quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Maranhão registra 549 casos de Covid-19 nas últimas 24h, o maior número dos últimos três meses e Juiz espera ouvir Estado e Municípios antes de decidir sobre 'lockdown' no Maranhão

Foto: Reprodução
Última vez que o estado registrou um aumento no número de casos diários da doença foi em outubro de 2020. Desde o início da pandemia, o Maranhão já contabilizou 208.198 casos e 4.719 mortes pelo novo coronavírus.

Após três meses, o Maranhão voltou a registrar uma alta no número de casos diários de infecção por Covid-19. De acordo com o boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde na terça-feira (2), foram contabilizados 549 novos casos em um único dia.

A última vez que o estado havia registrado um número de casos superior ao desta terça-feira, foi em 9 de outubro, quando foram contabilizados 608 casos de infecção pelo novo coronavírus. Ao todo, desde o início da pandemia, o estado já registrou 208.198 casos e 4.719 mortes pela Covid-19.

Dos novos casos registrados, 101 foram na Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa), 19 em Imperatriz e 429 nos demais municípios do estado.


Até o momento, 7.358 casos ativos, ou seja, que estão em tratamento contra o coronavírus. Destes, 6.504 estão em isolamento domiciliar, 475 internados em enfermarias e 379 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

No estado, 196.121 pacientes já se recuperaram da Covid no Maranhão (Confira algumas histórias de recuperados pela doença no estado no fim desta reportagem).

Detalhes das mortes

As mortes foram registradas 11 mortes nas cidades de São Luís (1), Arari (1), Buritirana (1), Imperatriz (1), Zé Doca (1), Timbiras (1), Paço do Lumiar (2) e Santa Inês (3).

A secretaria afirma que 4.283 profissionais da saúde já foram infectados pela Covid-19, 4.162 se recuperaram da doença e 75 morreram.

Ao todo, a Secretaria de Saúde diz que já realizou 506.313 testes (rede privada + pública) para a Covid-19, sendo que 379.074 casos foram descartados.




Faixa etária dos pacientes

  • 0 a 9 anos - 5.409 casos
  • 10 a 19 Anos - 14.064 casos
  • 20 a 29 Anos - 30.891 casos
  • 30 a 39 Anos - 39.897 casos
  • 40 a 49 Anos - 31.797 casos
  • 50 a 59 Anos - 22.419 casos
  • 60 a 70 Anos - 16.762 casos
  • Mais de 70 - 15.719 casos
  • Não informado - 31.240 casos

Percentual de casos por sexo

  • Masculino - 44%
  • Feminino - 56%
  • Taxa de ocupação de leitos de UTI

Leitos de UTI para a Covid-19 na Grande São Luís

  • Total de leitos de UTI - 111
  • Leitos ocupados de UTI - 95
  • % de ocupação das UTIs - 85,59%

Leitos clínicos para a Covid-19 na Grande São Luís

  • Total de leitos - 185
  • Leitos ocupados - 95
  • Porcentagem de ocupação - 51,35%

Leitos de UTI para a Covid-19 em Imperatriz

  • Total de leitos - 32
  • Leitos ocupados - 27
  • Porcentagem de ocupação - 84,38%

Leitos clínicos para a Covid-19 em Imperatriz

  • Total de leitos - 81
  • Leitos ocupados - 54
  • Porcentagem de ocupação - 66,67%

Leitos de UTI para a Covid-19 nas demais regiões

  • Total de leitos - 148
  • Leitos ocupados - 68
  • Porcentagem de ocupação - 45,95%

Leitos clínicos para a Covid-19 nas demais regiões

  • Total de leitos - 353
  • Leitos ocupados - 65
  • Porcentagem de ocupação - 18,41%

Cuidados

Para evitar a proliferação do vírus, o Ministério da Saúde recomenda medidas básicas de higiene, como lavar as mãos com água e sabão, utilizar lenço descartável para higiene nasal, cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel quando espirrar ou tossir e jogá-lo no lixo. Evitar tocar olhos, nariz e boca sem que as mãos estejam limpas.

Juiz espera ouvir Estado e Municípios antes de decidir sobre 'lockdown' no Maranhão

Foto: Reprodução

Douglas de Melo Martins afirmou que também deseja ouvir a Defensoria e o Ministério
Público antes de qualquer decisão. Prazo de 72 horas também visa uma análise sobre o andamento da pandemia nos próximos dias.

O juiz da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, Douglas de Melo Martins, decidiu por esperar pelo pronunciamento do Estado, Ministério Público e Municípios em relação ao pedido dos defensores públicos que queriam a decretação de um 'lockdown' em todo o Maranhão.

De acordo com Douglas Martins, o prazo para que as partes se pronunciem é de 72 horas e também visa uma análise sobre o andamento da pandemia nos próximos dias, no Maranhão.

"Esse prazo, além de ser uma garantia processual para evitar decisão surpresa, na atual circunstância desempenha especial função, pois despertará necessária reflexão sobre a eficácia das atuais medidas de prevenção à COVID-19 adotadas pelo Poder Público, seu acolhimento pela comunidade e o atual paradigma da doença no Estado do Maranhão", diz o juiz na decisão.

O juiz Douglas Martins também afirmou que, independente da determinação sobre um possível lockdown, o Governo do Maranhão, se desejar, pode recorrer para derrubar a decisão em instâncias superiores.

"As pessoas dizem 'não quero lockdown'. Tranquilo. Ninguém quer. Mas a grande pergunta para estas mesmas pessoas que dizem que não querem, é: O que você está fazendo para que não seja necessário? Mais importante que o alvoroço sobre se o juiz vai decretar lockdown, cada uma das pessoas devia estar pensando assim: 'O lockdown pode se impor, não porque nós queiramos, mas se nós tivermos pessoas morrendo em porta de hospital sem conseguir entrar, não depende da minha vontade. O lockdown virá'. Se cada um de nós tomar as cautelas, o comerciante tomar seu cuidado... Devemos pensar em tomar todas as providências para que a doença não se dissemine e não seja necessário lockdown em nosso estado", afirmou Douglas Martins.

