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Com início em outubro de 2023, a guerra entre Israel e o Hamas já dura 174 dias. Quase seis meses depois, o que se vê na região é horror, segundo o deputado italiano Angelo Bonelli em entrevista ao Congresso em Foco.
Segundo Bonelli, ao menos 1.500 caminhões de ajuda humanitária chegaram a ficar retidos por Israel na barreira de acesso à cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, com o Egito, “em uma fila interminável” de caixas enviadas por diversos países. Com isso, a situação para crianças e pessoas feridas se agravou, segundo ele.
“Existem crianças morrendo de fome e falta de água, com os caminhões com farinha e água parados”, disse Bonelli. “Eu conversei com muitos doutores, cirurgiões e eles me falaram que não têm anestésico para fazer cirurgias. Amputações de pernas são feitas com arame farpado. Não tem nada, não tem medicamentos, instrumentos sanitários, anestésicos. É uma situação indescritível”.
Bonelli fez parte de uma comitiva de 14 deputados italianos que esteve, no início de março, na região. Segundo ele, mesmo itens básicos para atendimento médico foram parados na fronteira de Gaza.
“Não tem nada, não tem medicamentos, instrumentos sanitários, anestésicos. É uma situação indescritível”, diz Angelo Bonelli. Foto: Reprodução/Instagram |
Entre os caminhões de ajuda humanitária barrados, estão 30 caixas com filtros de água e freezers enviadas pelo Brasil como ajuda humanitária às vítimas dos bombardeios na Faixa de Gaza. Veja aqui a ajuda humanitária barrada. “Fui na tenda da Cruz Vermelha no lado egípcio onde fica as cargas humanitárias rejeitadas. Nessa tenda tem muitas caixas do Brasil”, disse Bonelli. O parlamentar italiano fala português fluentemente, resultado do período em que morou em Santarém (PA).
Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desde que o presidente Lula (PT) acusou Israel de promover um genocídio, e o governo de Benjamin Netanyahu, em resposta, chamou o embaixador brasileiro em Tel-Aviv e declarou o petista “persona non grata“.
De acordo com o Itamaraty, Israel dá justificativas técnicas para não entregar os kits, entre elas o fato de que a energia solar que mantém os filtros em funcionamento representam um risco para a segurança israelense. O argumento é que as pequenas placas poderiam ser utilizadas pelo Hamas.
O governo brasileiro, no entanto, questiona a escolha de Israel de barrar a ajuda humanitária. Segundo o ministro Mauro Vieira, há uma estimativa de que 15 mil toneladas de itens estejam paradas na fronteira. “Sem sombra de dúvidas, o bloqueio à ajuda humanitária consiste em uma violação do direito internacional”, disse o ministro ao Senado nesta semana.
Para Bonelli, não é necessário fazer comparações com a Segunda Guerra Mundial ou com o Holocausto sofrido por judeus durante o governo nazista da Alemanha. Para ele, é claro que o que está acontecendo contra palestinos é um crime contra a humanidade
“Não preciso fazer comparação com o passado. É analisar o que está acontecendo agora, que é um genocídio. É uma política que está procurando um genocídio“, disse Borelli. O deputado europeu destacou ainda que falas nesse sentido não são um ataque aos judeus. “Não é uma responsabilidade do povo de Israel, mas do governo de Netanyahu”.
Desde que o Hamas atacou Israel, deixando mais de 1.400 pessoas mortas e sequestrando outras 240, mais de 30 mil pessoas foram mortas e cerca de 72 mil ficaram feridas na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde da Palestina.
Um dos momentos que classifica o momento atual como um crime contra a humanidade foi o chamado “massacre da farinha”, quando cerca de 120 pessoas morreram e outras 750 ficaram feridas em meio a um bombardeio sobre a população civil da Palestina, que fazia fila para receber ajuda humanitária.
Fonte: congressoemfoco