quinta-feira, 25 de julho de 2024

A crise entre Dinistas, Brandonistas e o Clã Brandão

Os dinistas - Imagem: reprodução

Os 'dinistas' estão mais perdidos do que cego em tiroteio neste desgoverno de  Carlos Brandão, sem perceber que aos poucos, estão agindo como 'o sapo que cozinha lentamente na panela', até morrer.

Retrospecto

Inicialmente, Brandão foi tomando conta dos principais arcos de poder, começando pela Assembleia Legislativa, quando colocou a desconhecida ex-enfermeira, Iracema Vale, duas vezes prefeita do paupérrimo município de Urbano Santos, com apenas '35 mil habitantes', como presidente daquela casa, em seu primeiro mandato como deputada estadual. Logo em seguida, comprou o silêncio dos demais deputados, ocasionando um período de mais de um ano de falta de transparência institucional, aprovando tudo quanto foi mando e desmando do Palácio dos Leões. Colocou o irmão Marcos Brandão como diretor institucional da ALEMA, em seguida houve a mudança do regimento interno, impedindo que o vice, no caso, Rodrigo Lago (PCdoB), assumisse, tendo que haver uma nova eleição em caso de saída do titular da casa.  E aos poucos foi povoando seu governo com toda a parentada que dispunha, somando-se um total, até a última vez que soube, de cerca de 14 parentes na administração pública estadual.

Antes disso já havia indicado o sobrinho, Carlos Orleans Brandão, para secretário de Governo (hoje, Assuntos Municipalistas) e em seguida o outro sobrinho, Daniel Itapary Brandão, para conselheiro do TCE, com apenas 38 anos de idade, tendo no currículo apenas, a experiência de 'cargos de dedo' indicados pelo tio, obtendo aprovação por unanimidade do parlamento estadual.

Aproximou-se dos demais poderes MP - Ministério Público , TJ - Tribunal de Justiça e até a Câmara Municipal de São Luís, a pretexto de manter as boas relações institucionais e ainda trouxe de volta todos os 'dinossauros da política maranhense'.

Em uma jogada mais surpreendente, tendo em vista que apoiava o 'anti-sarneysismo' que ajudou a eleger Dino governador,  fez uma reaproximação estratégica com a Família Sarney e vem dando a eles gás e fôlego para que ressurjam politicamente no Maranhão. O neto de Sarney, Adriano Sarney (PV), hoje comanda a Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos - MOB.

Nas últimas eleições vimos o retorno da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), como deputada Federal, principal nome político da família e a única ainda, com força política no Estado.

Mas o passo mais edificante do Clã Brandão, foi conquistar a presidência estadual do 'MDB', onde o bom irmão, Marcos Brandão, nome que vem se consolidando e ganhando cada vez mais influência na gestão do irmão governador, tomou as rédeas do partido no Estado, sucedendo nomes como os do ex-senador João Alberto e da ex-governadora Roseana Sarney .

Com tantos mandos e desmandos e manobras políticas que remetem a volta de um passado político recente, não restam dúvidas de que o 'coronelato de Carlos Brandão' vem ganhando força e aos poucos abandonando as mudanças e transformações que vinham sendo implementadas, principalmente de forma institucional, por Flavio Dino, que entregou o estado, nas mãos de mais um oligarca adormecido, quando ironicamente havia prometido 'acabar com as oligarquias' no Maranhão, que vem assistindo justamente o contrário, e que ficará ainda mais evidente no decorrer destas eleições municipais de 2024. A tomada do poder no Maranhão, pelas principais oligarquias do Estado, e a chance do Clã Brandão de estabelecer e consolidar seu domínio político e familiar.


PRESTEM BEM ATENÇÃO NESTE VÍDEO!

 

Talvez Dino não soubesse o que estava por vir, achando que acordos e conchavos de continuidade da sua gestão iriam ter prosseguimento com Carlos Brandão, mas o que estamos assistindo, é uma volta ao passado e o reestabelecimento do 'STAUS QUO' das oligarquias de outrora.

