quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Quem é o casal de políticos suspeito de receber propina no Maranhão

Imagem: reprodução

PF suspeita que ex-prefeito de Caxias, Fábio Gentil, e sua namorada, a deputada Daniella (PSB), estejam envolvidos no esquema investigado.

A Polícia Federal (PF) suspeita que um casal de políticos maranhense esteja no centro do esquema de supostos desvios em contratos voltados para a área de Educação no Maranhão.

Os suspeitos são o ex-prefeito de Caxias (MA), Fábio Gentil, e a deputada estadual Daniella (PSB). Ambos namoram e, como mostrou a coluna, são apontados na apuração como supostos receptores de propina do esquema. Ambos negam qualquer irregularidade.

Engenheiro de formação, Fábio tem 55 anos e tem uma extensa carreira política que iniciou como vereador, cargo que exerceu por cinco mandatos consecutivos.

Depois, em 2017, se tornou prefeito de Caxias, sendo reeleito para um segundo mandato em 2020.

Algumas das promessas feitas ao assumir a prefeitura pela segunda vez foi dar atenção a projetos sociais, especialmente aquele voltados à educação, como a implementação do Prouni Municipal, além de construir escolas.

“Nós vamos continuar resgatando a autoestima do nosso povo. O que nós temos aqui é muito amor e respeito com a cidade e com a população”, afirmou em janeiro de 2021, no primeiro dia de seu segundo mandato.

Em abril deste ano, passou a atuar como secretário de estado da Agricultura no governo do Maranhão.

Segundo a PF, Fábio teria influenciado no direcionamento dos contratos sob suspeita em Caxias.

“O investigado Fábio José Gentil segue o mesmo modus operandi de negociação com as empresas investigadas anteriormente à contratação destas, as quais são viabilizadas pelos servidores públicos municipais que somente realizam a posteriori a montagem de procedimentos fraudulentos de inexigibilidade de licitação, viabilizando o repasse de recursos públicos do Fundeb”, diz trecho do relatório da PF.

Já a deputada Daniella, namorada de Fábio Gentil, também é suspeita de ter integrado o esquema de desvios e ter se beneficiado de propina.

“Com o desenvolvimento das investigações, apurou-se a existência de organização criminosa responsável não somente pelo desvio de recursos públicos federais da educação no município de Caxias (MA), mas em outros diversos municípios, através do pagamento de propina a servidores públicos, dentre eles Fábio José Gentil Pereira Rosa, atual prefeito do município de Caxias [ele deixou o cargo no início de 2025] e Daniella Jadão Meneses Cunha, atual deputada estadual”, diz a PF.

Natural de Presidente Dutra (MA), Daniella tem 40 anos e é especialista em Nutrição Clínica e Saúde Pública.

Foi coordenadora do Departamento de Nutrição e Dietética do Hospital Regional de Urgência e Emergência de Presidente Dutra (Socorrão), atuou como nutricionista do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) em Tuntum e, depois, assumiu uma das gerências da Secretaria Municipal de Assistência Social.

Em 2015, assumiu a direção-geral do Hospital Macrorregional de Presidente Dutra.

Ela venceu a eleição de 2018 para assumir um assento na Assembleia Legislativa do Maranhão com mais de 40 mil votos. Segundo suas redes sociais, uma de suas principais bandeiras políticas são os direitos das mulheres.

Um dos projetos de lei de sua autoria divulgado por ela é o texto que estabelece diretrizes para a criação do cadastro estadual de mães atípicas.

Operação Expertise

A operação, batizada de Expertise, apura a atuação de uma organização criminosa voltada ao cometimento de crimes contra a administração pública e a lavagem de dinheiro, mediante a contratação fraudulenta de empresas por diversos órgãos públicos estaduais e municipais do Pará, por meio da utilização de recursos federais oriundos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) e do Fundo Nacional de Saúde (FNS).

Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, além de bloqueio de ativos, afastamento de sigilo bancário e fiscal de 17 investigados, e mandados de prisão preventiva de cinco pessoas em Belém (PA) e Marituba (PA)

As ações da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU) também incluem a aplicação de monitoramento eletrônico em uma pessoa, afastamento de seis servidores públicos e suspensão, por tempo indeterminado, das atividades econômicas de 4 empresas investigadas, incluindo contratos firmados e atualmente vigentes com órgãos do Pará e do município de Marituba (PA).

Segundo a PF, as investigações mostram a existência de um “modus operandi” que envolve empresários, servidores públicos e empresas de fachada.

O esquema também inclui o direcionamento de licitações, adesões irregulares a atas de registro de preços, simulação ou execução parcial de contratos administrativos, repasses de vultosos valores públicos e, posteriormente, o saque em espécie e redistribuição desses recursos entre os agentes integrantes da organização.

Defesa

A coluna entrou em contato com o governo do Pará, com o Detran e com a Polícia Científica do Pará, que informaram não ter conhecimento sobre os fatos investigados.

A defesa de Jacélio, embora tenha afirmado que teve acesso apenas recentemente ao material da investigação, negou que ele tenha cometido qualquer irregularidade.

“O Sr Jacécilo não cometeu nenhum ato de corrupção, muito menos precisou de qualquer favorecimento para obter qualquer contração da Líder fora dos ditames legais”, afirmou.

Com relação às atividades financeiras levantadas pelo Coaf, o advogado afirma que o relatório do órgão tem aptidão para atestar eventuais movimentações atípicas, porém, “essa atipicidade não representa automaticamente uma ilegalidade”.

“Durante a investigação teremos todo interesse em prestar os esclarecimentos, após análise dos autos, e por certo iremos esclarecer os fatos controversos da investigação”, ressaltou.

Questionadas, a Alepa, as empresas citadas e a defesa de Alberto Furtado não se manifestaram.

Fonte: metropolis


Leia também: