O juiz Victorio Giuzio Neto, da 24ª Vara Cível Federal de São Paulo, concedeu uma nova liminar e suspendeu mais uma vez o acordo entre a Boeing e a Embraer. A medida foi tomada no âmbito de uma ação civil pública movida por sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos, de Botucatu e de Araraquara - que representam funcionários da Embraer -, em conjunto com a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos.
A decisão é de quarta-feira (19) e foi tomada pelo mesmo juiz que já havia concedido uma outra liminar para suspender a negociação no início do mês ao analisar a ação movida por dois deputados federais. A primeira liminar foi derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região de São Paulo.
Na última segunda-feira (17), a Embraer havia anunciado que seu conselho de administração aprovou a parceria estratégica para combinação de ativos na área de aviação comercial com a Boeing. A fabricante de aviões brasileira ressaltou em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a parceria ainda está sujeita à aprovação do governo brasileiro e, posteriormente, será submetida à aprovação dos acionistas e das autoridades regulatórias.
De acordo com a parceria proposta, a Boeing deterá 80% de participação na joint venture pelo valor de US$ 4,2 bilhões. Em julho, quando o acordo foi anunciado, o valor informado para pagamento à Embraer pela Boeing era de US$ 3,8 bilhões. A joint venture foi avaliada na ocasião em US$ 4,75 bilhões. Agora, o valor anunciado pela empresa em fato relevante é de US$ 5,26 bilhões. Pelos cálculos da Embraer, o resultado da operação, líquido de custos de separação, será de US$ 3 bilhões.
Conforme a companhia, a expectativa é que a parceria não terá impacto no lucro por ação da Boeing em 2020, passando a ter impacto positivo nos anos seguintes. A joint venture deve gerar sinergias anuais de cerca de US$ 150 milhões - antes de impostos - até o terceiro ano de operação.
Após concluída a transação, a joint venture da aviação comercial será liderada por uma equipe de executivos sediada no Brasil, incluindo um presidente e CEO. A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente a Dennis Muilenburg, presidente e CEO da Boeing. A Embraer terá poder de decisão para alguns temas estratégicos, como a transferência das operações do Brasil.
No comunicado, Paulo Cesar de Souza e Silva, presidente e CEO da Embraer, afirma que a empresa está confiante que esta parceria será de grande valor para o Brasil e para a indústria aeroespacial brasileira como um todo.
Fonte: JB