Em retrospecto, que outras opções tinha Flávio Dino para sucedê-lo, Weverton Rocha (PDT), um dos maiores traíras da história política recente do Maranhão? O Jovem e 'inexperiente em pleitos', Felipe Camarão (PT), que até tentou viabilizar-se em 2021, mas não chegou nem a 5% das intenções de voto nas pesquisas daquele ano? Ou o seu então vice-governador, Carlos Brandão, na época (PSDB), que até aquela ocasião, só vinha demonstrando discrição e lealdade ao ex-chefe do executivo, tendo sido juntamente com o ex-governador, José Reinaldo Tavares o seu padrinho político, o homem que o ajudou a deixar a magistratura e o introduziu na política?

Deve ter sido uma decisão difícil para Dino e confesso que o coronelão adormecido 'também me enganou', mas o que estamos assistindo neste momento, mais uma vez no grupo político que já foi capitaneado por Flávio Dino, e que agora se divide entre 'dinistas' e 'brandonistas', é uma disputa de poder e desarranjo político como nunca se viu antes, que havia sido abalado pela disruptura de Weverton Rocha (PDT), como assistimos em 2020, aí deu no que deu, o candidato do grupo, perdeu as eleições daquele ano.

Algo que parece estar se repetindo neste exato momento, justamente em ano de eleição, onde novamente, o mesmo candidato do grupo, Duarte JR (tem muita sorte!), tenta disputar as eleições para prefeito da capital São Luís, novamente! Mas ao que tudo indica, a disputa dele vai ficar 'somente entre ele' e 'os demais pleiteantes'.

Ao que me parece, os 'dinistas', estão começando a sentir a água ferver no atual governo, desarranjos e, 'intrigas palacianas' estão sendo criadas, a tensão está aumentando em ano eleitoral e se a coisa continuar no rumo em que está, feudos correm o risco de serem entregues ou tomados, já houve um prenúncio com a SEDUC, em dias recentes, onde o chefe do executivo, chegou a anunciar em palanque, um novo nome para a pasta, mas não demorou uma semana para que as coisas voltassem aos eixos. O que não passou despercebido foi a súbita mudança de posicionamento do vice-governador e atual secretário de Educação, Felipe Camarão, em abandonar a ideia de coordenar a campanha do atual candidato a prefeito do grupo, Duarte Jr.


Outra Análise


O incidente ocasionou inclusive, mal-estar nas bases de apoio ao Governo, com 'pronunciamentos ariscos' do atual presidente da Federação (PT, PV E PCdoB), Márcio Jerry (PCdoB), que também entrou em confronto com Brandão para defender a candidatura do irmão em Colinas, reduto eleitoral do deputado e do governador Carlos Brandão. Podendo surgir aí mais uma oligarquia, ironicamente, 'uma oligarquia comunista', em Colinas, "Os Barroso".

Mas se tem uma coisa que dá para concluir de tudo isso, é o poder da ganância e da ambição de ambos os grupos, tanto 'dinistas' quanto 'brandonistas', nenhum deles quer ceder território, muito menos largar o osso de determinadas secretarias deixadas por Dino para seus pupilos, ao passo que vemos a parentada de Brandão se arvorar pelo poder e estarem se lambuzando nele. Frase que marcou o discurso de Marcos Brandão no último domingo, no Castelinho: "Nó adoramos trabalhar em família!"

Recentemente o deputado Othelino Neto (PCdoB), que hoje faz ferrenha oposição ao Governo Brandão, fez um pronunciamento onde aponta um decreto assinado pelo governador, em que denuncia que o mesmo, submete os gastos da SEDUC às respectivas Secretarias de Governo - SEGOV e de Infraestrutura - SINFRA, uma comandada por Marcio Machado e a outra por Aparício Bandeira Filho, respectivamente. Veja:



Uma coisa é certa, ou os 'Dinistas' abandonam de vez esse desgoverno nepotista e sem transparência, 'enquanto ainda podem', e tentam salvar o pouco que restou do legado de Flávio Dino, antes que Brandão destrua tudo (entenderam o primeiro vídeo?), ou não irá restar capital político para eles em 2026, nem para eleger síndico de condomínio!

Por Daniel Braz