terça-feira, 16 de junho de 2020

Mercadinho sem funcionário vira solução na pandemia

Foto: Reprodução
O primeiro modelo foi desenvolvido pela startup Onii em uma unidade em um condomínio fechado em SP

Neste ano, os meios tecnológicos voltados à compra independente dispararam. A novidade que alguns condomínios passaram a usar é a rede de mercados autônomos, negócio desenvolvido pela startup Onii, que teve sua primeira unidade em um condomínio fechado de São Carlos (SP).

O processo de identificação e pagamento é realizado via aplicativo, enquanto os moradores compram seus produtos em um contêiner de 20 metros quadrados. Não há profissionais no caixa.

Tom Ricetti, um dos sócios da Onii revelou que o faturamento da loja é de R$ 35 mil por mês. Logo durante seus primeiros dias funcionando, foram 206 moradores do condomínio com 240 residências baixaram o app.

O plano inicial era a construção de 200 lojas em dois anos, mas o que não era esperado pelos sócios era explosão da pandemia causada pelo coronavírus que, consequentemente, pelas recomendações da OMS de manter o distanciamento social, refletiu na rapidez em construir mais lojas. 38 estão em fase implementação e 31 já funcionam como ponto de vendas.

Expectativa de faturamento superando R$ 20 milhões

Com menos de um ano no mercado, os sócios acreditam que o faturamento supere R$ 20 milhões. Ricetti ressalta que nunca trabalhou tanto na vida, ele nunca imaginou que ia ser essa loucura.

Na quarentena, com todo mundo em casa, recebem 50, 60 ligações de condomínios perguntando quanto custa a instalação. Empresas também mostram interesse nos modelos, que podem vir a servir como extensão de almoxarifados e box para guardar EPI onde funcionários podem pegar os utensílios e o controle é feito pela leitura do QR Code.

A ideia é expandir o modelo para diferentes setores, como o caso de aeroportos que já contataram a startup. Ricetti relata que também vão inaugurar a primeira loja autônoma em aeroporto. Assinaram um contrato para colocar uma Onii em Congonhas, depois do raio-x.

Democratização da Amazon Go

A programação era abrir em maio, mas com a quarentena, os planos foram alterados. O sócio acredita ser a democratização da Amazon Go. Mas lá a inteligência está toda na loja, com sensores, câmeras, balanças e etiquetas. Isso encarece.

O processo requerido para comprar na versão brasileira solicita ao cliente realizar o cadastro no app inserindo nome, telefone e RG e pendura um cartão. A unidade não fica liberada para acesso, tudo acontece por meio de scanner.

Tudo se dá por um geolocalizador que sinaliza com um “push” para uma nuvem de qual unidade está sendo usada pelo cliente. Após o alerta o processo de liberação é permitido com a microtransação de um centavo. Se tudo estiver ok, a loja devolve um QR Code e, se der match, a porta é destravada.

Cada produto leva um código de barras que terá a sua leitura feita pelo celular como um scanner. Logo que escaneado, o produto é enviado para o carrinho e pode ser levado. Na contratação do contêiner, o condomínio “monta” seu menu.

Ricetti diz que se querem vinho francês de R$ 500 ou corote, não tem problema. O condomínio decide o que quer vender. Só precisa de código de barras. O condomínio também fica responsável com os cuidados relacionados à operação de compra, reposição, limpeza e manutenção.

E ele só pode vender os produtos cadastrados no app. Quando ele quer colocar um novo produto ou marca, a startup faz a autorização e cadastro e, para esses produtos, geram um código de barras, explica Ricetti.

Licenciado recebe 90% do valor obtido

O box gira em torno de R$ 70 mil, quem licenciar pode optar pelo aluguel de equipamentos como, geladeira, freezers e gôndolas custa até R$ 1.500 mensais. 90% dos valor obtido fica com o licenciado, enquanto apenas 10% vai a startup.

De acordo com o secretário-executivo da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, Felipe Brandão, lojas autônomas e compras por app/QR Code já eram uma realidade no país. Mas, diante do complexo e volátil cenário da pandemia do novo coronavírus, notaram uma aceleração dessa tendência.

Já o diretor de Novos Negócios e Inovação da Matera, empresa que desenvolve tecnologia para o mercado financeiro, fintechs e gestão de riscos, Alexandre Pinto informa que lá na Amazon Go, por exemplo, não é tão sofisticado, não tem que escanear. Você põe na sacola e pronto. Vai na linha da praticidade.

Para um futuro próximo, os sócios enxergam o novo modelo como uma das muitas opções de negócios que ganharam força com a pandemia. É uma competição complicada. Hoje você pode escolher um vinho e a pessoa te entregar em casa. Se for duas da manhã, você desce e compra. Vai ser uma das muitas opções, explica Ricetti.

Fonte: saoluisdofuturo