sexta-feira, 17 de junho de 2022

Bancos Centrais temem bomba-relógio em criptos

Imagem: Reprodução
Volume de negócios com criptomoedas chega a superar o da bolsa de NY. E eleva risco de colapso em caso de quebradeira. Regulação deve demorar. 

Foram anos virando as costas para o mercado de criptos. A coisa cresceu de tal maneira que agora os bancos centrais estão preocupados com os estragos que o eventual colapso desses ativos pode causar no sistema financeiro.

O Banco Central Europeu emitiu o primeiro alerta de risco em maio. Em um relatório, a autoridade monetária do bloco estimou que o volume de negócios com criptos em alguns períodos é tão grande quanto a bolada que gira na Bolsa de Nova York, a maior do mundo.  

Os criptoativos estão cada vez mais relacionados ao sistema financeiro, seja porque empresas listadas decidiram colocar uma parte do seu caixa nessas moedas ou porque bancos passaram a ter fundos de Bitcoins e outras moedas digitais em seu portfólio. 

Fosse só a desvalorização das moedas, o risco seria menor. O problema é que agora criptos são usadas como lastro em operações de crédito, daí o risco de efeito cascata. O BCE estima que algumas empresas permitem a investidores negociar 125 vezes o valor de criptomoedas dadas em garantia em operações. Note que boa parte desses empréstimos costuma ir para a compra de mais cripto. Ou seja: caso a desvalorização permaneça, há o risco real de um colapso financeiro. 

A União Europeia prepara uma regulação para o setor. O problema é que o texto só deve entrar em vigor em 2024.   

No Brasil, o Banco Central estima que o volume de negócios em cripto já equivale a metade do montante que circula na B3. O BC também teme estragos, mas conta apenas com uma proposta regulação em discussão no Congresso.

O Senado aprovou no fim de abril um projeto de lei que regula as corretoras de criptomoedas – o texto deve passar pelo aval da Câmara até o fim de junho. O foco da proposta está em regras para evitar lavagem de dinheiro e fraudes contra investidores – como os esquemas de pirâmides que explodiram nos últimos anos. 

A ideia é que as exchanges, como são conhecidas as corretoras de criptos,  façam o cadastro de seus usuários da mesma maneira que os bancos, num processo mais formal, chamado de “conheça seu cliente”. Só que isso não resolve o risco de contágio na economia caso as criptomoedas virem pó de uma hora para outra. 

Fonte: vocesa