos. Os civis assumiram a responsabilidade de tentar acabar com o problema. 

Um suposto saqueador tinha os pulsos amarrados em torno de um poste, seu cinto usado para amarrar os joelhos contra ele e sua cueca puxada para baixo em torno dos tornozelos, de acordo com o relato de um espectador.

Outros supostos saqueadores foram espancados e forçados a se despir nus na neve. Vídeos dessas punições também começaram a aparecer nas redes sociais.

Um vídeo mostrou um homem, que parecia ter alguns ferimentos no rosto, amarrado a um poste. O homem que gravou falou com o suposto saqueador que também não tinha calças.

Além de saques de indivíduos, vídeos nas redes sociais mostraram supostos soldados russos saqueando bancos e mercearias na Ucrânia nos primeiros dias da invasão.

Um vídeo postado pelo repórter Alec Luhn em sua página no Twitter apareceu para mostrar soldados russos que haviam invadido um banco.

"Soldados russos roubaram um cofre de um banco ucraniano na região de Kherson, de acordo com os militares ucranianos", escreveu na legenda.

Os combates entre a Ucrânia e a Rússia continuam na cidade sem data definida para o fim do conflito


Foto: Reprodução


O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky recusou as condições da Rússia para acabar com sua ação militar na Ucrânia. Isso ocorreu depois que o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse à Reuters na segunda-feira que a guerra terminaria "imediatamente" se suas exigências fossem atendidas.

As condições incluíam o reconhecimento da Crimeia como território russo e as regiões de Luhansk e Donetsk como independentes, cessando toda ação militar e a Ucrânia sendo impedida de entrar na OTAN. 

A Newsweek entrou em contato com a Polícia Nacional da Ucrânia para comentar as imagens divulgadas nas redes sociais.


Mais imagens de ucranianas sendo presos em posteres, por soldados Ucranianos surgiram
nas redes sociais. - Foto: Reprodução

Ao que parece, são pessoas que tentaram saquear lojas nas cidades destruídas pela guerra, e esta foi uma forma de controle que os soldados ucranianos encontraram para conter os contraventores devido a falta de estrutura para aplicar a lei.

Fonte: newsweek


quinta-feira, 17 de março de 2022

Um casal de espiões tentou vender segredos nucleares para o Brasil

Foto: Reprodução
Um submarino da classe Virginia em Groton, Connecticut, em 2018. A experiência de Jonathan Toebbe inclui o projeto de reatores nucleares que alimentam submarinos (Foto: Sean D. Elliot/O Dia via Associated Press).

Jonathan e Diana Toebbe se declararam culpados no mês passado em um caso de espionagem, mas, até recentemente, o nome da nação que eles contataram não havia sido revelada publicamente.

Em 2020, um engenheiro naval dos EUA e sua esposa tomaram a fatídica decisão de tentar vender alguns dos segredos militares mais confidenciais da América: os avanços tecnológicos por trás dos reatores nucleares que alimentam a frota de submarinos dos EUA.

Então o casal teve que tomar outra decisão importante: qual governo estrangeiro deveria entrar em contato para tentar vender os segredos roubados?

De acordo com mensagens de texto divulgadas pelo tribunal, parecia que o engenheiro acreditava que a comunicação com adversários americanos como a Rússia ou a China estava indo longe demais, do ponto de vista moral. Em vez disso, Jonathan e Diana Toebbe pensaram em um país rico o suficiente para comprar os segredos, que não fosse hostil aos Estados Unidos e, o mais importante, que estivesse interessado em adquirir a tecnologia que estavam comercializando: o Brasil.

Até recentemente, a identidade da nação contatada pelos Toebbes tinha sido protegida por promotores federais e outros funcionários do governo. Mas, de acordo com um alto funcionário brasileiro e outros informados sobre a investigação, Toebbe se aproximou do Brasil há quase dois anos com uma oferta de milhares de páginas de documentos confidenciais sobre reatores nucleares que havia roubado do Estaleiro da Marinha dos EUA ao longo de vários anos.

O plano falhou quase assim que começou. Depois que Toebbe enviou uma carta oferecendo os segredos à agência de inteligência militar do Brasil em abril de 2020, autoridades brasileiras entregaram a carta ao representante legal do FBI no país.

Então, a partir de dezembro de 2020, um agente disfarçado do FBI se passou por funcionário brasileiro para ganhar a confiança de Toebbe e persuadi-lo a deixar os documentos em um local escolhido pelos investigadores. O engenheiro acabou por concordar em fornecer documentos e ofereceu assistência técnica ao programa de submarinos nucleares do Brasil, usando informações confidenciais que havia aprendido durante os anos em que trabalhou para a Marinha dos EUA.

Os Toebbes, que viviam em Annapolis, Maryland, foram presos em outubro e se declararam culpados de acusações de espionagem no mês passado. Ele enfrenta até 17 anos e meio de prisão, e ela pode passar até três anos presa.

O Brasil continuou lutando com seu programa de reator nuclear submarino e entrou em contato com a Rússia para buscar uma parceria no projeto do reator nuclear, disse um oficial militar russo que, como todas as pessoas entrevistadas para este artigo, falou sob condição de anonimato devido à natureza do material confidencial e suas possíveis repercussões diplomáticas.

