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quinta-feira, 11 de maio de 2023

Revolução da IA: ChatGPT e o futuro do trabalho

Imagem: reprodução
A história da humanidade é marcada por revoluções, momentos em que um evento, uma invenção ou um movimento popular causam uma mudança de rota na sociedade que nos leva a uma nova dinâmica de existência, como a Revolução Industrial.

Atualmente, com o avanço e disseminação da tecnologia do ChatGPT e outras inteligências artificiais (IA) semelhantes, tenho convicção de estarmos passando por um destes momentos revolucionários.

O ChatGPT é uma IA baseada em um modelo avançado de linguagem capaz de entender, aprender e gerar textos em diversos idiomas, produzir trabalhos de alta qualidade em poucos segundos. Esta tecnologia pode desenvolver documentos, escrever artigos, elaborar estruturas de trabalho, checklists de atividades, otimizações de processos e muito mais. As possibilidades de uso são incontáveis e muito de seu potencial ainda é inexplorado.

Na minha opinião, ela é exatamente o tipo de tecnologia que nos dá a oportunidade de mudar a dinâmica de trabalho como conhecemos atualmente. Veja!

Com a Revolução Agrícola, nós, homo sapiens, deixamos de ser caçadores-coletores para nos tornarmos agricultores. Desde então, a correlação entre produção e tempo de trabalho era direta e linearmente proporcional. Ou seja, quanto mais queríamos produzir, mais tempo precisávamos trabalhar. Com a Revolução Industrial e diversas evoluções tecnológicas, ao longo dos anos essa ligação entre produção e tempo de trabalho foi se dissolvendo.

Hoje, com tecnologias de inteligência artificial, a quebra desta correlação nunca esteve tão evidente. Vivemos em um novo mundo no qual os meios de produção se tornaram tão eficientes que pode-se produzir cada vez mais com menos tempo de trabalho humano.

Considerando que entre 50% e 80% do nosso tempo é gasto com comunicação, a criação de uma tecnologia (ChatGPT) que tem a capacidade de otimizar essa comunicação por meio de um modelo de aprendizado e aprimoramento constante tem o potencial de elevar nossa produtividade a patamares nunca antes atingidos.

Algumas empresas já utilizam o ChatGPT em sistemas de atendimento ao cliente, gerenciamento de agendas, processamento de dados e automação de processos, tornando as atividades mais eficientes e ágeis. Isso quer dizer que a IA já é uma realidade e que diversas empresas estão economizando tempo e recursos graças a inteligências artificiais. Isso possibilita que os funcionários se concentrem em atividades mais estratégicas e de maior valor agregado.

Mas, é apenas o início, e as possibilidades a serem exploradas são inúmeras. É por isso que, como disse o especialista em inovação Walter Longo em uma de suas palestras, acredito que “no futuro, as pessoas serão pagas para estudar e aprender, e não para trabalhar”.

Por Victor Moreira

*Victor de Almeida Moreira é engenheiro de produção, com MBA em Engenharia de Custos, gestor de projetos da Mineração Rio do Norte (MRN) e autor do livro (Auto)liderança Antifrágil, publicado pela Editora Gente.


Fonte: LC Agência de Comunicação


terça-feira, 9 de maio de 2023

Após Congresso adiar análise de PL das fake news, STF pode julgar regras do marco civil da internet

Foto: reprodução

Decisão é do ministro Dias Toffoli, relator de recurso apresentado pelo Facebook.

Dias depois do adiamento da discussão pelo Congresso Nacional do PL das Fake News, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento o recurso que discute as regras do Marco Civil da Internet. A lei, sancionada em 2014, determina em seu artigo 19 que "o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros" se não cumprir determinação judicial para a retirada de conteúdo.

A liberação para a pauta do plenário foi feita na quinta-feira (4), por Toffoli. Na terça-feira (2), o GLOBO mostrou que ministros do Supremo avaliavam a possibilidade de a Corte se debruçar sobre o tema diante de uma demora do parlamento em analisar o texto que institui medidas para o combate à desinformação nas redes sociais e regras para a atividade das empresas de tecnologia no país. A inclusão na pauta de julgamentos, agora, caberá à presidente do tribunal, ministra Rosa Weber.

O recurso do qual Toffoli é relator foi apresentado ao STF pelo Facebook e discute a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que exige prévia e específica ordem judicial de exclusão de conteúdo para a responsabilização civil de provedor de internet, websites e gestores de aplicativos de redes sociais por danos decorrentes de atos ilícitos praticados por terceiros.

No Recurso Extraordinário ao STF, o Facebook sustenta a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que teria como princípios norteadores a vedação à censura, a liberdade de expressão e a reserva de jurisdição. De acordo com a empresa, a liberdade de comunicação envolve não apenas direitos individuais, mas também um direito de dimensão coletiva, no sentido de permitir que os indivíduos e a comunidade sejam informados sem censura.

A big tech argumenta que, admitir a exclusão de conteúdo de terceiros sem prévia análise pela autoridade judiciária acabaria permitindo que empresas privadas “passem a controlar, censurar e restringir a comunicação de milhares de pessoas, em flagrante contrariedade àquilo que estabeleceram a Constituição Federal e o Marco Civil da Internet”.

Definição necessária

A necessidade de uma definição por parte da Câmara dos Deputados para tornar crime a divulgação de informações falsas na internet é vista como urgente por uma ala de ministros ouvida pelo GLOBO.

Publicamente, os posicionamentos dos magistrados deixam transparecer esse apoio. Na decisão em que determinou a remoção de ataques ao chamado PL das Fake News e a realização de depoimentos de presidentes no Brasil de Google, Meta e Spotify, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que é "urgente, razoável e necessária" uma definição dos termos da responsabilidade solidária civil das empresas pelo conteúdo publicado por elas, e acrescenta que essa definição pode ser "legislativa e/ou judicial".

Segundo Moraes, a definição da responsabilidade sobre o conteúdo publicado pode ocorrer tanto pelo Legislativo quanto pelo Judiciário.

Uma regulação pelo Legislativo também é enfatizada pelo ministro Luís Roberto Barroso. Em entrevista concedida nesta terça-feira, à TV Migalhas, o magistrado afirmou que “a regulação é inevitável” e disse que uma eventual criminalização das fake news "não é censura".

— A regulação é absolutamente inevitável, o que precisamos acertar é a dose do remédio — disse.

Por Mariana Muniz


Fonte: OGLOBO


sexta-feira, 5 de maio de 2023

Quem são os culpados na história do PL das Fake News

Imagem: reprodução

Todos: PT, bolsonaristas, plataformas digitais, imprensa e aquele pessoal sem ideologia nenhuma, a não ser a da bufunfa fácil.

Não há inocentes na história do PL das Fake News, essa urgência urgentíssima a ser votado na Câmara, sem ter passado por nenhuma comissão. Vamos aos culpados:

O primeiro culpado é o PT e as suas linhas auxiliares, que sempre quiseram o “controle social da mídia”, eufemismo para reprimir a liberdade de expressão, de acordo com a tradição autoritária do seu campo ideológico.

Tentaram fazê-lo no primeiro mandato de Lula, por meio da criação de um Conselho Federal de Jornalismo, mas foram impedidos pela resistência da grande imprensa. Agora, sem que haja obstáculo de monta, estão concebendo instâncias reguladoras para manter sob rédea curta tanto jornalistas como os cidadãos que expõem as suas opiniões nas redes sociais.

