terça-feira, 9 de julho de 2024

Quais são os desafios dos canais digitais para consolidar audiências na internet?

 

Imagem: reprodução

DiaTV, Flow e PlayTV apostam na integração de meios, diversificação de comunidades e programas ao vivo para engajar outras gerações.

As transformações digitais acarretam mudanças de comportamento. Entre os exemplos possíveis, o consumo de entretenimento é um deles. Segundo o Cenp-Meios, os investimentos em mídia na internet estão quase empatando com a TV Aberta. Em 2023, por exemplo, a Internet e TV Aberta ficaram, respectivamente, com quase 40% das verbas.

Porém, isso não quer dizer que o brasileiro perdeu o hábito de assistir televisão, mas, com a TV Conectada – ou Smarts TVs – há mais opções de canais. Nesse cenário, DiaTV, Flow e PlayTV apostam na integração de meios, diversificação de comunidades e programas ao vivo para engajar outras gerações de consumidores.

Quando surgiu, há um ano, a DiaTV queria importar para o digital a estrutura de programação da televisão aberta. Sobretudo pelo fato de a empresa fazer a transmissão de conteúdo nos canais dos influenciadores parceiros, caso da Blogueirinha. O programa de entrevista De Frente com Bloguerinha foi renovado para uma segunda temporada com patrocínio da Boca Rosa e L’Occitane au Brésil. Ainda no futuro próximo, a novela A Bloguerinha: a Feia vai estrear tendo como inspirações outras narrativas do gênero, aliado ao jogo de improviso.

Segundo Rafael Dias, CEO da Dia Estúdio, a ambição do projeto era levar conteúdo para uma geração que parou de consumir a televisão. “As marcas que entram na Dia querem falar com o público jovem, com idade a partir dos 18 até os 35 anos. É onde está 70% do nosso público”, afirma.

Qual é a linguagem da internet?

Ao final de 2023, Sarah Buchwitz, ex-CMO da Mastercard, assumiu como CEO do Grupo Flow com o objetivo de unificar as identidades digitais a partir da sua experiência no mundo corporativo. “O principal desafio da produção de conteúdo é ser relevante, estar atualizado e se manter na velocidade da internet”, comenta. Além disso, ela menciona que é difícil comparar os meios tradicionais de televisão aos modelos de consumo dos canais digitais. Contudo, “existe uma adesão muito grande de conteúdo de internet nas TVs conectadas que roubam essa audiência de mídias tradicionais”, acrescenta.

Além disso, Suzana Lobo, CEO da PlayTV, comenta sobre a importância de levar conteúdos da internet para o canal tradicional. “Quando pensamos no público brasileiro, que tem a televisão parabólica ou assiste TV aberta, eles pode não consumir esse conteúdo que queremos oferecer. A ideia é que sejamos democráticos e comecemos a trazer conteúdos regionais”, explica. No segundo semestre, a PlayTV adere ao modelo de exibição em streaming Fast Channel (Free Ad-Supported Television).

Projetos futuros

No ano passado, a PlayTV ressurgiu como canal de entretenimento após um hiato, em meados de 2020, quando o canal assumiu o nome de TV WA. Há poucas semanas, um novo time de executivos assumiu o comando criativo da emissora, inclusive a atual CEO, o que marcou o início de uma nova fase. “A PlayTV vai ser transmídia”, diz.

Nos planos da Play TV, a produção de conteúdo proprietário será chave para o futuro, já que, até 2023 o canal não investia nessa frente. Entre os projetos está o Camisas Fan Clube, que estreia em julho. Com foco nos torcedores e colecionadores de camisas de futebol, o programa será conduzido por Felipe Pelosi, dono da loja Camisas Fan Clube, e por Rafael ‘Jukanalha’ Vieira, do Podpah.

Está em negociação outro programa voltado para os fãs de heavy metal, assim como conteúdos de emissoras do Norte e a criação de um programa apresentado por uma mulher trans. “Por sermos pequenos, a ideia é sermos colaborativo e ousarmos. Abrir espaços para quem não costuma ter”, explica Suzana. Além disso, com influência do time da MTV, onde ela trabalhou, algumas temáticas serão resgatadas. Com isso, nomes como a apresentadora Sabrina Parlatore, o jornalista Pablo Miyazawa, o chef Alberto Landgraft e o influenciador LOAD entram para programação da PlayTV, somando 30 novos programas em áudio, vídeo e ao vivo.