No mês passado, apenas uma semana antes de a Rússia invadir a Ucrânia, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro chegou a mencionar essa tecnologia durante uma viagem a Moscou.

Bolsonaro tem procurado manter uma relação cordial com o presidente russo Vladimir Putin, mesmo em meio às suas agressões na Ucrânia. Analistas especializados no Brasil acreditam que Bolsonaro, tem a intenção manter a porta aberta visando uma parceria, com o intuito de ajudar a desenvolver a tecnologia de reator nuclear.

A viagem do presidente brasileiro à Rússia atraiu críticas do governo Biden. Questionado sobre os esforços do Brasil para adquirir tecnologia russa de reator nuclear, um alto funcionário do governo disse na terça-feira que tentar adquirir tecnologia militar russa "é uma má aposta para qualquer país".

Em alguns aspectos, o Brasil foi uma escolha estranha para os Toebbes. Embora o Brasil e os Estados Unidos tenham uma relação militar limitada, a tentativa de Toebbe veio durante um dos períodos de melhores relações entre Brasil e Estados Unidos porque Bolsonaro e o ex-presidente Donald Trump fortaleceram a aliança dos dois países.

Jonathan Toebbe e sua esposa, Diana Toebbe. Ambos
se declararam culpados de espionagem em fevereiro.
Foto: Autoridade de Prisão Regional da Virgínia
Ocidental e Penitenciária / via Associated Press


Embora o governo dos EUA inicialmente quisesse divulgar o nome do país ao qual os Toebbes tentaram vender os segredos, autoridades brasileiras insistiram que sua cooperação não fosse divulgada publicamente, de acordo com uma pessoa familiarizada com a investigação.

A Casa Branca, o Departamento de Justiça e o FBI recusaram-se a comentar este relatório. Autoridades americanas têm dito repetidamente que a dupla não tentou vender os segredos aos principais adversários da América, nem aos seus aliados mais próximos da OTAN, como a França.

Em mensagens criptografadas de 2019, que foram recuperadas pelo FBI, os Toebbes discutiram diferentes planos para vender os segredos. Um plano, escreveu o engenheiro, era tão ruim que eles nem conseguiam considerar. Outra ideia, que presumivelmente era vender a informação para um país mais próximo e amigável, também era questionável para o homem, mas sua esposa o convenceu.

"Também não é moralmente defensável", escreveu o engenheiro, de acordo com uma transcrição do processo judicial. "Nós nos convencemos de que estava tudo bem, mas não está realmente correto, certo?" Diana Toebbe respondeu: "Eu não tenho nenhum problema com isso. Eu não sinto lealdade às abstrações."

O defensor público do engenheiro disse que as regras do governo o impedem de responder perguntas. O advogado da esposa se recusou a discutir o caso antes de sua sentença, que está marcada para agosto. Ela disse repetidamente no tribunal que o governo apresentou uma seleção de mensagens que estão fora de contexto.

Havia apenas alguns países que não eram abertamente hostis aos Estados Unidos e podiam usar a tecnologia e os projetos que Toebbe queria vender. Mas apenas um país seria capaz de construir um reator nuclear, e estaria disposto a investir bilhões de dólares em uma frota de submarinos nucleares e, concordaria em pagar as centenas de milhares de dólares em criptomoedas, como havia planejado.

O Brasil iniciou os trabalhos no desenvolvimento de submarinos nucleares em 1978, originalmente motivados por sua rivalidade com a Argentina. Em 2008, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil reinvestiu na criação de um submarino nuclear, para melhor patrulhar e proteger sua zona econômica exclusiva no Oceano Atlântico, fonte de combustíveis fósseis e outros recursos.

O país pretende lançar seu primeiro submarino movido a energia nuclear até 2029, que faz parte de um programa submarino avaliado em US$ 7.2 bilhões O país está atualmente construindo mais quatro submarinos tradicionais com a ajuda da França, mas tentou desenvolver um quinto submarino movido a reator nuclear por conta própria, um projeto com o qual tem lutado.

É por isso que a experiência da Toebbe em tornar os reatores nucleares ainda mais silenciosos e difíceis de detectar, bem como outros elementos de design de submarinos da classe Virgínia, teria sido de grande valor para o Brasil.

Embora a embaixada brasileira tenha se recusado a comentar, um alto funcionário brasileiro disse que o país havia cooperado com investigadores americanos sobre a parceria das duas nações e relações amistosas entre o serviço de inteligência do Brasil e a CIA.

Se o Brasil tivesse tentado comprar os segredos dos EUA — e essas negociações tivessem sido descobertas — as relações entre os dois países, incluindo o compartilhamento de informações, poderiam estar em risco.

Em vez disso, funcionários brasileiros trabalharam com o FBI depois que Toebbe inicialmente hesitou em deixar informações confidenciais em um local secreto pré-arranjado.

"Eu receio, que se usar o local que seu amigo indicou, me colocará em uma posição muito vulnerável", escreveu Toebbe, de acordo com os registros judiciais. "Por enquanto, devo considerar a possibilidade de você não ser a pessoa que eu acho que você é."

Para enganar Toebbe para acreditar que estava conversando com um funcionário brasileiro, o agente disfarçado lhe disse para procurar uma placa colocada na janela de um prédio do governo brasileiro em Washington no fim de semana do Memorial Day no ano passado. Essa operação só poderia ter sido realizada com a cooperação de autoridades brasileiras em Washington.

Depois de ver o sinal, Toebbe concordou em deixar uma amostra dos segredos nucleares que roubou da Marinha escondidos em um sanduíche de manteiga de amendoim na Virgínia Ocidental, desencadeando uma cadeia de eventos que culminaram na prisão do casal em outubro.

Fonte: nytimes.com


Julian E. Barnes e Adam Goldman relataram de Washington, André Spigariol de Brasília e Jack Nicas, do Rio de Janeiro.Ernesto Londoño contribuiu para este relatório do Rio de Janeiro.

Julian E. Barnes é um repórter de segurança nacional com sede em Washington que cobre agências de inteligência. Antes de se juntar ao Times em 2018, ele escreveu sobre questões de segurança para o The Wall Street Journal. @julianbarnes • Facebook

Jack Nicas é o chefe do escritório do Brasil, de onde cobre Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Ele cobriu anteriormente tópicos de tecnologia de São Francisco e, antes de ingressar no Times em 2018, passou sete anos no The Wall Street Journal. @jacknicas • Facebook

Adam Goldman reporta sobre problemas de FBI e segurança nacional do Washington, D.C., e ganhou o Prêmio Pulitzer duas vezes. Ele foi coautor de Enemies Within: Inside the Nypd's Secret Spying Unit e Bin Laden's Final Plot Against America. @adamgoldmanNYT



sábado, 26 de fevereiro de 2022

Guerra na Ucrânia altera Champions League e Fórmula 1

Imagem: Reprodução
Final da liga europeia foi transferida de São Petersburgo para Paris e a FIA anunciou o cancelamento do GP da Rússia; clubes de futebol rompem acordos com empresas russas.

A situação de conflito na Ucrânia, que desde a quinta-feira, 24, passou a ser ocupada por tropas do exército da Rússia, vem provocando consequências nas esferas política e econômica em todo o mundo e, também, já causa alterações nos grandes eventos esportivos.

A União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) anunciou a alteração do local da final da edição deste ano da Champions League. A partida estava marcada para acontecer na Gazprom Arena, na cidade de São Petersburgo, na Rússia. Por conta dos conflitos, a entidade de futebol descolou a partida para o Stade de France, em Paris, no dia 28 de maio.

A decisão foi tomada em reunião realizada nesta sexta-feira, 25. Em comunicado, a UEFA agradeceu ao presidente da França, Emmanuel Macron, pelo auxílio na transferência da final da Champions League para o País. A UEFA estabeleceu, também, que nesse período de conflito, todos os clubes e as seleções da Rússia e da Ucrânia que disputarão partidas deverão promover seus jogos em campo neutro, quando tiverem o mando de campo.

F1 fora da Rússia

O conflito entre Rússia e Ucrânia também provocou mudanças na Fórmula 1. Em comunicado divulgado na manhã de sexta-feira, a organização declarou que “é impossível manter o Grande Prêmio da Rússia diante das circunstâncias atuais”. No calendário da F1, a prova na Rússia estava marcada para 25 de setembro.

A organização declarou que o campeonato de Fórmula 1 visita o mundo todo com o intuito de unir as pessoas e as nações de forma positivas e que vem acompanhando os acontecimentos na Ucrânia “com tristeza e choque” e que espera uma resolução rápida e pacífica para a situação.

Clubes de futebol rescindem contratos

Além dos grandes eventos esportivos, a participação de empresas russas no cenário internacional de esportes também começa a ter as consequências da guerra. O clube inglês Manchester United divulgou na sexta-feira, 25, um comunicado para informar que rescindiu o contrato com a empresa área russa Aeroflot, que patrocinava o time desde 2013. De acordo com o ge, o contrato atual entre a companhia área e o Manchester United tinha valor de 40 milhões de euros e era válido até 2023.

Na quinta-feira, outro clube de futebol também havia tirado o nome de um patrocinador russo de seu uniforme. O Schalke 04, da Alemanha, retirou a marca e o logo da Gazprom, empresa de gás da Rússia, assim que as primeiras notícias sobre a invasão na Ucrânia começaram a ser divulgadas. O clube usou seus perfis nas redes sociais para dizer que, diante dos acontecimentos, iria retirar o nome da empresa russa de seus uniformes.

Fonte: meioemensagem


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Putin autoriza operação militar da Rússia na Ucrânia. Sirenes são acionadas em Kiev

Foto: Reprodução
Em comunicado televisionado, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que não toleraria mais ameaças do país vizinho.

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou, no início da madrugada desta quinta-feira (24/2), horário de Brasília, o início das operações militares no leste da Ucrânia, alegando necessidade de proteger os civis.

“Simplesmente não nos deram outra opção para defender a Rússia e o nosso povo além daquela que usaremos hoje”, disse, sem precisar a magnitude da operação.

Em discurso televisionado, Putin disse que a ação é resposta a ameaças vindas da Ucrânia, o que ele chamou de “intolerável”. Ele acrescentou, ainda, que a Rússia não tem o objetivo de ocupar a Ucrânia, mas responsabilizou o país vizinho por qualquer possível “derramamento de sangue”.