O PL das Fake News poderá engendrar mais uma dessas instâncias — e o passo seguinte, possivelmente, será a formação do conselho nefasto.

O segundo culpado é Jair Bolsonaro e os seus sequazes. Ao divulgar fake news durante quatro anos e atacar violentamente a democracia, incitando a um golpe militar, eles deram pretexto para que o PT e as suas linhas auxiliares retomassem o seu plano de “controle social da mídia”. Não fossem o recurso a notícias falsas e os atentados à ordem política perpetrados por Jair Bolsonaro e pelos seus sequazes, o PT e as suas linhas auxiliares não conseguiriam levar adiante a repressão oficial à liberdade de expressão.

O terceiro culpado são as plataformas digitais, que serão obrigadas a funcionar como censoras prévias pelo PL das Fake News. Essas plataformas vêm se dedicando há anos à destruição financeira dos veículos de comunicação.

O trabalho de demolição começou com a captura das empresas que antes fechavam contratos de publicidade diretamente com jornais, revistas e emissoras — e que agora têm nas plataformas pulverizadoras que lhes permitem pagar muito menos por espaços publicitários e estar presentes em praticamente todos os sites e canais na internet.

Além disso, essas plataformas apropriam-se direta ou indiretamente dos conteúdos jornalísticos, sem pagar por isso ou pagando quantias insuficientes para que os veículos compensem a perda de anunciantes e assinantes para essas mesmas plataformas. O enfraquecimento da imprensa é diretamente proporcional às perdas de caixa. O avanço das fake news também está relacionado ao encolhimento de uma imprensa desidratada economicamente pelas plataformas.

No caso do Google, principalmente, o seu monopólio nas buscas lhe deu o poder de vida e morte sobre publicações, por meio de um algoritmo cuja lógica de mudanças constantes obedece a conveniências sem nenhuma transparência. Do dia para a noite, o Google pode tornar irrelevante um veículo importante ou relevante um veículo desimportante. Pode impulsionar novos sites e matá-los em seguida. Na caluda, pode privilegiar quem ele quiser. É ridículo imaginar que o Google não tenha interesses políticos e empresariais embutidos no seu algoritmo.

O quarto culpado é a própria imprensa. Como a PL das Fake News prevê a remuneração de jornais, revistas e emissoras pelo seu conteúdo reproduzido nas plataformas, os veículos fecharam os olhos para um dos absurdos de suas excelências: a criação de uma agência regulatória para as plataformas (a antessala do Conselho Federal de Jornalismo, vá por mim) .

A imprensa também está obnubilada pelos atentados contra a democracia praticados por Jair Bolsonaro e os seus sequazes. Assim, já não oferece resistência ao “controle social da mídia” pretendido pela esquerda. Finge não perceber que se está trocando de autoritarismo, como se o do PT fosse menos danoso do que o do bolsonarismo.

O quinto culpado é aquele pessoal sem ideologia nenhuma, a não ser a da bufunfa fácil. Sem imprensa verdadeiramente livre, com cidadãos amordaçados nas redes sociais, o caminho lhes ficará ainda mais fácil.

Por Mario Sabino


Fonte: metropoles


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quarta-feira, 3 de maio de 2023

PL das Fake News pode ferir liberdade de expressão, diz especialista

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O diretor executivo do ITS (Instituto de Tecnologia Social) Fabro Steibel afirmouno.

que o PL das Fake News pode ferir a liberdade de expressão.

Ele fere? Ele pode [ferir]. Uma das coisas que está no PL é essa capacidade do Poder Executivo de fazer com que uma ordem tenha 30 dias e renove ela várias vezes. Por que isso pode ferir a liberdade de expressão? Porque você dá um grande poder para o Executivo sem dar segurança, sem dar mecanismos para abusos e falha de governo".


"Como você só dá um mecanismo de retirar ou moderar, mas não cria mecanismo se esse poder for abusado, esse é um risco que tem [de ferir a liberdade de expressão]".

"O bom seriam mais discussões. O Congresso Nacional é um ótimo lugar para isso".

"Como 40% do PL é novo, apesar de haver acúmulos de discussões, muito dele é novo".



Fonte: UOL


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terça-feira, 2 de maio de 2023

Blindagem a políticos põe em risco efetividade de lei das fake news

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Para especialistas, norma pode ser usada como argumento para parlamentares que disseminam desinformação.

A previsão de imunidade parlamentar no PL das Fake News pode dificultar ainda mais o combate à desinformação nas redes sociais, avaliam especialistas.

De forma geral, eles lembram que o STF (Supremo Tribunal Federal) nos últimos anos relativizou o alcance desse direito, o que pode minimizar os danos da medida.

Parte dos estudiosos, no entanto, pondera que a previsão pode induzir a inação das plataformas em relação aos congressistas e servir de argumento no Judiciário para disseminadores de mentiras com assento no Congresso.

A imunidade está prevista no artigo 33 do projeto de lei nº 2.630/2020.


plenário da Câmara visto de trás Câmara aprova urgência do PL das Fake News
 - Pedro Ladeira - 25.abr.2023/Folhapress - Foto: reprodução

Conhecido como PL das Fake News, ele teve urgência na tramitação aprovada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (25). Com isso, não precisará passar por comissões na Casa e, se aprovado em plenário, segue direto para o Senado.

O projeto diz que a imunidade parlamentar "estende-se aos conteúdos publicados por agentes políticos em plataformas mantidas pelos provedores de redes sociais e mensageria privada".

O texto faz referência ao artigo 53 da Constituição, que prevê que "deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos".

O PL elenca ainda como "contas de interesse público" as de presidente, governadores, prefeitos, parlamentares de todas as esferas, ministros, secretários estaduais e municipais, e de dirigentes de entidades da administração indireta, como autarquias.

Os titulares dessas contas não poderão restringir o alcance de suas publicações, bloqueando críticos, por exemplo. Mas poderão ajuizar ação em caso de "decisões de provedores que constituam intervenção ativa ilícita ou abusiva" e, nesses casos, o Judiciário poderá obrigar as plataformas a restabelecer as contas em até 24 horas.

"É muito perturbador porque aumenta o poder de quem está no poder e diminui o de quem é tutelado", diz Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e colunista da Folha.

Ele lembra a decisão de plataformas como o Twitter de suspender a conta do então presidente dos Estados Unidos Donald Trump, ainda no cargo, por risco de incitação à violência, na esteira da invasão do Capitólio.

No Brasil, diz, plataformas seriam inibidas de tomar medidas similares diante do que está previsto na proposta.

"É um projeto que quer combater fake news, mas diz que tem uma classe de indivíduos que pode fazer fake news à vontade."

A disseminação de desinformação por agentes políticos ganhou ainda mais relevância após os ataques golpistas de 8 de janeiro, quando contas de bolsonaristas como Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) foram suspensas por determinação de Alexandre de Moraes, ministro do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A suspensão derivou de entendimento que vem sendo consolidado pelo Supremo segundo o qual a imunidade parlamentar não é absoluta. Valeria apenas para discursos relacionados ao mandato político —não abarcaria, portanto, ataques à integridade das eleições, por exemplo.

