terça-feira, 13 de julho de 2021

Jeff Maggioncalda, CEO global da Coursera, analisa o futuro da educação

Foto: Reprodução
Executivo acredita na disseminação do home office e a busca por qualificação.

Em março de 2020, a Coursera trocou os escritórios pelo home office, o CEO da empresa, Jeff Maggioncalda, já previa que os funcionários nunca mais voltariam a um modelo 100% presencial.

Atualmente, mais de um ano depois, a companhia se planeja para adotar um modelo de trabalho híbrido e flexível.

Segundo Maggioncalda, se a empresa tentar obrigar as pessoas a voltarem ao escritório e os seus concorrentes não, as pessoas vão pedir demissão e ir trabalhar para eles.

Nos Estados Unidos, onde fica a sede da empresa, os inúmeros pedidos de demissão mostram que há razões para se preocupar. Apenas em abril deste ano, quatro milhões de pessoas deixaram seus empregos no país. A disponibilidade de vagas remotas e flexíveis, embora não seja o único motivo, foi um impulso para que muitos buscassem novos empregos.

Cursos

A plataforma de cursos online da Coursera tem hoje 82 milhões de usuários. Deles, 47 milhões se matricularam no último ano. A necessidade de migrar os estudos para o ambiente digital explica, em grande parte, o crescimento registrado no período.

O executivo acredita que o home office também estimula o interesse pelos cursos. Segundo ele, se você está em uma cidade que não tem muitos empregos disponíveis, aprender uma nova habilidade não é tão atrativo, agora se você pode conseguir um emprego remoto em outra cidade, aprender novas habilidades se torna mais valioso.

Entre os 3,2 milhões de usuários brasileiros da plataforma, cerca de 2 milhões se cadastraram depois do início da pandemia. Os cursos mais procurados abordam temas de negócios e tecnologia, como marketing, ciência de dados e programação. Com a pandemia, o perfil dos usuários passou por algumas mudanças.

As mulheres passaram de 30% para 46% do total de matrículas. Nos cursos de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na sigla em inglês), o percentual subiu de 27% para 38%. Dados que, para Maggioncalda, chamam a atenção.

Jeff relata que estão esperançosos que as mulheres que deixaram o mercado de trabalho na pandemia possam usar essas habilidades para conseguir os novos empregos remotos e flexíveis que estão surgindo.

Em busca de conhecimentos

Os profissionais em busca de um novo emprego não são os únicos interessados nos cursos. O CEO da Coursera acredita que todo profissional precisa continuar aprendendo coisas novas ao longo da sua carreira. Alguns farão um mestrado, outros voltarão à faculdade para obter um diploma de bacharel. Mas muitos buscarão certificados mais curtos em certas disciplinas.

Em 2019, lançou o Coursera for Campus, uma plataforma que permite às universidades oferecer cursos da plataforma como parte do currículo.

Com as mudanças nos últimos tempos, as universidades necessitam correr atrás do prejuízo, e as escolas não ficam para trás em termos de desafios. Um relatório publicado pela Coursera em junho deste ano trouxe o Brasil na 57ª posição global em proficiência em habilidades digitais, considerando o desempenho dos alunos do país nos cursos da plataforma. Entre os países da América Latina, ficamos em quinto lugar.

O estudo também identificou atrasos no aprendizado de matemática por parte dos alunos brasileiros. Maggioncalda afirma que se as crianças não aprendem a ler e a somar, não importa o quanto o Coursera esteja ali, elas não conseguirão se tornar cientistas de dados.

O executivo finaliza dizendo que educação infantil está se tornando cada vez mais importante, e quem não tiver a base, não vai conseguir usufruir de nenhum dos aprendizados disponíveis em plataformas como a Coursera.

Fonte: saoluisdofuturo