No comunicado, feito enquanto o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) estava reunido, o presidente russo também alertou outros países que qualquer tentativa de interferir na ação russa levaria a “consequências que nunca viram”.

Putin também pediu aos soldados ucranianos que deponham as armas. “A verdade está do nosso lado. Os objetivos serão atingidos”, discursou.

Pouco depois do anúncio, segundo a imprensa ucraniana, era possível ouvir da capital ucraniana, Kiev, uma série de sons similares a disparos de mísseis. Equipes de TV da rede CNN também relataram explosões à distância na capital e na principal cidade próxima do Donbass, Kharkiv.

Pelo Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia se manifestou. “Putin acaba de lançar uma invasão em grande escala da Ucrânia. Cidades pacíficas ucranianas estão sob ataque. Esta é uma guerra de agressão. A Ucrânia se defenderá e vencerá.”

Por volta das 7 horas da manhã em Kiev (2h em horário local), as sirenes de Kiev começaram a tocar. O som é um alerta para a população de um possível ataque aéreo.

Os Estados Unidos reagiram imediatamente e afirmaram, em nota, que o ataque da Rússia é injustificável e que o país pagará pelo que está causando ao mundo.

“Putin escolheu uma guerra premeditada que trará uma catastrófica perda de vidas e sofrimento humano. Apenas a Rússia é responsável pelas mortes e destruição que esse ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados irão responder de maneira unida e decisiva”, disse Biden.

Fotos: Reprodução

Dia movimentado

O anúncio foi feito logo após Moscou declarar que as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk haviam pedido ajuda para repelir “agressões” de Kiev.

Nesta quarta-feira (23), o risco de um conflito armado também dominou os discursos da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Representantes da Rússia, Ucrânia, dos Estados Unidos, além do secretário-geral da entidade, António Guterres, falaram sobre o tema. Isso em meio a várias sanções econômicas contra os russos.

O Parlamento ucraniano atendeu ao apelo do presidente Volodymyr Zelensky e aprovou nesta quarta-feira um decreto de estado de emergência válido para todo o país pelo prazo de 30 dias.

Fonte: metropoles

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Coreia do Sul revela protótipo da primeira cidade autossuficiente e flutuante, imune a desastres

Foto: Divulgação

À prova de inundações, infraestrutura da cidade se eleva com o nível do mar; objetivo do projeto é buscar soluções inovadoras para cidades ameaçadas pelas mudanças climáticas.

A cidade de Busan, na Coréia do Sul, a ONU-Habitat e a empresa de tecnologia Oceanix, assinaram um acordo para construir o primeiro protótipo de cidade flutuante sustentável do mundo. O projeto consiste em uma infraestrutura à prova de inundações, que se eleva com o mar e produz seus próprios alimentos, energia e água potável.

Em um cenário crescente de ameaça por conta das alterações climáticas causadas pela ação humana, a cidade flutuante surge como um destino possível para proteger populações de inundações, furacões e do próprio aumento do nível dos mares, bem como cultivar um ecossistema de empreendedores e pesquisadores de “tecnologia azul”.

Estratégia de adaptação climática

De acordo com o ONU-Habitat, duas em cada cinco pessoas no mundo vivem a menos de 100 quilômetros da costa e 90% das megacidades em todo o mundo são vulneráveis ​​à elevação do nível do mar. Cidades flutuantes sustentáveis ​​são parte do arsenal de estratégias de adaptação climática disponíveis, afirmou a agência especializada.

Maimunah Mohd Sharif, diretor executivo do UN-Habitat, disse que, em vez de lutar contra a água, a solução é aprender a conviver em harmonia com ela. O objetivo é desenvolver adaptação climática e soluções baseadas na natureza por meio do conceito de cidade flutuante e, segundo o executivo, Busan é a escolha ideal para a implantação.

Localizada na ponta sudeste da península coreana, Busan é vista como uma importante cidade marítima e tem o maior porto de movimentação de contêineres do país e o quinto do mundo. Segundo a Oceanix, o protótipo será abordado em um “nível hiperlocal”, levando em consideração a singularidade social, econômica, política e cultural.

Ilhas modulares interconectadas

A proposta delineou uma comunidade flutuante composta de ilhas modulares interconectadas, com capacidade para até 10 mil residentes com mais de 75 hectares. Os planos também incluem agricultura comunitária, edifícios que são resistentes ao vento e que geram energia solar e medidas para regeneração do ecossistema subaquático.

Cada construção sobre as plataformas não poderá passar de sete andares de altura, para manter um baixo centro de gravidade capaz de resistir ao vento e variações marítimas, e trarão painéis solares que alimentarão as plataformas. Segundo o projeto, cada plataforma funcionará para não produzir qualquer desperdício nem poluição.

Fonte: saoluisdofuturo


terça-feira, 17 de agosto de 2021

Biden defende retirada de tropas dos EUA do Afeganistão

Foto: Reprodução

Presidente acusou exército afegão de falta de vontade de lutar.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu com firmeza, na segunda-feira (16), a decisão de retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão e rejeitou as amplas críticas à decisão, que gerou uma enorme crise para seu governo depois que o Talibã retomou o poder.

Biden disse que a missão dos Estados Unidos no Afeganistão nunca deveria ser de construção de uma nação, e culpou a relutância do Exército afegão em lutar contra o grupo militante pela volta do Talibã ao poder.

Milhares de civis desesperados para fugir do Afeganistão lotaram a única pista do aeroporto de Cabul nesta segunda-feira, depois que o Talibã tomou a capital, o que levou os Estados Unidos a suspenderem os voos de retiradas.

Cinco pessoas foram mortas no caos no aeroporto. Uma autoridade dos EUA disse à Reuters que dois homens armados foram mortos pelas forças dos EUA nas últimas 24 horas.

"Eu mantenho totalmente minha decisão", disse Biden. "Depois de 20 anos, aprendi da maneira mais difícil que nunca era um bom momento para retirar as forças dos EUA. É por isso que ainda estamos lá", afirmou.

"A verdade é: isso aconteceu mais rápido do que esperávamos. Então, o que aconteceu? Os líderes políticos do Afeganistão desistiram e fugiram do país. Os militares afegãos desistiram, às vezes sem tentar lutar", acrescentou.

Biden combinou sua defesa com um aviso aos líderes do Talibã : que a retirada dos EUA possa prosseguir desimpedida ou enfrentarão uma força devastadora.

Fonte: Ag. Brasil


terça-feira, 27 de julho de 2021

Nubank permitirá transferência de dinheiro para o exterior

Imagem: Reprodução
Banco digital permite enviar e receber dinheiro do exterior em parceria com Remessa Online

O Nubank agora permite receber dinheiro do exterior e fazer transferências internacionais. O novo recurso está disponível para correntistas pelo botão “Transferir internacionalmente” na tela inicial do aplicativo. A novidade, anunciada na segunda-feira (26), está sendo liberada de forma gradual para os clientes.

A funcionalidade é uma parceria com a fintech Remessa Online. Para usar o serviço, os clientes do Nubank terão um desconto de 15% na taxa cobrada pela empresa nas primeiras oito semanas de parceria. Segundo o banco digital, todo o processo de transferência será feito dentro do próprio aplicativo do Nubank.

A instituição financeira reiterou que, mesmo após os primeiros oito meses de parceria, os clientes continuarão tendo direito a descontos na taxa cobrada pelas transações internacionais. A nova funcionalidade “consolida o portfólio cada vez mais completo de produtos da empresa”, afirmou o Nubank em comunicado oficial.

A cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira, explicou que oferecer transferências internacionais por meio de uma parceria foi a melhor forma que o banco encontrou de disponibilizar essa facilidade para os clientes o mais rápido possível, sem burocracias e 100% digital, começando diretamente no aplicativo.

Vale destacar que o aplicativo possui um simulador que exibe o valor convertido para a moeda indicada. Para receber do exterior, o cliente precisa já ter um cadastro com a Remessa Online. Isso dará acesso a uma espécie de código-padrão internacional para a identificação de contas bancárias, chamado International Bank Account Number.

Fonte: saoluisdofuturo


sábado, 8 de maio de 2021

Vacinas contra covid: como está a vacinação no Brasil e no mundo

Quando se trata de distribuição de vacinas,
há uma pergunta que a maioria das
pessoas  está fazendo - quando vou
 tomá-la? - Imagem: Reprodução
Quando se trata da vacina contra a covid-19, há uma pergunta que a maioria das pessoas está se fazendo - quando ela vai chegar a todos? Afinal, vacinar o mundo contra o novo coronavírus é uma questão de vida ou morte.

Alguns países definiram metas muito específicas, mas para o restante do mundo a imagem é muito menos clara, pois envolve processos científicos complicados, corporações multinacionais, promessas governamentais conflitantes e uma grande dose de burocracia e regulamentação. Não é nada simples.





Quando vou receber a vacina?

No Brasil, a vacinação começou no fim de janeiro. Até agora, segundo a plataforma de dados Our World In Data, mais de 10 milhões de doses já foram administradas.

Mas uma grande parcela da população ainda falta ser vacinada.

Foram 5,05 doses por 100 habitantes. Já em Israel, o país com a maior taxa de vacinação do mundo, 106,5. No Chile, o país da América Latina que mais rapidamente tem vacinado sua população, essa taxa é de 32,09.

Em números absolutos, os Estados Unidos são o país que mais administrou doses de vacinas contra a covid-19, cerca de 98,2 milhões até agora.

Especialistas alertam que, em meio ao pior momento da pandemia, a única solução para o Brasil é a adoção de um confinamento mais rígido e a aceleração da vacinação.

Nos últimos dias, o Brasil vem batendo seguidos recordes de mortes diárias e, em muitos Estados, já não há mais leitos UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Eles dizem que o número alto de mortes pode ser explicado, principalmente, pela livre circulação de pessoas e por uma variante (P.1) do coronavírus mais transmissível e que, de acordo com estudos preliminares, causaria reinfecção naqueles que já tiveram a doença.

Em entrevista recente à BBC News Brasil, o biólogo e divulgador científico Átila Iamarino sugeriu que o Brasil deveria fazer "o que o restante do mundo fez: decretar um lockdown mais rígido e correr com a vacinação. Isso é o mínimo".

Mas, sem uma estratégia a nível federal, acrescentam, esse objetivo dificilmente será cumprido.