Bia Barbosa, integrante do coletivo DiraCom - Direito à Comunicação, avalia que, da forma como está redigido, o artigo não impede a atuação das plataformas, mas pode ser usado como argumento em ações judiciais.

Ela integra também a Coalizão Direitos na Rede, uma das cem organizações da sociedade civil que assinam documento que defende a regulação das plataformas, mas faz ressalvas a alguns pontos do projeto.

Reunidas na Sala de Articulação contra a Desinformação (SAD), as entidades se posicionam contra a suspensão de contas de detentores de mandatos por decisão das plataformas, mas defendem que as publicações deles devem ser submetidas às mesmas regras de moderação de conteúdo de todos os usuários.

Em outra nota sobre o projeto, pesquisadores do grupo de pesquisa Democracia Constitucional, Novos Autoritarismos e Constitucionalismo Digital, do IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão), sugerem a modificação da redação do parágrafo do PL sobre imunidade.

Eles propõem um acréscimo para que o texto passe a dizer que "a imunidade parlamentar material, quando exercida nos limites do Estado democrático de Direito, estende-se às plataformas mantidas pelos provedores de aplicação de redes sociais".

Para um dos signatários, o advogado Ilton Norberto Robl Filho, o Judiciário deve continuar a aplicar seu entendimento independentemente da nova lei, mas a redação do jeito que está pode deixar uma lacuna.

Autora de "Liberdade de Expressão e Democracia na Era Digital" (ed. Fórum, 2022), a advogada Luna Van Brussel Barroso ressalta o entendimento do STF de que a imunidade não é absoluta.

Ela avalia que o único cenário em que o artigo do projeto de lei garantiria maior proteção aos congressistas do que aos demais usuários seria se o discurso fosse protegido pela imunidade parlamentar, mas violasse os termos de uso das plataformas.

Ainda assim, pondera, dificilmente algo protegido pela imunidade parlamentar violaria os termos de uso. Mesmo que isso ocorresse, avalia que "a escolha pela imunidade parlamentar também tem um componente democrático importante", então não seria tão problemático que ela prevalecesse sobre as regras das plataformas.


Entenda debate sobre a regulação das redes sociais no Brasil


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Em entrevista recente à GloboNews, o relator do PL das Fake News, deputado Orlando Silva (PC do B-SP), defendeu o dispositivo, afirmando que a imunidade parlamentar é uma conquista democrática e que, em caso de crime, o Judiciário pode ser acionado.

Professor da USP especialista em direito digital e sócio do escritório Opice Blum, Juliano Maranhão ressalta que a previsão do tema na lei é reveladora do contexto da desinformação no Brasil.

"O que os países desenvolvidos assumem como premissa é que fonte da desinformação não é a autoridade", diz.

Não é só a imunidade parlamentar que causa controvérsia no projeto. Em concessão à bancada evangélica, o relator incluiu no texto o aval à "exposição plena" dos dogmas e livros sagrados, bem como a livre expressão dos cultos.

Outro ponto que causa divergências é a remuneração das plataformas por conteúdo jornalístico em um sistema de negociação similar ao previsto na Austrália.

As plataformas se opõem à ideia, e entre os veículos há dissenso. Entidades como Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e ANJ (Associação Nacional de Jornais), que reúne os principais veículos de mídia, entre eles a Folha, defendem o PL; veículos menores temem perder financiamento por terem menor poder de barganha.


O deputado Orlando Silva durante votação do pedido de urgência do
 PL das Fake News - Pedro Ladeira- 25.abr.23/Folhapress - Foto: reprodução

ENTENDA O PL DAS FAKE NEWS

Qual o projeto de combate às fake news deve ser votado?

O PL foi proposto originalmente pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e agora deve incorporar sugestões do governo Lula, do relator Orlando Silva (PC do B-SP) e do grupo de trabalho instituído pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes.

Quais são os principais pontos do projeto original?

Estão no projeto o dever das plataformas de vetar contas inautênticas, a obrigatoriedade de divulgação de relatórios de transparência sobre moderação de conteúdos e multa de até 10% do faturamento do grupo econômico no Brasil em caso de descumprimento da lei

Que pontos devem ser incluídos na votação na Câmara?

Devem entrar no projeto a punição às big techs por conteúdos com violações à Lei do Estado Democrático, a responsabilidade das plataformas por conteúdo impulsionado, a transparência dos algoritmos de conteúdo e a remuneração de conteúdos jornalísticos pelas plataformas

Qual deve ser o trâmite do PL?

Orlando Silva protocolou relatório final da proposta na quinta-feira (27). A expectativa é que o mérito seja votado em plenário na próxima terça-feira (2), já que o projeto tramita em regime de urgência, sem passar em comissões. Depois, deve ser novamente avaliado pelo Senado, que havia aprovado o texto original em 2020, para depois seguir à sanção presidencial

O que dizem as plataformas?

Meta, Twitter, Google e TikTok pedem a criação de uma comissão especial para tratar do tema. Criticam a responsabilização das plataformas por conteúdos de terceiros, o que poderia induzir a "censura privada"

Como funcionaria a remuneração de conteúdos jornalísticos?

As empresas jornalísticas negociariam diretamente com as big techs o pagamento pelo conteúdo e, caso não cheguem a acordo, haveria arbitragem. O modelo segue o News Media Bargaining Code, adotado na Austrália em 2021

Essa proposta de remuneração é consensual?

As plataformas se opõem à ideia, e entre os veículos há dissenso. Entidades como Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e ANJ (Associação Nacional de Jornais), que reúnem os principais veículos de mídia, entre eles a Folha, defendem o PL; veículos menores temem perder financiamento por terem menor poder de barganha

Quais são as outras controvérsias em torno da proposta?

Para vencer a resistência na Câmara dos Deputados, o relator Orlando Silva retirou do texto a criação de uma agência reguladora de supervisão das plataformas e deixou explícito o livre exercício de cultos religiosos e a "exposição plena" de seus dogmas e livros sagrados

Por Angela Pinho


Fonte: folha.com


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SEGUE O FIO👇

Como o PL 2630 pode piorar a sua internet

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Temos sérias preocupações de que o chamado 'PL das Fake News' gere consequências indesejadas e mude a internet que você conhece para pior.

O Google trabalha todos os dias para oferecer aos brasileiros informações e produtos confiáveis, combater a disseminação de desinformação, remover conteúdo ilegal quando tomamos conhecimento sobre ele e continuar o diálogo com os diversos setores da sociedade interessados nessas questões. É por isso que apoiamos fortemente os objetivos do Projeto de Lei 2630/2020, mais conhecido por PL das Fake News. Entretanto, estamos muito preocupados com as consequências indesejadas para o país caso o texto atual seja aprovado sem uma discussão aprofundada.

Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou o pedido de urgência do projeto de lei e, por isso, é fundamental que todos entendam o impacto que essa proposta terá no seu dia-a-dia. Além de estar em desacordo com a forma como outros países estão lidando com essas questões, temos sérias preocupações de que o PL 2630 mude a internet que você conhece para pior e limite a inovação, a liberdade de expressão e a geração de oportunidades econômicas para todos os brasileiros.

Convidamos você a buscar mais informações sobre o tema e nos ajudar a chamar a atenção dos parlamentares no Congresso por meio da hashtag #MaisDebatePL2630. A seguir, detalhamos alguns pontos preocupantes que podem impactar como você usa a sua internet hoje.

