sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Como se livrar de hábitos ruins e melhorar o autocontrole

Foto: Reprodução
Psiquiatra conta como prestar atenção no ciclo de recompensas relacionados a maus hábitos pode ajudar a, enfim, quebrá-los.

Hábitos ruins afetam de diversas maneiras: levam a procrastinar na hora de trabalho, comer excessivamente em momentos de estresse ou fumar cigarros. Por trás de cada uma dessas ações, existe um ciclo de gatilho e recompensa que reforça esse comportamento.

Para o psiquiatra e neurocientista Judson Brewer, a mudança de comportamento começa na descoberta de qual recompensa seu cérebro procura em um mau hábito. “Teorias de autocontrole têm esquecido algo crítico,” escreveu Brewer no Harvard Business Review. “O aprendizado na base de recompensas se baseia nessas recompensas, e não nas ações. O quão recompensador um comportamento é determina o quão provável iremos repetir este comportamento no futuro.”

“É por isso que autocontrole como maneira de quebrar hábitos normalmente falha,” afirma.

Existem três etapas no sistema de aprendizado do nosso cérebro, diz. O primeiro é o gatilho, o que faz querer fazer algo. Em seguida, vem a ação em si. Por fim, a recompensa, o “prêmio” que recebemos por completar a ação.

Esse sistema é importante para a sobrevivência humana. Por exemplo, o hábito de comer: o gatilho é a fome, enquanto a recompensa é a sensação de estar saciado.

Para evitar que esse sistema seja usado contra a pessoa, Brewer propõe três exercícios:

Entenda os seus ciclos habituais

O primeiro passo é entender quais gatilhos levam a criar um hábito ruim. No trabalho, por exemplo, uma tarefa que você tem dificuldade em completar pode levar a procrastinar ou comer em excesso.

Preste atenção e anote quais são os gatilhos e as ações que se seguem, para entender melhor qual recompensa o seu cérebro procura.

Atualize seu cérebro para entender as “recompensas” atuais

Brewer descreve um exemplo de uma paciente que estava tentando parar de fumar. Ao perguntar porque ela fumava, a paciente disse que começou quando jovem, porque achava charmoso. O cérebro dela nunca dissociou o fumo à vontade de ser uma jovem “descolada”, apesar de já estar mais velha e fora deste contexto de juventude.

Por isso, o psiquiatra pede que você preste atenção no que o hábito traz neste momento. A paciente em questão percebeu que o cigarro tinha gosto ruim e não trazia mais a recompensa que procurava no passado. Ela conseguiu largar o fumo depois disso.

O mesmo pode ser feito no trabalho ou em casa para outros hábitos. Entenda o que se está ganhando em troca agora e anote.

“Você começará a perceber que o comportamento X leva a consequências Y,” escreveu Brewer. “Muitas vezes, essa consequências estão impedindo que você atinja seu potencial.”

Troque recompensas por “curiosidade”

O cérebro sempre procura por recompensas maiores. Uma das maiores recompensas que o cérebro pode ter, segundo Brewer, é a curiosidade.

Ele recomenda usar essa curiosidade para cortar o mau hábito. Em vez de, por exemplo, abrir as redes sociais para procrastinar no trabalho, você pode tentar entender porque essa vontade existe.

“O valor da recompensa da curiosidade (se abrir) é tangencialmente diferente de comer por estresse (se fechar) neste momento,” escreveu o psiquiatra. “No fim das contas, a curiosidade dá uma sensação melhor na hora e é bem mais agradável que as reflexões que ocorrem após ceder a um mau hábito.”

Fonte: epocanegocios