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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é um dos que acham que a sustentabilidade passa necessariamente pelo apoio dos países mais ricos às nações em desenvolvimento. Ele levou seus argumentos às reuniões das quais participou.
— Todo mundo, sem exceção, tem responsabilidade sobre cada lugar onde houver florestas. E essas florestas, para serem preservadas, independente do local, precisam da contribuição de outros países, sobretudo dos mais desenvolvidos, que antecipadamente incrementaram suas atividades econômicas com algum sacrifício do meio ambiente — avaliou.
O incentivo às populações socialmente vulneráveis também foi defendido pelo presidente do Senado. Para ele, é fundamental investir na remuneração, principalmente da população carente que mora e resguarda áreas de interesse ambiental. Além disso, acrescentou, é preciso instruir esse público para o fato de que manter as árvores em pé é melhor do que derrubá-las.
— Muitas pessoas com problemas básicos, como fome, miséria e inclusão, quando veem uma árvore em pé, pensam que se a derrubarem terão um meio de subsistência. A partir do momento em que elas entenderem que a árvore em pé vale mais do que deitada, porque há mecanismo e programa de controle nesse sentido, não há dúvida de que vamos conter, de modo inteligente e com o apoio da sociedade, esse problema — afirmou.
Meio ambiente e agropecuária
Os senadores que estiveram na COP26 consideraram positiva a participação deles no evento. O presidente da Comissão de Agricultura Reforma Agrária (CRA), Acir Gurgacz (PDT-RO), informou que apresentou e divulgou relatório com as prioridades e o compromisso do colegiado para uma agricultura sustentável.
— Estamos defendendo que nossa indústria e nossa energia são limpas e que nossa agricultura é de sustentabilidade. Isso tudo nós sabemos, mas as pessoas fora do Brasil não sabem. Por isso é importante estarmos aqui mostrando aos outros países exatamente essa realidade, que poucos no exterior conhecem — opinou.
O senador Giordano (MDB-SP), por sua vez, lembrou que a COP26 faz as pessoas terem consciência de que é necessário cuidar do planeta para as próximas gerações. E os congressistas precisam assumir esse compromisso. Ele também comemorou acordos fechados pelo Brasil durante a conferência.
— O governo brasileiro manifestou seu apoio à declaração internacional de líderes mundiais para preservar as florestas, reduzir o desmatamento e a degradação dos solos até 2030, isso é muito importante — avaliou.
Desconfiança
A participação do governo na conferência, no entanto, foi vista com desconfiança pelos senadores Fabiano Contarato (Rede-AP) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), que aproveitaram a importância do evento para cobrar alterações de rumos na atual política ambiental e para exigir o cumprimento dos acordos assinados.
— Vamos ver ser ficaremos só no discurso ou vamos voltar com o dever de casa a ser cumprido. E o dever de casa é arquivar projetos em tramitação no Parlamento que são verdadeiros ataques ao direito constitucional de todos nós a um meio ambiente ecologicamente equilibrado — disse Contarato, que é coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Senado.
Eliziane Gama, por sua vez, disse que o governo precisa aprimorar as políticas climáticas se quiser garantir ao Brasil um lugar estratégico na transição para a economia verde:
— Quando o governo fala em desmatamento zero e redução de 30% dos gases de efeito estufa, é preciso proteger a Amazônia. O acordo foi bem recebido, mas com certa desconfiança. Isso é nítido nas conversas que tivemos com as representações internacionais. Com o desmatamento, a imagem brasileira ficou numa situação difícil, extremamente vulnerável. E uma mudança de imagem passa por uma profunda mudança de postura e governança — argumentou.
A senadora, que integra a Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia Legal, destacou a divulgação, durante o evento, de um relatório de avaliação de políticas climáticas elaborado pela Comissão de Meio Ambiente (CMA). Segundo ela, o documento foi feito após a realização de audiências públicas com a participação da sociedade, de empresários, do governo e de especialistas.
— Foi feito levantamento da situação ambiental brasileira. Colocamos todas as informações no relatório e mostramos de forma clara a real situação da proteção de nossas florestas — explicou.
Observatório internacional
Ao avaliar a participação dos parlamentares na conferência, o presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Jaques Wagner (PT-BA), destacou o lançamento do Observatório de Legisladores para a Transição Justa, com a participação de congressistas de oito países da América Latina. Para ele, o envolvimento dos parlamentos é fundamental para o desenvolvimento sustentável e o cumprimento do Acordo de Paris.
"Nesse espaço de diálogo, compartilharemos as melhores práticas e construiremos ações perenes, dando maior atuação aos parlamentos nesta agenda conjunta [...] Nos encontros, tenho defendido que os debates devem ser orientados por um tripé que compreenda a sustentabilidade sob os pontos de vista ambiental, social e econômico”, escreveu Jaques Wagner em um artigo sobre a COP26.
Energia alternativa
O senador Jean Paul Prates (PT-RN), que preside a Frente Parlamentar de Recursos Naturais e Energia (FPRNE), informou que visitou Egersund, na Noruega, que tem um do melhores portos naturais do país e é sede de dezenas de empresas voltadas para o mar.
O parlamentar teve uma reunião com Odd Stangeland, prefeito da cidade, e convidou-o para conhecer Porto do Mangue (RN), na tentativa de fazer com que o município potiguar seja sede de um centro de apoio para atividades marítimas. Ele pretende também atrair empresas de energia no mar, navegação e salvatagem.
O parlamentar informou ainda que a comitiva do Rio Grande do Norte na COP26 firmou uma parceria entre o governo estadual e a empresa dinamarquesa Vestas. O acordo de cooperação deve ser assinado este ano durante uma visita dos executivos da empresa a Natal.
“Acertamos o início dos estudos para construção de um polo de apoio às operações offshore de geração de energia eólica no litoral potiguar. Essa estrutura deve prever a construção de enormes plantas para produção de hidrogênio a partir da geração de energia eólica no mar. A Vestas, dinamarquesa, é a maior companhia mundial produtora de turbinas de energia eólica. Dedica-se ao desenvolvimento, fabricação, venda e manutenção de aerogeradores”, esclareceu em sua conta no Twitter.
Também participaram da COP26 os senadores Irajá (PSD-TO) e Kátia Abreu (PP-TO). A próxima conferência, a COP 27, será realizada no Egito, em 2022.
Fonte: Agência Senado