O atual texto do projeto de lei 2630…

1) Acaba protegendo quem produz desinformação

O PL 2630 vai acabar favorecendo quem produz desinformação ao limitar a aplicação pelas plataformas de suas políticas e termos de uso, inclusive para determinadas contas de interesse público, e ao “blindar” a remoção de conteúdo produzido por “qualquer empresa constituída no Brasil para fins jornalísticos”. Na prática, já que o texto não faz distinção entre os diferentes produtores de notícias, seríamos obrigados a manter em nossos produtos conteúdos problemáticos criados por empresas que se apresentam como jornalísticas, mas são especializadas na produção de informações enganosas.

Outros dispositivos do projeto de lei vão ainda mais longe ao exigir que as plataformas paguem por esse mesmo conteúdo. Estamos falando de veículos ou produtores de conteúdo controverso que distorceram fatos em relação à validade das vacinas durante a pandemia da COVID-19 ou que contestaram a integridade das eleições brasileiras de 2022.

O jornalismo é, sem dúvidas, essencial para ajudar a fornecer informações de qualidade às pessoas. Ao lado das empresas, associações e profissionais do ecossistema jornalístico que trabalham em parceria com o Google, poderíamos contribuir ainda mais com a oferta de notícias de alta qualidade no Brasil. O PL 2630 deveria apoiar e encorajar esses esforços, mas a sua proposta atual pode trazer o efeito oposto. Pode até limitar a disponibilidade de informações de qualidade para usuários brasileiros, pois exigiria mudanças significativas em produtos como o Google Notícias e a própria Busca.

2) Coloca em risco o acesso e a distribuição gratuita de conteúdo na Internet

Uma característica essencial do mundo digital é a possibilidade de qualquer pessoa usar a internet para armazenar e compartilhar conteúdos produzidos por elas, como fotos, vídeos e textos. Para que estes conteúdos possam ser exibidos ou distribuídos por plataformas online são necessárias licenças de direitos autorais dos seus criadores. Por exemplo, ao enviar um vídeo para o YouTube, você concede ao Google uma licença de direitos autorais para hospedar seu vídeo e permitir que outras pessoas o assistam.

O PL 2630 proíbe esses tipos de licenças de duas maneiras. Uma é exigindo que todas as licenças de direitos autorais para as plataformas sejam concedidas por entidades de gestão coletiva desses direitos, o que significa que criadores e titulares de direitos não podem mais decidir por si mesmos como desejam licenciar ou distribuir os seus trabalhos.

A outra forma é obrigando que todas as licenças de direitos autorais sejam pagas. Nesse sentido, as plataformas não poderiam mais oferecer serviços gratuitos de hospedagem ou compartilhamento de conteúdo sem pagar aos criadores que desejam usar seus produtos. Isso significa que poderá deixar de ser viável financeiramente para as plataformas oferecer serviços gratuitos.

3) Dá amplos poderes a um órgão governamental para decidir o que os brasileiros podem ver na internet

O PL 2630 coloca em risco o livre fluxo de informações na web ao prever a criação de uma “entidade reguladora autônoma” pelo Poder Executivo com funções de monitoramento e regulação da internet. Pela proposta, o órgão terá amplos poderes para limitar o conteúdo disponível aos brasileiros, e contará com baixo nível de supervisão, tornando-se sujeito a abusos.

Além disso, de acordo com o texto, esse órgão pode instituir um “protocolo de segurança”, obrigando as plataformas a ceder à entidade de supervisão o controle de suas regras, termos de uso, processos e características dos seus produtos, sem nenhuma checagem ou controle efetivos. Neste período, os pedidos das autoridades poderiam ainda incluir dados sensíveis de usuários, violando a privacidade de pessoas e empresas brasileiras que usam nossos produtos. É um tipo de controle que poderia comprometer seriamente o fluxo livre de informações que existe hoje e que faz da internet um espaço no qual diferentes vozes podem se manifestar.

Ainda, ao estabelecer “protocolos de segurança”, essa entidade passa a tornar as empresas de tecnologia responsáveis por danos causados ​​por conteúdo de terceiros, o que significa a suspensão temporária do Marco Civil da Internet. Na prática, o modelo cria um incentivo para que plataformas, como o YouTube, que hospedam conteúdos de usuários, adotem uma moderação excessiva, levando a um maior número de remoções e comprometendo a liberdade de expressão de milhares de criadores que desejam manifestar suas opiniões de forma legítima.

4) Traz sérias ameaças à liberdade de expressão

A proposta atual traz várias disposições que determinam um “dever de cuidado” a ser executado preventivamente pelas plataformas, principalmente, no que se refere aos conteúdos considerados ilegais pela proposta. Se o texto avançar assim, empresas de tecnologia terão que filtrar e moderar conteúdos considerando uma análise legal e assumindo uma função exercida tradicionalmente pelo Poder Judiciário.

Sem os parâmetros de proteção do Marco Civil da Internet e com as novas ameaças de multas, as empresas seriam estimuladas a remover discursos legítimos, resultando em um bloqueio excessivo e uma nova forma de censura.

Quando pensamos no YouTube ou na Busca do Google, que já têm mecanismos de denúncia disponíveis para usuários, a redação atual do PL 2630 cria um sistema que pode incentivar abusos, permitindo que pessoas e grupos mal-intencionados inundem nossos sistemas com requerimentos para remover conteúdos sem nenhuma proteção legal.

A incerteza do que pode ou não ser disponibilizado na internet levaria as empresas a restringir a quantidade de informações disponíveis, reduzindo a representatividade de vozes que existem nas plataformas. Isso violaria diretamente o princípio do acesso livre à informação, o que seria uma grande retrocesso na guerra contra conteúdos enganosos.

5) Prejudica empresas e anunciantes brasileiros

Somente no ano passado, o Google ajudou a gerar mais de 396 milhões de conexões diretas entre consumidores e empresas, por mês, incluindo ligações, orientações, mensagens, agendamentos e avaliações, beneficiando mais de 11 milhões de empresas brasileiras.

Desde o surgimento da internet, a publicidade online tem sido um pilar fundamental da web aberta. Ela permite que bilhões de pessoas em todo o mundo tenham acesso gratuito a produtos e serviços, incluindo conteúdos locais e relevantes para os brasileiros em português.

Os anúncios digitais também são um multiplicador da atividade econômica. De acordo com nosso Relatório de Impacto Econômico mais recente, a Busca do Google, o Google Play, o YouTube e as plataformas de anúncios do Google tiveram um impacto econômico de R$ 104,5 bilhões no Brasil em 2021. Parte desse impacto vêm das conexões diretas que nossos produtos ajudam a gerar entre empresas e consumidores.

O PL 2630 pode afetar esse impacto positivo dos anúncios digitais. Caso o texto atual seja aprovado, as empresas brasileiras vão precisar lidar com uma série de novas exigências para utilizar a publicidade digital como parte de sua estratégia de negócios. Por exemplo, foram incluídas apressadamente no texto do projeto normas para regular toda a cadeia de tecnologia de anúncios digitais. Isso pode trazer confusão sobre qual é a responsabilidade de cada ator desse ecossistema e incentivar um aumento desnecessário no custo da publicidade online.

Entre outras exigências, o novo texto prevê ainda que empresas compartilhem muitas informações sobre sua estratégia de marketing, o que criaria mais desafios para as pequenas e médias empresas que usam o digital para competir com empresas maiores.