"De que adianta um município ou um Estado decretar um confinamento se as pessoas de municípios ou Estados vizinhos continuarem circulando? Isso faz com que a localidade tenha todo o prejuízo econômico e político de confinar sua população, mas sem o sucesso que poderia ter se essa ação fosse coordenada. A falsa impressão é de que o esforço não funciona, quando, na verdade, ele está sendo sabotado a nível federal", assinalou Iamarino.

"Por isso, digo que temos dois inimigos para enfrentar no Brasil. Um é a nova variante e o outro é a falta de estratégia do governo federal".

"Como resultado, temos pronta a receita para que mais variantes perigosas surjam", acrescentou Iamarino.

Confira o programa de distribuição está acontecendo em todo o mundo.




Atenção: estes dados são atualizados constantemente mas podem não refletir os números mais recentes de cada país. O total de vacinações se refere ao número de doses aplicadas, não ao número de pessoas vacinadas, por isso é possível ter mais de 100 doses para cada 100 pessoas.

Fonte: Our World in Data, ONS, gov.uk

Última atualização: 4 de maio de 2021 - 11:29 GMT

Quantas vacinas foram fabricadas?

Até agora, mais de 335 milhões de doses das várias vacinas contra o coronavírus foram administradas, em mais de 100 países em todo o mundo. É o programa de vacinação de maior escala da história.

As primeiras vacinas foram administradas menos de um ano depois que os primeiros casos de um novo coronavírus foram confirmados, em Wuhan, China, mas o lançamento global de vacinas tem sido irregular.

Alguns países garantiram e entregaram doses a uma grande proporção de sua população - mas muitos outros ainda estão esperando a chegada dos primeiros carregamentos.

Em suas rodadas iniciais de vacinação, a maioria dos países está priorizando:

· Maiores de 60 anos

· Trabalhadores de saúde

· Pessoas que são clinicamente vulneráveis

Qual o desfecho da vacinação até agora?

E em países como Israel e Reino Unido, já há sinais promissores de que as vacinas estão reduzindo as internações e mortes em hospitais, bem como a transmissão na comunidade.

Mas, embora quase toda a Europa e as Américas tenham iniciado campanhas de vacinação, apenas uma parcela de países africanos o fez.

Agathe Demarais, diretora de previsão global da Economist Intelligence Unit (EIU), braço de pesquisa e análise da revista britânica The Economist, fez algumas das pesquisas mais abrangentes sobre o assunto.

A EIU analisou a capacidade de produção mundial juntamente com a infraestrutura de saúde necessária para fazer chegar as vacinas aos braços das pessoas, o tamanho da população que um país tem que vacinar e, claro, o que eles podem pagar.

Muitas das descobertas da pesquisa parecem constatar o óbvio: a distribuição desigual das vacinas entre nações ricas e pobres. O Reino Unido e os Estados Unidos estão bem abastecidos com vacinas no momento, porque eles poderiam investir muito dinheiro no desenvolvimento delas e, assim, recebê-las primeiro.

Alguns outros países ricos, como Canadá e os da União Europeia, estão um pouco mais atrás.

A maioria dos países de baixa renda ainda não começou a vacinar, mas há algumas surpresas. Confira o programa de distribuição está acontecendo em todo o mundo.



Os países ricos estão acumulando vacinas?

O Canadá enfrentou críticas no fim do ano passado por comprar cinco vezes o suprimento de que precisa para cobrir sua população, mas parece que o país não vai receber as vacinas primeiro.

Isso porque o governo canadense optou por investir em vacinas de fábricas europeias, temendo que os EUA, ainda sob o comando de Donald Trump, proibissem as exportações. Mas essa acabou sendo uma aposta ruim.

As fabricantes europeias têm tido problemas com o abastecimento e, recentemente, foi a UE, e não os EUA, que ameaçou proibir as exportações.

"Enquanto o mercado europeu não tiver vacinas suficientes, acho que as grandes importações para o Canadá vão continuar fora de cogitação", diz Agathe Demarais.

Mas também existem alguns países que estão se saindo melhor do que o esperado.

A Sérvia teve um desempenho melhor do que qualquer país da UE no que se refere à proporção da população já vacinada.

Isso se deve em parte a uma implementação eficiente, mas o país também está se beneficiando da diplomacia de vacinas - uma batalha entre a Rússia e a China por influência na Europa Oriental.

A Sérvia tem acesso à vacina Sputnik V da Rússia, à SinoPharm, da China, à Pfizer dos EUA/Alemanha, e à vacina Oxford AstraZeneca desenvolvida no Reino Unido.

Até agora, a maioria das pessoas parece ter recebido SinoPharm.

O que é diplomacia de vacinas?

A influência que a China está exercendo aqui provavelmente será de longo prazo. Os países que usam a primeira e a segunda dose da SinoPharm também devem procurar a China para doses de reforço, se forem necessárias no futuro.

Os Emirados Árabes Unidos também confiaram na vacina SinoPharm - em fevereiro, ela representou 80% das doses administradas. Os Emirados Árabes Unidos também estão construindo uma unidade de produção da SinoPharm .

"A China está chegando com instalações de produção e trabalhadores treinados, então vai dar uma influência de longo prazo", diz Agathe Demarais . "Será muito, muito difícil para os governos receptores dizerem não à China para qualquer coisa no futuro."

