sexta-feira, 25 de junho de 2021

ENTREVISTA - Flávio Dino: Bolsonaro não vai conseguir, mas vai tentar golpe de Estado

Imagem: Reprodução

Em entrevista na quarta-feira (23) ao programa Ponto a Ponto, apresentado por Monica Bergamo e Antonio Lavareda na BandNews TV, Dino explicou crer que um eventual golpe teria apoio de determinados setores das Forças Armadas. Para o governador maranhense, o presidente da República busca deslegitimar instituições “por dentro”.

“A história brasileira, infelizmente, não autoriza um pensamento mais otimista quanto ao ethos legalista das Forças Armadas. Desde sempre, no Brasil, houve, infelizmente, essa presença exacerbada do fator militar na vida institucional civil, a chamada tutela militar”, argumentou.

“(Os militares) podem ser levados a uma aventura, sim. Não todas as Forças Armadas, todos os militares, mas setores podem, sim, aderir a este intento inconstitucional, golpista, a outros setores sociais que hoje são muito atraídos por essa visão belicista, militarista, que o Bolsonaro representa. Vejo um golpismo processual, que busca a deslegitimação das instituições por dentro, que pode - dependendo a conjuntura - levar até a uma tentativa aberta de golpe.”

Até aqui, segundo Dino, Bolsonaro protagonizou “um catálogo inesgotável” de crimes à frente da Presidência da República - em especial, ao acusar sem provas fraudes nas eleições de 2018. Segundo o governador, a lista de Bolsonaro inclui crimes de responsabilidade e improbidade administrativa.

O discurso faria parte, ainda de acordo com o governador, de uma tentativa de desorganizar o processo eleitoral. E, em última instância, tentar o já citado golpe de Estado.

“O Bolsonaro não pode ter uma disputa eleitoral em condições normais. Ele sabe disso (…). Qual é o objetivo disso? Ele não tem prova alguma (de fraudes eleitorais). O objetivo dele é apenas tumultuar para tentar vencer as eleições no grito, na marra, na violência. Ou, se perder, o que eu considero a hipótese mais provável, ter uma narrativa ou mesmo fazer uma virada de mesa”, afirmou.

“Ele vai ter um encontro marcado com vários tribunais ao longo dos próximos anos. Pela pandemia, por essas acusações, e pelo golpe de Estado que ele vai tentar fazer. Não vai conseguir, mas vai tentar”, acredita.


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