Nós queremos que as pessoas tenham o poder de tomar decisões bem informadas sobre os anúncios que veem na internet. Isso significa fornecer maior transparência sobre quem são nossos anunciantes, onde estão localizados os anúncios e quais peças de campanha foram exibidas por meio do Google. Nos últimos anos, lançamos várias iniciativas nesse sentido, como atualizações importantes da Minha Central de Anúncios, do Relatório de Transparência de Anúncios Políticos e da Central de Transparência de Anúncios.

O PL 2630 também diz que apenas empresas com representação local podem anunciar em plataformas digitais no Brasil, impedindo que muitas companhias estrangeiras promovam seus produtos e serviços para brasileiros. Você consegue imaginar não poder ver um anúncio de passagem em um site de viagens estrangeiro ou um produto legal em site de varejo internacional por causa dessa restrição? Ou fazer uma pesquisa por um produto no Google e não ter acesso a um anúncio de que o item está em promoção em um e-commerce fora do país? Em tempos de comércio globalizado, acreditamos que esse tipo de regra vai contra os princípios da livre concorrência, isola o Brasil no mercado internacional e limita as escolhas do consumidor brasileiro.

6) Dificulta o acesso dos brasileiros à Busca do Google ao tratar buscadores como redes sociais

A Busca do Google procura oferecer os resultados mais relevantes e confiáveis possíveis para as pessoas. Usamos sistemas de classificação para atender às expectativas dos usuários de encontrar fontes de informação relevantes e de alta qualidade, além de reduzir a exibição de conteúdo prejudicial ou de baixa qualidade nos resultados de pesquisa. O design desses sistemas, no qual investimos desde a nossa fundação, é nossa maior defesa contra informações de baixa qualidade – incluindo conteúdo ilegal e nocivo.

Na versão atual do PL 2630, os mecanismos de pesquisa são tratados da mesma forma que as redes sociais e os serviços de mensagens instantâneas. Isso acaba causando uma distorção que prejudica a Busca, já que ela tem ferramentas limitadas para remover conteúdos ilegais. Quando identificamos um comentário de ódio, por exemplo, a única ação que podemos tomar é remover a URL dos resultados, enquanto a página continua no ar e somente o proprietário do website poderia fazer a remoção.

Igualar buscadores a redes sociais também impõe aos buscadores um dever inviável de monitorar proativamente toda a internet em busca de determinados tipos de conteúdo considerados ilegais pela regulação. Isso, inevitavelmente, levaria a um bloqueio massivo de páginas potencialmente legítimas, já que em se tratando de temas controversos, como imagens fortes, mas que na verdade fazem parte de reportagens jornalísticas, seriam bloqueados para evitar possíveis sanções.

Por fim, o texto estabelece obrigações de remuneração de direitos autorais pelo uso de quaisquer obras literárias, artísticas ou científicas por plataformas e provedores. Se for aplicada aos sistemas de busca, esta obrigação pode ter efeitos significativos na disponibilidade desses conteúdos. A medida desconsidera o papel fundamental e gratuito que ferramentas como a Busca desempenham ao ajudar a divulgar o conteúdo produzido por milhões de criadores diariamente, incluindo os produtores de notícias.

Entendemos a urgência de lidar com questões tão importantes, como o problema da desinformação, e continuamos empenhados em contribuir com o debate público, inclusive com a criação de novas leis. O texto atual, porém, acabou se desviando de seu objetivo original de combater a desinformação, trazendo de forma apressada novos dispositivos sem discussão ampla com a sociedade, inclusive sem passar pelas comissões da Câmara dos Deputados.

Criar uma legislação que tem o potencial de mudar profundamente a forma como milhões de brasileiros, empresas e empreendedores usam a internet é uma responsabilidade compartilhada que precisa ser feita de forma colaborativa e construtiva para atingirmos o equilíbrio certo. Fale com o seu deputado ou deputada e nos ajude a chamar a atenção para os potenciais impactos do PL 2630 com a hashtag #MaisDebatePL2630.

Por Marcelo Lacerda - Diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas do Google Brasil

Fonte: 'blog.google'



COMENTÁRIOS

"Essa PL é tão boa que os políticos se colocaram fora dela."

 "Veículos de imprensa LIVRE criando editoriais ABERTAMENTE favoráveis à Lei da Censura."

quinta-feira, 16 de março de 2023

Cadeia ilegal de ouro só é possível com omissão das instituições, diz estudo

Foto: reprodução

A ANM (Agência Nacional de Mineração) tem uma fiscalização falha e omissa e não dispõe de um sistema eletrônico de controle da cadeia de custódia do ouro. Além disso, promove uma “interpretação equivocada” da legislação que leva a uma concentração de títulos minerários nas mãos de poucas pessoas. O Banco Central também adota uma fiscalização falha e pouco sanciona as DTVMs (Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários) envolvidas em ilegalidades com o minério. A Receita Federal não adota nota fiscal eletrônica para negociações com ouro.

A “responsabilidade institucional” sobre os processos de lavagem de dinheiro e de “esquentamento do ouro extraído em áreas protegidas”, como as terras indígenas como Yanomami, Kayapó e Munduruku, é uma das conclusões de um estudo elaborado pela organização não governamental ISA (Instituto Socioambiental) em parceria com organizações indígenas e ambientalistas. O trabalho de 100 páginas intitulado “Terra rasgada: como avança o garimpo na Amazônia brasileira” foi divulgado na quarta-feira (15).

Segundo o estudo, a “fragilidade institucional” se agravou durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), levando a recordes de destruição da floresta amazônica provocada pelo garimpo ilegal. O crescimento pode ser calculado a partir das operações financeiras com ouro de um grupo de oito grandes DTVMs no país. Em 2018, esse grupo operou R$ 1,4 bilhão com o minério; em 2021, o valor saltou para R$ 7,4 bilhões.

Grande parte do minério veio de áreas protegidas e foi “esquentado” como se viesse de garimpos legalizados, diz o levantamento, mencionando conclusões de diferentes operações desencadeadas nos últimos anos pelo Ibama, PF (Polícia Federal) e MPF (Ministério Público Federal).

“O crescimento do garimpo ilegal é viabilizado pelo completo descontrole da cadeia econômica do ouro, sob responsabilidade do Estado brasileiro, num cenário em que diversas instituições concorrem, mediantes ações e omissões, para a expansão dessa atividade”, aponta o levantamento. Além do tema regulatório, o estudo cita outros três aspectos para explicar o crescimento da exploração do ouro no país: o macroeconômico, o político e o tecnológico e sociológico.

O aspecto político, diz o estudo, “reflete a vulnerabilidade das áreas exploradas frente a políticas de governo e à incidência do lobby do garimpo e da mineração – a exemplo do que se tem observado no Brasil no período de 2019 a 2022, com o sistemático desmonte da fiscalização ambiental, aliado a um aparelhamento da Funai sem precedentes no período democrático”.

