quarta-feira, 4 de março de 2020

Brasil faz sequenciamento do genoma do Covid-19 em tempo recorde

Jaqueline Goes de Jesus desenvolveu trabalhos pela 
Fundação  Hemocentro e Faculdade de Medicina da 
USP de Ribeirão Preto - Foto: Reprodução
Uma das coordenadoras do grupo que desvendou o RNA da nova cepa, a baiana Jaqueline Góes de Jesus mostra confiança no avanço das pesquisas

O Brasil foi um dos países onde mais rapidamente se obteve o sequenciamento do genoma do coronavírus Covid-19. Em dois dias, a contar da confirmação do primeiro caso, um homem de 61 anos que viajara à Itália, equipes do Instituto Adolpho Lutz e do Instituto de Medicina Tropical, em cooperação com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, conseguiram decodificar o RNA do vírus. A média em processos desse tipo é de 15 dias.

Outra medida da importância da descoberta para a Ciência brasileira é o fato de que na Itália, hoje o foco de expansão da doença na Europa, não se obteve ainda o sequenciamento. O Brasil tem dois casos confirmados, e 433 suspeitas, tendo descartado outros 162 casos após os testes clínicos e laboratoriais.

O programa Revista Brasil entrevistou a cientista baiana Jaqueline Góes de Jesus, do Instituto de Medicina Tropical. A pesquisadora afrodescendente, formada na Escola Bahiana de Medicina e especializada no Instituto Gonçalo Muniz, da Fiocruz, coordenou a equipe que sequenciou o genoma do corona vírus no primeiro caso no Brasil. Na entrevista, Jaqueline comentou as perspectivas de desenvolvimento das pesquisas sobre o genoma e o impacto das descobertas na aceleração do diagnóstico e do tratamento do Covid-19.






Ela explicou que as duas cepas sequenciadas no País não obrigam, pelo que se sabe até o momento, à adoção de protocolos distintos de tratamento, nem implicam sintomas diferentes. As mutações refletem a adaptação do microorganismo ao hospedeiro humano, e o ritmo de mutação do novo coronavírus é de uma vez por mês. Muito menos, por exemplo, do que os influenza, dos diferentes tipos de gripe, que obrigam a desenvolver uma nova vacina a cada ano.

Fonte: Ag. Brasil