Pedido de lockdown

Na última segunda-feira (1º), três defensores públicos do Maranhão acionaram a Justiça para obrigar o Governo do Maranhão a adotar medidas de restrição total das atividades sociais e comerciais não essenciais, em razão da pandemia de Covid-19.

O documento pede que a medida seja aplicada para todos os 217 municípios do estado, pelo período de 14 dias, podendo ser prorrogada. A petição foi protocolada na 1ª Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, responsável por conceder, em maio do ano passado, o pedido de 'lockdown' para os quatro municípios da Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa).

A ação é resultado do aumento do número de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid, que ultrapassam os 80%, segundo os últimos boletins epidemiológicos divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Assinam o documentos os defensores públicos Clarice Viana Binda, titular do núcleo de Direitos Humanos; Cosmo Sobral da Silva, titular do núcleo de Defesa da Saúde, da Pessoa com Deficiência e da Pessoa Idosa; e Diego Carvalho Bugs, defensor do núcleo regional da Raposa.

Na petição, os defensores pedem ainda:

  • A restrição da circulação de veículos particulares, podendo ser usados exclusivamente para deslocamento de pessoas em atividades essenciais, compra de gêneros alimentícios e medicamentos, ou atendimento médico hospitalar;
  • Suspensão do serviço de transporte rodoviário intermunicipal;
  • Restrição da circulação de veículos particulares em rodovias do Maranhão, podendo ser liberados somente para o deslocamento de pessoas em atividades ligadas à atividades essenciais ou para compra de alimentos, medicamentos e atendimento médico;
  • Limitar o funcionamento do transporte público urbano, garantindo o mínimo necessário para garantir o deslocamento de pessoas ligadas à atividades essenciais;
  • Implantação de regras de biossegurança para funcionamento das atividades essenciais e transporte público urbano;
  • Proibição de eventos sociais públicos e privados de qualquer natureza, independente do número de pessoas;
  • Proibição de música ao vivo ou mecânica, inclusive ambiente, em bares e restaurantes.

Os defensores pedem, ainda, que a fiscalização do cumprimento das medidas seja realizada pelas polícias civil e militar, com apoio do governo estadual, assim como outros funcionários públicos estaduais da área.

A assessoria de comunicação da Defensoria Pública do Estado (DPE-MA) afirmou que a decisão foi individual dos três defensores e que não houve conhecimento prévio da direção-geral do órgão. A DPE reforçou que está em diálogo para entender o cenário do pedido feito pelos defensores.

Por meio de uma rede social, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que respeita a autonomia do sistema de justiça do estado, entretanto, não há, neste momento, qualquer planejamento para o 'lockdown' no estado. O governador explicou ainda que constatou um aumento no número de casos, em reunião realizada com o Comitê Científico, e reforçou que medidas serão adotadas.

"Finalizei agora reunião do Comitê Científico que nos assessora quanto ao coronavírus. Constatamos crescimento de casos. Definimos medidas relativas a ampliação de leitos e outras providências. Mas, sublinho, não cogitamos de novo Lockdown, neste momento", disse Flávio Dino.



 

Justificativas

O pedido foi feito base em dados epidemiológicos no estado, realizado entre os dias 18 a 31 de janeiro, com dados oficiais da Secretaria de Saúde. Ficou constatado que houve um aumento significativo na taxa de ocupação de leitos de UTI destinado para pacientes com Covid-19 no estado.

Nos municípios da Grande Ilha e em Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão, a taxa de ocupação chegou nos últimos nove dias, a obter uma ocupação superior a 80%, sendo considerados os polos que mais recebem pacientes do interior do estado. Segundo a petição, a grande maioria dos municípios não possui leitos e nem hospitais estruturados para receber os pacientes.

Além disso, foi observada a elevação na taxa de contágio do vírus no Maranhão, que chegou em 1,45, quando o cenário ideal é abaixo de 1, conforme determina a Secretaria de Saúde. Os defensores destacam ainda a campanha de imunização contra a Covid-19 no Maranhão, que já vacinou somente com a 1ª dose, apenas 0,45% da população, até o dia 27 de janeiro, sendo ainda muito longe de atingir toda a população do estado.

Em justificativa, o documento afirma que enquanto não houver vacinação em massa no Maranhão, a única medida viável é adoção de medidas de distanciamento social, restrição de pessoas, para conter o vírus e evitar a chance de mutações, como aconteceu na África do Sul, Reio Unido e no estado do Amazonas.

Ou seja, se não mantivermos o único tratamento eficaz, que é o distanciamento social e a não aglomeração de pessoas, poderemos voltar à estaca zero quando não tínhamos vacina disponível", afirma o documento.


O prefeito Eduardo Braide afirma que não há planejamento de lockdown em São Luís


Foto: Reprodução

Braide utilizou de sua rede social para dar seu posicionamento a respeito da possível
medida.

Na terça-feira (02), o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, também afirmou que não há planos para decretar um novo lockdown na capital maranhense.

O prefeito utilizou de sua rede social para dar seu posicionamento a respeito da possível medida em uma publicação, na qual disse que “No momento, não há nenhum estudo ou planejamento de lockdown na cidade”.

Braide também ressaltou o avanço no trabalho de enfrentamento contra a doença através da vacinação com o uso do imunizante contra a Covid-19 (aplicados até o momento em grupos prioritários).

Fonte: G1 / oimparcial