De acordo com o levantamento, a lavagem e o esquentamento são facilitados principalmente por “insuficiências e inconsistências” no regime de PLG (Permissão de Lavra Garimpeira), instituído em 1989, durante o governo de José Sarney. No regime de PLG “não se exige do requerente a realização de pesquisa mineral prévia no processo de licenciamento”. Assim, “dispensa-se a apresentação de estimativas da capacidade de produção da lavra (ou mesmo a confirmação de que há jazidas na área em questão), dificultando a averiguação de incompatibilidades entre o título concedido e o volume de ouro extraído – facilitando, portanto, a utilização de PLGs para fraudar a origem ilegal do minério, isto é, para ‘esquentar’ o ouro”.

Estudo anterior da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) também identificou “expressivas evidências de descumprimento dos limites das áreas concedidas”. A auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) de nº 018.935/2019-2 constatou uma “descaracterização do regime de PLG”, que levou à “concentração irregular de títulos por pessoas físicas e empresas”. De acordo com o TCU, do total de 787 PLGs outorgadas no Pará, 66% “estavam sob domínio de 15 permissionários”, salientou o estudo do ISA. Apenas uma pessoa detinha 162 títulos sobre 8 mil hectares.

Pela lei, tudo que envolve “regulação e fiscalização das atividades para o aproveitamento dos recursos minerais” no país deve ser acompanhado pela ANM – criada em 2017, no governo de Michel Temer, que no mesmo dia extinguiu o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). A realidade, porém, é bem diversa.

O estudo do ISA menciona uma ação civil pública ajuizada em julho de 2019 pelo MPF em Santarém (PA) que apontou uma “omissão institucional notória e generalizada” por parte da ANM. O MPF solicitou à Justiça a interrupção da emissão de PLGs na região de Santarém. Dois anos depois, em 2021, com “a evidente explosão contínua do garimpo ilegal na bacia do Tapajós”, o MPF ajuizou uma nova ação, na qual pediu a suspensão de todas as PLGs nos municípios de Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso, onde se concentram territórios Munduruku e Kayapó. O MPF apontou que “a necessidade de intervenção do Judiciário decorre unicamente da recalcitrância dos demandados no cumprimento de seus deveres”.


Três garimpeiros extraem ouro ilegal no rio Tapajós. Na imagem é possível ver
a terra escavada e dragas drenando o minério - Foto: reprodução

Extração de ouro ilegal no rio Tapajós; de acordo com estudo do ISA, a omissão de instituições como ANM favorece o cenário

O levantamento do ISA menciona estudo realizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e pela UFV (Universidade Federal de Viçosa) que constatou “uma queda contínua nas ações de fiscalização por parte da ANM (e, antes, DNPM) no período de 2003 a 2020”. Em 2007 foram 7.873 ações, contra 1.047 no ano de 2020. “Segundo os autores” do estudo, diz o ISA, “a fragilização paulatina de um dos principais atributos da Agência se explica pela redução no orçamento autorizado para essas atividades e pelos valores executados, expressivamente menores do que os aprovados. Em média, ‘54% dos recursos previstos para ações discricionárias foram de fato empenhados pela organização’.”

Uma auditoria do TCU na ANM em 2019 constatou que “a atuação deficiente do DNPM [atual ANM] é uma situação crônica”. 

O ISA aponta ainda que o acúmulo de PLGs por algumas poucas empresas e pessoas se deve a uma “interpretação deturpada da Lei nº 7.805/1989”. “Para a ANM não haveria entrave legal, por exemplo, para que pessoas físicas acumulem títulos minerários, desde que cada PLG respeite o limite de 50 hectares. Ou seja, o sentido de limitar a área de exploração contido na mencionada lei é deixado de lado e seus efeitos são anulados.”

O levantamento também aponta que, para entrar legalmente no mercado, “o ouro proveniente dos garimpos – que tem caráter de ativo financeiro ou instrumento cambial – precisa ser vendido a um PCO”, um Posto de Compra de Ouro, que é vinculado a uma DTVM autorizada pelo Banco Central. A venda, porém, precisar “estar ligada a uma lavra vigente e deve indicar o título minerário” para o recolhimento do imposto. Aqui reside uma “fragilidade fundamental” da cadeia do ouro, diz o estudo. “[Conforme uma lei de 2013, a de nº 12.844], a legalidade da origem depende apenas da palavra do vendedor e da presumida boa-fé do comprador. Ou seja: a legalidade do ouro é presumida, como o é do PCO/DTVM que o adquire.”

“Ainda que sigam obrigadas a prevenir e combater lavagem de recursos”, diz o estudo, as DTVMs “contam com relativa blindagem quanto à verificação das informações prestadas pelo vendedor. Há claros, inclusive, em que o próprio PCO promove a lavagem, atrelando o ouro comprado a um título minerário já autorizado – de acordo com o que foi revelado pela Operação Dilema de Midas, deflagrada e 2018 pela PF [Polícia Federal] em parceria com o MPF [Ministério Público Federal].”

Terras indígenas mais impactadas pelo garimpo ilegal fizeram aliança

Os Yanomami, os Kayapó e os Munduruku, três dos povos mais afetados pelo garimpo ilegal, criaram em 2021 a “Aliança em Defesa dos Territórios” para “expressar seu repúdio à atividade garimpeira”, “uma doença que os brancos estão trazendo para dentro dos nossos territórios”.

Em entrevista à Agência Pública em Brasília na semana passada, as lideranças Alessandra Korap Munduruku, Maial Paiakan Kayapó, Júlio Ye’kwana e Junior Hekurari Yanomami disseram que as consequências do garimpo ilegal em suas terras são devastadoras para a saúde dos indígenas, para a natureza e para a organização interna das aldeias. Alessandra e Maial querem que o esforço feito pelo governo federal a fim de extirpar o garimpo na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, agora seja aplicado em outras terras indígenas, em especial no Pará. Desde janeiro o governo federal realiza uma operação de retirada dos garimpeiros na terra Yanomami, em Roraima.


Da esq. para a direita, Alessandra Korap Munduruku, Maial Kayapó e
Júnior Hekurari Yanomami, em entrevista à
Agência Pública em Brasília - Foto: reprodução

O Pará é um Estado totalmente devastado por conta da destruição da floresta. Resolvendo a questão da terra Yanomami, é um indicativo muito bom para as outras terras indígenas”, disse Maial. Há atualmente invasores nas terras Kayapó e Baú, nas quais grupos de garimpeiros passaram a jogar parte dos indígenas contra os próprios indígenas. “Essa pauta vem do processo de colonização do nossos Estado, de pessoas que vieram atrás de madeira e ouro nas nossas terras. Esse processo continua nos nossos territórios. O ponto é que a gente possa trabalhar de maneira sustentável, desenvolver um outro olhar sobre a terra.”

Maial disse que ainda não é possível retratar, em número de indígenas doentes, o impacto do garimpo nas terras Kayapó porque houve um “apagamento das informações da saúde indígena” durante o governo Bolsonaro. No setor da saúde, disse Maial, “todo um sistema foi cooptado” pelo garimpo, com a participação de servidores que “ajudaram a fazer a entrada” dos garimpeiros nas terras indígenas.

Ameaçada diversas vezes por conta das denúncias que faz sobre o garimpo ilegal nas terras indígenas da sua região, Alessandra Korap disse que os indígenas desde o início do governo Bolsonaro “tentaram desarticular o garimpo, mas ele estava muito forte”. Foram entrando na terra indígena “máquinas, retroescavadeiras” que são vendidas normalmente nos municípios da região.

“A gente não imaginava que [o garimpo ilegal] ia expandir cada vez mais por conta das falas do governo. Quando ele [Bolsonaro] falava que os indígenas ‘vão poder explorar seu território’, era o momento que os próprios comerciantes, empresários já estavam ali articulados dentro do território para entrar na terra indígena. Aí chamaram muito mais gente para entrar. Aí os empresários se sentiram muito fortes, eles sentiram que eles também poderiam… Era dono de posto de gasolina, dono da loja grande, próprios vereadores envolvidos, prefeitura, senador.”

As lideranças indígenas mantiveram uma série de reuniões na semana passada em Brasília com representantes do governo Lula a fim de reivindicar ações do governo tanto para retirada dos garimpeiros das terras indígenas quanto para o atendimento na saúde indígena.

“[No governo ANTERIOR] pedimos muito, fizemos muitas denúncias para retirada dos invasores durante os quatro anos do governo Bolsonaro. Ele não fez nada. Ele só fez brincar com os povos indígenas, fingindo que estava fazendo operações. Batia lá e voltava. Isso era uma coisa que eu não sei se faltou dinheiro, se foi desviado dinheiro, mas já vínhamos denunciando esse garimpo ilegal. O que tem que fazer agora? Os órgãos públicos têm que procurar solução para melhorar a saúde dos povos indígenas Yanomami”, disse Júlio Ye’kwana.

Junior Hekurari, da Associação Urihi, disse que, uma vez retirados os garimpeiros da terra Yanomami, o governo precisa continuar apoiando a população no território. “Não tem como [não ter apoio]. Hoje o povo Yanomami, durante quatro anos, cinco anos, sofreu bastante. O povo Yanomami não tem estrutura física para trabalhar. A malária mata, é forte, qualquer homem não vai aguentar conseguir trabalhar. Então o diálogo que a gente está fazendo com o Ministério dos Povos Indígenas, com a Funai, a gente busca que é preciso ajudar essas comunidades a construir a roça. Somente tirando os garimpeiros não vai resolver a situação da terra indígena Yanomami. [Também] temos problemas graves, que são sociais, que os garimpeiros plantaram, armaram muitos jovens com espingarda, pistola. […] Precisamos de um apoio muito grande do governo federal e dos parceiros.” 

O estudo do ISA é organizado pela antropóloga Luísa Pontes Molina, com textos seus e de Estêvão Benfica Senra, Juliana de Paula Batista, Luiz Henrique Reggi Pecora e Rodrigo Magalhães de Oliveira. O trabalho foi feito em parceria com Associação Floresta Protegida, Hutukara Associação Yanomami, Associação Wanasseduume Ye’kwana, Instituto Kabu, Instituto Raoni, Associação Indígena Pariri, Associação Indígena Da’uk, Associação da Mulheres Yanomami Kumirayoma e Greenpeace Brasil, com apoio do EDF (Environmental Defense Fund).

Indígena Munduruku em frente à placas douradas e manchadas de sangue com os dizeres "ouro ilegal". O homem está coberto de lama e mostra para a câmera a mão suja de sangue e terra Indígena Munduruku, um dos povos afetados, em manifestação contra o ouro ilegal oriundo de terras indígenas

A manifestação dos órgãos citados no relatório

A Agência Pública procurou no início desta semana a ANM, o Banco Central e a Receita Federal. Os dois primeiros se posicionaram.

A ANM afirmou que “está comprometida com a fiscalização da mineração, observando o cumprimento das determinações técnicas e legais. Todas as nossas ações institucionais são no sentido de assegurar o pleno funcionamento do setor mineral.”

“Recentemente, foram implementadas medidas que visam aprimorar a fiscalização e a transparência do setor. Entre elas, estão a criação de um painel de inteligência fiscalizatória, que permite a identificação de irregularidades e fraudes; o painel de fiscalização do ouro, que fornece informações sobre a produção e o comércio de ouro; e, o sistema de primeiro adquirente, que garante maior transparência na alocação de recursos oriundos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral. As ações institucionais visam garantir o cumprimento das leis e regulamentos que regem o setor mineral, e, a implementação de medidas como essas são fundamentais para garantir a transparência e a eficiência das atividades do setor.”

A ANM disse ainda que é “um dos membros definitivos da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), que consiste na principal rede de articulação institucional brasileira para o arranjo, discussões, formulação e concretização de políticas públicas e soluções de enfrentamento à corrupção e à lavagem de dinheiro, reunindo mais 80 instituições públicas pertencentes aos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e o Ministério Público”.

“Na agenda estabelecida pela ENCCLA, a ANM teve destaque na Ação 03/2022, que buscou aprimorar a supervisão em matéria de lavagem de dinheiro na atividade de mineração e de comércio de metais e pedras preciosas, com proposta de estabelecimento de um marco regulatório para disciplinar a aplicação dos deveres dispostos nos arts. 10 e 11 da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, no setor. O tema passou a compor a Agenda Regulatória 2022/2023 da ANM e a proposta normativa deverá ser deliberada em breve pela Diretoria Colegiada da ANM.”

O Banco Central afirmou, em nota, que “supervisiona as instituições financeiras e o cumprimento das normas relacionadas à prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo de forma contínua. As irregularidades encontradas nos procedimentos das instituições são tratadas e/ou comunicadas às autoridades competentes, quando necessário. O BC não comenta situações específicas de entidades reguladas”. A Pública, entretanto, não fez nenhuma pergunta sobre “situação específica”.

O BC argumentou ainda que “interage com outros atores que atuam na cadeia de comercialização do ouro em fóruns sobre o assunto, a exemplo das ações no âmbito da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e a Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), bem como sempre contribuiu e se colocou à disposição para integrar grupos de trabalho com o intuito de melhorar a ação do Estado sobre a matéria. Nesse sentido, o BC apoia iniciativas que possam aprimorar o marco legal para a fiscalização do comércio do ouro tais como, por exemplo, a revogação da presunção de legalidade na aquisição do ouro por instituição financeira e a exigência de nota fiscal eletrônica. O BC também apoia a criação de mecanismos privados que aumentem a rastreabilidade da cadeia produtiva do ouro.”

O Banco Central deixou de comentar diretamente as recomendações contidas no relatório do ISA a respeito do papel do BC, que são as seguintes, na íntegra, e que foram encaminhadas pela Pública ao BC:

“Cobrança junto às Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários para que implementem os mecanismos de prevenção e combate à lavagem de bens e capitais (Lei nº 9.613/1998), em especial as obrigações de qualificar seus clientes (know your costumer) e de reportar transações financeiras suspeitas — o que deve considerar sua área geográfica de atuação e a magnitude dos impactos financeiro, jurídico, reputacional e socioambiental relacionados, conforme exigido pela Circular 3.978/2020;

Reiteração da responsabilidade civil das DTVMs pelo ouro ilegal adquirido por seus Postos de Compra de Ouro, já que se trata de um vínculo de contrato de mandato mercantil, no qual os PCOs compram o ouro em nome das DTVMs e são apenas fieis depositários desse produto; Aplicação mais ágil e rigorosa de sanções às DTVMs/PCOs que compraram ouro ilegal.”

Fonte: Agência Pública


sábado, 25 de fevereiro de 2023

A inteligência artificial vai substituir o profissional da comunicação?

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Ascensão das ferramentas apresenta grande potencial para mudar drasticamente a rotina de trabalho na área.