No entanto, ser uma superpotência global em vacinas não significa que sua população será vacinada primeiro.

A pesquisa da EIU prevê que duas das potências mundiais de produção de vacinas, China e Índia, podem não ser vacinadas o suficiente até o final de 2022. Isso porque os dois países têm enormes populações para enfrentar e uma força de trabalho de saúde limitada.

No Brasil, a vacinação já começou, mas a estimativa é de que a imunização em massa só seja atingida na metade do ano que vem, segundo a EIU.

O estudo destaca que Brasil e México, classificados como países de renda média, terão doses para imunizar grupos prioritários devido aos acordos firmados com os laboratórios em troca da execução de testes clínicos.

Entretanto, a "capacidade de chegar à vacinação em massa depende de outros fatores, incluindo espaço fiscal, tamanho da população, número de profissionais de saúde, infraestrutura e vontade política".

Outros países da América Latina, como Argentina e Chile, também terão vacinação em massa somente em 2022, segundo as estimativas. E Bolívia, Paraguai, Venezuela, Guiana e Suriname, a partir de 2023.

Apesar de ter se tornado um 'eldorado' de fabricação de vacinas, Índia não será
a primeira a vacinar sua população - Foto: Reprodução

Índia: eldorado da produção de vacinas

O sucesso da Índia como produtora da vacina contra a covid-19 se deve em grande parte a um homem, Adar Poonawalla. Sua empresa, o Instituto Serum, é o maior fabricante de vacinas do mundo.

Mas, no meio do ano passado, sua família começou a pensar que ele havia perdido a sanidade. Ele estava apostando centenas de milhões de dólares de seu próprio dinheiro em vacinas, em um momento em que não sabia se (e quais) funcionariam.

Em janeiro, a primeira dessas vacinas, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, foi entregue ao governo indiano. Agora, o Serum está produzindo 2,4 milhões de doses por dia.

Sua empresa é um dos dois principais fornecedores da Índia e também fornece vacinas para o Brasil, Marrocos, Bangladesh e África do Sul.

"Achei que a pressão e toda a loucura acabariam agora que fizemos o produto, mas o verdadeiro desafio é tentar manter todos felizes", diz ele.

"Pensei que haveria tantos outros fabricantes capazes de fornecer. Mas, infelizmente, no momento, pelo menos, no primeiro trimestre, e talvez até no segundo trimestre de 2021, não veremos um aumento substancial na oferta."

Ele afirma que a produção não pode ser aumentada durante a noite.

"Leva tempo", diz Poonawalla. "As pessoas pensam que o Instituto Serum tem um tempero secreto. Sim, somos bons no que fazemos, mas não é uma varinha mágica."

Poonawalla tem uma vantagem competitiva agora porque começou a construir instalações em março do ano passado e a estocar produtos como produtos químicos e frascos de vidro em agosto.

Durante a produção, a quantidade de vacina produzida pode variar muito e há muitos estágios em que as coisas podem dar errado.

"É tanto arte quanto ciência", diz Agathe Demarais, da EIA.

Para os fabricantes que estão iniciando a produção agora, levará meses para produzir vacinas. E o mesmo se aplica a quaisquer reforços que possam ser necessários para lidar com novas variantes.

Poonawalla diz que está comprometido em fornecer primeiro para a Índia e depois para a África por meio do esquema chamado Covax, que visa a distribuição igualitária e acessível de vacinas pelo mundo.

A Covax é uma iniciativa liderada pela OMS, Gavi, a aliança da vacina e o Centro de Preparação para Epidemias (CEPI).

Os países que não podem pagar as vacinas vão obtê-las gratuitamente por meio de um fundo especial. O restante vai pagar, mas a teoria é que eles conseguirão um preço melhor negociando em blocos do que se o fizerem individualmente.

A Covax está planejando começar a distribuir vacinas no fim de fevereiro (a expectativa é de que o Brasil receba 10,6 milhões de doses por intermédio do Covax neste semestre).

Nesse ínterim, o plano da Covax está sendo prejudicado pelo fato de que muitos países envolvidos também estão negociando seus próprios acordos paralelamente.

Poonawalla diz que quase todos os líderes africanos no continente entraram em contato com ele para ter acesso às vacinas de forma independente. Recentemente, Uganda anunciou que havia garantido 18 milhões de doses do Instituto Serum por US$ 7 cada — muito mais do que os US$ 4 pagos pela Covax.

O Instituto Serum afirma estar em negociações com Uganda, mas nega que qualquer acordo tenha sido assinado.

Poonawalla fornecerá 200 milhões de doses da vacina da Oxford/AstraZeneca à Covax assim que obtiver a pré-aprovação da OMS. Ele prometeu à Covax mais 900 milhões de doses, embora não tenha confirmado quando serão entregues.

Embora esteja comprometido com o projeto, ele admite que enfrenta problemas. A Covax está lidando com muitos produtores de vacinas diferentes, diz ele, cada um oferecendo preços e prazos de entrega variáveis.

Agathe Demarais e a EIU também não estão excessivamente otimistas quanto à capacidade da Covax de fazer uma vacinação de amplo alcance. "Será uma pequena diferença marginal, mas não uma virada de jogo", diz Demarais.

