OMS: guia diz que, em maioria dos casos, reabertura escolar não agravou pandemia
A Organização Mundial da Saúde (OMS), junto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) publicaram, na segunda-feira (14), uma atualização do guia sobre a retomada das aulas e a reabertura de escolas ao redor do mundo em meio à pandemia de coronavírus.
Segundo o documento, a suspensão de atividades presenciais só deve ser considerada pelos locais que não podem operar com segurança e não têm alternativas.
Sem aulas, disparidade está aumentando de maneira muito profunda, diz Unicef
A representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer, disse à CNN na quarta-feira (16) que a abertura das escolas é "fundamental justamente para evitar o aumento das disparidades".
Segundo ela, o impacto que a escola fechada tem sobre a criança e o adolescente é profundo. “Porque entre um menino que teve acesso à internet, uma menina que continuou a estudar, e outra pessoa que está numa situação que não tem internet, essa disparidade está aumentando de maneira muito profunda”, avalia.
Aulas particulares seguem proibidas na cidade do Rio, afirma desembargador
O desembargador Peterson Barroso Simão, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), publicou um despacho na segunda-feira (14) afirmando que as escolas particulares seguem impedidas de retomar as atividades presenciais na capital fluminense.
O TJ suspendeu em agosto um decreto do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que autorizava a reabertura das escolas privadas, de forma voluntária, para o 4º, 5º, 8º e 9º anos na Fase 5 (a partir de 1º de agosto de 2020).
A Prefeitura do Rio recorreu da decisão ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Outro processo diferente, sobre o mesmo tema, corre na Justiça do Trabalho. Neste, em outra decisão liminar proferida no dia 10, o juiz Elísio Moraes Neto suspendeu a reabertura "até a vacinação dos professores e alunos". Esta liminar foi revogada no domingo (13) pelo desembargador Carlos Henrique Chernicharo, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1).
Com base em dados, os pesquisadores da UFRJ atestam que, depois das medidas de flexibilização das determinações de isolamento, houve um aumento do número de casos no município.
Um recente estudo da Universidade de Harvard, que comprovou que a carga viral encontrada nas vias aéreas superiores de pessoas de zero a 22 anos é maior que a de adultos diagnosticados e internados em UTI com coronavírus.
O estudo demonstra que crianças e adultos jovens transmitem Covid-19, mesmo sem sintomas. Os cientistas da UFRJ avaliam que “medidas protocolares de checagem de temperatura, sinais e sintomas, utilização de tapetes sanitizantes, entre outros, na admissão de alunos nas escolas podem não impedir, efetivamente, a transmissão do vírus nesses ambientes, colocando em risco a saúde de todos."
Secretário de Educação defende aula presencial em SP: 'Fundamental retornar'
O secretário estadual de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, defendeu a volta às aulas de forma gradual e opcional. A declaração foi feita em entrevista à CNN, na quarta-feira (16).
"Ainda que gradual e opcional, é fundamental que comecemos a retornar. Não dá para dizer [que voltará] quando tivermos a vacina [contra a Covid-19]. E se a vacina não chegar para todos? Ela não chegará no final do ano e virá primeiro para um grupo de risco. Então, temos que ter a certeza de que voltar às aulas é uma prioridade", frisou.
4º ano do ensino médio
Rossieli voltou a comentar a criação do quarto ano do ensino médio para alunos da rede estadual. "É opcional. A todos que desejarem, será permitido cursar uma parte ou todo o terceiro ano de novo", disse ele, que informou que a previsão é iniciar junto no calendário escolar de 2021, que ainda será divulgado.
Para finalizar, o secretário de SP ainda citou estudos que apontam que as aulas remotas não têm o mesmo efeito do ensino presencial. "Os prejuízos são enormes, incluindo socioemocional. Pesquisa feita no país [mostrou que] 75% dos alunos estão mais angustiados, irritados, mais ansiosos e no caminho de uma depressão", pontou.
Volta às aulas é importante para saúde mental das crianças, diz pediatra
A pediatra Isabella Ballalai, presidente do departamento de imunização da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio (Soperj), afirmou à CNN, na quinta-feira (17), que o retorno às aulas presenciais é importante para a saúde mental das crianças.
Para ela, a volta ao presencial já não tem apenas relação com calendário escolar, mas com a saúde mental dos alunos. "Talvez do ponto de vista de currículo escolar, pode até se questionar se vale a pena ainda, mas, em relação à saúde mental e segurança dessas crianças, é muito importante que voltem às aulas", justificou — "desde que as condições epidemiológicas sejam favoráveis", ponderou.
Fonte: CNN Brasil
Comentário
Eu francamente não entendo esses, "especialistas", em educação que acham que crianças e professores devam voltar às aulas sem vacina e colocar a perder todos os meses de sacrifícios que passamos até o momento. Por conta da agora, pasmem! "Saúde mental das crianças" e “para evitar o aumento das disparidades”. Já nem usam mais o pretexto do currículo escolar, em um ano que se encontra praticamente perdido. Agora falam em resolver problemas de saúde mental das crianças e disparidades que seriam atenuadas em apenas três meses de ano letivo presencial, em detrimento da saúde e integridade física e emocional de crianças e profissionais de ensino.
É incompreensível do ponto de vista moral, o que leva um profissional desses, a sequer cogitar que, vidas de crianças devam ser arriscadas, em um ambiente onde o perigo de contaminação é premente e real, em um país onde os casos de proliferação só aumentam a cada dia, principalmente quando verificamos casos em outros países aonde a abertura prematura de escolas ocorreu, Israel por exemplo, onde um grande surto escolar aconteceu 10 dias após a reabertura das escolas, voltou a estaca zero. Isto sem falar em casos na França, Alemanha e Inglaterra. Não vamos muito longe, aqui mesmo em São Luís, duas escolas particulares voltaram a fechar após descobrirem funcionários contaminados.
Só este caso em Israel, já bastaria para desencorajar qualquer outra tentativa, em qualquer outro lugar, estamos falando de vidas de crianças aqui, também de profissionais de ensino, precisamos e devemos ser mais ponderados, não existe medida 100% segura. Então, para que correr o risco, especialmente com uma população que sabidamente possui maior potencial para contribuir com o aumento de assintomáticos, cuja carga viral é mais intensa?
Insistir em uma volta precoce parece um discurso proferido por pessoa, esta sim, com severa falta de saúde mental!
Segundo guia da OMS, “a suspensão de atividades presenciais só deve ser considerada pelos locais que não podem operar com segurança e não têm alternativas”.
Que tipo de segurança é possível sem vacina? Segundo estudo da Universidade de Harvard, todos os cuidados de prevenção necessários, não são suficientes e qualquer percentual de risco, deve ser considerado inaceitável! Estes, “especialistas”, não estão sabendo lidar nem com a situação e nem com as adversidades, já se fala em um quarto ano letivo, é o caminho a seguir! Não há como ser diferente, arriscar a vida de crianças e profissionais de ensino, estes últimos com grande percentual de pessoas em grupos de risco, é algo a meu ver e, com respaldo do estudo aqui já citado, inviável! Como podem ainda cogitar tal possibilidade?