sábado, 28 de setembro de 2019

Janot diz que planejou matar Gilmar: instituições funcionavam normalmente?

Foto: Reprodução
A reportagem de capa de VEJA desta semana gerou fortes reações no mundo da política. Em entrevista exclusiva para a revista, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, relatou, entre outros episódios, que entrou armado no Supremo Tribunal Federal para tentar matar o ministro Gilmar Mendes.

O caso é um dos temas mais mencionados nas redes sociais desde a noite da quinta-feira 26 — incluindo autoridades, que fizeram comentários de espanto e repúdio sobre a história.

Em maio de 2017, a Operação Lava-Jato estava atingindo seu ponto mais alto. O ex-presidente Lula teve a primeira audiência com o juiz Sergio Moro no caso do apartamento tríplex, a Presidência de Michel Temer tremeu após a divulgação de um vídeo que mostrava um deputado puxando pelas ruas de São Paulo uma mala cheia de dinheiro e a delação premiada dos donos da JBS disparou ondas de choque devastadoras contra o mundo político. Houve também um quarto episódio, até agora desconhecido, que por pouco não mudou radicalmente a história da maior investigação criminal já realizada no país.




Gilmar Mendes responde a Rodrigo Janot e recomenda um psiquiatra


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“Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.

O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a faze-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.

Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.

Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da corte constitucional do país.

Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.

Acho que nada precisa ser acrescentado.”






Requerimento foi entregue para o ministro Alexandre de Moraes após Janot revelar plano de assassinato

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu a retirada do porte de arma do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e a proibição de que ele entre na Corte. A informação é da colunista do jornal Folha de S. Paulo, Monica Bergamo.

A solicitação consta em requerimento encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito que apura ameaças a membros do STF. Se a representação for aceita, Janot também pode ser proibido de chegar perto de qualquer lugar em que Gilmar Mendes esteja.

Na quinta-feira 26, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma entrevista em que Janot confessa ter planejado assassinar Gilmar e se suicidar em seguida. O ex-procurador diz que não cometeu o crime porque foi impedido pela “mão de Deus”.

Janot afirmou que sua filha foi alvo de mentiras por Gilmar, após o ex-procurador pedir o impedimento de que o ministro julgasse o habeas corpus de Eike Batista. O plano de matar o magistrado é revelado no livro “Nada menos que tudo”, que o ex-procurador deve lançar na próxima semana.


Gilmar afirmou que lamenta os “impulsos homicidas” de Janot e colocou em dúvidas os processos conduzidos pelo ex-procurador na Operação Lava Jato.

Fonte: veja / cartacapital via: Notícia dos Blogs