Segundo seu estudo para a EIA, alguns países podem não ser totalmente vacinados até 2023 — ou nunca. A vacinação pode não ser uma prioridade para todos os países, especialmente aqueles que têm uma população jovem e não veem um grande número de pessoas adoecendo.

O problema com esse cenário é que, enquanto o vírus prosperar em algum lugar do mundo, poderá sofrer mutações e migrar. Como resultado, variantes resistentes a vacinas continuarão a evoluir.

Nem tudo, porém, são más notícias. As vacinas estão sendo produzidas mais rápido do que nunca, mas a escala da tarefa — imunizar 7,7 bilhões de pessoas — é enorme e nunca foi tentada antes.

Demarais acredita que os governos devem ser honestos com seu povo sobre o que é possível.

"É muito difícil para um governo dizer: 'Não, não vamos conseguir uma ampla cobertura de imunização por vários anos'. Ninguém quer dizer isso."

Pesquisa de dados: Becky Dale e Nassos Stylianou.


Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 20 de abril de 2021

Helicóptero da Nasa faz primeiro voo motorizado e controlado em Marte

Imagem: Reprodução

Primeira tentativa de voo, na semana passada, falhou.

A Nasa, agência do Governo Federal dos Estados Unidos responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial, reportou na manhã de segunda-feira (19) o sucesso da missão não tripulada de exploração da superfície de Marte com o helicóptero-robô Ingenuity.

De acordo com a agência espacial, a aeronave decolou e pousou em segurança. Foi o primeiro voo motorizado e controlado em outro planeta, que ajudará a agência espacial americana a coletar dados sobre as condições no Planeta Vermelho. Imagens da câmera de navegação a bordo do helicóptero da Nasa mostraram a sombra do Ingenuity flutuando sobre o planeta. 

“Aconteceu. Hoje nosso helicóptero de Marte provou que o voo controlado e motorizado na superfície de outro planeta é possível. Foi preciso um pouco de engenhosidade, perseverança e espírito para tornar essa oportunidade uma realidade”, celebrou a Nasa em comunicado.

Porta aberta para explorações

Logo depois, imagens feitas pelo robô Perseverance – que também está em Marte – também mostraram o Ingenuity voando. A Nasa avalia que o sucesso da missão pode abrir caminho para novos projetos de exploração de Marte e outros planetas do Sistema Solar, como Vênus e Titã, a lua de Saturno.

À princípio, a primeira viagem do Ingenuity foi marcada para o dia 12, mas teve que ser adiada após o surgimento de um potencial problema durante um teste de alta velocidade dos rotores do helicóptero de 1,8kg. A operação era altamente arriscada: o voo é um desafio porque o ar em Marte é muito rarefeito, com menos de 1% da pressão da atmosfera da Terra.

Voo mais rápido que o estimado

Os gerentes da missão no Laboratório de Propulsão a Jato viveram momentos de euforia, com aplausos e gritos de comemoração, quando os dados de engenharia enviados de Marte confirmaram que o helicóptero de dois rotores de 1,8 kg havia realizado seu voo de 40 segundos conforme o planejado cerca de três horas antes.

Enquanto as hélices de um helicóptero no Planeta Terra fazem de 400 e 500 rotações por minuto, a estrutura do aparelho criado pela Nasa gira 2.500 vezes no mesmo período de tempo. A expectativa era de que o voo duraria no máximo 90 segundos. Agora, o equipamento irá explorar a astrobiologia do planeta, incluindo a busca por sinais de vida microbiana, coletando e armazenando rochas marcianas.

Fonte: saoluisdofuturo


terça-feira, 13 de abril de 2021

Pandemia de covid-19 "está longe de terminar", diz chefe da OMS

Foto: Reprodução

Cerca de 780 milhões de vacinas foram administradas globalmente.

Confusão e negligência no combate à Covid-19 fazem com que a pandemia esteja longe de terminar, mas a situação pode ser controlada em meses com a adoção de medidas de saúde pública comprovadas, disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, na segunda-feira (12).

Até agora, cerca de 780 milhões de vacinas foram administradas globalmente, mas medidas como o uso de máscaras e a manutenção do distanciamento físico precisam ser aplicadas para reverter a trajetória da pandemia.

"Nós também queremos ver sociedades e economias reabrindo, e viagens e comércio recomeçando", disse Tedros em uma coletiva de imprensa. "Mas, neste momento, unidades de tratamento intensivo de muitos países estão sobrecarregadas e pessoas estão morrendo -- e isto é totalmente evitável", acrescentou.

"A pandemia de Covid-19 está muito longe de terminar. Mas temos muitos motivos para otimismo. O declínio de casos e mortes durante os dois primeiros meses do ano mostra que este vírus e suas variantes podem ser detidos", acrescentou.

Segundo ele, a transmissão está sendo impulsionada pela "confusão, negligência e inconstância nas medidas de saúde pública".

A Índia superou o Brasil e se tornou a nação com o segundo número mais alto de infecções pelo novo coronavírus do mundo, só ficando atrás dos Estados Unidos, agora que enfrenta uma segunda onda gigantesca, tendo dado cerca de 105 milhões de doses de vacina para uma população de 1,4 bilhão de habitantes.

Fonte: Ag. Brasil