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| Imagem: reprodução |
O analista que vazou segredos dos Estados Unidos e é perseguido até hoje faz um alerta sobre o sistema de vigilância global
Edward Snowden era um nerd como tantos outros, que trabalhava como analista de sistemas da CIA contratado da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, quando percebeu o jogo sujo de vigilância que o governo estadunidense utilizava, inclusive contra aliados, e resolveu jogar os dados nas redes.
Em 2013, Snowden vazou documentos confidenciais que revelaram programas de vigilância global do governo dos Estado Unidos, inclusive sobre a presidenta do Brasil à época Dilma Rousseff.
Foi um escândalo global. O governo do democrata Barack Obama mandou caçar Snowden pelo mundo. Ele só conseguiu abrigo na Rússia, onde vive até hoje.
Especialista em análise de sistemas complexos Snowden faz agora um alerta sobre o que está acontecendo com nossos dados, como o poder nos vigia e manobra para controlar e moldar nosso comportamento.
Snowden:
"Eles chamam isso de sistema de crédito social. Se alguma dessas fotos de família, se alguma de suas atividades online, se suas compras, se suas associações, se seus amigos forem de alguma forma diferentes do que o governo ou os poderes constituídos no momento gostariam que fossem, você não poderá mais comprar passagens de trem. Você não poderá mais embarcar em um avião.
Você pode não conseguir obter um passaporte. Você pode não ser elegível para um emprego. Você pode não conseguir trabalhar para o governo.
Todas essas coisas estão sendo cada vez mais criadas, programadas e decididas por algoritmos. E esses algoritmos são alimentados precisamente pelos dados inocentes que nossos dispositivos estão criando o tempo todo, constantemente, invisivelmente, silenciosamente, neste exato momento. Nossos dispositivos estão lançando todos esses registros que não vemos sendo criados e que, em conjunto, parecem muito inocentes.
Você estava no Starbucks nesse horário. Depois, você foi ao hospital. Você passou muito tempo no hospital. Depois de sair do hospital, você fez uma ligação. Você ligou para sua mãe. Você conversou com ela até o meio da noite. O hospital era uma clínica de oncologia.
Mesmo que você não possa ver o conteúdo dessas comunicações, os registros de atividades, o que o governo chama de metadados, que eles argumentam não precisar de mandado para coletar, contam toda a história. E esses registros de atividades estão sendo criados, compartilhados, coletados e interceptados constantemente por empresas e governos.
E, em última análise, isso significa que, ao venderem esses registros, ao comercializá-los, ao fazerem negócios com base neles, o que estão vendendo não é informação. O que estão vendendo somos nós. Estão vendendo nosso futuro.
Estão vendendo nosso passado. Estão vendendo nossa história, nossa identidade. E, em última análise, estão roubando nosso poder e fazendo com que nossas histórias trabalhem para eles."
Fonte: revistaforum