Quais são os desafios da internet?

O principal modelo de negócio do Grupo Flow são os Estúdios Flow, com mais de 30 programas estrelados por Sérgio Sacani, Carlos Tramontina e Glória Vanique. Além disso, o grupo engloba as seguintes verticais: Golden Pill, agência de conteúdo e mídia digital; WOLFVision, programa de software house, e o Flow Labs, produtora de audiovisual.

Segundo Sarah, o Flow quer estar próximo do mundo corporativo e contribuir para que as marcas consigam dialogar com o público da internet por meio de branded contents. Até o fim do ano, a empresa também faz o lançamento da Flow House, um espaço de coworking e criação de conteúdo, que vai permitir programas com plateia, por exemplo. “A Flow House materializa uma coisa que fazíamos mais no passado, que é ser uma incubadora de criadores”, explica.

Atualmente, a DiaTV tem 13 canais de retransmissão no YouTube, além do canal proprietário, como aqueles de Samira Close, Lorelay Fox e Foquinha. Ao todo, são 22 apresentadores que, em junho, tiveram 17 milhões de usuários únicos consumindo o conteúdo que era exibido simultaneamente. “O sucesso da DiaTV está em três pilares: os influenciadores, a qualidade de produção semelhante à televisão, ao qual as pessoas se acostumaram, e a comunidade desses creators”, diz. Para algumas produções, a Mynd e a DM9 estão investindo, respectivamente, nos programas de Bianca Dellafancy, Esse Menino e Samira Close. Além disso, Dias comenta como os vídeos curtos, em outras redes sociais, assumiram o papel de chamadas para os programas assim como existe na televisão linear.

Reality Shows para engajar

Nesse mês, o Flow Estúdios abriu o processo de inscrição para o reality show República, que pretende reunir pessoas de diferentes espectros políticos. “A ideia é levar políticos e ativistas para viver nesse modelo de república. Queremos trazer discussões que acontecem na vida política. Quando eles chegarem na casa, cada um vai receber um valor monetário. No caso de alguém que acredita em distribuição de renda, vamos poder ver se ela vai distribuir ou concentrar a própria renda”. Por atrasos no cronograma, o programa que seria lançado antes das eleições municipais ficou para 2025″, detalha Sarah.

Além disso, a PlayTV inicia as gravações do primeiro reality show do canal, All-In: Mestres do Poker, uma mesa de apostas ao vivo. Sentados à mesa estarão técnicos de futebol e astros do poker, como Mateus ‘Zinhão’ Carrión. Nas estratégias para esse programa haverá um “esquenta” antes do lançamento, previsto para setembro, nas redes sociais, além de planos para licenciamento de produtos. Ao mesmo tempo, a DiaTV, que já têm o Corrida das Blogueira, pretende lançar um segundo reality gravado no formato do Corrida.

Parceiros de mídia

Segundo Suzada, a PlayTV quer trabalhar nichos. De fato, a empresa entrou em eventos como parceira de transmissão, tal qual a BGS e a Gamescom. Outro campeonato que se tornou o centro da audiência gamer foi o campeonato mundial Phygital Games. Criado na Rússia, o evento reúne dois mil atletas de 20 modalidades de esportes e e-sports, como corrida de drones, Country Strike (CS) e futebol. Além disso, a operação quer estreitar os laços com redes sociais parceiras, como TikTok e Kwai, expandir para televisão por assinatura da Vivo e criar uma programação exclusiva para os canais no YouTube.

O Flow também foi media partner do João Rock em 2024 com o Vênus e o Amplifica, fazendo a cobertura do evento. Apesar de já reunir mais de 30 milhões de visualizações por mês nos programas em formato de podcast e atingir um público mensal de cem milhões de brasileiros via Flow Games, a empresa quer ir além. Além disso, também estuda ampliar o portfólio de programas voltados ao público feminino pelo Vênus, apresentado por Yas Yassine e Criss Paiva.

Por fim, a DiaTV está expandindo a transmissão para Pluto TV, Samsung TV e TCL, além de dialogar com plataformas de streaming. Segundo Rafael Dias, um dos empasses está sendo negociar o formato gratuito do canal com o modelo pago das plataformas. “A pessoa não paga para assistir a Globo e não paga para assistir a programação da DiaTV, gostamos desse formato”, comenta.

Fonte: meioemensagem