As ferramentas de inteligência artificial deram um salto significativo em qualidade nos últimos anos. Avanços consideráveis foram alcançados em áreas como processamento de linguagem natural, reconhecimento e criação de imagens e aprendizado por reforço.

Uma das principais razões para esse avanço é o aumento da quantidade de dados disponíveis e do poder de processamento dos computadores. Com mais dados, as redes neurais artificiais que alimentam a maioria das ferramentas de IA apresentam muito mais eficiência e precisão. Além disso, o aumento do poder de processamento dos computadores permitiu a criação de redes neurais ainda mais profundas e complexas, que podem lidar com tarefas cada vez mais difíceis.

Assim, novas técnicas de IA, como o Aprendizado Profundo (Deep Learning), têm sido desenvolvidas e aprimoradas. Essas técnicas permitem que as redes neurais aprendam automaticamente recursos e características importantes a partir dos dados de entrada, em vez de precisar de intervenção humana para extrair manualmente esses recursos.

Em resumo, as ferramentas de IA têm melhorado rapidamente, graças a avanços significativos em hardware, software e algoritmos. E isso tem levado a uma série de novas aplicações em diversos setores, como saúde, finanças, manufatura e transporte.

A IA na comunicação

O ChatGPT é um dos principais exemplos de ferramenta de IA que pode ajudar os profissionais da comunicação em várias tarefas. Ele pode ser usado para gerar conteúdo escrito de forma rápida e eficiente, o que pode ser especialmente útil em tarefas repetitivas, como a criação de descrições de produtos ou a redação de respostas a perguntas frequentes.

Porém, profissionais da comunicação podem usar o ChatGPT para gerar o esqueleto de outros tipos de conteúdo, como posts para redes sociais e até mesmo artigos e, em seguida, adicionar sua própria criatividade e estilo de escrita para personalizar o texto para atender às suas necessidades.

O ChatGPT pode ainda ser usado para analisar dados e prever tendências. Por meio do aprendizado de máquina e da análise de dados, ele é capaz de ajudar os profissionais da comunicação a identificar padrões e tendências em grandes conjuntos de dados. Isso pode orientar estratégias de comunicação e auxiliar na tomada de decisões com base em dados concretos. Com essas informações, os profissionais da comunicação podem adaptar seus textos, campanhas e mensagens para melhor atender às necessidades do público e atingir seus objetivos de forma mais eficaz.

O profissional do futuro

Embora as IAs sejam ferramentas poderosas que podem ser usadas para gerar conteúdo, elas não são capazes de substituir a criatividade, a empatia e a intuição humana. A comunicação é uma atividade que requer não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades que constituem características humanas que ferramentas tecnológicas não possuem.

O ChatGPT pode ajudar os profissionais de comunicação a executar algumas de suas tarefas de maneira mais eficiente, mas não pode substituí-los completamente. Além disso, a comunicação muitas vezes demanda um alto nível de inteligência emocional e conhecimento prático que as IAs não podem replicar, como no caso de adaptações estratégicas, gerenciamentos de crises e desenvolvimento do tom da comunicação de uma marca ou empresa, criando conexão emocional com o público.

Diante disso, o profissional de comunicação do futuro vai precisar contar com habilidades específicas para trabalhar em conjunto com as ferramentas de IA. Ele deve ser capaz de interpretar e analisar os dados gerados, medir o sucesso e adaptá-los da melhor maneira possível. As ferramentas de IA podem gerar conteúdo em massa, mas a capacidade e a criatividade humana jamais poderão ser substituídas.

O profissional de comunicação do futuro deve, portanto, ser capaz de se adaptar rapidamente às mudanças tecnológicas. As ferramentas de IA estão evoluindo com muita velocidade e é necessário estar sempre atualizado sobre as últimas tendências. Isso significa que o profissional de comunicação do futuro precisa, acima de tudo, estar disposto a experimentar as novas tecnologias e ferramentas e a trabalhar em conjunto com elas.

Por Fernando Fischer, sócio fundador e diretor de Conteúdo da Fischer Comunicação


Fonte: Fischer Comunicação


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Uber esclarece se sairá do Brasil após fala polêmica do ministro do Trabalho

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Em sua campanha presidencial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu mudança na legislação trabalhista, visando contemplar os direitos dos motoristas de aplicativo.

Com as regulamentações, poderá haver diversas mudanças para as empresas de motoristas de aplicativo, o que pode pesar bastante para elas.

Nessa linha, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT) foi questionado pelo Valor Econômico na segunda-feira (6) sobre a hipótese de a Uber deixar o País caso a regulamentação ocorra. O ministro desdenhou da empresa e chamou a possibilidade de “chantagem” – na Espanha, algo parecido ocorreu quando o país europeu iniciou os debates para regularizar o cargo.

“As empresas estão dispostas a discutir. Na Espanha, no processo de regulação, a Uber e mais alguém disseram que iam sair. Esta rebeldia durou 72 horas. Era uma chantagem”, disse.

O ministro seguiu, alegando que o Brasil não precisa do Uber, por haver diversos apps similares e que os Correios poderiam assumir o papel. “Me falaram: ‘E se o Uber sair?’ Problema da Uber. Não estou preocupado. Posso chamar os Correios, que é uma empresa logística e dizer para criar um aplicativo e substituir. Aplicativo tem aos montes no mercado.”

Marinho afirmou ainda que pretende incluí-los no INSS, mas que não há definição sobre sua adesão à CLT. “Você pode ter relações que caibam na CLT ou que se enquadrem, por exemplo, no cooperativismo. Aliás, o cooperativismo pode se livrar do iFood, da Uber. Porque aí nasce alguma coisa que pode ser mais vantajosa, especialmente para os trabalhadores.”

Uber se posiciona oficialmente

Após as falas do ministro, a Uber veio a público e esclareceu que não ameaçou deixar a Espanha. “A empresa que deixou o país após a regulação foi a Deliveroo, o que fez cerca de quatro mil entregadores espanhóis perderem acesso à geração de renda. A Uber continua suas operações na Espanha e tem apresentado ao governo os problemas identificados na implementação da regulação”, frisou em comunicado.

A empresa de viagens de carro também pontuou ter repassado ao governo espanhol estimativas sobre o impacto dessas medidas e até contrariedade dos próprios entregadores.

“A regulamentação levou à migração forçada de muitos profissionais para o modelo de operadores logísticos (sem cadastro direto nos aplicativos) e reduziu o número de pessoas trabalhando na atividade”, disse a Uber.

Sobre a proposta do governo anterior, a empresa manifestou defendê-la desde 2021, de modo que as plataformas paguem parte da contribuição de seus funcionários ao INSS.

“É fundamental que essa integração previdenciária seja feita a partir de um modelo mais vantajoso para motoristas e entregadores do que as opções atuais, consideradas muito caras e burocráticas por grande parte desses trabalhadores”, reiterou.

Para chegar a esta conclusão, a Uber disse ter realizado pesquisas de opinião. “O posicionamento da empresa foi construído após pesquisas realizadas pelo Instituto Datafolha com motoristas e entregadores, que revelaram os motivos de não aderir ao formato atual da Previdência, e com a população brasileira, que revelou apoiar mudanças para ampliar a cobertura da Previdência às novas formas de trabalho via aplicativos”, destacou.

Fonte: OlharDigital / via Exame