quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Grãos tokenizados prometem otimizar processos e levar melhorias para o agronegócio

Imagem: Reprodução
A tecnologia blockchain possibilita que produtores rurais possam vender de forma antecipada sua safra nacional ou no mercado internacional de modo mais simples, com qualidade e menor custo.

A tokenização de ativos tem sido um dos assuntos mais falados nos últimos anos, se tornando uma tendência de mercado de diversos segmentos, dentre eles o mercado agropecuário. Enxergando todo esse potencial para o mercado brasileiro, a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), deu destaque a essas discussões durante a última edição do Fintouch, maior evento do calendário focado no mercado de fintechs da associação, realizado em setembro deste ano contou com a participação José Angelo Mazzillo Júnior (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) entre outros especialistas do mercado. 

Na ocasião, os especialistas tiveram um importante papel em contextualizar o cenário atual do mercado, ganhos expressivos na produção agrícola, a oportunidade levada pela inovação para as startups do setor e a influência das empresas de tecnologia com soluções financeiras ou operacionais para as fazendas. Esses fatores  têm sido determinantes para que o setor possa caminhar para uma direção de democratização, acompanhado paralelamente com a criação de tokens financeiros que podem ser atrelados ao preço de commodities agrícolas permitindo a realização de investimentos com mais facilidade e assertividade.



O que são tokens?

Os tokens são nada mais nada menos que chaves eletrônicas, ou pedaços de códigos, que representam algum tipo de ativo. Essa tecnologia surgiu a partir dos blockchains desenvolvidos em 1991 por Stuart Haber e W. Scott Stornetta. O primeiro projeto da dupla consistia em proteger algumas informações de documentos e artigos científicos através de blocos de informações que não pudessem ser alterados e nem identificados por terceiros.

Com a constante evolução tecnológica, esse conceito de blockchain foi passando por mudanças até chegar à atual tecnologia: um serviço de registros distribuídos de pessoa para pessoa de forma segura e descentralizada. 

Hoje, existem diversos tipos de ativos que podem ser tokenizados, é o caso dos: imóveis; empreendimentos da economia real; obras de arte; metais preciosos e outros produtos. Entretanto, ainda temos alguns ativos que são intangíveis, esse é o caso de: propriedades intelectuais,, moedas digitais dos bancos centrais (CBDCs), patentes,  royalties, ações de empresas e outros produtos.

Existem ainda os  Non-fungible tokens, também conhecidos como NFTs. Assim como as propriedades intelectuais, esses tokens não podem ser trocados por algo da mesma espécie, como acontece com o dinheiro, por exemplo. Eles são ativos originais insubstituíveis e por isso garantem a autenticidade e confiabilidade do token.

Como as empresas podem se beneficiar da tokenização de ativos?

Além de garantir uma enorme eficiência e agilidade através da transferência instantânea de bens e ativos tokenizados, temos ainda a vantagem de conseguir registrar de forma clara e imutável todas as informações relacionadas a cadeia de produtividade de uma empresa, desde a sua construção, até chegar aos consumidores. 

Isso significa que todo ativo de uma empresa apresentarão as mesmas características e valores, possibilitando a expansão acessível do mercado de bens e ativos. Confira alguns dos principais objetivos abaixo:

Redução de custos: o processo de tokenização de ativos funciona de maneira automatizada o que permite que a maioria das suas manutenções aconteça de forma ágil e transparente, permitindo assim a redução de custos voltados para a emissão de títulos e a captação de recursos. 

Transparência com os órgãos regulatórios: uma das principais dores de cabeça dos empreendedores é conseguir passar a transparência dos seus processos para garantir a conformidade com os órgãos regulatórios. Entretanto, a transparência e fungibilidade dos blockchains permite um maior acesso às movimentações por todos os envolvidos, sem precisar arriscar a segurança da organização. 

Dessa forma, a tecnologia de tokenização promove ainda a redução dos riscos voltados ao gerenciamento de conformidades diretamente pelo token, gerando a transparência exigida pelos órgão regulatórios. 

Maior conexão com os consumidores: através dos NFTs diversas grandes marcas como a Gucci e a Nike conseguiram ganhar uma maior relevância e conexão com seus consumidores ao lançarem campanhas com acesso limitado a produtos NFTs. Isso permite que a empresa garanta uma melhor visibilidade da sua marca frente aos seus consumidores, ao promover um produto exclusivo e moderno aos seus clientes. 

A inovação é uma tecnologia inovadora impulsionada pelos ecossistemas de inovação e que é capaz de trazer inúmeros benefícios aos empreendedores. Espero que esse conteúdo tenha sido útil para te ajudar a compreender melhor o que é a tokenização e como esse processo pode garantir estabilidade, transparência e segurança ao seu modelo de negócios.

“A desmaterialização dos títulos de crédito do agronegócio, como por exemplo, a transformação de Cédulas de Produto Rural (CPRs) de um documento “físico” para um “eletrônico”, abriu porta para que essas transações também se transformassem em Ativos Digitais, logo chamando a atenção de empresas tokenizadoras, que  perceberam o potencial de atuação no agronegócio. Atualmente, a CPRs representa até 1/3 de todo o crédito cedido na cadeia de insumos, este valor atualmente pode chegar a R$ 50 bilhões anualmente, ou seja, qualquer fração transformada em tokens para investidores traria e pode trazer um bom volume de novo capital para o setor”, comenta Jônatas Couri, membro da vertical de agtech da ABFintechs.

O setor tem apresentado um crescimento de 3% ao ano em produtividade impulsionado por novas tecnologias e pesquisas, a soma de bens e serviços gerados no agronegócio chegou a quase R$ 2 trilhões ou 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Esses números mostram a grande chance do Brasil em se tornar o celeiro de tecnologia para o agronegócio no mundo e é um segmento fertil para a inovação e atuação das fintechs que crescem na esteira do potencial econômico do campo. 

“As expectativa é que com a Internet das Coisas (IoT) trazendo rastreabilidade nos milhares de armazéns de commodities agrícolas espalhados no Brasil, o poder de conexão do produtor rural por meio de diversos aparelhos e a abertura do mercado de capitais para o amplo leque de títulos do agronegócio com potencial de tokenização, atraia cada vez mais as empresas do setor financeiro que ofereçam produtos e serviços financeiros e soluções mais ágeis como também a possibilidade da utilização de tokenização de ativos”, complementa Bonora.

Sobre a ABFintechs

A Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), fundada em 2016 por empreendedores de quatro fintechs, possui mais de 500 associadas e tem como missão garantir que o maior número possível de Fintechs se tornem realidade como negócio, além de fazer do Brasil uma referência em inovação no setor financeiro, passando a ser um fornecedor para o mundo de inovação disruptiva em finanças. Com importante papel no desenvolvimento de questões regulatórias, a Associação realiza um trabalho próximo a Agências Reguladoras e Autarquias como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Central do Brasil (BCB), Superintendência de Seguros Privados (Susep), Ministério da Economia, dentre outras, com importantes conquistas alcançadas até o momento como a Instrução CVM 588, Resolução 4656 do BC e Sandbox regulatório. Conta com representantes no Comitê Nacional de Iniciativas de Apoio a Startups, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, foi indicado como órgão oficial na estrutura de governança do Open Banking no Banco Central.

Fonte: VCRP / ABFIN TECHS / closedgap


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